Capítulo 6

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Ajudar na floricultura da minha irmã sempre era algo muito bom, afinal de contas, era um negócio que ainda estava começando. E era uma forma de respirar fora dos ares corridos da Huffmann's.

— Então ela tomou um susto quando me viu e depois veio correndo me dar um abraço! – Ana ainda contava sobre hoje ter se encontrado com uma antiga amiga .

— Deve ter sido um encontro memorável. – Falei, com a cabeça baixa, enquanto recortava alguns panfletos de divulgação da floricultura.

— Sim! – Ana respondeu, de cima de uma escadinha. Ela estava podando algumas mudas de rosas.

O sininho da porta tocou e senti alguém se aproximando do balcão.

— Boa tarde, tem margaridas brancas?

Reconheci a voz no mesmo instante e lentamente levantei o rosto para ver a pessoa alta que estava posicionada bem diante de mim, com uma presença tão incrivelmente marcante.

Edan.

Meu coração saltou instantaneamente, e mentalmente insultei-me por ter tido essa reação.

Ele estava vestido em um suéter de tricô vermelho escuro, que destacava perfeitamente com a cor dos seus olhos avelã.

Ele não estava sozinho; estava com um homem de cabelos mais claros, mas de algumas características físicas semelhantes. Não podia ser. Seu irmão?! Olhei para os olhos de um e para os olhos do outro, e eram exatamente da mesma cor.

A diferença nítida de seus olhares era que o olhar de Edan era mais profundo, como um mar feroz no inverno, batendo em um cais em pleno céu aberto, cheio de mistério e inteiramente instigante. Já o olhar do seu provável irmão, era como um livro aberto, e como fogos de artifício no verão ensolarado.

—B-boa tarde. An... – Me recompus. – Temos sim. –sorri gentilmente.

Ele me observou, tomado de surpresa, espanto e admiração.

— Srta. Sarah? – Edan sorriu, de maneira serena e complacente, mas o suficiente para me fazer boiar nas batatinhas dos meus sentimentos que se demonstraram tão surpreendentemente misturados e embaralhados pelo seu simples gesto de sorrir.

— AAAAhhh! – Um grito de Ana ressoou pela loja juntamente com um som de alguma coisa caindo.

Minha irmã tinha acabado de cair de cima da escadinha.

O homem que parecia ser o irmão do Sr. Edan correu até Ana, e eu saí apressada em sua direção.

— Ana, você está bem?

Ela estava sentada no chão, passando a mão no tornozelo e no nariz, e o irmão de Edan se abaixou bem ao seu lado.

Então os olhos de Ana se conectaram aos daquele jovem misterioso, da mesma maneira que os dele se conectaram aos dela.

— Posso ver? – Ele perguntou – Sou médico.

— Ela está bem, Maurício? – Edan perguntou.

— Parece que foi uma torção. – Ele analisava o pé dela – É bom que tome um analgésico para dor e que não force esse pé por pelo menos uma semana.

Ana não dizia uma sequer palavra, apenas observava Maurício sem nem ao menos se importar de estar sendo percebida por todos da sua volta.

Ela nunca foi mesmo uma garota que escondia ou disfarçava seus sentimentos. Ana nunca conseguia ser discreta. Dava para ver um brilho gigante nos seus olhos a quilômetros de distância.

Edan e Maurício ajudaram Ana a se levantar e a ajudaram a andar até o banco do balcão.

Fiquei do outro lado apenas observando.

OLHOS DO DIA [LIVRO 1]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum