CAPÍTULO XXXV - 35
"karaokê - parte 1"
STELLA GARCIA
Barcelona, Spain
Nos últimos dias concentrei toda minha energia na Luna, dando início ao projeto de seu quarto, que será em tons lilás e branco com alguns desenhos de lua na parede.
Durante esse curto período de tempo, Gavi vem me ligando pelo menos duas vezes ao dia, sem falta. Ele já tentou me convencer a largar o emprego para ficar de repouso, mas falhou miseravelmente, afinal preciso de dinheiro para me sustentar e sustentar a minha filha.
E por falar em Gavi ligando todos os dias...
──── Oii ── digo ao atender a chamada de Pablo.
──── Oi, como vocês estão?
──── Da mesma forma que estávamos quando você ligou há uma hora atrás ── rio, não por achar engraçado, mas sim por ser fofa toda essa preocupação ── Relaxa um pouco. Se algo acontecer eu vou te avisar.
──── Você é louca, vai saber. ── Gavi comenta ── Já saiu do trabalho?
──── Estou no Uber a caminho de casa.
──── Queria te fazer um convite...
──── O que você está aprontando, Gavira?
──── Eu nada, os meninos que estão. Amanhã é o aniversário do Balde, então ele convidou a gente para ir em um karaokê hoje.
──── Vocês? Em um karaokê? ── solto uma gargalhada sincera só de imaginar a cena.
──── É sério, Estrelinha.
──── Que seja. Mas ele convidou você e não eu.
──── Ele disse para levarmos nossas mulheres.
──── Mas eu não sou sua mulher.
──── Mas é minha amiga, já foi minha namorada e é a mãe da minha filha, então dá na mesma. ── solto um longo suspiro.
──── Eu vou ver e já te aviso ── me despeço de Gavi, desligo a chamada e entro no whatsapp na conversa com Martina.
Após decidir com minha amiga, entro na conversa com o Gavi para avisa-lo.
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Uma vez pronta, aviso o Gavi que logo chega em minha casa para me buscar. Adentro seu carro e o cumprimento com um beijo em sua bochecha.
──── Você está linda ── Gavi diz mantendo seu olhar sobre mim.
──── Obrigado ── respondo com um sorriso no rosto ── A Luna quem tem sorte.
──── A Luna, nossa Luna? ── Pablo me questiona e é nítido que ele não está entendendo nada do que estou falando.
──── Uhum, essa menina vai nascer linda tendo nós como pais.
──── Ah ── Gavi solta uma risada gostosa que preenche todo o ambiente.
Sorrio olhando em sua direção, mas ao ver o mesmo se virar para mim, desvio o olhar.
──── Música, é disso que esse carro está precisando ── comento quebrando aquele clima e conecto meu celular no sistema de áudio do automóvel.
──── Cnco não ── Gavi responde em um tom de súplica.
──── Como você sabe que eu ia colocar Cnco? ── pergunto-lhe.
──── Como se você ouvisse outra coisa né, Estrelinha.
Dou de ombros e coloco minha playlist latina, onde a maioria das músicas são da minha banda favorita.
Olho para a janela enquanto canto junto com cada canção, mas toda minha atenção vai para minha coxa ao sentir a mão de Gavi pousando nessa região. O olho com uma sobrancelha arqueada e vejo o mesmo dirigindo com uma mão, enquanto a outra segue fazendo carinho na parte da minha perna.
Pigarreio para chamar a atenção do homem ao meu lado mas não obtenho resultados.
──── Gavi! ── exclamo, pego sua mão e tiro de cima da minha coxa.
──── Ah, desculpa ── ele diz ── Força do hábito.
É muito complicado ser uma grávida apaixonada pelo pai da minha filha, tentando não me relacionar com ninguém, enquanto ele tenta me reconquistar. O Gavi sabe exatamente quais são meus pontos fracos e tem ciência dos meus sentimentos por ele, isso o faz ter uma grande vantagem.
──── Só não faz de novo ── digo tentando manter o controle da situação.
Assim que chegamos no local, Gavi deixa o carro no estacionamento, desce do veículo e abre a porta para mim.
──── Estrelinha ── o mesmo estende a mão para me ajudar a sair do veículo.
──── Como você está cavalheiro hoje ── seguro em sua mão e desço com cuidado para não cair.
──── Por você sou o que precisar que eu seja.
Não vou mentir, deixei um sorriso bobo escapar e enfeitar meu rosto que, a essas alturas, deve estar corado.
Entramos em um bar com estilo bem moderno, luzes coloridas, músicas, algumas mesas nos cantos e a famosa pista de dança.
──── Vocês voltaram? ── Pedri pergunta e só então me dou conta que entrei de mãos dadas com o Gavi.
Solto rapidamente sua mão e olho para o grupo a minha frente, pelo visto fomos os últimos a chegar.
──── Não, somos somente amigos ── respondo e vou até Balde, dando-lhe um abraço desejando feliz aniversário.
──── Reservei uma sala só para nós, assim ficamos mais à vontade e sem a preocupações com a mídia ── Balde comenta assim que terminamos nosso abraço.
Um garçom com o uniforme do local nos direciona até uma sala não muito grande, mas com espaço o suficiente para todos nós. As luzes também são coloridas, um pequeno palco com um telão atrás, uma mesa grande com várias cadeiras a sua volta e um sofá encostado na parede que possui isolamento acústico.
──── Para realizar os pedidos é só usar esse aparelho ── o moço nos mostra um tablet acoplado à mesa.
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Em questão de uma hora contemplei Balde e Ferran bebendo como se não houvesse amanhã, Gavi e Pedri cantando juntos, Raphinha tentando ensinar uma música brasileira chamada "evidências" para os meninos, Martina bancando a bailarina e muitas comidas sobre a mesa. Nem preciso comentar que a parte dos alimentos foi a minha favorita né.
──── Uma música! ── Gavi diz parando em minha frente. Tiro a atenção da minha porção de batatas fritas e o olho.
──── Você sabe que meu forte não é cantar.
──── Não é o forte de ninguém aqui. Se dependessemos da música para sobreviver, todos iríamos passar fome ── Gavi comenta me tirando uma boa risada ── Vamos, eu até canto com você e te deixo escolher a música.
──── Uma música e nada mais ── contesto e procuro a letra de uma música que ultimamente vem me representando bastante.
❝Quem estou enganando?
O que estou fazendo?
Eu sinto muito sua falta
Estou mentindo para mim mesma
Não é verdade
Eu não aguento mais esse deserto
O meu coração continua aberto
Eu não te esqueci, amor
Sinto muito
Eu não sei mais por que estou mentindo
Sendo que me sinto péssima com esse sentimento
Ainda não é tarde demais, por favor
Eu não te esqueci, amor❞
Ao final da canção, eu sinto meus olhos marejados enquanto o meu olhar e o de Gavi seguem conectados. Malditos hormônios.
Coloco o microfone no lugar e desço do pequeno palco o mais rápido possível, maquiagem está cara para destruir ela com lágrimas.
Pego o suco de laranja que deixei na mesa antes de cantar e me sento no canto do sofá para bebe-lo, afim de molhar a garganta que ficou seca.
──── Linda voz ── ouço alguém dizer, e ao olhar para o lado vejo João Félix sentando perto de mim.
──── Obrigado ── sorrio gentilmente ── Mas vamos ser honestos, sou completamente desafinada.
──── Só um pouquinho ── rimos com o comentário um pouco sincero demais de Félix ── Sei que ainda não nos conhecemos direito e nem temos muita intimidade, mas posso te fazer uma pergunta?
──── Pode fazer outra, porque uma você já fez ── digo com humor, arrancando um riso fraco do garoto.