MARIA MONTELLATO
Os dias que passamos em Londres foram maravilhosos, meu coração ardeu quando tivemos que nos despedir. Ficamos tão envolvidos, aproveitamos tanto cada momento que nos sentimos em casa e nem nos lembravamos que teriamos que voltar para o Brasil em algum momento. Nós saimos para jantar fora, fizemos noite do cinema, jogamos jogos de tabuleiro os quais Sabrina é simplesmente apaixonada e extremamente competitiva, Sabrina e eu saimos mais algumas juntas, e também a acompanhamos em algumas consultas médicas, acompanhamos até um ultrassom e foi um momento tão emocionante, ver aquele bebêzinho lindo, inocente e tão amado em seu ventre, me fez cair em lágrimas, creio que foi um dos momentos mais marcantes da viagem.
Pietro abre a porta e ao entrar em casa começo a tossir novamente, coloco a mão sobre o peito e sinto minha garganta ardendo. Em Londres eu sofri bastante com o frio e mesmo me agasalhando ao máximo percebo agora que não consegui fugir de um resfriado. Sinto a mão de Pietro afagar minhas costas suavemente enquanto me recupero da crise de tosse.
-Amor você não está bem.- Seu tom de voz enfatizou o quanto ele estava preocupado.
-É apenas um resfriado, a mudança de temperatura não fez bem pra mim.- Respondo sentindo a garganta seca.
-Eu vou cuidar de você meu anjo.- Meu marido passou os braços por trás de meus joelhos e me pegou no colo, eu repousei a cabeça em seu ombro e deixei que ele me carregasse.
Entramos no quarto e ele me deitou sobre a cama e tirou meus sapatos. A cama estava tão confortável e quentinha que eu não estava conseguindo manter meus olhos abertos, percebi o ambiente ficando mais escuro, Inclinei minha cabeça para o lado e vi que Pietro havia fechado as persianas. Ao voltar ele se sentou na beira da cama e foi fazer carinho em meu rosto e no mesmo instante me olhou com espanto.
-Amor você está muito quente! Deve estar com febre.
-Tem certeza? Esse frio que estou sentindo não é por conta do ar condicionado?-Pergunto encolhendo meu corpo para me sentir aquecida.
-Não amor eu nem tive tempo de ligá-los ainda.- Pietro suspirou e se levantou da cama indo até a cômoda, ao abrir uma das gavetas ele pegou um termômetro e o colocou embaixo de meu braço.- Vou verificar sua temperatura dependendo do quão alta estiver vou chamar um médico.
-Isso é mesmo necessário amor?-Questiono e em seguida começo a tossir novamente.
-Sim meu anjo quero ver você bem com saúde.- Ele sorri levemente acaricia meus cabelos e em seguida beija minha testa.
Fico deitada sentindo meu marido acariciar meu rosto e meus cabelos até que ouvimos o despertar do termômentro, ele o retira debaixo do meu braço e arqueia as sobrancelhas e percebo que isso é um sinal ruim.
-38ºc está com febre amor vou ligar para o médico.- Pietro se levanta da cama e vai até a sala buscar seu celular. Ele volta alguns minutos depois finalizando a ligação e se deita ao meu lado na cama.
-Estou com frio.-Digo tremendo me virando de frente para abraçá-lo.
-Eu sei meu amor mas não pode ficar com peças ou cobertor muito quente para que sua temperatura não aumente ainda mais.- Me encolho em seu peito buscando seu calor.
-Tá bom.- Murmuro.- Amor pode pegar pra mim um copo de água?- Peço sentindo a garganta seca e ardendo.
-Claro meu amor.- Ele se levanta da cama e imediatamente sinto falta de seu calor, abraço meu próprio corpo e tento resistir a vontade que tenho de me esconder embaixo das cobertas.- Aqui está meu anjo.- Me sento sobre a cama e pego o copo de suas mãos, bebo alguns goles e o deixo na mesinha ao lado da cama para tomar o restante depois.
-Obrigada amor.- Agradeço dando um beijo em seu rosto e ele sorri.
Nos deitamos novamente e eu o abraço, seu calor e seu corpo me fazem sentir melhor nesse momento sinto que é tudo o que preciso até que adormeço. Me desperto poucos minutos depois ao ouvir meu marido me chamando. Abro os olhos cautelosamente e o vejo sentado na beira da cama.
-Amor o médico chegou ele vai te examinar agora.- Balanço a cabeça concordando e Pietro em ajuda a sentar na cama, sinto minha cabeça doer.
-Boa tarde senhora Montellato!- O médico me cumprimenta entrando no quarto.
-Boa tarde! -Respondo em voz baixa com medo de que qualquer movimento que eu faça provoque uma dor de cabeça ainda mais intensa.
-Sou o Doutor Marcos Henrique, me conte o que está sentindo?- Ele perguntou enquanto colocava suas luvas.
-Os sintomas começaram ontem a noite quando estavamos voltando de viagem, comecei a tossir, e sentir a garganta seca, ao chegar em casa comecei a ter febre e agora um pouco de dor de cabeça.- Contei a ele que ouviu tudo atentamente. Pietro estava em pé ao lado da cama com os braços cruzados atento a cada movimento e olhar do doutor.
-Vou te examinar tudo bem?- Assenti e ele se aproximou com o estetoscópio.- Inspira!- Ele pediu enquanto escutava meus batimentos cardiacos.- Expira.- Pediu que eu repetisse isso por três vezes e depois aferiu minha pressão. Também examinou minha garganta e meus ouvidos, mediu minha temperatura mais uma vez e em seguida guardou seus equipamentos.- A senhora está com a garganta bem inflamada, vou lhe prescrever um antibiótico, antiinflamatório e também medicação para dor e febre para tomar por 5 dias.- Assenti.
Após me medicar e entregar a receita Pietro o acompanhou até a porta e eu voltei a deitar. Fazia bastante tempo que eu não ficava doente é tão estranho estar bem em um momento e de repente até para virar de um lado para o outro na cama você sente o corpo ruim. Meu marido voltou e eu sorri para ele.
-Amor vamos tomar um banho? O médico me disse que é bom para baixar sua temperatura.- Balancei a cabeça me lembrando de quando era criança e minha mãe me fazia tomar banho gelado.
-Eu não quero tomar banho gelado.- Fiz biquinho.
-Não meu amor eu vou tentar deixar em uma temperatura ambiente, nem quente e nem congelante tá bom?- Ele respondeu meu olhando com amor.
-Tá...-Pietro estendeu a mão para mim e eu a segurei para levantar da cama e fomos andando abraçados até o banheiro.
Ao chegamos ele começou a me despir cuidadosamente e ligou a água do chuveiro na "temperatura ambiente" que ele disse que colocaria, entrei embaixo da água e senti todos os pelos do meu corpo se arrepiarem, eu estava tremendo.
-Calma meu amor, calma já vamos sair, será rápido.- Ele começou a me lavar enquanto eu de olhos fechados tentava me concentrar em não sentir tão frio mas sim no toque suave de suas mãos.
Tempo depois eu estava livre do meu castigo, Pietro me enrolou na toalha e me tirou de dentro do box. Me secou e me vestiu com roupas limpas e confortáveis e me levou para deitar novamente, assim que repousei a cabeça no travesseiro o toque de seu celular ecoou pelo ambiente. Pietro o pegou e franziu a testa ao ver o nome escrito na tela e no mesmo instante atendeu.
-Alô Anthony?! Por que está me ligando?- Ele ficou em silêncio por alguns segundos e eu apenas observava as expressões de seu rosto que oscilavam entra irritação e medo.- Mas nós temos tudo isso documentado e assinado como ele pode estar alegando isso?- Seu tom de voz se elevou um pouco e eu comecei a sentir meu coração apertado.- Mas isso é impossível!- Pietro ficou em silêncio por mais alguns segundos.- Eu estou indo até aí!- Ele desligou o celular e respirou fundo.
-Amor? O que aconteceu?- Perguntei sentindo meu coração cada vez mais apertado.
-Amor aconteceu algo bem grave na empresa.- Ele olhou para mim e seu semblante parecia perdido e confuso. Ele andou até a cama e se sentou ao meu lado respirando de modo pesado contou.-Um dos meus sócios está nos acusando de ter roubado 200 milhões de reais para investir em empresas fantasmas, ele está indo até a empresa com seus advogados e papéis que comprovam isso, eu não sei como isso aconteceu, eu sou um homem honesto, nunca roubei e nem enganei ninguém.- Segurei em seu rosto o fazendo olhar diretamente em meus olhos.
-Eu acredito em você meu amor, se você não fez nada de errado o culpado irá aparecer, mentira sempre tem perna curta!- Afirmei com toda minha convicção.
-Eu vou ter que ir a empresa resolver isso amor, mas não quero te deixar sozinha.- Ele me olhou angustiado e eu o abracei.
-Está tudo bem meu amor, eu vou ficar bem não se preocupe!-Tentei acalmá-lo
-Eu posso ligar para sua mãe e sua avó para elas virem ficar com você- Ele sugeriu e eu neguei com a cabeça.
-Não precisa amor eu sei me cuidar sozinha.- Sorri para ele.
-Tá eu vou, mas estarei com o celular nas mãos o tempo todo, qualquer coisa que precisar você promete que me liga?- Ele pergunta acariciando meu rosto
-Sim amor eu prometo que ligo pra você, pode ir vai dar tudo certo tenha fé! Você não deve nada a ninguém.- Ele assentiu com um fraco sorriso e me beijou.
Um beijo rápido mas mesmo assim intenso o suficiente para me deixar sem fôlego.
-Eu te amo!-Suspirei.
-Eu também amo você, mais do que consigo expressar!- Ele sorriu e então se levantou da cama e saiu do quarto.
Meu coração está apertado, mas eu sinto que vai ficar tudo bem, as coisas vão se resolver eu creio!