Opostos | Rúben Dias

Od suotempore

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Benedita Varandas Fernandes. Rúben Dias. Um jogador e uma judoca. Dois opostos que dispostos, completavam-se... Viac

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Od suotempore

"Talvez nós nunca dêmos certo mas ninguém dá tão bem errado como nós."

- Qual achas o biquíni que devo levar? - Carminho questionou, enquanto me mostrava os dois conjuntos, um em cada mão.

Eu ri com a sua complicação em fazer uma mala, tal era a sua indecisão.

- Minho, levas os dois. Nós vamos para Santorini! - óbvia, exclamei, fazendo-a revirar os olhos, acabando a rir comigo.

- Tudo bem. - acabou por ceder, guardando as vestes no local indicado. - Invejo essa tua capacidade e facilidade em preparar as viagens. - reclamou, entre risos e juntei-me a ela.

Alguns dias depois do casamento de Rita e André, o nosso grupo de amigos preparava-se para os tão desejados dias de férias, tendo a Grécia, mais propriamente Santorini, como destino de eleição.

- Eu não sou como tu que demora horas a tentar decidir o que levar e acaba por guardar tudo. - fiz troça e a loira mostrou-me a língua.

- calada e vamos jantar que eu não posso deixar o Guga à espera. - esboçou-me um sorriso sugestivo e olhei-a com uma expressão de nojo fingido que a fez gargalhar.

- A minha pobre inocência. - abanei negativamente a cabeça e ela soltou uma risada alta que me fez cobrir os ouvidos devido ao estridente som.

- Inocente? Tu? - irónica, questionou e fingi-me ofendida.

- O que é que tu queres dizer com isso? - teatralizei e ela riu.

- Não devias ter a noção do barulho que fazias quando o Rúben passava aqui grande parte das noites. - acusou e foi impossível não corar, tal era o embaraço.

- Carminho, eu vou-te matar! - gritei, batendo ao de leve no seu braço.

- É verdade. - continuou com o gracejo. - Ele deve ser muito bom naquilo que faz. - olhou-me sugestiva e os olhos quase me saltaram da cara ao ouvir tão afirmação.

- Meu Deus, Carminho, tu pára! - gritei e a bracarense gargalhou. - Mas sim, ele sabia bem o que fazia. - admiti e a loira olhou-me atónita, não esperando que eu aderisse à brincadeira.

- Dispenso pormenores. - fez uma careta e foi a minha vez de rir.

- Também não te ia contar. - mostrei-lhe a língua e ela riu.

Preparámos a mesa e, depois de aquecermos a sopa que ontem a minha melhor amiga confecionara, comemos num ambiente de convívio e de forma bastante calma, enquanto imaginávamos mil e uma coisas que queríamos fazer assim que pisassemos solo grego.

- Agora aquilo que eu vou imaginar é o que vou fazer com o Guga quando chegar ao apartamento dele. - disse, enquanto terminava de levar a loiça à máquina de lavar. Ela riu da minha expressão de nojo. - Vá lá, até parece que não o fazes. - revirou os olhos e eu ri. - Como é que ficaram as coisas com ele desde o dia do casamento? - Carminho questionou e dei de ombros, não evitando um suspiro.

- Não ficaram. - disse simplesmente. - Foi uma dança e pronto. Apenas isso. - tentei convencê-la quando, na verdade, acho que o tentava fazer a mim mesma.

- Mas foi o vosso primeiro contacto desde muito tempo antes. - não a deixei terminar.

- Sim, foi. E sim, doeu. Foi difícil estar perto dele e foi mais difícil estar perto dele e não poder fazer o que eu queria. Pior ainda foi, depois da nossa dança, a namorada o ter puxado para a pista e estes dançarem de forma alegre, completamente alheios ao que se passava ao seu redor. Eu sinto-me como se já não fizesse parte da vida dele. Aliás, eu já não faço. Ele confunde-me. Muito. Uma vez diz que me ama e na outra, ignora-me como se eu não estivesse presente.. - ergui os ombros, num gesto derrotada.

- Eu nem sei o que te dizer, amiga.. - ofereci-lhe um pequeno sorriso.

- Não precisas de nada dizer, Minho. Vai ficar tudo bem. Eu apenas preciso de me habituar à sua ausência. - suspirei, terminando de limpar a mesa.

O seu telemóvel fez barulho e esta logo o retirou do bolso, abrindo um sorriso. Não evitei acompanhar-lhe ao ver o seu semblante feliz. Certamente que se tratava de Guga.

- O Gonçalo está lá em baixo à minha espera. - sorriu-me culpada e revirei os olhos pela sua constante preocupação em deixar-me sozinha em casa.

-Eu fico bem. - descansei. - Aliás, vou tomar duche e dormir. - avisei e ela acenou, acabando por ceder.

- Tudo bem. Se precisares de alguma coisa, não hesites em ligar! - pediu, autoritária e eu ri, assentindo.

- Sim, mãe. - fiz troça e ela mostrou-me a língua.

Acompanhei-a até à porta e quando esta desapareceu da minha vista, corri para um duche rápido, vesti o pijama, lavei os dentes e deixei os cabelos molhados, dirigindo-me para a sala, procurando algo para ver.

Ouvi o som da campainha e não pude evitar ficar confusa, levantando-me do sofá.

- Será que a Carminho esqueceu-se de algo? - falei sozinha enquanto me encaminhava para a porta.

- Loira, tu.. - calei-me quando dei de caras com Rúben à minha frente. - O que é que tu estás aqui a fazer? - de imediato, questionei, não querendo parecer rude. Estava apenas surpresa com a sua repentina visita.

- Posso entrar? - apontou para o interior do apartamento e assenti, afastando-me para que este pudesse passar.

Assim que o fez, fechei a porta e segui-o até à sala de estar, local onde este já se encontrava, visivelmente transtornado.

- Está tudo bem? - preocupada perguntei ao ver o seu semblante, eu diria, nervoso.

- Discuti com a Beatrice. - murmurou e não evitei uma risada irónica.

- Tu não estás a sério, pois não? - ainda estava atónita pelo que ouvira.

- Não estou a perceber. - confuso, respondeu e bufei.

- Rúben, tu vieste procurar a tua ex-namorada para falar sobre as discussões que tens com a tua atual. - óbvia, constatei e o central português suspirou, passando as mãos no rosto.

- Tens razão, desculpa. Não faz qualquer sentido. Eu vou embora. - abanou negativamente a cabeça, dirigindo-se para a porta novamente.

- Rúben. - chamei-o e este logo parou os movimentos. - Vem cá. - de forma calma e, até mesmo carinhosa, pedi, não conseguindo deixá-lo ir daquela forma.

Ouvi o seu suspiro e o lisboeta logo se virou, indo até ao meu encontro. Sentou-se no sofá e escondeu o rosto entre as mãos.

- Posso saber o que se passou entre vocês? - um pouco reticente, perguntei e ele olhou-me intensamente pela primeira vez desde o dia do casamento dos Almeida.

- Discutimos por tua causa. - acusou e franzi a sobrancelha.

- Desde quando é que a culpa é minha? Eu nem fiz nada! - defendi-me e ele riu trocista.

- Tens a certeza disso? - levantou-se, chegando muito perto do meu rosto. - Eu ando com a minha cabeça às voltas desde que regressaste a Portugal! Quando eu pensei poder seguir em frente, tentar esquecer-te, tu apareces para me fazer duvidar de tudo! A Beatrice não merece que eu lhe faça passar. Ela tem sido tão boa para mim. Ela ajudou-me. Ela esteve lá quando tu não estavas. Ela apoiou-me nos dias em que o treino não correu pelo melhor, os jogos em que eu nem ao banco cheguei, as saudades que eu tinha da minha família e do meu pais berço. - não o deixei terminar.

- Caralho, Rúben! - gritei, tentando conter o choro, mas sem qualquer sucesso. - Tu não estiveste aqui, onde todas as noites, eram as lágrimas que me acompanhavam enquanto eu olhava as nossas fotografias, procurava saber por ti através das páginas das redes sociais e da televisão, pelos nossos amigos, as vezes que eu relembrei os nossos momentos, as nossas noites, as nossas brigas, a nossa viagem, a cumplicidade, o amor e o companheirismo que nos caracterizavam. Eu sei que a culpa é toda minha! Fui eu que nos fiz isto! Tu lembras-te, sequer, daquela primeira vez em que trocámos um amo-te? Todos os dias, eu tento lidar com as saudades que eu sinto tuas. Todas os dias eu tento lidar com as consequências da minha escolha! Mas, apenas porque fui eu que terminei, não significa que foi mais fácil! Porque, acredita em mim, foi das coisas mais difíceis que eu já fiz. - funguei, tentando acalmar os nervos. - Nunca é fácil deixar ir embora o amor da tua vida. - pude notar o seu olhar surpreso aquando da minha confissão.

O rapaz suspirou pesado.

- Porque é que nós somos tão confusos, caralho? - inquiriu, rindo fraco e não evitei acompanhá-lo.

- Não sei. - murmurei. - Acho que, ao contrário dos outros, nós nos damos bem na confusão. - ergui os ombros.

- Acho que foi na confusão que nos encontramos. - sussurrou e foi a minha vez de rir fraco.

- E foi nela que nos perdemos.. - no mesmo tom de voz, disse e o jogador suspirou novamente, encostando as nossas testas.

- Nós estivemos, realmente, alguma vez perdidos? - contra a minha boca, sussurrou e engoli em seco, não conseguindo conter a inquietação, tal eram as saudades que eu dele sentia.

Rodeei o seu pescoço com os meus braços, permitindo que este roçasse os nossos lábios.

- Posso beijar-te? - num tom quase inaudível, questionou.

- Isso é tão errado, Rúben. - tentava manter o pouco de racionalidade que me restava devido à sua perigosa proximidade.

- E, desde quando é que nós fomos certos? - murmurou e eu ri. Não me importava o quão desesperada eu podia parecer. Eu realmente necessitava de o sentir.

E antes que este o pudesse fazer, o seu aparelho eletrónico fez-se escutar, levando-nos de volta à realidade.

O jogador suspirou frustrado e não consegui desviar o olhar do ecrã do telemóvel assim que este o retirou do bolso dos seus jeans.

Beatrice.

Num gesto involuntário e, deveras irritada comigo própria por me ter deixado levar tão facilmente, bati com a mão na testa, chamando a atenção do moreno que logo ignorou a chamada.

- É melhor ires embora. Vocês precisam de resolver as coisas. - não conseguindo deixar de lado a desilusão que sentia, proferi, apontando para a porta de saída.

- Benedita.. - chamou e abanei negativamente a cabeça.

- Não, Rúben. Ela é a tua namorada. E aquilo que nos iríamos fazer, por muito mais que parecesse certo para nós, a verdade é que não o é. Tal como tu próprio disseste, a Beatrice ajudou-te bastante. Aliás, tem-no feito. Ela não merece passar por isso. Ninguém merece. Não lhe partas o coração. O processo de conserto não é fácil.

- E o teu? Tu não precisas da minha ajuda para o consertar?

- Rúben, durante anos, eu fiz esse trabalho sozinha. Tenho a certeza que continuarei a dar conta do recado. - sorri-lhe triste e este suspirou pesado.

- E se eu quiser ajudar? - insistiu, deveras insatisfeito pelo rumo da nossa conversa.

- Esse não é o mais o teu trabalho.

- Porque não?

- Porque aquele que o destruiu, certamente não o saberá consertar.

- E se eu te disser que tenho jeito para este tipo de coisas?

- Vale a pena o risco?

Aquando da minha pergunta, acariciou os meus cabelos, deixando um demorado beijo na minha testa.

- Lá no fundo, tu sabes que sempre valeu. Eu faria tudo novamente. - e com isso, virou costas, abandonando os meus aposentos.

E, apesar de tudo e por muito errado que fosse, pela primeira vez desde que eu chegara a Portugal, que eu sentira-me, verdadeiramente, em casa.

A/N: drama, drama and more drama. 🤷 Estes não se entendem de maneira alguma. Vamos a ver o que estas férias reservam ao casal maravilha e aí se dará o fim.
Espero que esteja a ser do vosso agrado! Um obrigado do fundo do coração por me terem acompanhado neste aventura! ❤️
Já tenho saudades destes dois e ainda nem acabou. 😂
Espero que estejam bem! Um beijinho e até ao próximo. 👋

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