CAPÍTULO XVII - 17
"umbrella"
STELLA GARCIA
Barcelona, Spain
──── Não, não, não!
Olho em direção a porta para ver quem é, e encontro Ansu parado tapando os olhos com as mãos.
──── Vocês me traumatizaram pelo resto da vida! ── Fati comenta com um tom de indignação.
Ele se acha no direito de estar indignado? Ele atrapalhou meu momento!
──── Por que está aqui? ── pergunto enquanto Gavi sai de cima de mim, se deitando ao meu lado.
──── Queria saber como você estava, e quando toquei a campainha seu irmão abriu para mim e disse que eu poderia vim ao seu quarto, pois você estava aqui.
──── E você não podia ligar? ── Gavi indaga ── Tem celular para que, inferno?
──── Eu queria ver com meus próprios olhos, e acabei vendo outra coisa ── Ansu faz cara de nojo.
──── Não estávamos fazendo nada! ── tento me defender, mas Gavi resolve completar minha frase:
──── Ainda. Se o Ansu não tivesse atrapalhado, talvez estaríamos sim.
──── Cala boca, Gavira! ── exclamo sentindo meu rosto queimar. A essas alturas eu já devo estar vermelha.
──── Bom... ── Ansu começa a dizer ── já vi que você está ótima, agora é melhor eu ir.
──── Agora que já atrapalhou... ── Gavi comenta sem muita paciência.
──── Isso é para vocês aprenderem a se comer de porta trancada ── Fati comenta ── Imagina se fosse o filho de vocês entrando aqui e vendo essa cena?
──── Só me faz um favor? ── pergunto, e Fati assente me olhando ── Cala boca e não conta para ninguém o que rolou aqui.
──── É óbvio né, eu não sou o seu irmão.
──── Queria te convidar para ir lá em casa ── Gavi comenta olhando em meus olhos.
──── Eu também estou convidado? ── Ansu pergunta e posso ver a esperança de um sim em seu rosto.
──── Não???? ── Gavi responde ── Quero mostrar para a Stella os presentes que comprei para o bebê.
──── Vocês me rejeitam demais. Aposto que não fariam isso com o Pedri.
──── Ansu, não começa que eu não estou com paciência para drama. ── digo.
──── Está precisando dar o cu para ver se relaxa, uma pena que atrapalhei o momento.
Sem pensar duas vezes, pego um dos meus travesseiros e jogo com certa brutalidade em Ansu.
──── Grossa! ── ele exclama.
──── Ridículo!
──── Otária!
──── Idiota!
──── Chega vocês dois! ── Gavi exclama em alto e bom som, interrompendo nossa "discussão" ── Estão parecendo duas crianças. Eu vou colocar a camisa e podemos ir lá em casa ver os presentes, e você ── diz se referindo ao Ansu ── Tchau!
──── Mas...
──── Tchau! ── Pablo interrompe o Ansu antes mesmo que ele pudesse formular uma frase.
──── Eu vou me trocar e já vamos ── comento ao me levantar da cama e pego uma roupa de frio.
Me tranco no banheiro e coloco uma uma calça jeans escura, um cropped preto de manhã longa e uma jaqueta preta por cima, em meus pés calço meu tênis jordan preto e branco. A manhã está fria, e o céu nublado, tenho certeza que vai cair um temporal hoje.
Saio do banheiro e encontro Gavi de pé com um guarda chuva em uma mão e o celular na outra.
──── O Ansu já foi? ── o questiono e Gavi concorda com a cabeça ── Não veio de carro? ── pergunto e o mesmo nega.
──── Não moro tão longe daqui, não ia compensar tirar o carro da garagem para vim aqui.
Concordo e seguimos rumo a casa do Gavi, mas antes que de chegar ao nosso destino, uma chuva nos alcança.
Gavira abre seu guarda chuva para nos proteger daquelas gotas grossas que estão caindo. Seguro em seu braço e me sinto como se tivesse quinze anos novamente jogando basquete com o meu namorado no meio de um temporal, enquanto a tia Aurora gritava pela janela para entrarmos logo.
──── Que carinha é essa? ── Gavi me questiona enquanto caminhamos.
──── Só estava lembrando da vez que jogamos basquete na chuva.
──── "Jogamos" não é bem a palavra certa, já que você ficou sentada em meus ombros para acertar a bola na cesta ── Gavi me recorda e eu solto uma risada sincera ── Você era péssima!
──── E no dia seguinte amanhecemos resfriados ── rimos juntos recordando esse momento. Nossas mães quase nos mataram por ter ficado igual crianças brincando na chuva.
Sinto um forte vento entrando em contato com meu rosto, fazendo com que eu aperte ainda mais o braço do Gavi.
──── Está com medo do vento? ── Pablo pergunta com humor.
──── Que? Não! ── respondo ── É que o vento está gelado.
──── É lógico que o vento está gelado, não estamos no deserto.
Ia contestar mas outra rajada de vento bate com força, fazendo o guarda chuva se entortar para cima. Pablo tenta arruma-lo, mas sua falta de delicadeza faz com que quebre.
──── Gaviiii ── sinceramente? Não sei se rio dessa situação ou se sento no meio da rua e começo a chorar.
──── Foi mal ── Gavira da um sorrisinho culpado.
Solto seu braço e o mesmo joga o guarda chuva quebrado na primeira lixeira que encontra.
Vejo Gavi tirar sua blusa de moletom e apenas o olho séria.
──── Está louco? Olha o frio!
──── Minha imunidade é boa ── Gavira contesta ── Agora quem não pode ficar gripada é você, gravidinha.
──── Gavi, por favor, não quero te ver passando frio por minha causa.
──── Eu não me importo.
Pablo coloca seu moletom sobre mim. Seria um gesto fofo se não estivéssemos totalmente molhados debaixo dessa chuva. O moletom encharcado dele não está ajudando em nada, mas vou deixar ele acreditar que está me cuidando.
──── Vamos logo, não quero que tome mais chuva ── Gavi diz segurando minha mão e começa a correr.
O sigo nessa corrida, mas não demora muito para eu desacelerar o passo sentindo uma tremenda falta de ar.
──── Eu não sou atleta e estou grávida, não consigo te acompanhar ── reclamo fazendo ele parar em minha frente e se abaixar ── O que foi?
──── Sobe nas minhas costas.
──── Mas, Gavi...
──── Sobe logo!
Subo em suas costas, e assim Pablo se levanta segurando em minhas coxas com força para eu não cair. Envolvo meus braços em seu corpo para garantir que eu não vá de encontro com o chão antes de hora, e assim Gavi caminha em passos largos até sua casa.
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