Opostos | Rúben Dias

By suotempore

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Benedita Varandas Fernandes. Rúben Dias. Um jogador e uma judoca. Dois opostos que dispostos, completavam-se... More

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- Benedita! - o meu treinador chamou a minha atenção. - Tens estado distraída estes dias. Não podes ir para o combate que tens, já daqui a uns dias, dessa forma ou arriscas-te a perder. - ralhou e suspirei pesado, não deixando de lhe dar razão.

- Desculpe, mister. Prometo que vou estar no meu melhor. - este apenas acenou, olhando o seu tablet.

- Espero que sim. Hoje, o treino fica por aqui. E espero que, da próxima vez, deixes os problemas pessoais do lado de fora da porta. - mostrou-se descontente e abandonou a divisão sem mais nada dizer.

Bufei frustrada e tentei conter o choro, sentindo-me furiosa por deixar que ele me afetasse de tal forma, mesmo depois de já terem passado alguns dias desde aquele incidente.

- Estúpida. - murmurei irritada, repousando a cabeça na parede por alguns segundos.

Uma vez mais calma, apressadamente cheguei ao balneário onde, sem qualquer pressas, tendo a certeza que estava sozinha, tomei um banho relaxante e vesti-me lentamente.

Depois disso, segui para o Caixa Futebol Campus, para mais um dia em que a responsabilidade de ir buscar Bernardo ficara a meu encargo, depois de passar por Henrique. Mal podia esperar que o mais novo atingisse a maioridade para que pudesse tirar a carta de condução, pois tal seria vantajoso para ambas as partes.

Faltando algum tempo para o término do treino, decidi tomar um café, estando desesperadamente na necessidade de um.

- Vai lá a casa hoje à noite. - ouvi dizer e olhei na direção da voz, não evitando um arquear de sobrancelha ao ver Rúben do meu lado, trajado no seu equipamento de treinamento. - Combinámos de assistir à Supertaça Europeia entre o Atlético Madrid e o Real.

- Porquê eu? - perguntei, olhando o seu perfil e ele deu de ombros.

- Consigo ver que precisas de te distrair. - apreciou e suspirei.

- Sou assim tão transparente? - ele riu.

- A tua cara diz tudo. - justificou. - Estás bem? - revirei os olhos.

- Não foste tu que disseste que a minha cara dizia tudo? Então o que é que achas? - rude atirei e consegui ver que este ficara um pouco surpreso e reticente.

- Tudo bem. - deixou o dinheiro da sua água no balcão e começou a afastar-se.

- Desculpa. - acabei por pedir ao vê-lo já perto da saída. O moreno parou os seus movimentos e dirigiu-se, de forma lenta, novamente a mim. - O treino de hoje foi péssimo. O pior que já fiz até ao momento. - confessei, não evitando um suspiro pesado.

- O que se passa? - observava-me atentamente com um misto de curiosidade e de preocupação.

Quis gritar a culpa é tua mas o jogador não era o verdadeiro culpado dos meus pensamentos, sendo eu que me estava a deixar afetar diretamente por ele e por toda a aura que me transmitia.

- Nem eu sei. - sucintamente admiti. - São dias, acho. - dei de ombros, mirando o meu café ainda cheio.

- Por isso mesmo devias aceitar o meu convite. - insistiu e revirei os olhos, gesto que o fez rir. - Além de que é uma forma de passares tempo comigo. - sorriu presunçoso e soltei uma gargalhada.

- Ah, cá está ele. - gozei. - Mas tu não consegues passar um dia inteiro sem ser um parvo? - irónica interroguei e foi a sua vez de revirar os olhos.

- E tu não consegues passar um dia inteiro sem me maltratares? - respondeu com outra pergunta, num tom de voz semelhante.

- Oh, a princesa deu uma de virgem ofendida? - continuei com o deboche e, numa altura destas, o rapaz não continha a sua irritação.

- Caralho, miúda, tu és insuportável! - exclamou em prostesto e gargalhei, satisfeita com o resultado.

- Talvez. Mas aquilo que aqui se passa é que, tu estás habituado a que elas que te caiam todas aos pés e não consegues lidar com quem não o faz. - critiquei, dando de ombros.

- É só uma questão de tempo. - piscou o olho e fez uma expressão de nojo.

- Nem que caia o Carmo e a Trindade. - sorri-lhe, debochada e soltei uma pequeno grito quando este me puxou pela cintura, ficando perigosamente perto do seu rosto, mais concretamente da sua boca.

- Tens mesmo a certeza? - murmurou e engoli em seco, sentindo-me embriagada pelo seu cheiro natural.

Olhei os seus lábios, e logo de seguida os seus castanhos olhos, vendo estes já presos em mim.
O momento de constrangimento foi interrompido pelo chamamento do seu colega e amigo, Gedson, uma vez que o treino ia ter o seu início.

Rúben sorriu-me de lado e afastou-se, dirigindo-se à saída.

- Eu não tinha tanta certeza disso. - piscou o olho. - Já agora, o meu convite mantém-se de pé. - e com isso, desapareceu da minha vista.

- Estúpido, que nervos! - murmurei, irritada comigo mesmo por ter sido tão fraca. Bebi o café em apenas um gole, rapidamente praguejando por este estar muito quente. - Caralho, mas isto hoje nada me corre bem? - falei sozinha e ouvi alguém rir, vendo Gustavo, o funcionário do bar chegar ao meu encontro.

- Isto são os efeitos Rúben. - fez troça e mostrei-lhe o dedo do meio, gesto que o fez gargalhar.

- Qual efeitos Rúben, qual quê. - contrariei, realmente irritada com toda a situação.

- Não foi isso que pareceu à minutos atrás. - comentou e revirei os olhos, descontente com o que ouvira.

- E o que é que te pareceu? Nada se passou. - fuzilei-o com o olhar e ele riu.

- Por pouco. - deu de ombros. - Mas é apenas uma questão de tempo. - repetiu o que Rúben dissera e arquejei insatisfeita.

- Vocês não sabem o que dizem. - levei a minha mala ao ombro.

- Tu é que não sabes o que sentes. - fumeguei frustrada e deixei uma nota no balcão, querendo apenas dali sair.

- Fica com o troco. Leva isso como um incentivo para deixares de espiar os outros e ouvir as suas conversas. - ofereci-lhe um sorriso de deboche e o rapaz gargalhou.

- Obrigado, Benedita! E, já agora, aceita o convite do rapaz. - entre risos, gritou.

- Vai dar banho ao cão! - berrei de volta, já afastada dele e apenas ouvi a sua gargalhada.

Passei pelos vários campos durante caminho para o relvado onde o meu irmão estava a treinar e, não evitei parar quando observei os jogadores da equipa principal empenhados nos exercícios que lhes competiam e divertindo-se uns com os outros, em simultâneo.

Suspirei levemente ao contemplar o número seis dos encarnados, este que ria de algo que Yuri Ribeiro falava, ao mesmo tempo que mantinha a bola nos pés.

- Não te deixes afetar tanto, Benedita. É só mais um que pensa com a cabeça de baixo. Ele não vale essa inquietação. - murmurei para mim mesma, passando as mãos no cabelos longo.

Não me querendo torturar mais, segui caminho, observando a equipa de Bernardo que terminava mais uma preparação.

Distrai-me com o meu telemóvel no tempo de espera, que não foi muito.

- Aproveita toda esta boa disposição que as aulas estão quase a iniciar. - fiz troça e ele fez uma careta engraçada, o que me levou a rir.

- Nem me digas nada. - reclamou e eu ri, despenteando os seus cabelos.

Levei-o a casa, parando para uma pequena visita aos meus pais, já regressados de mais um dia de trabalho, e depois rumei até ao meu apartamento.

Uma vez que vivia sozinha, deixei-me ficar apenas com uns calções curtos e o soutien, devido ao imenso calor que ainda se fazia sentir, e preparei todo um jantar saudável, exigido pela nutricionista que integrava a equipa médica do Sport Lisboa e Benfica e controlava a alimentação de todos os atletas do clube.

Posto isto, tomei um duche demorado e relaxante e vesti o pijama, decidindo que hoje seria dia de séries, acabando por escolher fazer uma maratona de How I Meet Your Mother.

Quando a hora da refeição chegou, levei o prato para a sala e comi por meio de gargalhadas causadas pela personagem Barney, esta que eu tanto adorava.

A minha diversão fora interrompida pelo toque das notificações do meu telemóvel, o que me fez pausar a televisão. Assim que o ecrã se acendeu, os olhos quase me saltaram da cara ao ver uma mensagem direta no Instagram de Gedson, lembrando-me do convite que me fora feito hoje pela tarde. Rúben usara a rede social do amigo para relembrar a invitação, deixando o seu endereço e uma reclamação acerca do porquê de ainda não ter aceite o seu pedido para me seguir, o que me fez rir. Só para o irritar, deixaria o mesmo por confirmar durante mais alguns dias. 

Não respondi à mensagem mas, não consegui concentrar-me mais no programa que assistia pois pairava a minha indecisão, se devia ou não ir até ao apartamento do jogador. 

- Eu vou arrepender-me amanhã disto, mas olha.. - dei de ombros, falando sozinha e, corri para o quarto, vestindo uma roupa apresentável da forma mais rápida possível, antes que a coragem para sair aquela porta me faltasse. 

Peguei as chaves do automóvel, o meu telemóvel e apaguei tudo, dirigindo-me para o exterior. A viagem até aos aposentos do internacional português foi calma mas rápida, deslocando-me antes ao hipermercado para comprar algo doce para que pudessem petiscar naquele que era um aguardado e, sempre de muitos nervos, jogo de futebol. 

Respirei fundo, entrando no elevador e seguindo até ao terceiro andar, piso onde morava o atleta luso. Quando cheguei junto da sua porta, uma onda de hesitação percorreu todo o meu ser, fazendo-me recuar alguns passos. 

- O que é que eu estou a fazer aqui afinal? - murmurei, repreendendo-me pela escolha. - Eu vou-me embora. - decidi, caminhando até ao elevador, tocando no botão para que as portas abrissem. 

- Benedita? - ouvi a sua voz e petrifiquei, não evitando ficar embaraçada por ter sido apanhada a fugir. 

- Eu. - de forma lenta, virei-me para ele que me encarava com um sorriso divertido no rosto. 

- Ias fugir? - fez troça, andando até meio do corredor. - Ficaste com receio de não resistir aqui ao Gato? - continuou e gargalhei, incrédula com o seu atrevimento e falta de vergonha. 

- Isso querias tu. - toda a sentença era ela irónica. - Eu ainda estou a tempo de ir embora. - apontei para o elevador atrás de mim e ele arregalou os olhos, rapidamente negando. 

- Não, claro que não. - aproximou-se bastante. - O que é que trazes aí? - quis bisbilhotar o saco mas não o permiti, levando-o ao ar, tentando que ele não apanhasse. 

- Isto não é só para ti. - avisei, indo à sua frente. 

- Mas eu quero ver. - senti-o agarrar a minha cintura e levar a cabeça à curva do meu pescoço, o que me assustou e arrepiou ao mesmo tempo, resultando no bolo que comprara no chão. 

- Já viste o que fizeste? - gritei, horrorizada, ao ver o pavimento imundo. 

- Não te preocupes que eu dou-te o dinheiro. - afirmou enquanto tentava não desatar a rir. 

- Não é uma questão de dinheiro, Dias. É comida! É chocolate que é, tipo, só a melhor coisa de sempre! - aborrecida, exclamei, olhando para o agora incomestível doce. 

- Já sei qual vai ser a melhor maneira de te conquistar. - piscou o olho, oferecendo-me um largo sorriso e respirei fundo, contendo toda a minha vontade de lhe bater. 

- Já te disse que odeio-te hoje? - entre dentes e irritada, proferi. 

A sua gargalhava engraçada foi a única coisa que eu ouvi. 

A/N: olá, olá. Espero que esteja tudo bem! Pausa do estudo significa, hoje, ver o Benfica e atualizar. 😂😁
Eu espero mesmo que estejam a gostar porque sinto que esta história está a ser um desafio para mim, uma vez que as outras que publiquei, tratavam assuntos mais "sérios" e traziam discursos mais maduros e de reflexão, enquanto que nesta, os mesmos se baseiam, neste início, na parvoíce, no bom sentido, do Rúben e dos seus piropos sem qualquer graça que a Benedita não gosta (ou finge não gostar 😂😏) e numa relação construída pelo suposto ódio que, lá no fundo, de ódio não tem nada. Quis fazer algo diferente do que fiz até agora. Espero mesmo mesmo que estejam a gostar. Digam-me qualquer coisinha! ❤️
Obrigado pela oportunidade e até breve! ☺️

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