(Sendo Reescrita Como Outra F...

De KitsuOneechan

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Aurora Borealis

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De KitsuOneechan

Quando uma flor desabrocha

Borboletas enchem seus ramos.

Nós cantamos para o céu e além.

Sob nuvens que flutuam para um lugar distante

Cruzo o arco íris para além do mar

Para chegar até você.

Akatsuki no Ito - Wagakki Band




— Sério? Você nunca acampou? — Jungkook pronunciou como se fosse algo absurdo. As vezes parece que se esquece que nunca fui rico igual ele. Só tenho lembranças ruins de florestas.

— Ficar perdido a noite na floresta quando criança conta como acampar? — Falei sem a vergonha que eu acho que devia estar sentindo. Poxa, não é culpa minha.

— Não! — Debochou e bagunçou meu cabelo. Ele tinha um sorriso lindo, mas ao mesmo tempo sabe ser chato as vezes. — Hum… Então hoje iremos acampar. — Declarou como uma ordem do título de rei que carregava.

— O que?! — Nunca fui de ficar muito em contato com a natureza, por sempre ter que ficar em casa ajudando a mamãe… e ter sido uma criança medrosa, convenhamos.

— Relaxa, você vai gostar. — Pegou minha mão todo confiante de si e começou a me puxar pelo Castelo. — Nós vamos nos divertir! Vamos poder explorar a floresta, vamos nadar no lago-

— Jungkook... — Puxei de leve seu braço o que foi suficiente para o frear. Interrompi seus passos largos e sua animação contagiante.

— Hum? O que houve? — Seus olhos escuros e brilhantes instantaneamente me afogaram num mar de ansiedade com a preocupação que transbordavam.

— Eu tenho medo de água...

— É… Sério? Mas você adora tomar banho na banheira… — Que ponto cheguei que ver o Jungkook sentir pena de mim me fazia ficar com pena dele?

— É diferente… — Me soltei do aconchego e calidez de suas mãos, enrolando as minhas no tecido fino de minha veste. — Eu tenho medo de águas profundas ou mesmo de mergulhar minha cabeça de baixo da água...

— Tá tudo bem… — Senti um puxão repentino pelo meu braço e fui cercado pelo calor do corpo que me envolvia em um aconchegante abraço. — Nós podemos fazer outras coisas, como olhar as estrelas, subir a montanha! — O mais velho falava como uma criança que acredita que tudo vai dar certo a todo momento. Nunca imaginei que veria Jeon Jungkook com um otimismo juvenil.

— Jungkook…

— Hum?

— Desde que seja com você, eu posso me divertir com qualquer coisa. — Me encaixei em seu peito e pude ouvir seu coração, que me acalma de uma maneira inexplicável, sentir que Jungkook é algo material e está realmente aqui.

— Vem, deixe eu te mostrar uma coisa. — O Alfa voltou a fazer seu rumo, dessa vez sem segurar minha mão, como se quisesse me fazer mais confortável, deixando-me ir por conta própria.

Chegamos a uma das muitas portas das quais eu não conhecia. A porta cor de carvalho tinha vários detalhes em um dourado vivo e muito brilhante, desenhos típicos da familia real como a flor-de-lis, estava um pouco desgastada e continha pequenas rachaduras nos cantos, numa parte um pouco mais baixa dela estava escrito "Papai e Kookie" em uma letra em garranchos de criança.

Eu estava na espera do Jeon abrir a porta por conta de minha curiosidade, mas ele paralisou em frente à ela.

— É que… Faz um tempo que eu não entro aqui, sabe? — Inspirou fundo e soltou o ar bem lentamente, tenso, como se reunisse forças.

Mesmo sem saber o que havia lá dentro, na esperança de devolver o conforto que recebi mais cedo, peguei a sua mão e a levei até a maçaneta para abrir aquela misteriosa porta junto com ele. O clique que a maçaneta fez em nossas mãos, provocou algo como um espasmo no Alfa. Para não forçá-lo a enfrentar o que quer que ele estivesse sentindo, fiz questão de empurrar a porta eu mesmo.

A porta abriu-se - rangendo muito alto, deveras torturante -, mas apenas a escuridão se manifestava a nossa frente. Um minúsculo e insuficiente feixe da luz de fora parecia escapar por algum tipo de cortina, entretanto, eu continuava sem enxergar nada.

No primeiro indício de liderança que eu tive para seguir reto, Jungkook segurou meu ombro, entrando sozinho no quarto. Acho que é por causa da sua visão noturna de alfa lúpus, a dádiva que eu provavelmente nunca vou ter.

Sem bater em nada, Jungkook agarrou a cortina e abriu-a rapidamente, espalhando luz e pó pelo local e nos causando uma pequena crise de tosse. Ao nossas tosses cessarem, podiamos ver o quarto misterioso com clareza. Não era grande, mas muito confortável.

Duas poltronas bem acolchoadas repousavam sobre um tapete em frente de uma lareira, no meio delas uma mesinha de madeira polida sob um jogo de chá de prata. Em volta, pelas paredes, quadros cheios de fotos e pinturas familiares. Tinha até prateleiras cheias de livros de fantasia e romance.

— Meu pai passava muito tempo aqui, era o lugar onde ele mais gostava de relaxar… — Ouvir, finalmente, a voz de Jeon foi algo chocante. Mesmo se ele não comentasse que o Rei vinha aqui para relaxar, era algo fácil de prever nessa essência tão calmante. — Isso que eu queria te mostrar. — Jungkook foi em direção aos inúmeros quadros de retratos espalhados por todos os cantos das paredes.

Alguns dos quadros eram só do Rei e da Rainha, entretanto, a maioria tinha Jungkook quando mais novo.

— Nós adorávamos acampar. — O moreno me guiou até um mural cheio de fotos dos dois no meio da natureza, com grandes mochilas nas costas. — Como rei, ele não tinha muito tempo livre, mas ele sempre conseguia tempo para mim. — Disse nostálgico, com a voz melancólica e a feição recheada de saudade. — Desde que ele morreu, eu nunca mais acampei. — Achei que não era um bom momento para perguntar da morte de seu pai, então fiquei quieto. Valia a pena passar por toda a curiosidade agoniante se o Kookie estivesse sorrindo. — Eu não tinha ninguém especial… Mas agora eu tenho, quero acampar com você, Jimin.

Ah, que dilema!

— B-bem… — Agora eu não poderia recusar. Mas de jeito nenhum!

Só que aquele medo ainda estava em meu corpo, me revelando imagens assustadoras -quase todas fictícias - de situações horríveis envolvendo a água.

O que eu faria? Sei que a resposta é clara e posso estar sendo um idiota de ainda pensar na resposta… Mas é muito complicado.

— Esse dia nós fomos pescar no lago. — Um sorriso triste se formou. — O peixe foi mais forte que eu e eu quase fui puxado para dentro da água. Mesmo assim, depois que o susto passou, nós rimos muito. — Na fotografia havia um homem e uma criança sorridente com chapéis de pescador. Eles estavam dentro de um simples barco e quem olhasse aquela imagem diria que eles eram apenas pai e filhos normais, e não da família real.

— Você realmente o amava, não é mesmo? — Coloquei a mão em seu ombro, mostrando que eu estava ali com ele. Vê-lo tão nostálgico e amável, era a prova de como seu pai fazia falta.

— E ainda amo. Eu não lembro do meu passado antes de vir para cá, mas ele me acolheu e me cuidou com um amor incondicional. — Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ele soltou as palavras rapidamente como se parar por um momento fosse fazê-lo chorar. — Eu sinto tanta falta dele, Jimin. — Machucou a mim mesmo a imagem do Jeon mordendo o lábio e colocando a mão no peito, onde fica seu coração partido pela tristeza.

— Eu vou com você, Jungkook. — E, num impulso, proferi as palavras que deram fim a uma batalha interna que durou anos em meu ser. — Eu vou.

— Mesmo?! — O sorriso lindo de coelhinho que o alfa esboçou em sua face só me fez pensar que eu estava no caminho certo. Aqueles mesmo sorriso com os olhinhos apertados fizeram as lágrimas escorrerem, as quais ele imediatamente limpou, assumindo uma expressão alegre. — Ah, obrigado Chiminnie! Sério mesmo, eu te amo!

— E-eu também te amo! — E envolvi seu corpo em um abraço apertado, transbordando em alegria por ver ele tão feliz daquele jeito.

— Nossa, eu nem sei mais o que fazer agora! — Jeon estava agitado. Esfregava as mãos em minhas costas, provavelmente tentando raciocinar direito. — E-eu vou começar a arrumar nossas mochilas, vou avisar o pessoal e as empregadas, vou falar pro Seokjin fazer muita comida, vou tambe-

— Calma aí, grandão! — E cai na gargalhada ao ver o maior tão animado e frenético. — Uma coisa de cada vez e com calma, ok?

— Pode deixar, haha! — Oh céus, vou me derreter com o tanto de açúcar que esse menino me dá. — Agora, voltemos aos quartos porque daqui meia hora nós saímos.

— Ok… perai, como é?!

— Até mais, príncipe! — E saiu correndo igual uma criança na hora do recreio. — Vou te encontrar no portão principal, ok? — A esse ponto, já estávamos nos comunicando através de gritos.

— Tá bom! — Berrei com todas as minhas forças para que o alfa me ouvisse daquela distância. — Aaaah, que merda Jungkook!! — E também sai correndo, atravessar aquele palácio até meu quarto demorava uns 10 minutos sem brincadeira.

.

.

.

"Faltam cinco minutos, Jimin". Eu estava repetindo essa frase como um mantra em minha mente porque realmente faltavam cinco minutos e eu ainda estava arrumando aquela porcaria de mochila.

Desde quando eu teria que levar tanta coisa assim? As vezes bate o arrependimento de ter aceitado, mas aceitei.

— Droga, o Kookie vai me matar. — Dizem que a noiva sempre se atrasa, mas dessa vez eu ainda não sou a noiva. — Pronto! Ah, finalmente!! — Abri a porta de meu quarto com força e sai de lá voando para chegar a tempo.

Pontualidade, meus amigos.

— Aí está você Jimin! — O rei conseguia ficar impecável até mesmo todo agasalhado com aqueles casaco bem grosso com pelos no capuz.

— Pra que toda essa proteção? — Ri de como ele ficava fofo embrulhado daquela forma.

— Lá fora está frio e nós vamos para um lugar mais frio ainda. Tó, peguei um pra você. — Sorriu, estendendo um agasalho igual o seu, só que roxo. — Já avisei praticamente o palácio inteiro sobre o nosso acampamento. Vamos logo antes que amanheça. — Brincou, exagerando.

— Ainda é seis da tarde, Jeongguk! — Olha só, eu estava irritadinho. Provavelmente o efeito do estresse na hora de fechar a mala. — Vamos, vamos.

— Estou lidando com uma criança, ora pois! — O vocabulário dele era meio estranho. O alfa bagunçou meus cabelos com sua mão grande e se pôs a me guiar para fora do castelo.

Conforme andávamos fui percebendo que nos afastávamos da cidade. Olhando para frente, era totalmente visível o breu da floresta em que entrariamos. O canto das siriemas era assustador ao entardecer, muitas cigarras cantavam a música de suas mortes, a brisa anunciava que a noite seria fresca e tranquila. O cheiro da floresta era algo que purificava o ser.

Era mágico estar alí. Eu não entendo o porque, já que saí com Jungkook varias vezes, mas estava sendo de outro mundo! O sol ainda estava se pondo, então o céu formava um lindíssimo degradê entre azul, violeta, rosa, laranja e amarelo

Andamos mais ou menos meia hora mais a dentro da floresta densa. A iluminação do céu não passava pela grossa copa das árvores, então uma lanterna iluminava nosso caminho. Eu estava me arrependendo seriamente de vir a noite.

— Kookie… — Puxei a barra de sua camisa para chamar a atenção — Não vamos ficar no meio da floresta, né?

— Que nada. — Creio que percebeu meu leve medo e mostrou um sorriso grandão para me confortar. — Vamos subir em uma montanha, lembra? Não vamos ficar naquela escuridão da floresta, eu teria medo. — Riu no final da frase, mas eu detectei uma verdade oculta.

— O-ok — O suspiro de alívio que dei. — Fico mais tranquilo assim, só espero que não seja difícil subir a montanha.

— É facinho.

— Sei…

— Sério.

— Yaaaaa, tá bom, ta bom — O alfa se aproximou do meu corpo e passou um de seus braços pelo meu pescoço. Logo, depositou um selinho doce em minha bochecha. Aposto que fiquei corado. — K-kookie…

— Fofo… — Me fitou por curtos instantes e parou. De repente estávamos saindo da floresta, em frente a montanha que iriamos subir. O céu estava iluminado tudo, diferente de antes. A lua e as estrelas espalhavam eu brilho por toda a paisagem

Eram metros e metros de montanha. Não me diga que era pra escalar, por favor,não! Além de alta ela era de uma extensão absurda.

— Que cara é essa Jimin? — Com certeza o mais velho estava tirando sarro de mim. O conheço muito bem. — Não vamos escalar, não. Além de perigoso, iríamos chegar lá tão cansados que dormiríamos na hora.

— Então… Como vamos chegar lá em cima? — Em minha expressão uma interrogação tinha se formado. A não ser que a montanha tivesse um elevador, não sei como seria possível chegar até lá em cima.

— Uma vez eu vim aqui com meu pai e eu fiz a mesma pergunta que você. — Aquele sentimento de saudade emanava do alfa novamente. Até mesmo eu podia sentir a saudade dele de tão forte que era. — Meu pai sabia que seria perigoso e eu não conseguiria, então ele mesmo mandou fazer uma escadaria de pedra na montanha, quebrando e modelando as pedras de modo que fosse mais seguro, sem estragar a paisagem.

Chegando mais perto do local, pude ver que existia mesmo um tipo de escadaria que subia até o topo da grandiosa montanha. As pedras eram cinzentas, tinha um pouco de terra e musgo cobrindo os degraus.

— Não são regulares e não garanto que estejam todas inteiras. — Colocou a mão na nuca, como quem estivesse com um pouco de vergonha. — Mas, acho que da pra subir com tranquilidade.

— Relaxa, vou conseguir sim — Sorri para o alfa. Graças aos céus eu não colocaria minha vida em risco, mas creio que desde o início Jungkook não deixaria isso acontecer. — Vamos!

— Ficou animado agora, é?

Começamos a subir os degraus de pedra que levavam até o nosso destino. A cada degrau que eu subia, meu coração parecia bater um pouco mais forte. O sol já tinha ido embora e agora só a lua e as estrelas iluminavam o nosso caminho.

O topo da montanha era bem plano e era visível que pessoas já estiveram por alí. Haviam alguns restos de estrutura de barraca, uma fogueira e o solo estava bem batido. Já a vista, era de um enorme lago lá embaixo, refletindo a luz da lua perfeitamente. O silêncio que se fez quando encarei aquela água que parecia tão profunda, me deu um frio na barriga e no mesmo instante eu fui para mais longe da beirada da montanha.

— Ei, Jimin! — Sem que eu percebesse, Jeon já estava um pouco afastado de mim sentado em um tronco que provavelmente fora usado como banco. O tronco se encontrava um pouco mais próximo da beira da montanha, era meio perigoso. — Vem!! Logo vai começar!

— Começar? — Me aproximei lentamente devido ao medo de acabar tropeçando e correndo risco de cair. — O que vai começar?

— Preste atenção no céu, bem lá em cima. — Apontou para o alto, mas não havia nada.

A brisa estava um pouco mais gelada, abrindo alas para uma noite mais fria.

Meus olhos estavam concentrados no vazio do céu.

As árvores se balançavam com o vento, algumas cigarras ainda entoavam a sinfonia da morte e meu coração batia cada vez mais rápido em ânsia.

E meus olhos continuavam concentrados no céu.

O vento ficava cada vez mais forte, agora as cigarras paravam e as árvores dançavam a valsa da ventania. O ambiente estava frio, minha boca já se encontrava seca e rachada pela falta de hidratação e eu segurava com força a mão do alfa ao meu lado. E o vento soprou. Soprou mais forte. E parou. Sim, parou.

E eu não acreditava no que meus olhos viam. A dança de cores que começou no céu encendiou meu coração e creio que com o alfa ao meu lado não era diferente. Verde, rosa, roxo… Eram lindas.

Uma Aurora Boreal!

— Jungkook… — Sussurrei o nome do homem ao meu lado sem perceber. — Isso é tão lindo!

— Lindo mesmo! — Ao sorrir seus olhos se fecharam junto, criando um eye smile lindíssimo e cheio de vida. Os olhos escuros de Jungkook refletiam a aurora boreal colorida adiante.

Eu amargamente admito, que em vez de admirar a beleza do Alfa a minha frente, eu voltei meus olhos ao lindo fenômeno que acontecia bem na minha frente. Aquelas luzes mexiam comigo de uma maneira espiritual. Ver as luzes era algo transcendental. É como se tudo que está dentro do que é vivo se juntasse para dançar acima de nós. Eu podia jurar que ouvia um melodia sendo tocada pelos picos das montanhas, melodia cantada pelos fantasmas da terra.

Uma alegria sem igual tomou conta do meu corpo. Minha vontade era a de gritar, correr, chorar de alegria. Meu corpo parecia querer se mexer sozinho, minha alma parecia estar prestes a deixar meu corpo, tamanha a felicidade que eu estava sentindo naquele momento, olhando para a festa de luzes no céu. Estavam me chamando para aquela festa. Sei que estavam.

Subitamente, meu corpo se levantou. Não sei se eu estava no comando das ações ou se eu estava descontrolado, mas nada disso importava naquela hora. Eu queria dançar junto com as luzes. E assim fiz.

Comecei a dançar alí mesmo, saltando e girando como elas pareciam fazer, não me importando com o mundo ao meu redor. Eu tinha minha própria luz. Eu era minha própria aurora boreal.

— Você está feliz né, Jiminnie. — Jeon, com uma mão sustentando o rosto, me admirava. Um sorriso de orelha a orelha adornava seu rosto tão lindo. Um de seus pés se mexia, visto que era impossível não querer se mexer no baile das auroras.

Nada respondi. Não precisava ser respondido. Era visível que eu estava feliz. Feliz. Alegre. Contente. Vivo. Eu estava mais vivo que meu próprio ser em vida.

Tentei estender minha mão para tenta alcançá-las, eu ouvia elas me chamando claramente, mas eu não consegui. Mesmo assim a felicidade estava impregnada em mim, nunca me senti tão eufórico em toda a minha vida. Estranhamente é como se meu lugar fosse lá, dançando junto das luzes. Como se eu pertencesse à essa dança magnífica e tão bela.



*Aurora Boreal*



— Agora vocês se vêem mais? — Perguntei feliz pelos dois.

— Sim… Obrigada Jimin, foi tudo graças a você. — Taehyung colocou a mão na minha cabeça, acariciando-a e me entregando um sorriso enquanto andávamos.

Jungkook e eu já tinhamos voltado umas seis da manhã, quando Taehyung me convidou para ir com ele ver o Heechul. Ainda não conseguia me esquecer do momento maravilhoso daquela noite, ver aquelas luzes…

— Por que temos que ir tão cedo? — Questionei. Eu já tinha cumprido minha cota de passos ontem a tarde, meus pés deviam estar cheios de bolhas e até mesmo calejados. As escadarias de pedra da montanha eram barra pesada.

— Se fosse mais tarde, iriam aparecer clientes e seria mais difícil de eu falar com ele! Temos que aproveitar que não tem ninguém nem na rua…

— Ok…Ok… — Aceitei de mãos rendidas quando chegamos na frente do bar "Flos Lunam", o bar de Heechul. Fazia tempo que não entrava lá e digamos que das últimas vezes não foi muito divertido.

— Vamos, ele já deve ter chegado. — Tae se apressou e, como ele achava, a porta estava aberta. O beta entrou rapidamente, me deixando para trás.

Eu ia logo entrando, quando uma mão pequena agarrou meu braço e me puxou. Já ia fazer alguma exclamação alta até ver quem era. De relance só me pareceu familiar, mas depois, quase em um tranco, eu reconheci quem era.

O que me deixou totalmente em estado de choque, foi o fato que eu tinha esquecido completamente de sua existência, é como se ela não existisse até agora, como se ela realmente tivesse sido apagada…

Apagada…

— Haneul! — Depois do meu choque passar, exclamei exasperado. Era ela.. Minha irmã estava na minha frente, sã e salva! Como eu pude ter me esquecido dela durante tanto tempo, céus!

— Jimin, me ouve, você está em perigo- — Ela ia falando algo, mas eu estava afoito demais para deixá-la falar.

— Onde você estava este tempo todo?! O que aconteceu?! Por que você não me procurou?! — Eu a segurava pelos ombros, desesperado. — Haneul, você veio até aqui sozinha? Suas roupas estão manchadas, vem comigo que eu lav-

— Jimin! Você tem que fugir! — Ela disse firmemente e de uma vez, me fazendo travar. Sua voz estava diferente, não era a voz de criança de antes. Estava mais madura, fria, aterrorizada.

— O que? — Foi aí que eu parei um pouco com minha euforia e passei a ouvir o que ela estava falando.

— Ei, garoto. —Uma voz rouca e meio estridente falava de algum lugar, mas eu não conseguia localizar. Era uma voz pesada, me causa calafrios. — Você vai vir com a gente. — Um grupo de seis homens se aproximaram de uma forma nada simpática.

— Q-quem são vocês? — Minha voz falhou no mesmo momento e senti minhas pernas fraquejarem. Eu não sou forte o bastante, não sou. E o que queriam de mim?

— Não te interessa. — Um dos homens cuspiu em uma lata próxima, e logo me encarou com aqueles olhos ciganos, cheios de maldade. — Você vai vir conosco. — O mais alto deles, que parecia ser um Alfa e ostentava muitos músculos, ordenou.

Haneul os encarou e começou a rosnar, sim, a rosnar!

— É melhor nem tentar nada, garotinha! — Um dos homens pôs a mão na calça, tirou um objeto de uma proteção e apontou uma espécie de pistola em nossa direção. A pistola era cor de chumbo, pequena mas aparentava ser muito pesada, cromada e tinha o cano um pouco desgastado.

— Jimin! — Ouvi a voz de Taehyung vindo atrás de mim. Ele e Heechul saíram do bar preocupados. Em volta já se formava um alvoroço. — O que está acontecendo aqui?!

— Nos entrega o garoto agora! — O suposto líder disse firme, seu timbre era demasiado grave e de poucos amigos. O armado sacudiu a arma que estava em sua mão, provocando medo em mim.

Eu estava prestes a desmaiar.

— Por que vocês querem ele? — O Beta rosnou, olhando fixamente para a gangue. Taehyung continha sangue nos olhos tamanha a raiva que sentia nesse momento e, se o conheço bem, sua vontade era a de torturar esses cretinos até a morte.

— São as ordens que recebemos. O levar vivo. — Abriu um sorriso um tanto sádico. Seus dentes passavam longe de perfeitos. Alguns estavam poderes, outros cobertos de ouro, nojento. — Vamos! Peguem ele! — O homem mandou os outros virem para cima e assim fizeram, se aproximando de um modo intimidador.

Como se já não bastasse a situação confusa, em questão de pouquíssimos segundos, no lugar da minha irmã, que estava na frente, estava um animal. Um lobo cinzento com aparência um tanto miserável, rosnando para os homens que se aproximavam, sem nem desviar o olhar.

Eu sempre achei que ela fosse humana. Sempre soube diferenciar lúpus e humanos, então por que com ela foi diferente e por que ela nunca me contou? Uma vez prometemos não mentir e sempre contarmos a verdade, mas…

— Precisamos dela também! — Assim que a loba encarou-os, o líder fez questão que todos ouvissem claramente. Não era possível, porque isso com a gente?!

Em meio a muitos rosnados, Haneul foi para cima de outros que se transformaram e Taehyung a seguiu em sua própria forma humana mesmo.

À minha frente, a loba confrontava dois outros lobos. Era algo horrendo de ser ver. Presas, mordidas, patadas, corpos se batendo e sangue escorrendo. Do lado Taehyung lutava com socos, chutes e derrubadas contra outros três humanos com grandes estaturas.

Os dois pareciam estar em vantagem, mas não pareciam que iriam aguentar muito tempo.

Eu e Heechul estávamos paralisados, encolhidos perto da estrutura sem saber o que fazer. Ele é um humano, mas eu sou um ômega! Eu devia saber me defender, eu devia poder estar lá, defendendo minha irmãzinha, mas não! Ela estava me defendendo, mesmo depois de eu ter abandonado ela.

— HANEUL! — Gritei a plenos pulmões quando um dos homens em forma humana, bateu nela com um cassetete, a derrubando em meio aos choros de um lobo.

— Jimin! Heechul! — Eu estava distraído com a Haneul tendo suas patas e fucinho amarrados por aquele brutamontes, quando Taehyung nos chamou. Ele nos chamava pelo pior motivo possível. Um dos homens que estava armado, apontava a arma de fogo em nossa direção.

Aquele objeto de aparência metálica, pesado, assustador, estava apontando em minha direção. Meu coração batia rápido, minhas mãos suavam e meus pés pareciam estar travados no chão. Seria o meu fim. E muita gente querida estava envolvida nessa catástrofe.

Tudo parecia estar em câmera lenta.

O homem assustador aproximava seu dedo do gatilho.

Taehyung gritava desesperado, seu rosto exibia uma horrível expressão de medo.

As pessoas ao redor faziam expressões de espanto, outras se puseram a correr, algumas gritavam.

O homem já tinha encostado seu dedo no gatilho frio e ferroso.

Quando o dedo do homem desgraçado se mexia para apertar o gatilho, o Kim correu até nós e nos empurrou mais para o lado. Bem na hora, o portador da arma apertou o gatilho, ocasionando num só barulho, alto e inconfundivelmente amedrontador

Com um nó torturante na garganta. Olhei para o loiro caído no chão, mas ainda com bastante vida. Um estranho alívio repousou em meu ser quando vi que a bala acertara apenas seu ombro, mas a situação estava longe de melhorar.

Com forças que não sei da onde tirara, o beta levantou em posição de defender-nos dos restantes que se aproximavam. Heechul estava extremamente preocupado e quase chorava, mantendo as mãos nas costas do irmão. Acredito que mão conseguia chorar devido ao choque repentino.

A mesma coisa comigo.

— Vamos! Nos pediram um deles e já temos! Vamos embora! — O repugnante líder carregou Haneul, amarrada, pelo ombro e juntos dos outros homens feridos foram embora correndo e levando minha irmã

A minha querida irmãzinha…

— HANEUL! NÃO! — Gritei novamente até sentir minha garganta ser arranhada, meu coração doía por não ter conseguido protegê-la. Por que isso estava acontecendo? O que nós fizemos para merecer isso?

Mesmo machucado, com um tiro no ombro, meu sofrimento convenceu Tae, que se transformou e decidiu ir atrás deles. O sangue escorria pela pelagem do lobo com pelos claros da cor do sol, mas ele continuava correndo. Mancando de uma forma que parecia dolorosa, o lobo insistiu em ir atrás dos homens.

— E-Eles levaram ela… — Proferi sem acreditar. Isso realmente não podia estar acontecendo — Minha família…

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