Prólogo

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Londres,Inglaterra

19 Anos atrás

Pietro Montellato

Caminho novamente em direção a janela que se encontra ao fim do extenso corredor. Sinto a aflição tomar todo meu corpo e a cada segundo meu coração bater ainda mais desesperadamente em meu peito. Paro em frente a enorme janela e observo as gotas de chuvas que escorrem pelo vidro. De tantos dias ensolarados, tantas noites tranquilas, minha filha decidiu vir ao mundo durante um terrível temporal. A noite já se faz presente e a chuva cai sem parar deixando tudo ainda mais tenebroso, os relâmpagos assustam a todos que vagueiam pelo corredor, mas não a mim pois a única coisa que realmente me preocupa é a vida de Laura e Sabrina.

Me viro de costas para a janela e volto a caminhar, mas dessa vez em direção aos assentos da sala de espera, já perdi as contas de quantas vezes fui e voltei na tentativa de me manter calmo e não cometer nenhuma loucura. Assim que me aproximo dos assentos observo mais uma vez a expressão perdida e preocupada de minha mãe, meu pai e de Katherine mãe de Laura. Nenhum de nós proferiu uma palavra se quer desde que Laura entrou na sala de parto apenas entramos em um modo de espera que pode ser interrompido a qualquer minuto.

-Por Deus Pietro! Se sente um pouco está me deixando ainda mais agoniada andando de um lado para o outro.- Minha mãe exclama em voz alta chamando atenção de algumas enfermeiras. Sinto meu corpo tremer de raiva por ela tentar definir minhas atitudes em um momento tão delicado como esse.

-Mãe por favor!- Suplico tentando fazê-la entender que nada que ela me diga ou peça irá amenizar minha preocupação e a dor em meu peito.

-Ouça sua mãe Pietro!- Meu pai interfere com sua voz firme e imponente e eu sabia que ele não era tão maleável quanto minha mãe, meu pai não entende muito sobre sentimentos.

Suspirei me sentindo derrotado e então me sentei no banco vazio ao lado de minha mãe, apoiei meus cotovelos sobre os joelhos e escondi o rosto entre as mãos, meu coração batia tão rápido que o som parecia ecoar por todo o ambiente. Sinto as mãos de minha mãe afagarem minhas costas tentando me transmitir algum conforto, levanto a cabeça e abro um meio sorriso para ela que logo assente e se aproxima beijando minha bochecha carinhosamente.

Eu gostaria de estar enfrentando esse momento difícil ao lado de minha namorada Laura, segurar sua mão e ver seu lindo sorriso ao ouvir o choro de nossa menininha ao nascer. Deus! Como eu queria participar desses momentos, mas infelizmente eu estava em casa estudando e Laura estava na casa de sua mãe, quando a bolsa rompeu elas vieram para o hospital e Laura precisou fazer uma cesária de emergência, agora eu aguardo ansiosamente e desesperadamente por respostas.

-Parentes de Laura Evans!- Uma voz ecoou pelo corredor.

-Sou eu!- Exclamei me levantando rapidamente do assento.- Eu sou namorado dela, por favor Doutor eu posso vê-la? E minha filha está bem?- Comecei a enchê-lo de perguntas na expectativa de que eu livrasse um pouco do aperto que havia em meu peito.

-Calma filho deixe o médico falar.- Minha mãe disse passando seus braços ao redor de meus ombros. Observei a feição abatida do médico e uma sensação ruim e angustiante se instaurou em meu peito, havia algo errado eu sabia...

-Diga Doutor!- Katherine minha sogra disse firmemente. O médico olhou pra mim com os olhos cansados e disse.

-Sua filha nasceu e está bem e saudável Prendi o ar não me sentindo pronto para o que estava por vir.

-Mas?- Questionei. Eu sabia que havia algo de errado eu podia sentir...

-Infelizmente houve um complicação durante o parto causando assim uma grave hemorragia nós fizemos de tudo para salvá-la, mas Laura não resistiu.- Aquelas palavras não pareciam reais para mim, aquilo parecia completamente impossível como? 

-Não...Não você deve estar errado! Deve haver algum engano.- Exclamei elevando o tom de voz partindo para cima dele.

-Eu sinto muito meu jovem, mas é a verdade, a triste e infeliz verdade, a hemorragia era muito intensa não conseguimos contê-la!- Ele explica apreensivo com a voz trêmula.

-INCOMPETENTE!- Minha sogra gritou.- VOCÊ E TODA SUA EQUIPE SÃO UM BANDO DE INCOMPETENTES, IMPRESTÁVEIS.- Ela estava exalando ódio.

Me afastei de meus pais, apoiei minhas mãos sobre a parede e encostei minha testa ali fechando os olhos para tentar conter as lágrimas, isso parece um terrível pesadelo e eu só quero acordar e ter Laura de volta.

-Isso tudo é culpa sua!- Meu braço foi puxado com força por Katherine que me olhava com os olhos queimando de raiva.- Se minha filha não tivesse caido nos seus encantos ela teria focado toda sua atenção na faculdade! Não teria engravidado e agora não estaria morta em cima de uma cama me hospital!- Ela gritou apertando meu braço cada vez mais forte.

-Não fale essas coisas para o meu filho!- Minha mãe gritou fazendo ela me soltar enquanto ria ironicamente.

-Eu digo o que eu quiser, é minha filha que está morta.- Ela esbravejou.

Meu coração estava despedaçado e as lágrimas corriam sem parar pelo meu rosto, eu me sentia completamente perdido, mas ainda existia uma luz, uma esperança em minha vida, minha filha ela precisa de mim...

-Laura pode ter partido mas precisamos ser fortes por Sabrina ela precisa de nós.- Falei juntando as poucos forças que me restavam e elas vinham do amor que tenho pela minha filha, minha pequena princesa.

-Nunca irei perdoar você Pietro!- Katherine exclamou.-Cuidem vocês da criança, eu não posso olhar para ela, irei sempre me lembrar de minha filha e isso só me causará mais dor e tormento. Façam o que quiserem.-Antes que pudéssemos convencê-la a ficar Katherine nos deu as costas e saiu andando apressadamente pelo hospital a fora.

Passei as mãos pelo rosto e sequei minhas lágrimas eu preciso ser forte por ela, preciso ser forte pela minha pequena.

-Eu posso ver minha filha?- Pedi ao médico que nos olhava completamente inexpressivo tão abalado quanto nós.

-Cl-claro...Me acompanhe.- Ele respondeu e sem hesitar o acompanhei até o berçário.

Higienizei as mãos, coloquei uma roupa adequada e então entrei no ambiente esterelizado e silencioso, uma enfermeira me direcionou até o pequeno berço onde minha pequena se encontrava e assim que a avistei se remexendo, e com os olhinhos abertos olhando curiosamente para todos os lados eu me senti o homem mais feliz do mundo. Naquele momento não havia espaço para o luto apenas para o amor e alegria que sentia por tê-la comigo. A enfermeira tirou Sabrina de dentro do berço cuidadosamente e me entregou, a segurei com todo o meu amor e cuidado, ela é meu bem mais precioso, é minha vida.

-Oi meu Amor!- Falei com a voz trêmula e em seguida senti meus olhos serem inundados por mais lágrimas porém agora de alegria.- Sou eu o papai, eu te amo tanto princesa.- Beijei levemente sua cabeça.- Agora somos só eu e você contra o mundo, e eu te prometo filha te darei tudo do bom e do melhor, me esforçarei para ser o pai que você merece.

Ela olhou para mim com seus lindos olhos azuis com se entendesse cada uma de minhas palavras, e naquele momento eu soube que não precisaria de mais nada apenas de minha filha ao meu lado, ela é meu tudo, ela se tornou minha vida.








**Em breve mais capítulos...

Quem poderia ImaginarWhere stories live. Discover now