Opostos | Rúben Dias

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Benedita Varandas Fernandes. Rúben Dias. Um jogador e uma judoca. Dois opostos que dispostos, completavam-se... More

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- Carminho! Preciso de ajuda! - gritei da cozinha pela minha melhor amiga, que se encontrava na sala a assistir à antevisão do primeiro jogo da época que o Benfica teria, este a contar para o apuramento para fase de grupos da liga milionária e que poderia render 43 milhões de euros ao cofres da Luz.

- Desculpa, Benny. Estou aqui. - apareceu na porta e eu ri, dando de ombros, num desvalorizar da situação.

- Podes passar-me o queijo que tenho no frigorífico? Estou a terminar isto aqui. - pedi, enquanto aprumava a aparência da lasanha no largo tabuleiro de vidro, antes de a levar ao forno.

- Sim, claro. - entregou-me o pequeno saco que continha o mesmo e depois de o espalhar em cima da carne e massa, meti-a a cozer.

- Isto agora cerca de uma hora e fica pronta. Espero que esteja boa. - desejei, um pouco insegura que não fosse do agrado dos convidados, uma vez fora confeccionada à base de ingredientes saudáveis. Dei de ombros, rapidamente afastando as dúvidas. Eles eram jogadores de futebol. Ingredientes saudáveis eram o que mais conheciam.

- Vamos preparar a mesa. - avançou e acenei, dirigindo-me aos armários. - Somos seis, certo? - rapidamente lembrei-me da conversa de Rúben no Instagram, confirmando a sua presença e a dos seus amigos, encarregando-se este da sobremesa. Acenei, perante a sua dúvida.

Preparámos tudo com tempo, vigiando a lasanha para que não queimasse.

- Está a cheirar muito bem. - a loira elogiou e eu sorri-lhe agradecida.

- Espero que gostem. É uma das minhas especialidades mas, por vezes, não corre bem. - dei de ombros, olhando o forno quente, observando a o queijo da lasanha derreter, o que me fez crescer água na boca.

- Tenho a certeza que vai estar de comer e chorar por mais. - beijou a minha bochecha. - Vou ao banho. Depois trocamos, fico aqui a tomar conta da comida e tu vais. Pode ser? - sugeriu e rapidamente acenei em concordância.

- Queres estar bonita para quando o Guga chegar? - gracejei e ela riu alto, esboçando um sorriso sugestivo.

- Odeio-te por me conheceres tão bem. - entre risos protestou, e gargalhei, deixando-a ir até ao quarto de hóspedes, que lhe pertencia desde que adquirira o apartamento e a convidara para morar comigo embora, por vezes, tivesse de me deslocar ao estrangeiro e a outras regiões do país.

Largos minutos depois, a bracarense voltou e corri para o meu quarto, tomando um banho rápido mas relaxante, vestindo uma roupa muito prática que consistia numa blusa de alças e um fato de treino cinza, não me importa em arranjar-me para algo que era casual.

Penteei os meus cabelos e respirei fundo ao ouvir a campainha, dirigindo-me, em passos apressados à porta, vendo Carminho aproximar-se igualmente, o que nos fez rir.

- Estou bem? - perguntou, enquanto mexia nos seus cabelos e soltei uma gargalhada pela sua repentina insegurança, esta que era muito segura de si e dos seus atributos físicos.

- Estás linda, Minho. - fui sincera.

- Não me chames isso à frente do olho azul. - murmurou, entre dentes e eu ri, sorrindo marota.

- Veremos. - dei de ombros e ela revirou os olhos. - Vamos abrir isto antes que eles vão embora. - ela acenou e eu abri a porta, vendo os quatro rapazes trajados nos seus habituais sorrisos.

- Boa noite, miúdas. - Gedson iniciou as saudações que se estenderam a todos, menos Rúben que, da minha parte apenas me mostrou a língua, seguida de um sorriso.

- Rapazes, esta é a minha melhor amiga, Carminho. - apontei para a loira que lhes acenou de forma tímida, o que me fez rir. - Aqui o Guga já a conhece das redes sociais, uma vez que combinaram ser a Anastasia e o Christian um do outro. - fiz troça e a jovem corou intensamente, gerando gargalhadas entre todos, incluindo Gonçalo que lhe olhava encantado. - E vamos comer a lasanha antes que eles se comam aqui. - continuei com o gozo e Carminho beliscou o meu braço, completamente constrangida.

- Fizeste lasanha? - Yuri perguntou, num tom de animação, o que me fez rir.

- É light. - avisei. - Mas espero que esteja do vosso agrado. - conclui e todos acenaram, caminho em direção à cozinha, menos Rúben que ficara para trás junto de mim.

- O que foi? - olhei-o desconfiada e ele riu.

- Onde é que eu posso deixar isto? - apontou para o saco que tinha na mão e peguei o mesmo, não evitando bisbilhotar, gargalhando ao ver um bolo igual ao que levara para sua casa mas que ficara no chão, ao invés disso. - Eu disse que te recompensava. - piscou o olho e revirei os meus, acabando a rir. Queria que me recompensasses de outra forma, quis gritar mas logo praguejei mentalmente por este tipo de pensamentos.

- Miúda, tu estás bem? - estalou os dedos na frente do meu rosto, despertando-me dos meus pensamentos e fiquei um pouco constrangida. - Estás meio distante. - criticou, num misto de preocupação e curiosidade e dei de ombros.

- Nada que seja do teu interesse. - rude, desviei o assunto, fazendo-o bufar.

- Tu és impossível. Não conseguimos ter nem uma conversa civilizada devido à tua má educação. - acusou e olhei-o escandalizada.

- Ah claro, e tu és santo! - exclamei. - És uma autêntica criança. - acusei de volta e ele retirou-me o doce das mãos, encaminhando-se para a cozinha sem mais nada proferir. - Estúpido, meu! - gritei-lhe, irritada por me deixar afetar tão facilmente pelo internacional português.

Caminhei até à cozinha em passos lentos.

- Então, Benedita? Porque estás com essa cara? - Gedson gracejou e mostrei-lhe a língua, seguida de um sorriso. Ainda pensei em dizer a razão de tal irritação mas não valia a pena, não querendo ser a principal responsável por estragar a noite.

- Já passou. - não dei importância.

Sentei-me ao lado de Carminho, que ficou de frente para Guga, e ao lado de Rúben, que se encontrava na ponta da mesa.

- Capitão, serve-nos. - Guga pediu a Rúben, que revirou os olhos mas que acenou, pegando o prato do amigo, seguindo-se os outros. Quando chegou a minha vez, este meteu apenas um pouco e nada disse, aceitando o que me dera.

- Não estás a sério, pois não? - interrogou, olhando o prato nada cheio e sorri-lhe debochada.

- Só estou a comer aquilo que me serviste. - alfinetei, levando uma garfada à boca mas não consegui comer mais pois o moreno tirara-me o mesmo da frente. - O que é que tu estás a fazer? - ele ignorou-me por momentos.

- Não vais comer apenas isso. Precisas de te alimentar bem. - ouviu-se um coro de awn e tentei, não corar, usando o revirar de olhos para cobrir o facto de que eu me derretera por completo com a sua preocupação. - O que foi? - confrontou os amigos que riam. - Ela é uma atleta do melhor clube do mundo, tem de estar ao nível dele. - deu de ombros.

- Desculpas, sorriso Nike. - Guga fez troça e Rúben tirou-lhe o prato da frente, levantando-se para que o amigo não o conseguisse recuperar.

- Então, meu? Dá cá isso, não te pertence. - o loiro ergueu-se, começando a correr atrás de Rúben que fugira com o prato.

- Posso matar o vosso amigo, hoje? - murmurei, entre dentes, e eles riram.

- Tens a certeza que não preferes fazer-lhe outra coisa? - Yuri esboçou um sorriso debochado e mostrei-lhe o dedo do meio, gesto que o fez gargalhar.

Levantei-me e fui até à sala onde estes andavam tipo Tom&Jerry, enquanto riam.

- Rapazes! - gritei e eles assustaram-se. - Com a comida não se brinca. Rúben, pára de ser criança e devolve o prato ao Gonçalo. - ordenei e ele olhou-me desafiador.

- Ou o quê? O que é que tu fazes? - provocou.

- Tens a certeza que queres saber? - debochei e ele riu. Devolveu o prato a Guga, que gritou um aleluia, e encaminhou-se de novo para a cozinha.

Engoli em seco quando o jogador das águias aproximou-se de mim, ficando perigosamente perto.

- E agora, o que é que me vais fazer? - levou a mão à minha cintura.

- Aproxima-te. - pedi, num sussurro, e ele não hesitou em obedecer à minha solicitação, o que me gargalhar internamente. - Só mais um pouco. - sussurrei.

- E agora? - murmurou quase tocando as nossas bocas e eu sorri.

- Isso era o que tu querias. - esbocei um sorriso vitorioso e afastei-me, não evitando gargalhar com a sua expressão atónita e, simultaneamente, descontente por se ter deixado enganar e levar de forma tão fácil.

Benedita 1 - 0 Rúben.

Entrei na cozinha e sentei-me juntos dos outros, que nos esperavam com sorrisinhos.

- O que foi? - perguntei, bebendo um gole do sumo natural.

- O que é que vocês fizeram para terem demorado algum tempo na sala? - Gedson interrogou rindo e revirei os olhos, preparando-me para responder mas uma voz não me deixou.

- Não fizemos nada. Já vos disse que não namoraria alguém como ela. - Rúben falou sério, juntando-se a nós na mesa.

- Como assim alguém como eu? - mostrei-me ofendida.

- És tão irritante que as caraterísticas positivas que possas ter não sobressaem. - criticou e nem respondi, sentindo-me um pouco afetada pelas suas palavras.

- Vocês estão a gostar da lasanha? - desviei o assunto e notei que eles repararam na minha mudança de atitude e, mesmo, de tom de voz.

- Já comi melhor. - o número seis comentou e tentei controlar a minha imensa vontade de lhe bater.

- Já chega, Rúben. - Yuri pediu e o amigo levantou as mãos em forma de rendição.

- Está tudo bem, Yuri. Está tão má que o prato dele está quase vazio e, tenho a certeza, que vai repetir. - alfinetei e todos riram, menos o central que me mostrou a língua.

E assim, em convívio, terminámos a refeição, onde Rúben repetiu por mais duas vezes, o que me fez gargalhar.

Benedita 2 - 0 Rúben.

- Bora jogar ao verdade ou consequência? - Guga sugeriu e todos concordaram. - Tens uma garrafa? - perguntou-me e acenei, correndo até à cozinha para a pegar.

- Aqui tens. - entreguei a mesma e ele sorriu-me em forma de agradecimento.

Rúben e Gedson moveram a mesa de centro da minha sala de estar e, todos, nos sentamos no tapete, formando uma pequena roda. Fiquei de frente para o central de vinte e um anos e revirei os olhos quando este me mostrou um sorrisinho.

- Uma vez que não podemos usar as bebidas alcoólicas pois temos jogo e as roupas interiores também não vão ser usadas aqui por uma questão de respeito, aquilo que podemos fazer, sendo isto a regra, é que podemos ter cinco verdades e depois de as usarmos, vamos ter uma consequência que ninguém pode contestar ou recusar-se a fazer. O que acham? - propôs e, todos olhamo-nos, concordando com a ideia.

- Bora nessa! - Carminho gritou, entusiasmada, e nós rimos.

E começamos o jogo, onde muitos de nós esgotaram as suas verdades e cujas consequências passaram por desfilar quase nu pelo corredor, apenas com a roupa interior, no caso de Yuri, e de fazer uma declaração de amor falsa à vizinha da frente, que acabámos por descobrir ser uma mulher de meia idade que deu um valente sermão a Gedson, que não podia ter ficado mais embaraçado. No caso de Guga, a consequência fora escolhida por mim e optei pelo beijo desejado entre o loiro e Carminho que enalteceu a química natural e óbvia que ambos partilhavam e que nos deu a ideia de que aquela não seria a última vez que os veríamos juntos, o que me agradou muito pois, apesar de conhecer o jogador dos sub-23 dos encarnados à relativamente pouco tempo, conseguia perceber nele caraterísticas como a sinceridade, o humor, o trabalho, dedicação e superação, esta última evidente pela forma como este recuperara daquele que fora o maior desafio da sua carreira, na cura de uma grave lesão que lhe rendeu largos meses parado e cujas marcas ele podia dar a conhecer ao mundo, no seu joelho direito, que gritavam a capacidade de Guga de superar-se a si mesmo e às adversidades que a vida deitava no seu caminho.

Engoli em seco quando a minha melhor amiga rodou a garrafa e esta apontou para mim, sendo a minha vez de ter a consequência, pois estavam esgotadas as verdades. Sabia que se vingaria de mim por a ter constrangido antes.

- Consequência, certo? - ela perguntou e acenei, olhando-a desconfiada, o que a fez rir. - Sabes que não podes negar a mesma. - avisou e aí comecei a ter mesmo medo do que ela poderia escolher.

- Credo, até a mim me estás a deixar nervoso. Desembucha. - Yuri protestou e nós rimos.

- Tens de beijar o Rúben. - ela atirou direta e olhei-a sem qualquer reação.

- Tu tás a gozar, Carminho. - ri nervoso. - Diz lá o que tenho de fazer. - pedi e ela riu.

- Já te disse. - deu de ombros. - Sabes que não podes recusar. - frisou e lancei-lhe um olhar de morte, que a fez gargalhar.

Olhei o jogador que já se encontrava de pé, mirando-me com um sorriso convencido no rosto.
Bufei e levantei-me, igualmente, chegando perto dele.

- Para tua informação, eu estou a ser obrigada a fazer isto. - apontei-lhe o dedo. - E esta vai ser a primeira e última vez que acontece. - avisei e ele riu fraco.

- Não te vais calar para que eu possa beijar-te logo? - riu, puxando-me para si.

- Eu odeio-te, sabias? - bufei e o jogador gargalhou.

- Tu tens a certeza disso?

E com isso não me deixou responder, colando os seus lábios aos meus,  num beijo que me deixou sem qualquer reação. Quando dei por mim, deixava-me levar sem qualquer problema, permitindo a entrada da sua língua na minha boca e abracei o seu pescoço, para que não houvesse qualquer espaço entre nós. Os gritos dos nossos amigos eram possíveis de se ouvir mas estávamos tão envoltos um no outro que os ignorámos.

Quando nos afastamos, não evitei corar ao sentir o seu intenso olhar em mim, mas logo retribui o mesmo.

- E tu? Tens mesmo certeza que não namorarias alguém como eu? - sussurrei, contra a sua boca, esboçando um sorriso convencido, antes de me afastar e voltar para o meu lugar, deixando-o embasbacado.

Benedita 3 - Rúben - 0.

A/N: olá. Espero que esteja tudo bem!
Deixo-vos aqui outro capítulo desta história. O primeiro beijo do casal, no já conhecido jogo do "verdade ou consequência" que muito dá que falar e onde muitas destas situações acontecem que desencadeiam romances haha.
Sinceramente, estou um pouco reticente e até mesmo desanimada com esta história. Enfim, talvez seja apenas uma fase. Vou tentar continuar, anyways. Desculpem qualquer coisa ou qualquer demora.
Muito obrigado pela oportunidade! ❤️
Um beijinho e até breve. 👋

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