OLHOS DO DIA [LIVRO 1]

By kleumaMaciel

41.5K 2.4K 119

Sarah é uma mulher gentil, e dona de um gigantesco coração. Aos 24 anos tudo o que estava em seus planos era... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35

Capítulo 6

1.3K 72 0
By kleumaMaciel

Ajudar na floricultura da minha irmã sempre era algo muito bom, afinal de contas, era um negócio que ainda estava começando. E era uma forma de respirar fora dos ares corridos da Huffmann's.

— Então ela tomou um susto quando me viu e depois veio correndo me dar um abraço! – Ana ainda contava sobre hoje ter se encontrado com uma antiga amiga .

— Deve ter sido um encontro memorável. – Falei, com a cabeça baixa, enquanto recortava alguns panfletos de divulgação da floricultura.

— Sim! – Ana respondeu, de cima de uma escadinha. Ela estava podando algumas mudas de rosas.

O sininho da porta tocou e senti alguém se aproximando do balcão.

— Boa tarde, tem margaridas brancas?

Reconheci a voz no mesmo instante e lentamente levantei o rosto para ver a pessoa alta que estava posicionada bem diante de mim, com uma presença tão incrivelmente marcante.

Edan.

Meu coração saltou instantaneamente, e mentalmente insultei-me por ter tido essa reação.

Ele estava vestido em um suéter de tricô vermelho escuro, que destacava perfeitamente com a cor dos seus olhos avelã.

Ele não estava sozinho; estava com um homem de cabelos mais claros, mas de algumas características físicas semelhantes. Não podia ser. Seu irmão?! Olhei para os olhos de um e para os olhos do outro, e eram exatamente da mesma cor.

A diferença nítida de seus olhares era que o olhar de Edan era mais profundo, como um mar feroz no inverno, batendo em um cais em pleno céu aberto, cheio de mistério e inteiramente instigante. Já o olhar do seu provável irmão, era como um livro aberto, e como fogos de artifício no verão ensolarado.

—B-boa tarde. An... – Me recompus. – Temos sim. –sorri gentilmente.

Ele me observou, tomado de surpresa, espanto e admiração.

— Srta. Sarah? – Edan sorriu, de maneira serena e complacente, mas o suficiente para me fazer boiar nas batatinhas dos meus sentimentos que se demonstraram tão surpreendentemente misturados e embaralhados pelo seu simples gesto de sorrir.

— AAAAhhh! – Um grito de Ana ressoou pela loja juntamente com um som de alguma coisa caindo.

Minha irmã tinha acabado de cair de cima da escadinha.

O homem que parecia ser o irmão do Sr. Edan correu até Ana, e eu saí apressada em sua direção.

— Ana, você está bem?

Ela estava sentada no chão, passando a mão no tornozelo e no nariz, e o irmão de Edan se abaixou bem ao seu lado.

Então os olhos de Ana se conectaram aos daquele jovem misterioso, da mesma maneira que os dele se conectaram aos dela.

— Posso ver? – Ele perguntou – Sou médico.

— Ela está bem, Maurício? – Edan perguntou.

— Parece que foi uma torção. – Ele analisava o pé dela – É bom que tome um analgésico para dor e que não force esse pé por pelo menos uma semana.

Ana não dizia uma sequer palavra, apenas observava Maurício sem nem ao menos se importar de estar sendo percebida por todos da sua volta.

Ela nunca foi mesmo uma garota que escondia ou disfarçava seus sentimentos. Ana nunca conseguia ser discreta. Dava para ver um brilho gigante nos seus olhos a quilômetros de distância.

Edan e Maurício ajudaram Ana a se levantar e a ajudaram a andar até o banco do balcão.

Fiquei do outro lado apenas observando.

Maurício ficou conversando com Ana, e ambos sorriam.

Conhecendo minha irmã, ela já deveria ter mostrado para ele o seu lado dócil e divertido de lidar com as situações mais trágicas da vida. Era uma de suas características peculiares; ela conseguia transformar qualquer vendaval em um simples ventinho. Sua forma descontraída e divertida de lidar com tudo era como um sol na vida de qualquer pessoa que atravessasse sua vida.

Edan se manteve ao meu lado, com seus braços cruzados.

E perceber sua presença ali, deixou-me inteiramente desconcertada.

— Nunca pensei que você trabalhasse em uma floricultura. – Ele continuou com os braços cruzados — Nunca mesmo. Estou realmente surpreso. Diria que... — Ele deu uma pausa — Perplexo. — Sorriu de lado.

Nossa. Que sorriso incrível.

Meu coração novamente saltou.

Sossega-te, Sarah.

— Eu sei que deve estar passando pela sua cabeça "que tipo de necessidade ela está passando para trabalhar na Huffmann's e ainda precisar trabalhar o resto do seu dia em uma floricultura?" – sorri – Não, não tenho nenhum empréstimo no banco e nem estou prestes a ser despejada de casa por dívidas.

Ele sorriu de lado, o tipo de sorriso que só um homem saberia dar, e colocou as duas mãos nos bolsos.

Pare. Pare de sorrir assim.

— Na verdade, eu não pensei isso, mas agora que falou... – Ele fixou seus olhos avelã nos meus – Estou um pouco curioso.

Meu coração deu outro salto, e dessa vez foi um salto tão bem dado, que eu quase o segurei com as mãos para não sair por aí andando.

— É a floricultura da minha irmã. — Tentei manter uma linha coerente de resposta — Ela abriu esse novo negócio e eu estou aqui para impulsioná-la nesta nova etapa de sua vida.

Falar com ele olhando diretamente em seus olhos era como se jogar de cabeça em uma piscina profunda sem saber nadar.

— É uma ação muito gentil da sua parte. – Ele continuou fitando meus olhos – Acredito que apenas um dia na Huffmann's já é exaustivo suficiente para qualquer pessoa só desejar chegar em casa e descansar.

Tentei desviar o olhar do seu, eu tentei. Mas eu não conseguia. Era em vão tentar.

— Tenho que admitir que admiro sua capacidade. — Disse, por fim.

E o silêncio nos tomou. Um inquietante silêncio e uma troca de olhares para lá de absurda.

— O-obrigada... — Então o som de uma gargalhada de Ana, quase imitando um porco, foi capaz de me tirar do transe.

— As suas margaridas! – Desviei meu olhar do seu, colocando em prática minha força de resistência que até pouco tempo simplesmente desapareceu. – Eu já estava esquecida.

Edan ficou me observando durante todo o percurso; cortei suas margaridas brancas e as enrolei em um papel transparente. Passei a fita vermelha, fiz um laço, coloquei um coração dourado com a logomarca da floricultura e prontinho. Prontas para entrega.

Virei-me. E percebi que ele ainda me observava. Em silêncio, na dele, em seus próprios pensamentos.

Entreguei-lhe as margaridas, com cuidado, e lhe entreguei o meu sorriso mais aberto.

Peguei a maquininha ao lado do balcão onde Ana estava sentada, e ele pagou sua compra.

— Esta é minha irmã, Ana. Ana, este é o Sr. Edan, diretor executivo da...

— Sou um amigo. – O Sr. Edan estendeu as mãos e Ana apertou, recepcionando-o com um sorriso amigável – Espero que esteja melhor, Ana.

Olhei para ele assustada, ou talvez surpresa? Amigo? Uma eufônica risca de felicidade se formou em meu interior;

Maurício se aproximou do Sr. Edan, e nos observou, curioso.

— Este é Maurício, meu irmão. Maurício, esta é Sarah.

Ele estendeu as mãos e eu as apertei de volta.

— É um prazer conhecê-la.

— O prazer foi todo meu. Se não estivesse aqui, uma hora dessas estaria desesperada e sem saber o que fazer com minha irmã machucada.

Eles saíram pela porta; Sr. Edan com as flores e Maurício acompanhando-lhe.

Para quem eram essas flores? Que grande mulher seria essa, para ser presenteada de maneira tão romântica por esse homem tão magnífico? Nem todos os elogios do mundo eram capazes de descrevê-lo!

— Sarah! – Ana passou as mãos por meus olhos — Terra chamando júpiter! Olhei para ela, que sorriu e soltou um gritinho.

– Você viu isso? Quer dizer, você acredita que isso realmente aconteceu? Aaaah eles são espetaculares! O Maurício sorriu de todas as minhas piadas ridículas! Quem em são consciência iria sorrir de todas as minhas piadas ridículas além de você?

Olhei novamente pela porta. Ana continuou falando.

– Sarah!

— Sim. — Respondi.

— Sim o que? — Ela sorriu.

— O que o que? — Respondi.

— Você não ouviu nada do que eu falei, não é? Mas tudo bem, eu te perdoo. Contanto que você me conte tudo sobre esse seu amigo aí e o irmão dele.

Amigo.

Sorri novamente.

Sr. Edan realmente era uma pessoa espetacular.

Fechamos a loja e depois de eu contar sobre o Sr. Edan ser o diretor da Huffmann's, e como ele me parou aquele dia na rua e sobre como ele foi gentil na inauguração, voltamos o caminho inteiro com Ana falando sobre como foi bom conversar com Maurício. Ela já se imaginava entrando na nossa igreja de Lago do Sul e ainda me perguntou se usava véu de grinalda com mantilha dourada, e eu nem sabia o que era isso.

— Ana, eu entendo sua empolgação pelo que aconteceu hoje cedo. Mas lembre- se que às vezes as coisas nem sempre saem como queremos. E você não pode chegar atacando ele desse jeito, não está desesperada.

Ela ficou em silêncio pensando nas minhas palavras.

— Na verdade, desesperada eu estou. — Ela sorriu — Mas você tem razão. Prudência.

— Isso... Prudência. — Repeti para mim mesma, e respirei fundo.

Ajudei-lhe a descer do táxi e a sentei no sofá.

— Irmã, como vou voltar a trabalhar desse jeito? – Ela apontou para o pé inchado.

— Deverá ficar em casa por essa semana. Deixe que eu cuidarei da floricultura sozinha pelas tardes, para evitar algum prejuízo maior.

— Isso vai te sobrecarregar Sarah, eu não permitirei isso.

— Devemos levar os fardos pesados uns dos outros. Lembra quando eu caí da mangueira, quebrei o braço e você ficou dias e dias sendo meu braço direito?

Ela apontou para o tornozelo — Será que é a idade chegando? Eu costumava a cair da escada quando era pequena, mas não me machucava assim.

— Você só tem vinte e um anos. — Sorri — Agora passe gelo nesse pé.

Continue Reading

You'll Also Like

437K 30K 53
Júlia costumava a viver uma vida simples no sul do Brasil. Aos vinte anos, nunca havia saído do país, ou conhecido outros lugares que não estivessem...
22.5K 1.6K 34
PAUSADA PARA REVISÃO! *:・゚Nαscє υмα Gυєrrєirα - Fanfic da série 'The Walking Dead', onde 'Lara Dixon' (Lola Flanery) acompanha seu pai por todo o cam...
2.8M 179K 75
Domênico assim que coloca os olhos em Ágata se apaixona por ela. Ágata vai tentar fugir dessa atração,ele vai lutar pra que fique com ela, mas nem se...
603K 48.5K 76
Jasmim Sanclair é uma estudante de design fazendo intercâmbio em Nova York. Depois de ser assediada pelo antigo chefe, perder o emprego, ser barrada...