— Acorda! Acorda! — A voz de Christian parecia estar próxima, mas não fora suficiente para acordá-la de um sono pesado, o qual ela caiu ali mesmo na sala. Um baque na cabeça a fez acordar assustada, Dulce logo se sentou tentando descobrir o que tinha acontecido, até ver os amigos rindo e Alfonso com uma bola de futebol nas mãos.
— Morreu mas passa bem.
— Você jogou uma bola na minha cabeça? — Perguntou ela massageando o local dolorido. — Vocês são um bando de psicopatas, isso doeu.
— Ai não chora bebê, vem aqui, a Annie dá beijos. — Disse a loira, aproximando-se dela, jogando em cima de Dulce e enchendo-a de beijos.
— Sai pra lá, parece chiclete! — Dulce a empurrou.
— Ogra!
— Vem cá, você dorme ou hiberna? — Christian pousou sua mão em sua cintura a olhando.
— Depende do meu estado de cansaço. Há quanto tempo estão aqui e quem autorizou a entrada?
— Não interessa. — Maite respondeu, Dulce gesticulou com o dedo do meio na direção da amiga.
— Que horas são? — Se levantou.
— São exatamente meio-dia para as quatro. — Christian respondeu em deboche.
— Morre Christian, inferno! — Dulce pegou o celular que estava na beirada do sofá, prestes a cair no chão.
— Parece que o papai comprou um telefone novo. É o que acabou de lançar? — Perguntou Maite curiosa.
— Pelo incrível que pareça quem comprou foi o Pudim de Calabresa. — Ela sacudiu os ombros fingindo não se importar, mas ao mesmo tempo olhando o desenho na parte de trás. — Não é fofinha essa capinha?
— Desde quando você anda aceitando presentes dele em Dulce? — Questionou Alfonso, talvez percebendo que algo ali estava completamente fora do normal.
— Ele não fez mais que a obrigação, né? Quebrei o meu outro com ele, lembra?
— Por falar nele, onde ele se meteu?
— Sei lá, não tenho bola de cristal. Deve estar no quarto dele.
— A gente veio para o almoço, estamos famintos e a comida já está pronta, vamos comer? — Maite perguntou, seus olhos brilhavam na direção da cozinha. — E está cheirando tão bem.
— Aqui virou a casa da mãe Joana mesmo, né? Eu preciso ir lá em cima, por que não vão se ajeitando na cozinha?
— Eu acho que vou lá acordar o bebê.
— Não precisa Annie, eu faço isso, sempre quis jogar ele pra fora da cama. — Dulce deu um sorriso maléfico.
— Coitadinho Dul, ele é tão fofinho, tem que acordar com beijinhos.— Foi interrompida.
— Não ouviu ela Anahí? — Alfonso perguntou arrogante.
— Já vai começar! — A frase saiu em uníssono pelos três outros amigos.
— Eu não me lembro de pedir a sua opinião, idiota! — Anahí saiu chateada em direção à sala de jantar.
— Pesado! Eu já volto.
Depois de ficar alguns minutos parada dentro do próprio quarto sem se lembrar exatamente o que queria fazer, Dulce lavou seu rosto para se livrar do sono e depois foi acordar Christopher. Chegou a bater na porta, mas além de estar entreaberta não obteve nenhuma resposta. Não pôde evitar ficar ali, observando-o dormir, seminu, vestindo apenas uma cueca branca e completamente de bruços. — Puta bunda viu! — Resmungou, entretanto, se lembrara algo sobre ele dizer que não consegui dormir direito se não fosse do lado em que seu rosto estava machucado.
Sorrateiramente ela e se aproximou dele, sentando-se com muito cuidado na cama para não o acordar. — Você é tão perfeito. — Sua voz saíra como um sussurro, Dulce observava seus músculos, resultado de exercícios que ele sempre fazia no jardim pela manhã. Seus braços não eram exagerados, mas eram fortes e isso a deixava um tanto excitada.
Christopher se moveu, soltando um grunhido fraco, Dulce se paralisou, temendo que ele pudesse acordar e vê-la ali velando seu sono, mas como ele não acordou ela permaneceu ali, esquecendo-se por um instante que tinha pessoas no andar debaixo esperando por ela. Havia alguns travesseiros espalhados pelo colchão, deixando-o numa postura não tão confortável e ela tomou as rédeas de tirar alguns deles, mas parou quando ele se virou de lado, ainda dormindo. Em um gesto leve e calmo Dulce tocou-lhe a lateral do rosto com a parte de trás de deus dedos, acariciando sua face de maneira gentil, e como se tivesse perdido completamente o controle de suas ações, curvou seu corpo para a frente, fechou seus olhos e levou seus dedos até os lábios dele.
Foi nesse exato momento que sentiu Christopher trazer sua mão quente até seu rosto, fazendo com que ela percebesse que ele estivera acordado todo o tempo. Fugir naquele instante não era uma opção e ela já estava perto demais para recuar. Dulce se afastou apenas alguns poucos centímetros e abriu seus olhos, topando com um olhar castanho cheio de dúvidas.
— Eu não devia estar aqui. — Disse sem conseguir deixar de olhá-lo.
— Está tudo bem. — Christopher se sentou, seu rosto era de quem estava sentindo dor e o gemido que saíra de sua boca confirmara isso.
— O que foi? Está se sentindo bem?
— Estou. O que faz aqui?
— O pessoal está aqui, vim chamar você pra almoçar com a gente. — Dulce desviou o olhar envergonhada, mas Christopher voltara a segurar seu rosto.
— Ei, não tem que se envergonhar.
— Não? Eu estou aqui quase atacando a beijos o cara que eu odeio.
Christopher deu uma risada fraca. — Não se preocupe, ninguém vai saber se você não contar.
Dulce fechou seus olhos novamente, Christopher não hesitou em tomar seus lábios em um beijo tranquilo e rápido, mas logo ela se lembrara do quanto aquilo poderia ser errado e se afastou.
— É melhor a gente ir.
— Sim, ou eles vão vir aqui tentar descobrir o porquê de ainda não termos descido.
— Sim, eles não têm paciência alguma. Acredita que o Poncho me acordou com uma bolada na cabeça? — Dulce torceu os lábios, formando um biquinho mimado e Christopher sorriu. — Eu vou lá, te vejo lá embaixo.
Dulce saiu dali e foi na direção da porta sem olhar para trás, mas então ouviu o barulho do colchão e em seguida a voz dele. — Espera!
— O que foi? — O olhou.
— Eu preciso fazer isso direito.
— Isso o quê? — Perguntou ela com a voz trêmula, vendo que ele estava perto demais.
— Você estava querendo me beijar, não era?
— Christopher!
Dulce exclamou seu nome, mas antes que pudesse pronunciar qualquer outra coisa ele a pressionou contra a porta e a beijou, agora com fervor. Dulce não se importou com a situação e logo retribuiu, permitindo que Christopher enfiasse a língua em sua boca. Dulce aproveitou o momento para fazer o que queria minutos antes, usou seus dedos delicados para tocar os músculos de Christopher, passando em seguida as unhas em sua pele.
Sem fôlego para continuar o beijo, ambos se separaram. Havia dúvida no olhar dos dois, mas isso não parecia falar mais forte que o desejo. Christopher estava prestes a voltar a beijá-la, mas logo se curvou para a frente, apertando o estômago e soltando um gemido de dor. Dulce o olhou preocupada, sem saber exatamente o que fazer, afinal, nunca tinha visto ele daquela forma.
— O que você tem? — Perguntou, ainda sem fôlego o suficiente.
— Não é nada demais, acho que o que comi na rua mais cedo não me caiu bem. — Respondeu ele indo se sentar na cama. Christopher não parecia nada bem, não parava de massagear o estômago e tinha uma afeição de quem estava prestes a vomitar.
— Tem certeza? Não quer ir no médico?
— Tenho, vai almoçar antes que alguém venha aqui. — Aquilo saiu tão frio que fez Dulce querer chorar, e ela nunca tinha ficado tão abalada por ele falar com ela naquele tom como ficara naquele instante.
— Como quiser.