Capítulo 1

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Eu e Ana estávamos entusiasmadas. Mudar para uma nova cidade era algo novo e nossas expectativas eram sem dúvidas, as melhores.

Abraçamos Estela, nossa irmã mais velha que nos acompanhou durante toda a viagem com seu marido Edgar.

— Então é isso, estamos indo. – Estela tentou esconder as lágrimas.

— Se cuidem! — Edgar acenou, antes dos dois partirem de volta em direção ao caminho da nossa antiga cidade, Lago do Sul, uma cidadezinha pequena e campestre onde grande parte das pessoas tiravam seu sustento da pesca e agricultura.

Então ficamos eu e Ana, com as malas em cima da calçada da nossa nova casa, nessa nova cidade.

— Vamos entrar! — Ana passou na minha frente carregando suas malas.

Entrei na casa, que apesar de pequena, era muito bonita e confortável; uma sala e uma cozinha americana que no final de um corredor, dava entrada para dois aposentos.

O aluguel com certeza era um ótimo custo e benefício.

Eu não acredito! – Ana saltitava pela sala – Estamos morando na cidade grande! Zona urbana com cheirinho de fumaça!

— Eu não acredito que o cheirinho de fumaça seja algo interessante, Ana. – Sem dúvidas eu preferia o ar puro.

Continuei observando minha irmã mais nova, de pequena estatura e mente avoada, mas de personalidade dócil e muito gentil.

Assim como eu, Ana usava um vestido florido, mas eu costumava usar o cabelo preso em uma trança, enquanto ela preferia deixar os cabelos soltos.

Seu cabelo era loiro e curtinho, já o meu era muito longo e castanho. Seus olhos eram azuis como piscina e muito expressivos, já o meus, eram castanhos, sólidos e frios.

As diferenças entre nossas características físicas eram visíveis e explicáveis. Eu e Ana erámos filhas "adotivas" de um casal muito admirável que cuidou de nós desde quando ainda éramos pequenas.

Eu perdi meus pais em um acidente aéreo; meu pai era piloto. Ana nunca soube quem eram seus pais, já que foi doada quando ainda era um bebê.

Ela chegou a ficar com o sobrenome dos nossos pais adotivos, enquanto eu continuei com o sobrenome dos meus pais biológicos. No meu caso não foi bem uma adoção formalizada, como eu não tinha tios ou parentes próximos, os dois simplesmente assumiram a responsabilidade.

Seu Gerôncio e Dona Hermínia foram grandes amigos dos meus pais e me criaram desde os seis anos, da mesma maneira que Estela, sua filha biológica.

Criaram-nos debaixo de princípios muito sólidos que diziam respeito à honestidade, responsabilidade e preservação do bom caráter.

— Vou desfazer as malas! – Ana passou correndo por mim – Depois iremos ver o ponto comercial e organizar algumas coisas. Quero começar a trabalhar o quanto antes!

Sentei-me sobre o sofá acolchoado da pequena sala, e apenas respirei fundo.

Claro que as mudanças sempre eram difíceis, mas necessárias e por vezes, boas.

Fui chamada para trabalhar na empresa Hoffmann's, uma das maiores empresas de design gráfico do país.

Eles gostaram do meu currículo e dos meus projetos apresentados; Já a minha irmã ia começar seus negócios em uma floricultura. E eu, iria ajudá-la, claro.

Ajudar a realizar os sonhos de Ana seria realizar também os meus sonhos. Ela é minha irmã, e vê-la feliz também é parte de minha felicidade.

Preparei um delicioso jantar enquanto Ana ainda desfazia as malas.

OLHOS DO DIA [LIVRO 1]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora