𝗛𝗜𝗚𝗛 𝗜𝗡𝗙𝗜𝗗𝗘𝗟𝗜𝗧𝗬 ─ 𝘱𝘢𝘣𝘭𝘰 𝘨𝘢𝘷𝘪

12

CAPÍTULO XII - 12
"Frente a frente"

STELLA GARCIA
Barcelona, Spain

Eu sempre amei assistir filmes românticos, mas eles nunca me prepararam para enfrentar essa situação. Isso só pode ser castigo.

Vou para casa caminhando com a minha antiga mochila roxa nas costas, pois foi onde coloquei algumas coisas básicas para passar esses dias na casa do Gavi. Busquei algumas roupas e itens íntimos na minha casa enquanto Eric estava no treino, e agora me encontro aqui retornando.

──── Stella ── ouço uma voz familiar, e ao olhar para o lado encontro Ansu em seu carro com a janela aberta. ── Vem, eu te levo.

──── Obrigado, mas eu prefiro ir andando. ── Digo sincera. Eu só quero ficar sozinha e colocar a mente no lugar antes de chegar em casa.

──── Tem certeza?

──── Uhum ── digo e vejo Ansu me olhar desconfiado ── Eu estou bem, sério. Só preciso pensar um pouco.

──── Se você diz... ── sei que Fati está preocupado e não quer me deixar ali sozinha, mas eu realmente preciso de um tempo só para mim ── mas qualquer coisa me liga.

──── Se é o que você quer...

Continuo a caminhada e ao passar no parque que Gavi e eu costumávamos passar o tempo, vejo várias crianças correndo, casais andando de mãos dadas, famílias fazendo piquenique e sorrio um pouco triste.

Eu sempre imaginei que em um futuro eu viveria isso com o Gavi. Nós dois andando de mãos dadas enquanto nossos filhos andariam na nossa frente animadas para brincar, nós dois estaríamos casados e felizes. Mas agora me encontro aqui, grávida do meu ex namorado que está com outra, solteira, com minhas redes sociais explodindo de tantas notificações por conta da revelação que o Eric fez. Me sinto completamente sozinha.

Eu realmente não quero atrapalhar a vida de ninguém, só queria ser feliz.

Respiro fundo com a mão na maçaneta da porta de casa e penso se eu realmente estou preparada para encarar meu irmão. Mas antes que eu pudesse gira-la, alguém abre a porta, me fazendo quase cair dentro do cômodo.

──── Já voltou da casa do seu amante? ── é o Eric.

──── O que EU fiz para estar me tratando assim? ── olho para meu irmão com os olhos ardendo.

Não chora na frente dele, Stella. Não chora. Penso comigo mesma.

──── A Sarah não merecia isso...

──── E eu, que sou sua própria irmã? Caramba, Eric. Assim como você, eu também não fazia ideia que ele estava ficando com alguém naquela época ── digo sincera ── Eu nunca teria ficado com ele se soubesse da Sarah. Mas você só pensa em uma garota que não quer NADA com você, enquanto sua própria irmã que se lasque e sofra com toda essa merda que você soltou ao vivo na entrevista.

Sinto as lágrimas começarem a escorrer pelo meu rosto e cada vez se tornando mais difícil de conte-las. Não quero que o Eric me veja fragilizada assim.

──── Licença ── digo antes que meu irmão pudesse responder alguma coisa, e vou direto para meu quarto.

Me forço a não seguir derramando lágrimas, não quero entrar em uma crise de choro. Preciso ser forte, pois tem alguém dentro de mim que precisa da mãe bem.

Vou até o banheiro, lavo o rosto, o seco e caminho em direção ao grande espelho do meu quarto, e pela primeira vez resolvo conversar com meu bebê.

──── Oi filho ── levanto a camiseta para ver a barriga. Ela ainda está imperceptível, mas já consigo perceber um pequeno volume como se fosse um inchaço. ── Como você está?

Acaricio minha pequena barriguinha que nem parece ser de grávida. A sensação de ter uma pessoa dentro de mim é estranha, e saber que esse ser humano vai depender de mim para tudo me assusta bastante. Eu não sei cuidar nem de mim mesma, como vou cuidar de outra pessoa?

──── No momento a mamãe está meio triste, mas não é por sua causa, oky? ── digo como se meu bebê realmente fosse me ouvir e entender ── Aqui fora está tudo um caos, muitas coisas estão acontecendo, mas a mamãe promete que vai se cuidar para que você fique bem, e vou tentar ser a melhor do mundo.

Eu sei que ele não me entende e que é patético ficar em frente a um espelho falando "sozinha", mas de alguma forma isso está me trazendo um certo conforto.

Saber que eu sou mãe me dá muito medo, principalmente sabendo que tenho o pai dele distante, mas saber que tenho um pedacinho dele para amar e cuidar pelo resto da vida me consola.

──── Eu preciso te esquecer, Pablo Gavira ── penso em voz alta, e solto um suspiro ── Mas como fazer isso sabendo que tenho uma parte de você dentro de mim?

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Sei que sou culpado da minha sorte
E que o meu sofrimento não te fará voltar

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Queria poder me esquecer de você
Com outra te tirar para sempre de mim
Te dizer na cara que você não me faz falta
Para poder viver
Queria te apagar do meu coração
Tirar da minha boca o seu doce sabor
Não sentir sua falta ao chegar a noite
E sem censura me resignar ao seu adeus
Mas é que ainda te amo

━━ Quisiera poder olvidarme de ti
Luis Fonsi