Simpler Times

By MyLilJoy

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Em 1923, um navio que saia da França ia em direção à Miami foi dado como desaparecido, nada do navio nunca fo... More

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pergutinha rspida

Azul Caribenho

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By MyLilJoy

Marseille, França - 25 de Julho de 1923 (10h30min)

Lauren

O verão começou na França, mas não ficaria para ver as mudanças climáticas ou ir para ir ao interior com minha família. Também quebraria a tradição de ir para Monte Carlo no final do verão com mais primos mais velhos. Este verão será diferente para mim, pois em breve começaram minhas aulas em uma nova escola: A Academia de Arte Para Jovens Mulheres, Uma instituição única em todo o mundo que ensina a arte para mulheres dos 15 aos 25 anos, e para alegria de toda minha família, eu fui aceita em seu programa de estudos. Passarei os próximos 10 anos nos Estados Unidos aprendendo Ballet como matéria primária e Artes Plasticas como segundaria

É um sonho realizado.

Dou um último aceno para minha família já atrás da grade de proteção do navio, enxugando algumas lagrimas que rolavam sobre minha bochecha. Respiro fundo e me viro para olhar o local onde passaria os próximos 5 dias. Era enorme, com homens e mulheres andando para lá e para cá, a maioria indo direto para suas cabines, assim como eu, mas alguns paravam para admirar o lugar em que estavam, e não resisti a fazer o mesmo quando cheguei ao lobe do navio. É realmente incrível, cada detalhe feito a mão era como uma obra de arte que deveria estar em um museu, com toda a certeza. Eu só queria ter alguém com quem compartilhar isso.

Sigo para minha cabine observando todos a minha volta, mas sem levantar a cabeça. Não gosto de olhar diretamente para pessoas que não conheço, me causa uma sensação estranha de desconforto; sinto que estou sendo inconveniente. — A cabine não era muito grande, com certeza estava acostumada com quartos maiores, mas era tão luxuosa quanto meu quarto em casa, não era para menos com passagens de primeira classe.

Deixo as malas no canto do quarto, tiro o casaco que cobre meu vestido, coloco meu cloche sobre a cama e me sento, tirando um pouco os sapatos e massageio as solas nos pés, fazendo alguns exercícios por alguns segundos antes de calça-los novamente Tão lindos, mas não foram feito para andar. Parecem até sapatilhas.

Respiro fundo, olho para os lados e vejo que não há nada para se fazer, já que não havia trazido minhas telas. Procuro em minha bolsa algum de meus blocos de desenho, começando a traçar os contornos do rosto de um homem, ou o que me lembrava dele. Ah, Luis... Em breve nos veremos novamente. Sorrio ao começar a fazer os lábios dele, lembrando de seu sorriso. Será que um dia vou saber como é beijar esses lábios?

Ao longo do desenho acabei-me dando falta de som; estava acostumada a desenhar enquanto ouvia meu Gramofone, mas não havia nenhum aqui, e mesmo que houvesse, não havia pego nenhum de meus discos. Acho que só ouviria música da banda no salão de jantar durante toda a viagem. — Levantei-me, deixando o bloco e o estojo sobre a cama, saindo do quarto, indo pela direção que acreditava ser o restaurante.

Dei algumas voltas pelos corredores, completamente perdida. Já nem sabia mais se estava andando em círculos ou apenas em um labirinto. Em algum ponto desse carrossel de corredores, me dei conta que já nem mais ouvia o murmúrio das conversas atrás das portas ou no corredor ao lado, estava em um lugar deserto e totalmente silencioso; isso estava me assustando. Vou sair gritando até algum funcionário me achar, pensei, mas claro que não faria isso, onde estaria meu decoro? Mantenha a cabeça, Lauren, você é uma dama. Está em um navio totalmente seguro, nada de ruim acontecerá a você. Respiro com toda a força que meus pulmões aguentam, e então sigo mais para frente.

Bom, eu estou dentro do navio, então, suponho que em algum momento chegarei novamente a meu quarto. Com esse raciocínio, segui em passos largos por sabe-se lá quanto tempo, até que finalmente, bem ao longe, se eu prestasse atenção, conseguia ouvir o som de Valsa das Flores, baixinho, mas perceptível. Com a curiosidade aguçada para descobrir que alma penada estaria ouvindo Tchaikovsky neste lugar tão deserto, aperto o passo até a música começar a aumentar, e acabo chegando ao final de um corretor mal iluminado, onde apenas uma porta me chamava a atenção. Luz saía pelas frestas e a música estava mais clara do que nunca. Abro a porta cuidadosamente e me deparo com uma jovem aos saltos com suas sapatilhas de pontas, com a longa saia lilas esvoaçando durante toda a dança. Não resisto e continuo olhado por entre uma pequena abertura, admirando a graciosidade de seus movimentos; nesse momento me toquei, a jovem era Negra. Nunca havia visto uma bailaria negra antes, nem mesmo entre as associações contra racismo que meus pais participam. Me pergunto se ela está indo para a Academia de Artes.

—Uma branca? Eu não roubei ninguém, se é isto que está pensando. —a garota disse abrindo a porta bruscamente, me olhando de cima a baixo como quem olha a amante do marido.

— Oh, não, longe de mim pensar isso de alguém. Eu estava perdida e ouvi a música... A Valsa da Flores, uma de minhas cenas preferidas de Quebra Nozes. Você dança tão graciosamente, acabei me distraindo olhando. Desculpe, não queria ser intrometida. —respondo um pouco assustada.

—Tudo bem. Vejo que não é tão ignorante como a maioria, se não, já havia gritado aos sete ventos que há negros no navio.

—Ah, claro que não, acho isso uma tolice. Vocês não são diferentes de nós se desconsiderar o nível mais alto de melanina. Ainda precisam comer e ir ao toilette como todos nós.— digo cruzando os braços com a voz firme, afirmando meu ponto de vista com um leve sarcasmo.

—Gostei de você. Qual sua graça?—perguntou a jovem rindo fraco.

—Lauren Jauregui, mas e a sua, se me permite?—me apresento estendendo a mão para um cumprimento.

—Normani Kordei— ela me cumprimenta.—sua família é a mesma que ajuda a defesa dos direitos dos negros?

—Sim, somos nós.—sorrio ao saber que ela sabe que não vou fazer-lhe mal. Odeio me aproximar de pessoas como ela, que veem minha pele alva e pensam que vou culpa-los de um crime.

—Nossos pais são parceiros, como nunca nos conhecemos? —ela pergunta mais animada.

—Não tenho o costume de ir as reuniões dos meus pais, eu geralmente estou trancada em meu estúdio, dançando ou desenhando.

— Ora, parece que somos gêmeas. Eu quase não saio de casa. — rimos com nossas semelhanças, mas uma questão se passa pela minha cabeça e resolvi esclarece-la logo

—Por favor, não quero ofende-la. Acredito que esteja indo para a Academia de Artes, foi muito difícil entrar?—pergunto sem papas na língua

—Um pouco. Muitos pais repudiaram a ideia de suas filhas estudarem com uma negra, mas a Academia é a favor dos direitos iguais. Uma das poucas.— ela conta um pouco de sua história, o que apenas me deixa com raiva, mas como uma dama, me oponho a deixar que minhas más emoções tomem a frente em meus atos.

— E isso é ótimo, pelo o que vi, estarão recebendo uma excelente bailarina.—sorrio sincera.—Temos cinco dias dentro deste navio, gostaria de dançar com você algum dia.

—Por que não agora? Pode pegar uma de minhas sapatilhas se quiser.

Acabo aceitando a oferta, pois já sentia falta de dançar.

Dançamos Giselle até escurecer, conversando e sorrindo, demonstrando nossas habilidades. Seria ótimo começar o ano já com uma amiga, ainda mais cursando o mesmo que eu.

Até as melhores se cansam. Saímos da sala vazia, seguindo até um corredor quase tão vazio quanto, mas com algumas cabines abertas. Percebo que nesse corredor só há negros, e todos me olhavam feio, como se eu houvesse matado seus gatos.

— Não se preocupem, ela é uma Jauregui—anunciou Normani, sabendo que minha família era conhecida por eles por ajudar em sua defesa.

Todos sorriram e me cumprimentaram.—Normani me contou que havia separado esse corredor para os poucos negros da alta classe que haviam no navio, aparentemente, os únicos que haviam. Aquilo era uma tremenda injustiça, mas apenas eu não poderia lutar contra a opressão do capitão do navio, então demonstrei minha solidariedade e segui com Normani até três corredores a Leste, onde finalmente me encontrara. Com certeza era o corredor de minha Cabine.—Me despeço de minha nova amiga e volto a meu quarto, morrendo de fome.

Me arrumo e vou para o Salão de Jantar, onde há uma banda tocando. A música era animada, havia pessoas dançando e era tudo tão bonito e cheirava muito bem. Meu estomago roncava alto; de tanto dançar, acabei não comendo hoje. Localizo uma mesa vazia e me sento, logo faço meu pedido e como umas das comidas mais deliciosas que já experimentei.

Esta viagem está ficando cada vez melhor.

No dia 29 de Julho de 1923, o navio Santa Mônica sumiu misteriosamente à apenas um dia de completar sua viagem até Miami, na Florida. Sua última localização foi dada um pouco depois de atingir as águas do Caribe.

A embarcação e seus 2.405 passageiros foram dados como perdidos para sempre.

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Gente, esse primeiro capítulo foi um saco, eu simplesmente não consegui dormir até terminar, e agora ainda vou escrever outro, porque eu simplesmente não sei parar!
Bom, aos poucos que entendem um pouco sobre a Década de 1920, desconsiderem a xenofobia americana e o Ku Kux Klan, eu não conseguiria dar tanta explicação para um único capítulo, então dei uma alterada nos fatos.

Obs: Apesar dos "Anos Loucos" de 1920, Lauren é uma garota "recatada" para a época, caso isso não tenha ficado claro. Ela sabe exatamente como é a geração delas em 1920, mas é um pouco mais... Comportada.

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