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CAPÍTULO VII - 07
"pai ou padrinho?"

PABLO GAVI
Barcelona, Spain

Eu mereço um lugar no céu, porque já estou pagando pelos meus pecados dentro desse carro ao levar minha ex e minha atual namorada para suas casas.

──── Gavi ── Ouço a voz da minha namorada, que esta sentada no banco do acompanhante, e a olho assim que paro com o veículo no farol vermelho.

──── Pode me deixar primeiro? Minha casa já é na próxima rua e eu preciso arrumar minhas malas ── A loira ao meu lado me explica.

──── Malas? ── Pergunto.

──── Sim ── Sarah responde-me. ── Não se lembra que tenho uma campanha para fazer na Alemanha?

──── Ah, tinha me esquecido que seu vôo é hoje.

──── Inclusive, pode me levar no aeroporto mais tarde? ── Minha namorada pergunta para mim. Imediatamente concordo.

──── Assim que eu deixar a Stella, vou para a sua casa.

──── Obrigado, amor ── Um sorriso de canto surge em seu rosto.

Uma vez que o farol fica verde, volto a dirigir rumo a casa de Sarah. Assim que a deixo no endereço, a loira se despede com um beijo rápido em meus lábios e adentra seu lar.

Não demorou muito para a Stella pular para o banco da frente. Minha ex, como filha caçula e única mulher, foi criada com seus pais e irmão sempre fazendo suas vontades, e uma delas sempre foi andar de carro no lugar do acompanhante. Ela cresceu com esse costume, e lembro-me que quando namorávamos sempre tínhamos esse conflito quando andávamos no carro de algum amigo nosso, pois eu também tenho esse costume de sentar ao lado do motorista.

Filhos caçulas tem seus privilégios, não é mesmo.

──── Então... ── Digo tentando quebrar aquele clima estranho que se instalou dentro do meu carro.

──── Então... ── Stella repete o mesmo que eu.

Penso em mil formas de iniciar uma conversa. Nunca tivemos esse problema antes, mas agora está tudo diferente. Agora sei que serei o pai do bebê que minha ex namorada está esperando e eu não faço ideia se ela quer que eu assuma.

──── Se sente melhor? ── Repito a pergunta que fiz pouco antes de sairmos do Camp Nou. Foi a melhor coisa que pensei para dizer neste momento.

──── Uhum ── Stella responde ── Não foi nada demais, talvez tenha sido os nervos.

──── Eu ainda não acredito que o Eric teve coragem de expor você dessa forma. ── Digo sincero. Eles são irmãos, ele devia proteger ela. É o que eu faria pela Aurora.

──── Tem alguma coisa muito estranha nessa história toda ── Noto o tom de indignação na voz de Stella ── O Eric nunca foi assim, e do nada isso?

──── Pretende conversar com ele? ── A questiono. Me preocupa o que ele pode falar nessa conversa hipotética. Depois de hoje, não confio nos dois a sós.

──── Hoje não, eu não queria nem olhar para a cara dele por enquanto...

──── Pelo seu bem e o bem do bebê é melhor você dormir fora hoje ── Sugiro.

──── E vou dormir onde? ── Ela me questiona ── Pedri está com a namorada, e o Ansu e eu ainda não conseguimos conversar.

Sabe aquela famosa frase que diz "todo casal tem o seu chaveirinho"? Ansu Fati era o nosso chaveiro. Crescemos os três juntos, e sempre estávamos perto um do outro. Foi ele quem contou para a Stella que eu gostava dela, e foi ele quem me disse que ela também sentia o mesmo por mim.

Ele costumava dizer que a Stella e eu um dia nos casariamos e ele iria morar com nós dois,  já que, segundo o próprio Fati, ele era parte importante para o nosso relacionamento.

──── Dorme na minha casa ── Proponho e ao olhar para minha ex, a vejo com os olhos arregalados.

──── Não sei se lembra, mas você namora!

──── E você é a mãe do meu filho!

──── Mas a Sarah ainda não sabe disso. ── Stella argumenta ── Se ela tivesse visto a entrevista do Eric, teria comentado algo no carro.

──── Depois eu converso com a Sarah. ── Digo afim de tranquilizá-la ── O importante agora é a sua segurança e a do bebê que está na sua barriga, e é só nesse filho que eu quero que pense agora, deixa que eu cuido do resto.

──── Eu ainda acho que essa sua ideia é uma loucura.

──── Melhor do que você ir para a sua casa, brigar com o Eric, passar mal e não ter ninguém para te socorrer. ── Argumento ── Pelo menos na minha casa não vai precisar brigar com ninguém, e se algo acontecer estarei lá para te ajudar.

A Stella é teimosa, mas consegui convence-la. Passamos no mercado para comprar uma escova de dentes e alguns itens de higiene pessoal para a minha ex, e logo a deixo em minha casa.

──── Pode ficar a vontade ── Digo assim que passamos pela porta de entrada ── Vou levar a Sarah ao aeroporto e já volto.

Saio de casa, deixando a chave da porta em suas mãos e vou buscar minha namorada que já estava de malas prontas me esperando.

Nos despedimos rapidamente com alguns beijos e abraços, e assim que chamam o vôo de Sarah,  ela vai até o portão de embarque.

Volto para minha casa, encontrando Stella deitada no sofá assistindo a um filme na televisão.

──── Finalmente chegou ── Ela diz ao me ver ── Pode pegar uma coberta, por favor?

──── Para que você quer coberta?

──── Porque estou com frio e quero me cobrir para dormir ── Ela responde como se fosse óbvio.

──── Nada disso, você está grávida, não vou te deixar dormir no sofá! ── Respondo autoritário ── Você dorme na minha cama.

──── Não! ── Stella exclama sem pensar duas vezes.

──── Relaxa, não vamos dormir juntos ── Explico antes que ela dê a louca e saia por essa porta ── Você dorme na minha cama e eu aqui na sala.

──── Eu não vou te tirar da sua própria cama para te deixar dormir no sofá, Pablo!

Sabia que dessa vez iria ser difícil convencê-la, então a solução mais prática foi pegar ela no colo e levar até meu quarto, careegando-a como um saco de batata em meu ombro enquanto a mesma bate nas minhas costas pedindo para eu a soltar.

──── EU NÃO SOU UM SACO DE BATATAS, PABLO GAVIRA!

──── É sim ── Digo a colocando no chão do meu quarto ── Um saco carregando nossa batatinha.

Ok, essa foi péssima, admito.

──── Idiota ── Ela fica tão linda quando faz essa carinha emburrada.

Se concentra, Pablo.

──── E por falar no bebê, queria te perguntar uma coisa...

──── Se você é o pai? ── Stella indaga e antes que eu pudesse responder ela prossegue ── Sim, mas se quiser fazer DNA para ter total certeza.

──── Cala boca e me escuta. ── Digo e vejo a mesma se aquietar e me olhar ── Eu posso assumir esse bebê ou você ainda quer que eu seja somente o padrinho?

𝗛𝗜𝗚𝗛 𝗜𝗡𝗙𝗜𝗗𝗘𝗟𝗜𝗧𝗬 ─ 𝘱𝘢𝘣𝘭𝘰 𝘨𝘢𝘷𝘪Where stories live. Discover now