Capítulo 10

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Edan estava sentado ao meu lado, me observando, com os braços cruzados na altura do peitoral.

Ao me ver acordada, ele simplesmente sorriu, um sorriso sucinto, mas ainda assim, encantador. Levantei o rosto, será que ainda estou dormindo e sonhando com esta bela imagem? Por um breve momento, permiti-me apreciar a bela visão que estava bem diante de mim.

Espera, sonhando? Dormindo? Eu cochilei na frente do Sr. Edan!

Pelas batatinhas da minha avó!

Sacudi a cabeça e olhei no relógio.20 minutos haviam se passado. Eu dormi por vinte minutos!

Passei a mão na boca. Eu não babei, não é mesmo? Ai caramba, e se eu ronquei? Péssimo, péssimo, péssimo! Ana disse que eu pareço um porco com problema nos focinhos!

— Ai minha nossa, desculpa Sr. Edan! — Minha bochecha ferveu.

Ele manteve uma expressão compreensiva no rosto.

Parabéns Sarah, teve a oportunidade de desfrutar a presença dele e dormiu!

— Tudo bem, Sarah.

Desviei meu olhar do seu, envergonhada.

Olhei para o lado de fora do restaurante e a chuva ainda não tinha dado trégua. Mas eu precisava voltar para casa e enfrentar essa chuva.

Peguei meu celular; descarregado.

— O senhor ficou esse tempo todo aqui comigo? — Que vergonha.

— Eu não ousei acordá-la, muito menos deixá-la dormindo aqui sozinha.

Suas palavras entraram pelos meus ouvidos de maneira suave e agradável. Não somente pelo seu tom de voz sempre tão único e original, mas pelo fato de saber que ele se importou comigo e teve uma atitude completamente digna de respeito.

— Muito obrigada, foi muito gentil da sua parte.

— Acredito que seu suco esfriou, por acaso, não quer que eu lhe peça outro?

— N-não. Tudo bem. Eu já estou indo! Voialá!

Edan me encarou por alguns segundos, segundos antes de seu olhar encontrar com o meu.

Recuou, estampando em seu rosto um sorrisinho divertido.

Ok, o que foi isso?

Ele olhou diretamente no fundo dos meus olhos e desviou seu olhar com esse seu sorriso?

Meu coração acelerou.

Não dá, isso era demais para meu coração desprotegido, frágil e indefeso.

Levantei-me, batendo com o pé na banqueta. Mas fui ágil suficiente para pegá-la antes que pudesse cair.

Sorri de maneira desastrada.

— Puxa, essa gravidade da terra... — Falei, toda desconcertada.

Saí sem olhar para trás, bater com a canela na cadeira não era algo bom.

Abri o guarda-chuva.

Uma repórter estava bem em frente ao restaurante, vestida em uma capa transparente de chuva.

Virei-me para ver melhor a reportagem que estava sendo transmitida ao vivo.

Estamos ao vivo mostrando o temporal que está caindo agora em um dos bairros mais movimentados da cidade, deixando o trânsito totalmente inconsistente, já que alguns semáforos pararam de funcionar.

Virei-me novamente para atravessar a rua.

Quando fui pisando o pé na pista, um vento passou bem ao meu lado, balançando meu cabelo, e toda cena se passou por mim em câmera lenta, enquanto a voz da jornalista foi ficando cada vez mais distante.

Um caminhão, vindo em alta velocidade, passou a centímetros de mim, tocando as pontas do meu cabelo.

Ele levou, em alta velocidade e colisão, dois carros menores da frente, enquanto o carro que estava vindo atrás, confrontou com tudo a traseira do caminhão.

As pessoas que estavam dentro do restaurante saíram correndo, e eu fiquei parada, perplexa, atônita e atordoada. O guarda-chuva caiu da minha mão, e minha visão embaçou. Todas as vozes e gritarias se tornaram vagas e distantes até que desapareceram totalmente, e eu só conseguia ver o balbuciar das pessoas com expressões de desespero correndo até o local do acidente.

Apenas uma voz não foi capaz de se perder, e esta, ressoou firme do outro lado, atrás de mim, na minha direção.

Sarah!

E tudo girou. Como uma gigante roda do parque de diversões, cheia de luzes coloridas.

OLHOS DO DIA [LIVRO 1]Où les histoires vivent. Découvrez maintenant