Capítulo 27

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— Sarah! — Ana apareceu na porta do meu quarto.

— Sim Ana? — Estava calçando minhas sapatilhas.

— Olha! — Ela me mostrou seu celular. Era uma foto de Maurício com uma moça.

Espera... Eu conhecia esse cabelo preto, e esse rosto não me era desconhecido...

Era a Lana Garcia, a diretora da K.C.L! Arregalei os olhos.

— Você a conhece? Quem é essa? — Ela me lançou um olhar significativo. Engoli em seco.

— Conheço... Ela é diretora de uma empresa parceira da Huffmann's. — Minha irmã abriu um par de olhos azuis e assustados. — M-mas não deve ser nada, Ana...

— Como não? — Ela guardou o celular na bolsa — Eu vou investigar isso. — Ela pegou as chaves da floricultura e saiu pela porta.

— Espera Ana! — Falei.

— Vou trabalhar, tenha um bom dia irmã. — Ela respondeu do outro lado.

Puxa vida. Nunca tinha visto Ana desse jeito. Era como ver um coelhinho fofinho revoltado.

Abri os stories de Maurício pelo meu celular. Hum...

***

— Eu não acredito! O que ela está fazendo aqui? — Ana sussurrou do meu lado.

— De quem está falando? — Virei-me para minha irmã.

Eu e Ana estávamos no Shopping em busca de um vestido. Essa era nossa primeira vez em um lugar assim, e enquanto Ana estava paranoica vendo Lanas Garcias por todos os lados, eu estava preocupada em não tropeçar naqueles saltos.

— Ana, eu já te falei, não há o que temer. Talvez aquilo foi só uma foto entre amigos.

— Amigos? — Ela me encarou, séria — Ele não me manda mensagens desde cedo. Ele está estranho comigo, Sarah.

— Ana, calma. Maurício é uma boa pessoa. Agora deixa das suas paranoias e ciúmes e me ajude a escolher um vestido para esse casamento? — Sorri para minha irmã, na tentativa de acalmá-la. Desde ontem ela estava assim; eufórica.

— Aquela ali é a cara dela. — Ana apontou para uma moça chique que passou perto de nós.

— Ana! — Sussurrei e segurei o dedo dela — Não aponte para as pessoas desse jeito! É falta de educação!

Entramos em uma das lojas, eu não sabia muito bem qual o nome, já que estava em inglês, mas um dos vestidos da vitrine acabou chamando minha atenção.

Ele era azul-celeste longo, e com as mangas caídas nos ombros.

A vendedora nos atendeu super bem, e eu fui provar o vestido, enquanto Ana me esperava sentada em uma das poltronas, perto dos espelhos, com uma feição carrancuda.

Então saí, para que ela pudesse dar sua opinião.

— Está incrível! É esse!

Me olhei no espelho e ela tinha razão. Realmente ficou bonito. E não era preciso experimentar outro; esse negócio de ficar provando vestidos não me agradava muito. O que primeiro ficasse bom em mim, esse eu levaria. Sempre foi assim.

Comprei uma sandalinha prateada que combinou perfeitamente com o vestido. Nada de saltos; até porque era um casamento na praia, e esses que eu estava usando agora me mostravam que saltos não foram feitos para mim.

Depois de tudo, eu e Ana nos deparamos com algo maravilhoso: O parquinho de diversões. Fomos em todos os brinquedos possíveis, até no escorregador, e depois de tantos sorrisos, nos sentamos sobre um dos bancos, e ficamos gargalhando, enquanto as pessoas passavam ao nosso redor.

Talvez a surpresa das pessoas era por nos ver sorrindo como duas bobas, tão felizes, ou simplesmente pelo fato de eu estar descalça segurando os saltos na mão.

Quando já estávamos indo em direção a saída, para pegarmos nossa bicicleta do estacionamento, nos atrapalhamos com as compras.

— Como é que vamos levar tudo isso? — Sorri.

— Eu não faço a mínima ideia! — Ela sorriu de volta — E acho melhor voltarmos logo para casa, com sacolas ou sem sacolas, porque vai cair um temporal.

Então a expressão de Ana mudou, e ela ficou estática. Olhei para a mesma direção que ela mantinha seu olhar, e me assustei.

Lana Garcia e Maurício?

Os dois estavam caminhando lado a lado, enquanto Lana estava sorrindo de alguma coisa.

Nenhum dos dois nos viram.

Os olhos da minha irmã se entristeceram, mas, rapidamente ela respirou fundo e virou-se para mim.

— Ana? Talvez não... — Tentei falar alguma coisa. Era impossível acreditar nisso, Maurício não parecia ser uma pessoa ruim.

— Sim. — Ela sorriu de lado — Talvez não. Só que, só é muito estranho.

Fiquei parada, observando minha irmã.

Subimos na bicicleta, e depois de alguns minutos, chegamos em casa, o shopping não era distante.

Coloquei as compras sobre o sofá e fui lavar minhas mãos.

— Vá banhar Sarah... o casamento é só daqui a algumas horas e você precisa estar bonita. — Ela sorriu para mim — Não que você não seja, na verdade você sempre foi a mais linda entre todos!

Eu conhecia minha irmã. Ela estava triste e não queria transparecer isso para mim. Ana como sempre, sendo altruísta.

— Eu não vou. Ficarei com você. — Retruquei.

— De maneira alguma! — Ela me olhou séria — Se fizer isso eu ficaria chateada. Por favor Sarah, não dificulte as coisas e vá ao casamento. Eu conversarei com Maurício mais tarde, e se não for para ser, não será. Nós não temos nada um com o outro, de toda maneira.

— Ana, eu não...

— Caso encerrado. — Ela sorriu. — Agora vá naquele casamento e aproveite cada minuto!

OLHOS DO DIA [LIVRO 1]Where stories live. Discover now