𝙴𝚖𝚖𝚊.

Era extremamente difícil conviver sem Raven e Naty, isto piorou mil vezes depois do que eu passei, se tornou impossível conviver com aquele tormento diário. Cada minuto era uma tortura violenta agredindo.

Decidi depositar uma parte do meu salário no banco, porque Ray ainda não conseguira emprego, por isto a situação estava difícil mesmo com a Natasha lhes ajudando.

Natasha era um anjo sem asas.

Aproveitei e levei Samuel comigo, já que Logan estava trabalhando e Julian foi para faculdade, agasalhei bem o pequeno e entramos na cafeteria, fui encontrar Charles para informar da ameaça de Ricardo, aquele maldito assassino...

— Boa tarde Hell...Emma. — Cumprimentou Charles se confundindo com o apelido, apertei a mão do advogado digerindo aquele apelido com atenção...já o ouvi antes em algum lugar, mas não dá voz poética do Deveraux...onde eu o escutei?

Charles deu oi ao Samu gostando da presença do pequena que ficou tímido.

— Ele é mais agitado normalmente, está tímido. — Falei sorrindo para Samuel agarrada a minha calça jeans preta.

— Adoro crianças, por isto tenho tantos filhos. — Aquela informação escapou, e o homem de sobretudo não pareceu perceber que a deixou escapar entre os lábios...Filhos, não somente Micaela.

Onde estariam os filhos dele? Aquela sensação inexplicável me atingiu de novo.

Sentei no sofá de couro rente a parede da cafeteria e deixei Samuel do meu lado.

— Querem um café? Eu pago. — Ofereceu gentil o homem dos olhos escuros. Samuel manteve-se quietinho, todo retraído.

— Quer o que Samu? — Acariciei os cabelos do meu pequeno cunhado fofo demais.

Ele parecia muito com Logan, exceto pela pele mais pálida, puxada do Leonel claro.

— Bolo tia Ma. — Falou o pequeno com sono, Charles atentou os ouvidos para escutá-lo e não errar na hora de pedir.

Quando eu o observava, era estranho...sentia familiaridade, um calor no coração, como se nós fossemos conhecidos de outras bandas e eu não recordava.

Na televisão do lugar passava o noticiário da tarde, meu queixo caiu quando vi Helena passar transmitindo um acidente rodoviário, havia esquecido que ela era jornalista...minha mãe era fria, relapsa, cruel, mas era dedicada a seu trabalho.

Charles pediu a garçonete o bolo de Samu junto com um achocolatado e para nós apenas café, pois eu não estava com fome.

Sua expressão mudou estranhamente quando ele levou os olhos a televisão.

— Ela é minha mãe. — Disse sentindo a garganta queimar, sem muito orgulho.

Era inegável dizer que era minha mãe, tinha meu nariz, meus olhos chamativas, só mudavam para o castanho cruel e hostil.

Charles ficou completamente mudo.

— É muito bonita, com todo respeito. — Elogiou inexpressivo, a voz estremecida.

Parecia que a conhecia, ou talvez tivesse ficado chocado com o acidente em questão.

Não soube ao certo.

— Ricardo ameaçou meu amigo, nós não sabemos de certo se era ele no telefone, mas é certeza absoluta que ele está por trás disso, aquele desgraçado não vai parar. — Falei sentindo o ódio me engolir toda.

Apertei os dedos em volta da minha medalhinha e a visão de Logan na minha mente veio, a visão do desespero dele, quando a morte vinha me engolindo naquela praia, o som do disparo, a expressão de Ricardo...sua manipulação.

Liars and treacherous looks|Trilogia Dangerous, livro IIWhere stories live. Discover now