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CAPÍTULO XXXVII - 37
"Tan enamorados"

PABLO GAVI
Barcelona, Spain

Olho para aquele palco vazio, e uma luz em minha mente se acende.

──── Que cara é essa? ── Pedri me questiona, enquanto termina de comer o seu pedaço de bolo de chocolate.

──── A Stella está toda esquisita... ── meu amigo me interrompe no meio da minha resposta.

──── Ninguém mandou engravidar ela, agora você que lute com os hormônios. ── dou-lhe um leve tapa em sua nuca.

──── Deixa eu terminar, caramba! ── exclamo ── Ela ficou brava comigo, vou cantar uma música do cnco, certeza que ela vai se derreter toda.

Eu nunca teria coragem de cantar uma música dedicada a Stella com a minha humilde voz na frente de todos, e por mais que não goste, resolvo beber um shot para ver se crio a coragem necessária. Como não sou de tomar bebidas alcoólicas com frequência, não demora muito para o álcool começar a fazer efeito.

Aproveito esse instante de coragem insana e subo até o pequeno palco, pegando um microfone. Coloco tan enamorados da banda favorita da minha ex namorada e começo a cantar. Ao olhar para trás, avisto Pedri fazendo gestos e coração com a mão. Agora além de títulos na carreira, também tenho bailarinos.

E eu estou aqui
tão apaixonado por você

Que a noite dure um pouco mais
O grito de uma cidade
Que vê a umidade em nossos rostos

E eu vou te fazer companhia
Além da vida
Eu juro que lá em cima vou te amar mais❞

Ao finalizar a música, procuro Stella com o olhar, já que passei o tempo inteiro olhando a coreografia de Pedri, e para ser sincero, meu amigo como dançarino é um excelente jogador.


Adoraria dizer que meu olhar cruzou com o da morena, mas a realidade foi outra. Assim que a encontrei, avisto a mesma dormindo sentada no sofá, e João Félix deitando a cabeça dela em seu ombro.

──── Eu vou matar ele. ── entrego o microfone para o Pedri e caminho em direção aos dois.

──── Volta aqui, mini barraqueiro ── sinto meu amigo me puxando pelo capuz do meu moletom.

──── Vai me matar enforcado, desgraça! ── reclamo ao sentir o tecido apertar meu pescoço, fazendo-me sufocar.

──── Vamos cantar uma música juntos, vem ── o camisa oito diz com o celular na mão ── O Raphinha vai nos ensinar a cantar uma do Brasil.

Olho para Pedri com um olhar tedioso e logo digo:

──── A gente não sabe cantar nem em espanhol direito, então não inventa.

──── Para de ser um velho rabugento! ── Raphinha exclama se aproximando de mim e me entregando seu celular ── Essa é a letra.

──── Mas eu não sei nem falar brasileiro, quem dirá cantar ── reclamo.

──── Brasileiro não, seu burro! Nós falamos português.

──── Mas você não é do Brasil? ── questiono.

──── Sou, mas nosso idioma é português ── Raphinha me explica, mas não consigo ver sentido. Por que no país de origem dele não dizem brasileiro, se a forma dele falar parece ser tão diferente de João Félix e João Cancelo, que são de Portugal?

──── Que seja ── digo na tentativa de cortar esse assunto. Sei que nunca vou entender mesmo, ainda mais estando levemente alcoolizado.

──── Então toma ── Raphinha me entrega um microfone e me deixa no meio, agarrando um dos meus braços, enquanto o Pedri agarra o outro. Tudo isso é medo de eu fugir?

O brasileiro começa a música sozinho, e eu apenas cantarolo, pois é impossível conseguir cantar essas palavras.

──── Agora você! ── ele e o espanhol ao meu lado direcionam seus microfones até minha boca, na parte que julgo quer o refrão.

──── Tá viendo aquella lua que bri... ── canto em um portunhol bem estranho, mas essa palavra "brilha" é difícil, não sei nem como se pronuncia isso, então prefiro desistir ali mesmo. ── Chega!

Tento me soltar dos dois, e ao conseguir, vou até a Stella e João.

──── Pode deixar que eu cuido dela.

──── Calma, eu só estava servindo de apoio, já que ela estava com a cabeça toda caída ── Félix me explica e eu permaneço ali escutando sem muita paciência, deixando minhas mãos em minha cintura.

──── Ah ok, ela agradece ── digo ── Mas agora pode deixar comigo, vou levar ela para casa.

──── Tudo isso é ciúmes? ── João indaga com humor, mantendo um sorriso besta no rosto.

──── Teu cu ── digo em português. Pelo menos alguma coisa do idioma nativo do Raphinha eu aprendi.

Pego Stella no colo com cuidado para não acordá-la, a coloco dentro do carro e logo volto para pegar as coisas dela e me despedir do pessoal. Felizmente não estou em um estado crítico com o álcool, como o Ferran, então consigo dirigir.

Ao voltar para o carro, dirijo até minha casa, e novamente a carrego no colo até o meu quarto. Amo a Stella, mas subir escada com ela grávida e dormindo é mais difícil do que eu pensei. Por um instante, achei que íamos descer aqueles degraus rolando.

Assim que a deito na cama, tiro seus tênis e as meias, tendo visão dos seus pés inchados. Pego uma coberta e arrumo por cima da mesma, deixando a parte final de suas pernas descobertas.

──── Não deve ser nada fácil sustentar uma gravidez né, Estrelinha ── indago mesmo sabendo que ela não está me escutando.

Sento na ponta da cama, coloco os pés inchados da Stella sobre minhas pernas e começo a massagea-los.

──── Sua mãe é tão forte ── começo a dizer para a minha neném em formação ── E eu sei que fui um completo idiota em tratar ela como amante, enquanto ela deveria ser tratada como uma rainha. Mas prometo que agora as coisas vão ser diferentes.

Solto um pequeno sorriso ao imaginar como serão nossos dias com a Luninha aqui.

──── Vou cuidar de você e da sua mamãe, porque vocês duas são as pessoas mais importantes da minha vida, e as que mais amo ── finalizo a massagem, tiro a coberta de seu corpo e beijo a barriga da morena ── Seremos sempre você, eu, sua mãe e o Barça contra o mundo.

Apesar dos energéticos que bebi, eu estava cansado, mas algo dentro de mim me mantinha acordado. Uma sensação ruim...

𝗛𝗜𝗚𝗛 𝗜𝗡𝗙𝗜𝗗𝗘𝗟𝗜𝗧𝗬 ─ 𝘱𝘢𝘣𝘭𝘰 𝘨𝘢𝘷𝘪Onde as histórias ganham vida. Descobre agora