Bodas de Papel

By NicaOlliver

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Com o fim da Guerra Ninja, a Vila de Konoha vive dias calmos. Apesar de ser um dos heróis da batalha final, S... More

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31 de março - ano II após a guerra

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By NicaOlliver

Vamos de mais um capítulo? 

Abri os olhos quando a fresta de luz se tornou incômoda demais. Que horas serão? Desde que sai da vila ainda criança, me acostumei a dormir bem pouco. Precisava estar sempre vigilante, afinal as circunstâncias exigiam isso de mim. E haviam os malditos pesadelos que volta e meia me tomavam de assalto. Quando era bem mais jovem, a noite do massacre de minha família frequentemente retornava para me assombrar. Com o passar do tempo, todas minhas péssimas escolhas acrescentaram mais espectros ao abismo tortuoso da minha mente. Essa é a primeira vez em muito tempo que me sinto plenamente revigorado ao acordar. Devo ter dormido bastante. E pesado. Talvez a culpa seja desse aroma de lírio que agora impregna o quarto que já foi dos meus pais. Faz lembrar um pouco da minha mãe. Ela também cheirava a flores, mais precisamente as rosas do canteiro nos fundos da casa. Será que ainda existem? Não. A essa altura não deve restar nem vestígios do jardim bem cuidado que oka-san mantinha ali. Já Hinata cheira a lírios. De um jeito suave e natural. Nada enjoativo como as fragrâncias exageradas que sinto quando estou perto das outras moças que conheço. Será que ela já acordou?

O lado que ela ocupa no futon está vazio e não ouço nenhum som vindo do banheiro. Já que se levantou e nem teve a cordialidade de me chamar, podia ter levado esse aroma entorpecente com ela também. Onde terá ido? Por mais que eu queira levar esse assunto com a seriedade que toda missão exige, não consigo evitar esses sorrisos que escapam quando percebo seus esforços para se manter no controle da situação. Suas ações são tão contraditórias que revelam muito mais do seu caráter do que acredito que ela deseje. Um dia me propõe casamento do nada, com a firmeza de uma negociadora, depois se preocupa com o que as pessoas vão pensar se souberem que dividimos o mesmo aposento. Concluo que ela é apegada a suas convicções, disposta a arriscar e pagar preços altos por seus objetivos, porém incrivelmente retraída. Sei que tem muitos amigos, a maioria dos que compareceram ontem só foram por ela. Entretanto, parece não gostar muito de ser o foco das atenções. Acho estranho isso, ainda mais vindo de uma princesa do clã mais esnobe da vila. Mas o que eu sei desse assunto? Depois que perdi minha mãe, só convivi com figuras femininas que fazem questão de atrair todos os olhares para si.

Nossa "noite de núpcias" foi no mínimo engraçada. Tive que me conter para não acabar rindo ou dizendo algo que lhe deixasse mais desconfortável do que estava. Depois que chegamos em casa naquele silêncio profundo, sugeri que fossemos logo nos recolher. Estava exausto e sem a menor disposição para continuar aquela encenação. Suigetsu nos contemplou com uma de suas bobagens cheias de malícia, Karin saiu bufando e pisando duro e Orochimaru beijou a mão da minha noiva com certo exagero, se retirando após nos recomendar que não fizéssemos nada que ele não faria. Ok, me incomodou o olhar dele. Somente Juugo permaneceu na sala. Assim que todos saíram, ele a cumprimentou com uma leve reverência e muita sinceridade. Creio que Hinata percebeu que era autêntico, pois o abraçou quando ele disse "Seja bem vinda a nossa estranha família!". Depois que ele sumiu de nossas vistas, minha noiva parecia colada ao assoalho. Quem visse acharia que tinha virado uma estátua. Toquei seu ombro e pedi que me seguisse. Na verdade, praticamente ordenei. Não podia simplesmente deixar ela ali, estática. Ou podia? Não, não podia. E não quis.

Quando entramos no cômodo que iremos partilhar pelos próximos meses, foi que a coisa ficou divertida. Por desconhecerem a razão de nossa união, as senhoras que vieram trazer as coisas de minha tímida esposa preparam um cenário romântico em nosso quarto. Ela corou tão intensamente que temi que desmaiasse ou tivesse um treco. Se isso acontecesse, como eu ia explicar? Ninguém acreditaria em minha inocência. Procurei ser o mais objetivo possível. Indiquei onde fica o banheiro, onde ponho minhas coisas e onde seria o espaço das dela. Enfatizei que não gosto que mexam no que é meu, especialmente nas minhas armas. Supus que me ater a questões objetivas em um tom frio e formal lhe deixaria mais à vontade. Ledo engano. Hinata espremia as mãos tão fortemente, que não sei como não quebrou. Eu não sabia o que fazer. Minhas estratégias haviam acabado. Não eram muitas, eu sei. Só que eu nunca tive que lidar com uma situação como essa. Nunca me passou pela cabeça ter que acalmar uma mulher a beira de um ataque de nervos. Afinal para que tanto constrangimento? Ela é uma ninja, oras. Se eu tentasse algo inconveniente bastava me golpear. Ou tentar. Eu ainda sou Sasuke Uchiha, ninguém me atinge assim tão fácil.

Depois de um tempo, inspirando e expirando profundamente, Hinata começou a repetir baixinho: "eu posso fazer isso, disse que faria e posso fazer". Acredito que falava consigo mesma, pois não me dirigiu um olhar sequer. Só encarava nosso leito nupcial todo enfeitado. Foi quando me dei conta do que estava realmente lhe incomodando. No mesmo tom de antes, propus que dividíssemos o futon, que é bastante espaçoso, colocando uma fileira de almofadas no meio. Assim cada um de nós teria seu espaço e privacidade. Foi como se ela saísse de um transe. Desfez a postura tensa, levantou os olhos e aceitou com um sorriso miúdo. Ofereci que usasse o banheiro primeiro e fui acatado de imediato. Apreciei que me atendeu. Um ato de respeito. Se for sempre assim não terei muito trabalho para lidar com nosso acordo. Tirei a parte de cima do quimono e comecei a atirar para um canto qualquer todos os adornos do meu traje e tudo que havia na cama. Só queria dormir logo. Enquanto eu acomodava as almofadas que servirão de divisória, ela retornou ainda ruborizada. Creio ter engolido em seco. Não consegui desviar o olhar de imediato. Que raios era aquilo? Sua roupa de dormir era sedutora sem ser vulgar. Para que? Ela balbuciava explicações sobre terem deixado somente aquela peça no quarto e que aquela hora não teria como sair em busca de sua bagagem. Não entendi bem a razão de se justificar, só posso imaginar que foi para que eu não tivesse ideias erradas. Assenti em silêncio. E avisei que ia tomar banho e me trocar. Quando retornei, a bagunça que havia feito estava cuidadosamente arrumada. Minha noiva havia deitado em um lado do nosso leito de mentirinha e se coberto até quase a cabeça. Estava bem quieta, mas não estava dormindo. Eu podia sentir seu chacra agitado. Fui para o outro lado sem dizer uma palavra e me acomodei. Depois de um bom tempo, senti ela ressonando. Por mera curiosidade, virei de barriga para cima e observei a figura encolhida ao meu lado. Garota estranha. Quer mudar o mundo, mas parece tão frágil e indefesa. Que tipo de pai é Hiashi Hyuuga que simplesmente permite que um ex-nukenin despose a filha dele? Enquanto buscava uma resposta, acabei me deixando embalar pelo relaxante aroma dos lírios.

Levantei e cuidei da minha higiene pessoal. A casa estava silenciosa. Caminhei vagarosamente para a cozinha torcendo para encontrar algo comestível. Estava com fome. Muita fome. Ontem fiquei tão irritado e alerta que nem apreciei o tal banquete. Levei um susto ao encontrar Juugo colocando a mesa e Hinata no fogão preparando algo que cheirava muito bem.

- Hinata, o que está fazendo? – a pergunta foi estúpida e saiu antes que eu tivesse chance de raciocinar.

- Preparando nosso café da manhã, Sasuke. Está quase pronto. Pode se sentar que já vamos servir. – me responde sem nem me olhar.

- Você cozinha? De verdade? – me senti idiota depois que ouvi minhas palavras. Deve ser a convivência com Naruto.

- Claro que sim. – ela vira somente a cabeça em minha direção - Desde pequena aprendi a cozinhar. E gosto muito. Espero que goste do que preparei essa manhã. Caso tenha alguma preferência, é só avisar que eu faço. – deve gostar mesmo, afinal está toda sorridente.

- Hum. Contanto que dê para engolir, tanto faz. – acabei sendo desnecessariamente grosseiro. A moça cozinhando para todos nós de bom grado, sem que fosse pedido a ela, e eu dou uma patada dessas. Foi o espanto da situação. Em minha defesa tenho dois argumentos. Um, ela era uma princesa e Hyuuga, achei que fosse acostumada ao luxo e vida mansa. Dois, Sakura cozinha muito mal. Não me desculpei, não é do meu feitio. Preferi me calar e aguardar. Em pouco tempo Suigetsu e Kabuto surgiram. Devem ter sido atraídos pelo cheiro de comida fresca. Pelos olhares deles, sei que também se espantaram. Estamos acostumados a comer o que encontramos ou a cada um se virar para tentar preparar algo para si. Uma mesa farta para um desjejum em conjunto é novidade em nossa rotina. Suigetsu correu para chamar Karin e Orochimaru.

Nos acomodamos e começamos a apreciar a refeição. Estava realmente deliciosa. Mantenho uma expressão distraída para observar Orochimaru que não tira os olhos de Hinata. Até parece que ela é um de seus objetos de pesquisa. Karin e Suigetsu agem com desconfiança. Enfiam a cara no prato e vez ou outra a fitam de esguelha. Só Juugo parece confortável e mantem uma conversa amena sobre os afazeres da casa.

- Hinata-sama, quando poderá conversar com o Hokage sobre a questão do orfanato? – Kabuto questiona com certa formalidade.

- Já comecei a tratar desse assunto Kabuto-san. E não precisa usar o sama, já não sou a herdeira Hyuuga. Mesmo quando era, nunca gostei de tanta formalidade.

- E como prefere ser chamada? Senhora Uchiha? – interpela Karin com seu habitual sarcasmo.

- Só pelo meu nome mesmo, Karin-chan.

- Não somos amigas. Nunca seremos. Me chame só pelo nome. Ou de Karin-san. Ou melhor ainda, de Uzumaki-san.

- Como preferir, Karin. – Hinata responde paciente. Nem sei porque se deu ao trabalho. Karin é intragável quando quer. E quando não quer também.

- Mas... e quanto ao orfanato? – insiste Kabuto.

- Kakashi-sensei me informou que não deve haver nenhum problema. Precisam mesmo de alguém que se responsabilize pelo lugar. Só precisa antes consultar o conselho para poder nomeá-lo.

- Isso demora? – seu olhar fica entre ansioso e temeroso.

- Acredito que não. Contudo, insistirei até obter sua resposta definitiva. Tem minha palavra. – ela conclui com um sorriso meigo e isso tem um efeito calmante em Kabuto, que ajeita os óculos, agradece e volta a comer em silêncio. Depois que terminamos, Hinata e Juugo se prontificam a arrumar tudo, então saímos cada um para um canto. Não estamos acostumados dividir tarefas a não ser em combate. Não confraternizamos, não trocamos confidências, simplesmente não temos muito assunto. Se Hinata está tentando nos fazer parecer uma família, está comprando mais um desafio inútil e fadado ao fracasso. Mas eu avisei antes, logo ela não pode dizer que estava enganada. Eu estava na sala, quando reparei nela saindo de casa com Juugo. Esse parece decidido a ficar colado na sombra dela. Onde estariam indo? Quer saber, não me interessa. O melhor que faço é tentar reunir os pergaminhos que legitimam o acesso ao meu patrimônio. Foi o que fiz até ouvir as batidas na porta. Que não seja Naruto! Por Kami! Quando abro me deparo com Neji me encarando com aquela expressão idiota de sabe-tudo que ele gosta de ostentar. Dele eu lembro bem.

- Eu gostaria de falar com Hinata-sama, Sasuke. Poderia chamá-la? – baka emproado. Claro que veio atrás dela. De mim que não seria.

- Não sou criado nem menino de recados. Vi ela indo lá para os fundos. Se quiser, chame você mesmo. – respondi irritado por sua presença em minha casa. Está certo que eu devia prever isso, já que sabia que os dois estão juntos nessa empreitada maluca. Contudo, desde que me lembrei do exame Chunin, estou com ele atravessado na goela. Enquanto eu não entender bem direitinho como se deu essa redenção dele diante de Hinata, não vou conseguir confiar nele. Neji deu um passo para entrar e parou indeciso. É claro, cheio de cerimônias como um autêntico Hyuuga. Atiro o pergaminho em minhas mãos na mesa de centro e chamo seco – Venha. Eu mostro o caminho.

Quando abro a porta que dá para a parte de trás da casa, não os vejo de imediato. Estico um pouco o pescoço e avisto duas cabeças abaixadas onde era o jardim de minha mãe. Até esqueço de Neji na minha cola, quero saber o que fazem ali. Caminho em passos rápidos e ouço os risos enquanto me aproximo. Qual será a graça?

- Hinata! – chamo alto e firme. Minha jovial esposa se ergue e me surpreende mais uma vez em um único dia. Ela e Juugo estão replantando as rosas, da mesma espécie que oka-san cultivava. Ela afasta as mechas suadas da frente do rosto com a mão protegida por uma luva cheia de terra. Na outra segura uma pequena pá de jardineiro. Cozinheira e jardineira. O que mais essa garota esconde? – Seu primo está te procurando. – anuncio para disfarçar minha intenção original. Sim, eu ia lhe dar um bronca por profanar um local tão querido de minha mãe. Porém sua alegria genuína em devolver a vida aquele local me fez mudar de ideia. – O que estão fazendo?

- Cuidando do jardim. – ela me devolve o óbvio. Cruzei os braços na frente do corpo a espera de uma boa justificativa – Estávamos sem nada para fazer e pareceu uma boa ideia cuidar das plantas. Esse sempre foi um pedaço tão bonito da casa, merecia voltar a ser bem cuidado. – Como? Ela já veio aqui antes? Com as sobrancelhas franzidas vou questioná-la quando sou atrapalhado pelo enfadonho Neji.

- Hinata-sama. Preciso lhe falar em particular um minuto. – ela inclina a cabeça para o lado e o avista alguns passos atrás de mim.

- Neji nii-san, não me chame assim. – ela vai até ele de braços abertos e o abraça afetuosamente – Claro que podemos conversar irmão. Sasuke, se incomodaria se eu usar o dojô para falar com meu primo? – autorizo com um movimento de mão. Não me entra na cabeça tanta amabilidade com um rival declarado. Não me imagino nem apertando a mão de alguém que tenha tentado me matar. Pelo canto do olho a vejo dar a mão ao priminho, nem dão dois passos quando Juugo a chama.

- Hinata-chan, quer que eu comece a plantar os lírios e girassóis enquanto não volta? – Como é? Lírios e girassóis? E já são íntimos de ontem para hoje?

- Não Juugo-kun. Está quase na hora do almoço. Podemos continuar amanhã. Porque não vai se refrescar? Daqui a pouco começo a preparar a refeição. Almoça conosco nii-san? – Nani? O insuportável vai comer conosco? E eu nem sou consultado? Fiquei invisível por acaso? Teremos que ter uma conversa séria sobre isso mais tarde. Cadê aquela obediência graciosa de quando chegamos? Creio que fiquei atordoado com essa nova faceta de minha esposinha. Quando dei por mim, já estavam entrando no dojô. Pigarreei para retomar meu eixo e me voltei ao meu companheiro de equipe desviado de suas funções.

- Ela te obrigou a fazer isso? Mandou que ajudasse com o jardim?

- Lie, eu me ofereci. Eu contei para Hinata-chan como gosto de estar perto da Natureza e ela me falou que gostaria de tornar esse recanto florido de novo. Combinamos de fazer isso juntos.

- De novo? Ela revelou se já conhecia esse local?

- Não. Sasuke, dava para reconhecer o que era de longe, mesmo em ruínas. Não seja paranoico. – ótimo, sendo aconselhado pelo bipolar - Hinata-chan só quis se ocupar e embelezar o lugar. Aqui é o lar dela agora. – sinto um ímpeto de negar, mas engulo. Passo a mão no cabelo para conter minha impaciência - Depois de plantar tudo, vou reformar os bancos e a cerca. – o elemento mais perigoso dessa casa se perde em seus devaneios. – Qual será a cor preferida da Hinata-chan?

- Pergunte a ela. Desde quando se tornaram tão íntimos para tratar ela assim? E porque virou a sombra da minha esposa?

- Nos tornamos amigos. – dá de ombros como se não fosse nada demais.

- Se tornaram amigos em poucas horas? – questiono sem saber porque me incomodo com isso.

- Ela é uma pessoa boa, Sasuke. Como poucas que conheci. E me faz sentir em paz. Sinto que consigo me controlar por mim mesmo quando estamos próximos. Meu lugar é ao seu lado e agora ao lado de sua esposa. Vou protegê-la do mesmo modo que sempre lutei por você.

- Certo. – o que mais eu podia dizer? Com exceção do convite ao primo indesejado, Hinata não fez nada que a desabone. E não sabendo de nosso acordo, Juugo transferiu para ela a obrigação que acredita ter comigo. Melhor deixar como está. Ela vai estar mais bem protegida do que com o cabeludo.

O almoço foi um horror. A comida estava excelente, entretanto o clima não ajudava a digestão. Suigetsu irrita Neji, que provoca Orochimaru, que alfineta Karin, que esfarpeia Hinata, que não faz nada. Ela e Juugo estão tranquilos em sua bolha de gentilezas mútuas. Noto que Kabuto se sente tentado a se incluir nessa redoma afetiva. Mal consigo apreciar o sabor delicioso dos onigiris. Não entendo para que tanto trabalho para a comida parecer bichinhos, quando o que importa é o gosto. Assim que termino, me retiro e vou para o dojô. Nunca que vou ficar fazendo sala e bancando o anfitrião amigável. No meio da tarde, enquanto treinava sozinho, sinto seu chacra se aproximando. Hinata estanca indecisa. Finjo que não percebi que está ali e continuo os movimentos com Kusanagi. Aguardo, mas ela desiste e segue na direção da floresta. O que será que ela queria? Bem, se desistiu é porque não devia ser importante. Continuo meu treino até escurecer. Entro pela cozinha, e avisto sua figura miúda já manejando as panelas no fogão. Não vejo Juugo em canto nenhum. Deve ter voltado a se embrenhar nos canteiros. Os outros marmanjos estão esparramados preguiçosamente pela sala. Acho bom Hinata abrir o olho com essa folga. Se ela não der limites, eles vão fazer dela uma serviçal. O jantar é servido e comemos em silêncio. Ao menos isso. Vou para a biblioteca vasculhar as caixas que os Hyuuga deixaram empilhadas em uma parede. Tudo que encontraram durante a reforma foi deixado aqui.

Quando entro no quarto, Hinata já está se preparando para dormir. Deve ter encontrado seus pertences, pois hoje veste um pijama recatado, de calça comprida e mangas longas. Assim que me vê, estampa um sorriso singelo e se acomoda. Pego outra peça de roupa e vou para o banheiro. Ao retornar a observo deitada de lado. Está pensativa. Dessa vez não finge dormir. Me deito de barriga para cima no meu canto e acabo soltando a curiosidade. Esse estranho mal que Hinata parece despertar em mim.

- Porque é tão importante para você quebrar o selo amaldiçoado? – ela se vira, ficando de frente para mim, a cabeça apoiada no braço flexionado para poder olhar nos meus olhos.

- Não faria o mesmo pela sua família Sasuke? - suspira e continua com serenidade. - Se pudesse fazer algo para interromper todo ciclo de hostilidades que culminou naquela tragédia, não faria tudo que estivesse ao seu alcance para que pudessem ter a chance de um futuro feliz? Eu tenho certeza que faria. E é o que estou tentando fazer. A Bouke é tão minha família quanto a Souke. Esse sistema que nos separa é injusto e cruel. Fere quem amamos e nos destrói aos poucos.

- Como pode ter tanta certeza de que eu faria algo?

- Eu sei que faria. - seu olhar é terno – Vamos dormir? – se vira novamente para o outro lado - Boa noite Sasuke.

- Hum. – resmungo e continuo fitando o teto, tentandoentender essa mulher e suas convicções. Sobre uma coisa ela está certa. Euteria feito qualquer coisa para ainda ter minha família aqui comigo.

Estão gostando? Deixem seus comentários para eu saber o que estão achando, onegai. Domingo que vem tem mais. 

Beijos da Nica

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