Capítulo 4

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Certo. - Encarei o vestido estirado na cama - O que de ruim poderia acontecer se eu for? É só uma inauguração.

Passei de um lado para o outro em frente ao espelho e tirei a toalha dos cabelos.

Apenas sequei o longo cabelo e ondulei as pontas. Coloquei o vestido, calcei o salto alto, coloquei uma camada fraca de batom, e ajustei o pingente de jasmim.

Engoli meu nervosismo.

Eu nunca fui a uma inauguração antes, a não ser a inauguração da fazenda do meu vizinho. Mas era diferente. Lembro que naquela inauguração uma galinha correu atrás de mim, e não haverá galinhas correndo nessa inauguração, pelo menos, é o que eu espero.

Peguei minha bolsa, chamei um táxi e esperei em frente de casa. O carro era amarelo como nos filmes, com uma plaquinha com o nome escrito "Táxi".

- Vamos? - Um homem de meia idade destrancou as portas para que eu pudesse entrar.

- Vamos. - Sorri.

Ele pegou o endereço e me deixou na entrada de um grande estacionamento aberto, que dava entrada para uma vasta área externa de gramado bem verdinho. Nesse mesmo gramado, enormes letras douradas decoradas por margaridas,

formavam o nome Arterix Gallery. As luzes se cruzavam no ar e davam um verdadeiro show de cores.

Entrei no gigante salão depois de subir alguns degraus até a entrada principal, e me deparei com o seguinte cenário; quadros com ilustrações de margaridas por todos os lados. Margaridas desde os formatos geométricos do cubismo até o surrealismo! E diante de tudo, o que mais me chamou atenção foram as margaridas com uma espécie de mistura do realismo com o futurismo. Uma flor realista com imagens repetidas evidenciando um vago movimento.

Tantas margaridas...

- Sarah! Que bom que veio! - Teresa se aproximou de mim. Ela estava incrivelmente linda, como todos por aqui.

- É uma honra vê-la, Srta. Teresa.

- Só um momento, querida, trabalho a fazer! - Ela olhou para duas mulheres que conversavam entre si do outro lado do salão.

Um lustre gigante de vidro estava posicionado no meio do salão sobre umas cadeiras decoradas, que estavam de frente para um palco com uma grande tela. O telão de projeção estava ao lado de uma faixa vermelha que provavelmente seria cortada pelo tesourão dourado que estava em cima de uma mesinha.

O lugar e as pessoas eram muito sofisticados, e por um momento, comecei a me sentir desconfortável.

Fui em direção aos projetos de design que estavam sobrepostos numa divisão com pouca luz, em um jogo de cor. As margaridas eram quase reais, e se movimentavam de acordo com a melodia da lenta música de violino que ressoava da orquestra de cordas posicionada no palco.

Fiquei hipnotizada com tamanha criatividade.

Mas logo me desipnotizei, quando um garçom passou ao meu lado com uma bandeja de doces. Os doces estavam tão cheirosos, que desviaram minha atenção.

Parei no meio do caminho e sorri para o garçom.

Posso pegar? - Falei.

Claro que sim.

Ele me deu os docinhos em um pratinho de maneira muito gentil e delicada. Peguei de suas mãos.

- Vem aqui meu docinho lindo de maracujá. Parece saboroso e cheira tão bem! Você é muito fofo, mas... - Peguei mais dois e coloquei na boca - Fica mais fofinho na minha barriga.

O garçom foi passando para o outro lado quando eu topei nele.

Opa! - Ele acabou derrubando o resto dos doces que levava sobre sua bandeja.

OLHOS DO DIA [LIVRO 1]Where stories live. Discover now