Quase Sem Querer

By NatWans

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Marina é a herdeira rebelde de um império financeiro que saiu de casa e não voltou mais. Clara é a caçadora d... More

Tenho andado distraído
Impaciente e indeciso
E ainda estou confuso
Só que agora é diferente
Estou tão tranquilo e tão contente
Quantas chances desperdicei
Quando o que eu mais queria
Era provar pra todo o mundo
Que eu não precisava provar nada pra ninguém
Me fiz em mil pedaços
Pra você juntar
E queria sempre achar
Explicação pro que eu sentia
Como um anjo caído
Fiz questão de esquecer
Que mentir pra si mesmo
É sempre a pior mentira
Mas não sou mais tão criança
A ponto de saber tudo
Já não me preocupo se eu não sei por quê
Às vezes o que eu vejo quase ninguém vê
E eu sei que você sabe quase sem querer
Que eu vejo o mesmo que você
Tão correto e tão bonito
O infinito é realmente
Um dos deuses mais lindos
Palavras repetidas
Mas quais são as palavras
Que nunca são ditas?
Me disseram que você
Estava chorando
E foi então que percebi
Como lhe quero tanto

Sei que às vezes uso

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By NatWans

O quarto em meia luz, tinha pétalas de rosas espalhadas pelo e chão e na cama. As velas exalavam um cheiro doce e gostoso, e tinha, claro, Marina. A fotógrafa estava parada próxima a cama, com as taças na mão, sorrindo para a morena. Vestia uma camisola com transparência a área da barriga, preta com vermelho que Clara nunca tinha visto antes e que inundou sua cabeça com pensamentos pecaminosos.

A morena sorriu e foi de encontro a branca. Pegou uma das taças, brindaram e beberam em silêncio, apenas trocando olhares de provocação.

–Você fez tudo isso? – Clara sorriu e colocou a taça em cima da mesa que tinha no canto do quarto.

–A ideia sim, a montagem tive que delegar. – Marina riu e entregou sua taça para a morena fazer o mesmo. – Flavinha e Gisele ajudaram nessa parte.

–Tá lindo. – Clara aproximou-se da fotógrafa e segurou seu rosto com as duas mãos. – Minha linda.

Deu um beijo longo e sereno na branca. Enquanto suas línguas exploravam e provocavam sensações na outra, as mãos da fotógrafa percorreram o corpo moreno até alcançar o fecho principal do vestido. Lentamente, Marina puxou e abriu o zíper, afastando seus lábios e ajudando Clara a tirar totalmente a peça.

Marina não tinha sido a única a pensar na noite delas. A morena vestia uma lingerie branca de renda, e a surpresa ficou por conta da cinta liga que vinha junto. A fotógrafa sorriu quando viu e encarou a morena mordendo seu lábio inferior.

–Parece que mais gente programou alguma coisa pra essa noite. – Marina deslizou as mãos das costas para a bunda da morena.

–Lógico, achou que seria a única? – Clara respondeu passando os braços em volta do pescoço branco.

–Só fui mais rápida. – A fotógrafa riu e a morena concordou com a cabeça. – Senta aqui, vou dar o seu presente de casamento.

Marina empurrou Clara para a cama, onde a morena caiu sentada encarando a branca.

–Presente?

A fotógrafa foi até a mochila que estava ali, pegou o pequeno quadro embrulhado, aproximou-se de Clara e entregou o presente para ela.

–Abre. – Marina sorriu. Ficou na frente da morena, enquanto as mãos rapidamente rasgavam o papel. No quadro, a foto que Clara reconheceu na hora. O dia que dançou para a branca, o dia que tirou a roupa. A imagem não mostrava o principal, tinha apenas a morena sorrindo e virando a cabeça, com os cabelos esvoaçantes e as costas nuas. – Parece que lembramos do mesmo dia hoje.

–Não acredito, a foto tá linda. – Clara sorriu com os olhos marejados.

–A modelo é linda. – Marina ficou de joelhos em sua frente e levou a mão ao rosto da mulher – Você é linda Clara, a mais bela de todas, a minha bela Clara. – A fotógrafa deu ênfase no minha.

–Repete. – A morena fechou os olhos sentindo o carinho em seu rosto. Marina colocou as mãos uma de cada lado da mulher, aproximou os lábios da orelha dela e sussurrou. – MINHA bela Clara.

–Te amo. – Clara respondeu e virou o rosto em busca da boca de Marina.

Deixaram-se levar pelo beijo, deitando na cama, com a branca por cima. A fotógrafa afastou os lábios e percorreu o pescoço com beijos mais urgentes e chupões mais fortes. Os corpos se ascenderam e as mãos seguiam incontroláveis e ágeis nos toques que faziam.

Marina desceu beijando os ombros, passou o colo e foi até os seios. Soltou o sutiã branco e deixou os seios expostos para sua boca. Clara arqueou o corpo, oferecendo mais e mais aquela parte para os lábios famintos da branca. Quando cansou, a fotógrafa passou a língua pela barriga, indo de encontro ao sexo da mulher.

Sentindo o corpo queimando e implorando pela branca, Clara puxou a camisola que Marina vestia, tirando a peça com rapidez e força. Tentou forçar para mudar a posição, mas a fotógrafa segurou seus braços e a encarou maliciosamente.

–Nada disso, você é minha.

–Eu preciso de você. – Clara passou sua perna entre a da branca e ergueu a coxa de encontrou ao sexo dela. –E você precisa de mim.

A fotógrafa não conseguiu conter o gemido pela ação inesperada da mulher. A morena sorriu e mais uma vez forçou o corpo que não virou pelo avanço voraz de Marina em seus lábios. Antes que Clara tentasse mais uma vez, a branca não parou com os carinhos.

Suas mãos passeavam pelo corpo moreno, enquanto sua boca percorria distribuindo beijos, chupões e mordidinhas. Pausou rapidamente na barriga da morena e olhou para ela. Deixou seus lábios provocando ali, e levou as mãos para a calcinha branca.

Conforme foi baixando a peça, o caminho da boca descia em direção ao centro de Clara. Removeu a calcinha e com destreza tirou a cinta liga, deixando beijos pelas pernas douradas. Com a mulher finalmente nua, Marina ajeitou-se entre as pernas da morena, passou os braços por baixo das coxas, firmando-os em gancho ali e finalmente encostou a boca no ponto de prazer de Clara.

A morena gemeu em deleite, o corpo parecia não suportar mais, sentia falta de Marina e suplicava por ela. Enquanto a língua habilidosa percorria seu sexo, Clara entrelaçou os dedos nos cabelos praticamente loiros, desmanchando a trança que tinha ali. Ergueu um pouco seu corpo, e teve a visão da branca chupando-a com satisfação. A junção dos sentidos e a urgência que sentia fez seu corpo contrair e relaxar em um orgasmo prazeroso.

Marina soltou a morena, fez questão de sugar todo o seu prazer e subir seguindo a linha de beijos e chupões, até as bocas se encontrarem e devorarem uma a outra.

–Deliciosa. – A fotógrafa mordeu o lábio da mulher e soltou.

–Gostosa. – Clara respondeu de volta sorrindo.

–Eu? Tem certeza? – Marina provocou e não teve resposta verbalizada. A morena levou sua mão ao sexo da branca e enfiou apenas um dedo nela e tirou. Trouxe até sua boca e chupou lentamente.

–Eu sempre tenho certeza. – Clara sorriu e não perdeu tempo, fez o que queria desde o começo, virou o corpo ficando por cima.

Os beijos serviram apenas para reaquecer a morena, já que Marina ainda não havia esfriado. Por isso, enquanto chupava o pescoço branco com força o suficiente para deixar algumas marcas, os dedos de Clara voltaram a invadir a branca e dessa vez seguiram em movimento, com a fotógrafa gemendo lascivamente em seu ouvido.

Com a precisão e intensidade dos movimentos da morena, não demorou para Clara ouvir o grito e sentir o prazer da branca em seus dedos. Sorriram e não deram tempo para mais conversas, seguiram o resto da noite se amando loucamente até ficarem exaustas e se entregarem ao sono quando o dia já estava nascendo.

–--

Clara acordou com o barulho do telefone. Tateou pela cama atrás do celular, quando se deu conta que era o fixo do hotel que tocava. Atendeu com a voz carregada de sono.

–Boa tarde Senhora Meirelles, aqui é da cozinha, gostaria de saber se podemos subir o almoço reservado. – Um homem gentil falou.

A morena franziu o cenho e olhou para a fotógrafa. Lógico, só podia ser coisa de Marina.

–É...pode trazer. – Clara respondeu tentando melhorar a voz. – Que horas são?

–15h30 senhora.

–Obrigada. – A morena desligou o telefone e riu. Levantou e esperou que dessa vez, Marina não acordasse reclamando da falta de seu corpo do lado.

Pegou a mochila que a mulher tinha levado e vasculhou até achar os produtos de higiene. Correu para o banheiro e antes de sair preparou um banho na banheira para as duas. Voltou para a cama e deitou em cima da branca.

–Bom dia soneca. – Clara encheu de beijos o rosto e pescoço da fotógrafa e como ela só resmungou de volta, trocou por mordidinhas até ouvir a reclamação manhosa.

–Docinho. – Marina tentou se mover e percebeu o peso do corpo da mulher em cima do seu. – Dorme Docinho, você acabou comigo.

–Eu? – A morena gargalhou. – Você que levou todas as minhas energias embora.

–Eu não. – A fotógrafa sorriu e abriu os olhos para Clara, virando seu corpo embaixo do dela e abraçando seu pescoço. – Bom dia minha mulher.

–Bom dia senhora Fernandes Meirelles. – Clara sorriu e deu um beijo na branca.

As coisas começavam a esquentar, quando bateram na porta.

–Mas que diabos. – Marina reclamou e a morena riu.

–Você quem pediu almoço Boneca. – Clara ficou em pé e pegou um dos roupões do hotel. – Mandei subir, antes que ele virasse jantar. Vai pro banheiro. – Antes que a fotógrafa protestasse, a morena sorriu maliciosa. – Me espera na banheira.

Sem dizer mais nada, Marina pulou da cama e correu para o banheiro, fechando a porta e deixando a morena atender a principal. Esperou que servissem o almoço, antes de correr de encontro a mulher na banheira.

Deixaram-se levar pelas caricias e levaram um longo tempo para sair dali. Vestiram as roupas extras que Marina havia trazido e sentaram para o almoço.

–Então, eu marquei o início das fotos da exposição só pra semana que vem, e essa não tem nada. – A fotógrafa começou a falar. – O que você acha da gente fazer nossa lua de mel já?

–A gente não tinha combinado de fazer a lua de mel, antes de começar o tratamento dá gravidez? – Clara respondeu com calma e encarando a mulher. – Quer me contar alguma coisa?

–O que? Não. – Marina se atrapalhou para responder. – Só achei que poderíamos trocar o cruzeiro por uma viagem para Cancun, vi que tem partida amanhã. A gente não conseguiria fazer tudo, mas curtiríamos uma semana, e você sempre disse que queria ir pra lá.

–E quero, só não estou entendendo esse papo agora, se já tínhamos combinado outra coisa. – A morena encarou a branca. – Desembucha Marina.

–Eu não quero estragar essa semana que conseguimos tirar, com algo que nem sei se vai acontecer. – A branca deu de ombros e tentou se concentrar na comida.

–Marina. – Clara falou firme e tirou o mousse que a fotógrafa ia comer de sua frente.

–Eu demiti a Brigitte. – Marina respondeu soltando o ar.

–Quando?

–Antes do nosso casamento, na festa. – A fotógrafa fez uma careta e emendou antes que fosse interrompida. - Eu ia te contar quando a gente voltasse pro estúdio. – A branca disse e encarou a morena sabendo que viria a temida pergunta.

–Por que? – Clara estava ereta e encarava a fotógrafa, tentando manter a calma.

–Porque ela falou umas coisas que não tinham cabimento e eu percebi que manter ela lá, só iria causar transtornos futuros. – Marina pensou antes de responder e viu que Clara se acalmou com o que ouviu.

–E você acha que vai perder a exposição? Por isso quer mudar os nossos planos? – A morena perguntou.

–Até porque se eu não tiver a pressão de uma exposição, posso trabalhar com mais modelos e por mais tempo. – A fotógrafa sorriu. – Gostei muito da ideia, e pensei que talvez, eu pudesse posar também.

Marina olhou da morena para o chão e para a mesa e voltou a encarar a mulher que ainda parecia estar em choque.

–Você quer um bebê agora? – Clara perguntou com receio.

–Quero. – Marina mordeu seu lábio inferior e quando viu um possível declínio da morena, desatou em falar. – Não quero ficar fazendo planos a longo prazo e depois me decepcionar quando eles não derem certo. Quero trabalhar e quero juntar a minha vida pessoal com o meu trabalho, porque eu posso e consigo fazer isso.

–Boneca...

–Docinho, eu posso fazer isso. Eu posso ser mãe e mulher e profissional. – A fotógrafa pegou a mão da morena. – Já fiz as pesquisas, não é tão demorado quanto parece e tô numa idade segura, com menos riscos e mais chances de dar certo logo de primeira.

–Você pesquisou. – Clara encarou a branca e depois começou a rir. – Ai Boneca, você vai me levar a loucura.

Puxou a fotógrafa para o seu colo e deu um longo beijo nela.

–Isso é um sim?

–É, vamos para a lua de mel. – Clara concordou sorrindo.

–Vou ligar pra Gi comprar as passagens que deixei reservado e vamos para casa arrumar as malas. – Marina pulou do colo da morena, ajuntando os vestidos largados pelo chão.

–Reservado? – A morena perguntou encarando a mulher que a olhou com carinha sapeca.

–Só pra não perder a vaga.

Clara gargalhou de novo e foi ajudar a fotógrafa com a mochila delas. Não demoraram muito para sair do hotel e voltar para a mansão. No caminho, Marina já tinha ligado para Gisele e agora avisava a mãe que elas partiriam no dia seguinte para a lua de mel.

–Vem cá Docinho, quero ver o meu estúdio. – Marina entrou na casa puxando a morena com ela.

–Por que? – Clara perguntou mandando as mensagens, avisando a sua família da lua de mel repentina.

–Quero ver se elas arrumaram tudo né? Esqueceu a bagunça que foi a nossa despedida? – A fotógrafa respondeu e quando chegou no lugar, encontrou Gisele e Flavinha organizado o lugar.

–Ei. – Gi sorriu e correu para abraçar a prima. – Pensei que iam ficar no hotel hoje também.

–Preciso arrumar as malas né. – Marina respondeu cumprimentando Flavinha. – Vim ver se já tinham arrumado tudo por aqui.

–Estamos quase acabando, fica tranquila. – Flavinha disse. – Então, vão fazer a lua de mel agora?

–Dona Marina e suas surpresas. – Clara sorriu ainda abraçada com Gisele.

–É...não adianta enrolar mesmo, então...- A fotógrafa respirou fundo. – A Brigitte não trabalha mais com a gente, o Ricardo vai entrar em contato com ela e encerrar tudo e provavelmente com isso, a exposição na França morreu.

–Depois do que ela fez na festa, não é surpresa isso. – Gisele comentou e a morena olhou séria para a menina.

–Só sinto muito pela exposição Marina, você estava tão empolgada. – Flavinha sorriu.

–Nós não vamos parar com isso não. – Clara falou deixando a suspeita de lado. – A Marina vai fotografar as modelos já escolhidas e vamos conseguir umas novas, a exposição não sai em janeiro, mas vai sair sim.

–E com um tempo bem trabalhado nas fotos de agências, você consegue patrocínio logo. – A produtora incentivou.

–As melhores trabalham comigo, eu disse. – Marina sorriu convencida.

Jogaram mais um pouco de conversa fora e subiram para o quarto delas. Deixaram as duas terminando de arrumar o estúdio, e resolveram descansar. Enquanto a morena olhava na internet o que poderiam fazer durante a semana em Cancun, Marina arrumava metodicamente as malas delas.

Antes de ir para casa, Gisele subiu até o quarto das primas para pegar as últimas orientações.

–Licença meninas. – Gi disse ao abrir um pouco a porta.

–Entra Gi. – Clara respondeu e viu Marina saindo do closet.

–Então, pequena reunião antes da partida chefinhas. – Gisele riu e puxou a cadeira da escrivaninha, sentando perto da cama de frente para as duas. – Passagens compradas, o cruzeiro foi trocado pela semana no México, cobriu quase tudo, mas a Marina já tinha dito para...

Gisele parou de falar quando viu a prima arregalar os olhos para ela.

–Para? – Clara cruzou os braços e olhou de uma para a outra.

–Jogar no cartão se tivesse que pagar algo. – A fotógrafa respondeu dando de ombros e encarando Gisele, fazendo a prima continuar a falar logo.

–Isso. Já mandei as passagens e o check-in do hotel para o e-mail de vocês, o voo saí as 9h46. – Gi falou e olhou as duas. – Alguma pergunta?

–Não. – As duas responderam e sorriram.

–O seu José vai levar vocês até o aeroporto, não entendi se ele vai ficar por aqui agora. – A menina olhou confusa para o casal. Na mesma situação da prima, Marina olhou para a morena.

–Ele vai se dividir entre aqui e a Regina, mas dormir ele dorme aqui agora. – Clara disse e olhou para a branca que a encarava com as sobrancelhas erguidas. – Falei com sua mãe.

–Percebi. – A fotógrafa riu.

–Certo, alguma recomendação para o estúdio, o que a gente faz esse tempo que vocês estão fora? – Gi perguntou.

–Consigam modelos para as fotos da exposição e campanhas. – Marina respondeu firme. – Eu sei que tinha falado na possibilidade de deixar essa semana livre, mas como perdemos França, precisamos recuperar. Liguem para as agências, falam que estamos aceitando campanhas novas, façam a propagando do estúdio. – A fotógrafa disse séria. – E chamem mais grávidas, a Flavinha já sabe como fazer isso, então pede pra ela fechar de cara com quem aceitar.

–Tá. – Gisele ia concordando e anotando tudo na agenda que tinha nas mãos.

–Tem umas contas que vencem essa semana, deixei programadas, mas confirma se foram pagas direitinho. – Clara estendeu a mão para a agenda da menina. Anotou a conta e a senha do banco online e quais eram as contas para conferir. – Cuidado com essa agenda.

–Pode deixar, vou decorar e rasgar a folha. – A prima da branca respondeu séria. – Tem duas pessoas que ligaram, pedindo pra falar com você Mari, pelo visto era sobre fotos, quer que a gente retorne?

–Sim, explica que tô em lua de mel e se possível pede pra eles passarem a proposta. –A fotógrafa falou. – Esse é o mais importante Gi, não descartem nada, recebam todas as propostas, quando eu voltar, decido o que a gente faz.

–Certo. – A menina seguia anotando. – Mais alguma coisa?

–Não. – Marina olhou para a morena que concordou com a cabeça. – Já que não deu a semana livre, vocês podem fazer um horário mais maleável. Combina com a Flavinha os horários pra chegarem juntas e tentem sair também, não precisam se matar atrás de campanha.

–Vocês já conhecem os nossos melhores contatos, liguem para os que lidavam com a Brigitte também, sem medo, vamos colocar a cara a tapa, a saída dela não pode abalar a nossa credibilidade. – Clara emendou.

–Sobre isso...- Gi começou a perguntar.

–Já falei com o Ricardo, só relembra ele, porque falei no casamento, ele pode ter esquecido. – Marina disse. – A entrada dela tá barrada com os seguranças, nada de liberar.

–Claro que não. – Gi sorriu. – Era só pra ter tudo certo mesmo, e deixar vocês aproveitarem muito essa viagem.

–A gente vai sim. – A morena pegou a mão da fotógrafa e deu um beijo.

Gisele levantou e despediu-se das duas, com milhares de recomendações e pedidos de presentes. Marina voltou para o closet, terminando de arrumar as malas e Clara voltou a olhar sobre o destino da lua de mel.

–Tá feliz? – Marina perguntou ao sentar do lado da morena, depois de deixar as malas no corredor para que o motorista viesse buscar e levar para o carro.

–É tanta felicidade que não cabe em mim. – Clara sorriu e deu um beijo na branca em resposta. – Tem certeza que é isso o que você quer? Um filho agora?

–Tenho. – A fotógrafa sorriu. – Filha.

–Oi? – A morena franziu o cenho.

–Filha, vamos ter menina. – Marina disse convicta.

–Primeiro, devemos ter mais de um e segundo o que vier vai ser muito amado. – Clara fez um carinho no rosto da branca.

–Eu sei, vão ser meninas então. – A fotógrafa deu de ombros sorrindo.

–Boneca, a gente não escolhe o sexo do bebê. – A morena falou preocupada.

–Minha intuição diz que vou ser mãe de menina, portanto menina será. – Marina deu uma piscadinha para Clara e fechou o notebook da mulher. Colocou o aparelho do lado da cama e sentou no colo da morena, passando uma perna de cada lado do seu corpo. – Mas antes dela chegar, tem uma semana inteirinha que posso enlouquecer a mãe dela, na cama. – A fotógrafa deu um beijo na bochecha da mulher. – No mar. – Beijou o outro lado. – Na praia.

Antes que Marina alcançasse seus lábios Clara, segurou sua nuca e encarou seu olhar.

–Você já me deixa louca só por existir. – Apertou a nuca da branca e fechou a distância entre as duas com um beijo lascivo.

Era só o primeiro da noite em que elas deveriam descansar, mas pareciam já ter entrado em lua de mel, e mais uma vez o sono veio tarde demais.

–--

Clara acordou Marina com pressa. Estavam em cima da hora e precisavam ser rápidas. Praticamente, precisou arrastar a mulher até o carro, onde uma caneca de café esperava pelas duas.

–Inês mandou pra senhoras. – José sorriu e entregou as canecas para o casal.

–Obrigada, podemos ir agora José e rápido. – Clara disse com um sorriso e entregou a caneca para a fotógrafa mau humorada.

–Obrigada. – Marina resmungou. A morena sorriu e deu vários beijos no rosto e pescoço branco até que um sorriso aparecesse. Não conversaram muito durante o trajeto até o aeroporto, mas trocaram alguns carinhos.

Pegaram suas malas e não foi surpresa para morena, quando viu Marina levando as duas para a área VIP da companhia aérea. Receberam os cartões de embarque, despacharam as malas e decidiram embarcar antes dos outros viajantes.

Acomodaram-se nas poltronas confortáveis e enquanto esperavam os procedimentos padrão antes do voo, Clara aproveitou para informar a família. Vendo a distração da mulher e com um humor melhor, Marina tirou a câmera da bolsa e bateu uma foto da morena.

–Ai Boneca, o que você tá fazendo? – Clara olhou para a branca quando ouviu o barulho da câmera.

–Iniciando a nossa lua de mel. – Marina sorriu sapeca e inclinou para dar um beijo na mulher.

–Nossa lua de mel, portanto fotos nossas. – Clara retribuiu o beijo e sorriu pegando a câmera e batendo a primeira foto das duas na viagem.

Fizeram o longo trajeto e quando chegaram no destino as estrelas já iluminavam o balneário. Passaram pelo check-in do hotel, foram acompanhadas até o local reservado para elas. Marina tinha escolhido um quarto, no estilo bangalô, ficava mais isolado e próximo da praia, elas poderiam ir e voltar da faixa de areia sem ter que passar pela recepção e com total privacidade. Largaram as malas depois de conferir todo o espaço e mesmo cansadas saíram para uma caminhada na praia. Andaram de mãos dadas pela areia, e quando cansaram, sentaram abraçadas no chão.

–Tá com fome? – Clara perguntou fazendo carinho nos cabelos da mulher.

–Só um pouquinho. – Marina respondeu sorrindo. – Mas vamos aproveitar mais essa paz.

–É só a primeira noite Boneca, temos tempo. – A morena passou os braços em volta do corpo branco, abraçando mais apertado. – Podemos procurar um lugar pra gente jantar, e depois voltar pro hotel.

–E depois? – A fotógrafa olhou de lado para Clara.

–Depois? Depois te prendo na cama e não te deixo mais sair. – Clara riu e deu uma mordidinha na orelha da mulher.

–Gostei, gostei tanto... – Marina ficou em pé e sorriu sapeca. – Que vou pular o jantar, serviço de quarto salva a madrugada.

–Jura? – Clara sorriu e ficou séria ao ver os movimentos dos braços da branca segurando a barra da sua blusa e a encarando. – O que você pensa que vai fazer?

–Deu calor. – Em um movimento rápido a fotógrafa tirou a blusa que usava e sorriu maliciosa para a morena.

–Marina, coloca isso de volta. – Clara ralhou olhando para os lados a procura de alguém que pudesse ver as duas. O conceito de privacidade ainda não tinha atingido a morena por completo.

–Não. – Marina jogou a blusa no colo da mulher atraindo sua atenção novamente. – Se quiser que eu vista, vai ter que me pegar primeiro.

Nem bem tinha terminado de falar, a fotógrafa já saiu em disparada para o mar. Clara largou a blusa no chão e foi atrás, apesar da vantagem, quando a morena queria, não tinha como Marina fugir. Segurou a cintura da branca com força e na tentativa de escapar, a fotógrafa derrubou as duas na água.

Marina gargalhou e virou de frente para a morena, sem deixar que Clara falasse alguma coisa, atacou os lábios da morena. Rolaram na areia e na água e por mais que as mãos da fotógrafa provocassem e tentassem algo mais, Clara conseguiu resistir.

Pelo menos até que elas passassem pela minúscula trilha que ligava o quarto delas à praia. Não precisou colocar os dois pés dentro do cômodo para despir completamente a branca e fazer amor sem pudor nenhum. Tomaram um banho depois de tiraram a primeira dose de tesão do corpo, e entre o pedido e a chegada do jantar se entregaram aos carinhos novamente.

Como costume, na manhã seguinte, Clara acordou primeiro. O sol iluminava praticamente o quarto inteiro, que só não estava quente porque Marina tinha ligado o ar condicionado antes delas dormirem. A morena sentou na cama e sorriu para a mulher espalhada ao seu lado, não se cansaria nunca daquela visão. Deu um beijo no meio das costas expostas e foi subindo até a altura da orelha, mordiscou e beijou até que a fotógrafa fizesse algum movimento.

–Bom dia meu amor. – Clara sussurrou.

–Diz de novo. – Marina sorriu ainda de olhos fechados.

–Bom dia M-E-U A-M-O-R – A morena soletrou todas as letras e sorriu dando um beijo longo na bochecha branca.

–Bom dia meu amor. – A fotógrafa virou e ficou de frente para a morena. – Minha linda. – Deu um beijo em seus lábios. – Gostosa. – Uma mordidinha no queixo. – Cheirosa. – Um cheiro no pescoço. – Tudo minha.

A branca levantou a cabeça e sorriu para os olhos castanhos que brilhavam para ela. Beijaram-se com calma e antes que as coisas esquentassem demais, Clara puxou a mulher para o banho.

–Docinho...- Marina fez um beicinho.

–Boneca, a gente não vai aproveitar nada se só ficar na cama. – Clara respondeu colocando a branca embaixo do chuveiro.

–É nossa lua de mel, transar é o principal. – A fotógrafa rebateu.

–Mas eu quero conhecer o lugar também. – A morena sorriu entrando junto com a mulher para o banho.

–A gente compra o cartão postal. – Marina sorriu e levou um tapa leve no ombro.

–Não vou nem responder. – Clara se fez de brava, para amolecer com os beijos no pescoço que recebeu em seguida.

–Vamos ver o que você quiser, mas vou te agarrar no primeiro canto que aparecer. – A fotógrafa terminou de falar dando uma mordidinha no pescoço moreno. – Está avisada.

Riram juntas e trocaram alguns carinhos antes de terminar o banho. Colocaram a roupa básica, biquíni, shorts e regata por cima. Enquanto caminhavam para o café da manhã, Clara ia falando dos lugares que queria ir ver e todos que envolviam caminhada aparecia uma careta na cara da fotógrafa.

Apesar de toda a manha, ela não reclamou. Pegou a câmera e seguiu a mulher para onde ela quisesse ir. No primeiro dia, Clara escolheu visitar as Ruínas de Tulum, na cara e na coragem, enfrentaram o passeio sem guia e conseguiram ótimas fotos. Com toda a longa caminhada, Marina aproveitou o final do percurso para se jogar no mar e sem pudor nenhum, "agarrar" a mulher como havia dito que faria.

Na noite aceitaram a sugestão do pessoal do hotel e pararam em um bar mais animado. Já que o lugar não era próprio para namoros, terminaram a noite após o jantar e voltaram para ficarem sozinhas no quarto e aproveitarem uma a outra.

Seguiram o resto da semana com os destinos escolhidos pela morena para cada dia. Os passeios iam dos parques até Chichén Itzá, um dos lugares que as duas mais gostaram. Para a noite, visitaram todos os bares, restaurantes e boates que a cidade oferecia. Não importava o que fizessem durante o dia, o quanto estivessem cansadas, terminavam todas as noites se amando muito e sem pressa nenhuma.

O último dia, o dia de folga, como Marina tinha chamado, era o dia que não fariam nenhum passeio, por isso se esticaram na praia aproveitando o sol e o mar que tinham a disposição.

–Tá ganhando uma corzinha branquela. – Clara sorriu para a fotógrafa, quando as duas caminhavam para as cadeiras depois do mergulho.

–Também, com esse sol todo durante essa semana. – Marina riu e olhou para a mulher. – E você hein? Vão achar que troquei de mulher quando voltar.

–Eu pego cor fácil, sempre fui rata de praia. – A morena sentou em uma cadeira e a branca em outra.

–Já sou branca por natureza, ainda passei mais da metade da minha vida na Europa, quase virei albina. – A fotógrafa riu secando o corpo.

–Exagerada. – Clara gargalhou, abriu o cooler que elas tinham alugado e pegou uma cerveja.

–Não vai reaplicar o protetor? – Marina perguntou encarando a mulher. – Câncer de pele te mandou um oi.

A branca ralhou e secou o corpo da esposa com impaciência.

–Relaxa Boneca, eu passei mais cedo. – Clara rebateu, mas sabia que não adiantaria. Marina era extremamente vaidosa e cuidadosa com tudo que se referia a beleza e saúde.

Se antes a morena viajava com uma nécessaire pequena e carregando só o básico, agora tinha uma com o triplo do tamanho e lotada com os mais variados cremes para pele, cabelo, boca e coisas que Clara nem sabia como usar, mas levava junto, tudo pela mulher.

–Que foi? – Marina falou quando foi aplicar o protetor no rosto da morena.

–Tô lembrando aqui da minha nécessaire antes e depois de Marina. – Clara riu. – Ela triplicou de tamanho.

Marina revirou os olhos e continuou a espalhar o produto.

–Exagerada.

–Eu gosto Boneca. – A morena passou os braços em volta da cintura branca e a trouxe para o seu colo. – Gosto desse cuidado que você tem comigo, essa preocupação que parece boba e chata, mas é tão fofa. Ninguém nunca cuidou de mim assim, nem de qualquer outro jeito, sempre fui pentelha e independente. Não deixava os outros fazerem as coisas por mim, até quando ficava doente, tomava remédio por conta própria.

–Que louca, mesmo quando era criança? – Marina riu passando o protetor em si.

–Quando era criança, não falava que ficava doente, só quando tava acabada mesmo que minha mãe via e me dava os remédios que tinha que dar. – A morena sorriu e passou a mão no rosto da branca. – Que foi?

–Pensei que você ia dizer que ganhava colo da mamãe. – A fotógrafa disse e encarou a mulher.

–É, eu e minha mãe somos muito diferentes desde sempre, mas como já te disse uma vez, me acostumei com isso e não me importo. – Clara deu um beijo no ombro da esposa e sorriu. – Não se preocupa, eu vou mimar muito os nossos filhos, tanto que eles vão dizer "corre que a mãe grude tá chegando."

–Nossas filhas. – Marina sorriu e deu um selinho na morena. – Não me preocupo, você vai ser uma boa mãe.

–Você também. – A morena encarou a branca. – Vai ser a mãe mais linda e babona do mundo, e nossos bebês vão te amar muito, tá certo?

–Certo, vamos ser boas mães. – A fotógrafa sorriu e deu outro beijo na morena. – Já pensou em nomes?

–Mas já? – Clara gargalhou e bebeu um gole da cerveja que estava quase quente àquela altura.

–Ué, todo mundo tem os nomes que gosta, já assim meio pré definidos para os filhos. – A branca deu de ombros e bebeu da mesma cerveja. – Eca, tá quente.

–Troca. – Clara colocou a garrafa de lado e pegou outra. – Eu nunca pensei assim em um nome, gosto dos simples e curtos e difíceis de pegar no pé. Melhor pra gente e pro bebê.

–Tipo Clara. - Marina debochou.

–Não, sofri horrores e bati também em muita gente na escola por causa do meu nome. – A morena disse bebendo a cerveja.

–Por que? – A fotógrafa franziu o cenho sem entender.

–Por causa do ovo. Sempre ouvia um palhaço perguntar onde é que tava a gema. – Clara disse com revolta e Marina não conseguiu conter a gargalhada.

–Nunca ia imaginar algo assim, criança tem mente fértil hein? –Marina ainda ria.

–Tem, por isso já tenho nomes na lista negra. – A morena disse e a fotógrafa incentivou ela a contar. – Sofia.

–Por...

–As crianças da Suíça são educadas mesmo. – Clara riu e explicou. – So fia da puta.

Mais uma vez a fotógrafa gargalhou e a morena continuou a apresentar sua lista negra para nomes. Ficaram rindo e bebendo na praia até que a noite chegasse. Aos tropeços, devido ao excesso de álcool ingerido, Marina arrumou as malas delas, depois de brigar com a morena que socava tudo de qualquer jeito. Não dormiram sem se amar e estavam entregues ao extremo cansaço quando acordaram de madrugada para pegar o voo de volta.

Dessa vez dormiram praticamente o voo inteiro e empurravam abraçadas o carrinho com as malas quando viram Gisele correndo na direção delas.

–Ai que saudades. – A menina disse e jogou-se nos braços da prima.

–Calma que estamos aqui. – Marina riu e abraçou a prima de volta. – Ei, que foi?

A fotógrafa perguntou quando sentiu seu pescoço molhar com as lágrimas da prima que abraçava ela cada vez mais forte.

–Gi? – Clara colocou a mão no braço da menina. – Que foi?

–Desculpa, desculpa gente, não queria, me desculpa. – Gisele secou as lágrimas rapidamente.

–Desculpa nada, o que foi que aconteceu? – Marina perguntou séria. – Anda Gi, fala logo que tô ficando preocupada.

–Ai gente, não é grande coisa. – A prima da branca forçou um sorriso. – Eu só me deixei levar, fiquei com emoção de ver vocês.

–É, nós costumamos causar isso nas pessoas, mas costumam ser lágrimas de alegria. – Clara passou a mão nos cabelos da menina e sorriu. – Que tal a gente ir tomar um café e conversar com calma?

Marina concordou com a cabeça e sorriu para a prima que ficou sem ter como dizer não. Colocaram as malas no carro de Gisele, e foram até uma cafeteria no bairro onde residiam. Fizeram os pedidos e então a prima da branca resolveu tentar enrolar o casal mais um pouco.

–Gostaram no México? Aproveitaram muito né, tão bronzeadas, as duas. – Gisele riu olhando para a branca.

–Muito sol, muita praia e muita coisa linda. Compramos presentes, mas só as boas meninas vão ganhar. – Marina encarou a menina.

–Ok, não tá dando pra enrolar vocês. – Gi disse olhando para o chão.

–Não dá mesmo. – Clara falou calma, esperou o garçom entregar os pedidos de cada uma e continuou. – Pode começar a falar ou vou ter que deixar a Marina suspender seu presente.

–As coisas ficaram piores lá em casa. – Gisele olhou para as duas. – Meu pai saiu de casa, minha mãe pirou, queimou todas as roupas dele, e quando tentei falar alguma coisa sobrou pra mim.

–Como assim? – Marina largou a xícara de café e encarou a prima com um tom bravo na voz.

–Nada demais, só acabei tomando as dores do meu pai e minha mãe se alterou. – Gi olhou em socorro para Clara.

–E como está a situação agora Gi? – A morena perguntou mudando o foco do assunto.

–Meu pai insistiu em morar num hotel e a tia Regina me fez ficar com eles. – Gisele respondeu.

–A Branca não tem limites. – Marina bufou. – Suponho que seu pai vai seguir com o divórcio mesmo?

–Vai, o Roberto tá ajudando nisso, mas parece que minha mãe não aceitando e tá tornando o processo mais longo que o necessário. – Gi tomou um gole do suco que pediu e começou a comer.

Clara e Marina trocaram um olhar e a morena sorriu fazendo um sinal positivo com a cabeça.

–Você e o seu pai vem morar com a gente. – Marina falou séria.

–Oi? Não, vocês acabaram de casar, nem tem cabimento. – Gisele respondeu. – Logo...

–Quando seu pai arrumar uma casa você mora com ele, até lá, não precisa gastar com um hotel, vão morar os dois com a gente. – A fotógrafa interrompeu a prima. – Sem cabimento é gastar uma fortuna com hotel, tendo lugar pra ficar.

–A Regina só não mandou vocês pra lá, porque devia tá esperando a gente voltar. – Clara emendou. – Não tem problema nenhum Gi. Liga pro seu tio, Boneca e fala com ele.

–Primo. – Marina riu.

–Ai ela chama a Regina de tia e ele você chama de primo, me confunde assim. – Clara reclamou e fez as duas rirem.

–É porque a tia Regina é minha madrinha Clara, então chamo de tia desde sempre. – Gisele explicou com um sorriso.

–Vou ligar pra mãe, chamo ela e o Roberto pra jantar com a gente e já digo pra trazer o Ricardo. – Marina piscou para a mulher, e distraíram Gisele com histórias da viagem até voltarem para a mansão.

–Minhas meninas. – Inês correu para receber as duas na porta.

–Inêsita, que saudades da sua comida. – Marina abraçou a cozinheira rindo. – Me conta como está a minha casa, porque se a alguém sabe de tudo, esse alguém é você.

–Vem cá, fiz café e bolo. – Inês riu e saiu puxando Marina e Clara para a cozinha com ela.

Apesar de terem parado para o café antes, Marina pelo menos, tomou mais uma xícara enquanto conversavam tranquilamente naquela parte da casa.

Quando conseguiram chegar em seu quarto, a fotógrafa mandou a mensagem para a mãe e a morena para a irmã, tomaram um banho e se jogaram na cama, adormecendo rapidamente.

–--

Batiam na porta incessantemente e por causa das batidas, que Clara acordou. Saiu cambaleando da cama e abriu uma greta da porta.

–Me chamam pra jantar e não aparecem, agora para o café da manhã, não vou deixar em branco não. – Regina riu ao ver a cara de sono e espanto da nora.

–Café da manhã, como assim? – Clara levou uma mão ao cabelo ainda tentando entender a situação.

–Vocês duas dormiram desde que chegaram ontem, já amanheceu de novo. – Regina continuou a sorrir. – Anda, tira a dorminhoca da cama, tô com saudades da reclamona.

A morena sorriu fraco para a sogra e fechou a porta, voltando se arrastando para a cama. Se para ela estava difícil acordar, tirar Marina da cama seria um sacrifício. Chamou, beijou, chamou de novo, sacudiu e só então começou a ouvir os resmungos. Teve que repetir três vezes a mesma coisa, para finalmente a mulher abrir os olhos e sorri para ela.

–Que bagunça no relógio biológico. – A fotógrafa riu abraçando a mulher e beijando ela.

Apesar da vontade de ver a mãe, a branca se arrumou com toda a calma do mundo e desceu ao lado da esposa. Regina, o noivo e os primos da fotógrafa, esperavam pelo casal na piscina.

–Finalmente. – Regina foi a primeira a ver elas e ficar em pé para os cumprimentos. Beijos e abraços trocados com todos, sentaram ao redor da mesa.

–Vocês vieram ontem é? – Marina riu e viu Clara ficar sem jeito.

–Desculpa, nós realmente estávamos cansadas. – A morena justificou-se.

–Nem se preocupa, só a mãe coruja aqui que veio ontem à noite. – Roberto sorriu para a noiva.

–Tentei numa dessa a Clara eu encontrava acordada, mas nem isso. – Regina respondeu. – Mal casou e já não é mais a mesma.

–É a mesma sim, só que gosta mais da cama agora. – A fotógrafa sorriu e deu um beijo no rosto da morena envergonhada. – E o senhor seu Ricardo, que drama hein?

–Coisas da vida, acontece. – Ricardo sorriu. – Marina, a Gisele comentou comigo o que vocês falaram pra ela...

–Que bom, assim cortamos o papo furado e a enrolação. Podem trazer as coisas de vocês logo, a Gi já tem chave da casa mesmo. – A fotógrafa interrompeu o primo e o encarou, esperando ser contrariada.

Ricardo olhou para Roberto e falou:

–Vai ser a mesma conversa que tive com a Regina?

–Provavelmente. – Roberto respondeu ao amigo. – Você vai perder.

Todos os presentes sorriram, e o primo mais velho não discutiu mais. Levaram o papo em um clima tranquilo e animado. Contaram da viagem e a fotógrafa correu para pegar a câmera e mostrar algumas das fotos que tinham tirado. Enquanto Marina, mostrava para a mãe e os primos, Roberto discretamente chamou Clara para um canto.

–Não é boa coisa. – A morena respirou fundo ao encarar o advogado, caminhando com ele ao redor da piscina.

–Semana que vem sai a sentença da Laura, do acordo feito. – Roberto disse com calma.

–Não é de todo ruim. – Clara respondeu e ao encarar o homem continuou. – Mas não é tudo.

–Ela vai ser transferida para um presídio de segurança baixa, no interior. – O advogado olhou para a morena.

–Acha que ela vai fugir?

–Não, não é com ela que me preocupo. – Roberto olhou para a mesa onde os outros conversavam e voltou a olhar para Clara. – Minha preocupação é com a Regina e o que ela vai fazer com a Laura.

–O que ela vai fazer?

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