Capítulo 33

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A empresa estava uma correria, pelo simples fato de hoje recebermos um cliente muito prestigiado. Ninguém mais e ninguém menos que a irmã mais velha do Sr. Edan. E eu não fazia ideia de que ele tinha uma irmã.

Já estava escuro, e podia jurar que eu seria a última a sair hoje. Mas não, por mais incrível que pareça, vi muita gente aglomerada na porta da saída. Muitos homens e mulheres muito bem vestidos. Será que estavam de saída da reunião?

Que reunião extensa.

Meu celular vibrou.

Sarah, Saia.

Olhei ao meu redor. Ué? Por que ele pediria para eu sair?

Imediatamente

Ver essa mensagem fez minha mão gelar. Por que isso me deixou tão nervosa e por qual motivo eu deveria me manter tão distante?

— Ora, ora, mas que grande presente. Se não é a ilustre mulher com quem meu irmão tem um caso. — Virei-me.

Caso?

Era uma mulher, com os olhos da mesma cor dos olhos dos irmãos Berllini, mas distante, opaco, e sombrio.

Ela usava um vestido preto que ia até metade dos joelhos, e um salto prateado. Era linda, e parecia uma modelo. Uma modelo de olhar cruel.

— Eu pensei que nunca fosse falar isso, mas a outra era menos pior que você. Sério mesmo? Os meus irmãos têm péssimos gostos para mulheres.

Senti-me ameaçada. Como um frágil animal componente da cadeia alimentar prestes a ser predado.

Então meu corpo se arrepiou, no exato momento em que senti uma mão sobre meu ombro.

— Olá, irmã.

— Oh! — Ela sorriu cinicamente. — Você não trocou uma sequer palavra comigo o dia inteiro, mesmo quando eu vim de tão longe para vê-lo, e agora finalmente decide fazer isso? Por que irmãozinho, estou mexendo com alguma coisa sua? — Todas suas palavras saíram com sarcasmo.

— Vamos embora, Sarah. — Ele sussurrou, pegando pelo meu braço e guiando-me até a porta da saída.

— Vai fugir e nem me dar um abraço? Vim apenas para visitá-lo, caro irmão. Saber se tem se recuperado bem depois de ter passado quase dois meses internado.

Senti todos os músculos de Edan tensionados, até mesmo o de seu maxilar, cerrando os dentes.

— Vai lá, leve essa pobre criatura com você. É um grande especialista em se apaixonar por aquilo que empaca seu futuro. Mal cheguei e tive a notícia de que

Maurício está seguindo os seus mesmos passos, namorando com uma ninguém. Essa foi sua influência sobre a vida de nosso irmão?

Estanquei no caminho.

Espera, essa "ninguém" seria Ana?

Virei-me bruscamente, e a encarei nos olhos. Tirando uma coragem de dentro de mim que nem eu mesma sabia da existência.

— Continue me esculachando, se quiser me bater, venha até aqui e me bata, só não ouse falar assim de minha irmã — Falei duramente.

— Ah que bela surpresa! Então quer dizer que vocês são irmãs! Ah que terrível decepção em dobro para um dia só.

Edan deu alguns passos em direção da irmã, eu nunca tinha o visto com uma expressão tão escurecida e enfurecida.

— Rebeca, por respeito a essa empresa, eu tentei manter uma relação com você totalmente profissional, esquecendo-me totalmente do que você é e representa na minha vida. Mas por favor, pare! — Ele gritou com ela, e todos que já estavam de saída, viraram-se.

— Pensei que com Laura morrendo, seria uma grande oportunidade de você abrir seus olhos e viver o que o mundo esperava de você lá fora.

Todos os outros funcionários ficaram perplexos com essa sua última fala.

A feição de Edan mudou completamente. E dessa vez seu olhar ficou tão escurecido que minha única reação foi dar um passo para trás.

— Não ouse tocar no nome da Laura outra vez!! — Ele gritou, e aproximou-se da irmã, furioso,

Teresa e Júlio se meteram entre os dois.

— Calma aí, vamos baixar os ânimos. – Júlio disse.

— Ou o que? — Ela se aproximou ainda mais dele. — Vai me bater? Vai lá irmão, me bata! Todos estão vendo mesmo! Eu como sua irmã, quis te transformar em alguém grande, mas se não quer, afunde-se mais então! Ela não vai voltar, essa é a realidade, você querendo ou não! E não dá para usar ninguém nessa tentativa desesperada e frustrante de tentar preencher o vazio com uma pessoa parecida com ela!

O silêncio tomou o lugar, e até os funcionários da limpeza, que normalmente eram tão na deles, foram tomados de tensão.

Eu observei-o. Edan estava magoado, muito mais do que isso:


Dilacerado.

— Você não é nada para mim. — Edan sussurrou, e seus olhos brilharam, como se estivessem cheios de lágrimas. — Não diga que é minha irmã, porque não é nada para mim.

Edan simplesmente se virou, e começou a andar em direção à porta que dava para a garagem subterrânea.

Eu olhei para a irmã dele, com um olhar de "você é maluca?" e fui atrás dele, mas não consegui alcançá-lo.

— Edan, espere!

Seu Zé apareceu do outro lado.

— Eu tenho uma motoca, se você quiser ir atrás dele, aqui está a chave. Só vá, e não deixe o jovem homem sozinho.

Peguei a chave de suas mãos, sem me importar com a plateia de pessoas que assistiam o terrível espetáculo.

— Obrigada seu Zé.

Eu não sabia dirigir totalmente uma moto, mas o pouco que sabia dava para ir sem medo. Comecei a seguir seu carro, até perceber para onde estava indo; a estufa.

OLHOS DO DIA [LIVRO 1]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum