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CAPÍTULO XXIX - 29
"propor um acordo"

STELLA GARCIA
Barcelona, Spain

──── Eu queria conversar algo sério com você ── Sarah me responde, enquanto mantém seu olhar na estrada.

──── O Gavi pediu para você vir aqui falar comigo? ── pergunto-lhe. A essas alturas eu já não estou entendendo mais nada do que está se passando.

──── Pensei que fosse um pouco mais esperta, estrelinha ── ouvir esse apelido vindo dela me causa arrepios, no pior dos sentidos, é claro.

──── O que você quer dizer com isso? ── a questiono.

Eu juro que se essa maluca tentar algo contra mim ou contra a minha filha eu começo a gritar de uma forma como nunca gritei na minha vida.

Por questão de segurança, aproveito que tenho o celular em mãos e a loira concentrada na rua, e discretamente, diminuo o brilho do aparelho e ligo para o Ansu. Assim que vejo o carro se aproximando de um semáforo, viro a tela do celular para baixo.

Só espero que meu amigo tenha atendido e seja esperto a ponto de não desligar achando que foi engano. Penso mentalmente.

──── O que estou querendo dizer é que o Gavi não me mandou vim até aqui te buscar ── Sarah me responde ── Inclusive, não falo com ele desde ontem.

Isso já me responde tantas coisas, como o fato deles ainda não terem terminado o namoro.

──── Então para de dar voltas com suas palavras e diga logo o porquê foi me buscar! ── exclamo. Já estou perdendo a paciência com essa mulher.

──── Eu vim lhe propor um acordo ── a olho sem entender, e logo a mesma continua sua fala ──── Eu sei que o Ansu já deve ter te contado sobre o Alarcón, mas antes que me julgue, quero que entenda meus motivos…

──── Eu não sou sua namorada, então não quero saber o porquê você traiu o Gavi e muito menos me interessa os seus motivos e desculpas ── digo interrompendo a loira. Já tenho tanta coisa para me preocupar que não tenho mais psicológico para aturar as ladainhas dela ── Você já é adulta e sabe o que faz ou deixa de fazer. A verdade é uma, se traiu foi porque quis. Mas enfim, você disse que queria me propor um acordo, então diga.

──── Você não conta para o Gavi sobre mim e o Alarcón e eu não mancho a imagem dele dizendo que ele me traiu com alguém que só está interessada no dinheiro dele, e que já me disse pessoalmente que iria destruir a minha vida, começando pelo meu namoro com o Pablo, e para piorar, está fazendo a cabeça dele para ficar contra mim.

──── QUE?! ── exclamo, quase que em um grito. Não é possível que ela esteja falando sério ── Mas isso é mentira!

──── Eu sei que é uma mentira, você sabe que é uma mentira, mas o público não sabe disso. E você acha que eles vão acreditar na namorada boazinha que o ajudou a voltar a sorrir ou na amante que carrega a prova da traição na barriga? ── Sarah indaga com um sorriso vitorioso no rosto.

Não é possível que essa mulher seja a mesma que eu conheci há uns meses. Ela está me chantageando com uma mentira e eu nem tenho como provar minha inocência.

──── E como vai convencer as pessoas que a sua versão da história é a verdadeira? ── a questiono.

──── Eu já tenho tudo esquematizado. No momento em que você abrir a boca, eu faço um inferno na sua vida, então aconselho que pense muito bem no que vai fazer ── Sarah me adverte ── Ah, e acho que já ficou claro que essa conversa fica só entre a gente, né?

Não respondo a loira e apenas tento sair do carro, mas as portas estão travadas.

──── Sarah, abre essa porta!

──── Está com pressa? ── ela indaga com um tom de deboche.

──── Abre a merda dessa porta, senão eu juro que vou fazer um escândalo ── tento abrir novamente, mas sem sucesso ── Abre essa porta!

Por fim, Sarah para o carro em uma rua deserta e destrava as portas. Desço do veículo o mais rápido possível e olho em volta reconhecendo o local. Não estou tão longe de casa, diria que estou há uns trinta minutos de distância, por tal motivo resolvo ir andando.

Olho meu celular e percebo que ainda estou em chamada com o Ansu, então encosto o aparelho na minha orelha.

──── Ansu? Está ai? ── pergunto.

──── Com certeza, quando percebi que você estava com a jararaca eu já fiquei atento. Ela fez alguma coisa com você? Te machucou?

──── Não, ela não é louca de encostar um dedo em mim ── digo sem convicção, pois depois de hoje, acho que ela é doida a esse ponto sim.

──── E o que você vai fazer?

──── Sinceramente? Nada ── respondo ── Eu juro que não aguento mais tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo. Eu me sinto completamente sozinha, cheia de coisas na cabeça, problemas, uma bebê a caminho ── digo rapidamente e deixo algumas lágrimas caírem ── Eu não quero arrumar mais dor de cabeça para minha vida. Se o Gavi for esperto, ele vai fazer o que precisa ser feito sem eu precisar contar sobre o Alarcón.

𝗛𝗜𝗚𝗛 𝗜𝗡𝗙𝗜𝗗𝗘𝗟𝗜𝗧𝗬 ─ 𝘱𝘢𝘣𝘭𝘰 𝘨𝘢𝘷𝘪Where stories live. Discover now