RockStar PJM+JJK

By swettbi

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Eu não queria me envolver. Eu não acreditava mais no amor, depois de algumas desilusões amorosas e o casament... More

CASTING+AVISOS SOBRE A FIC
CAPÍTULO UM
CAPÍTULO DOIS
CAPIITULO TRÊS
CAPÍTULO QUATRO
CAPÍTULO CINCO
CAPÍTULO SEIS
CAPÍTULO SETE
CAPÍTULO OITO
CAPÍTULO NOVE
CAPÍTULO DEZ
CAPITULO ONZE
CAPÍTULO DOZE
CAPÍTULO TREZE
CAPÍTULO QUATORZE
CAPÍTULO QUINZE
CAPÍTULO DEZESSEIS
CAPÍTULO DEZESSETE
CAPÍTULO DEZOITO
CAPÍTULO DEZENOVE
CAPÍTULO VINTE
CAPÍTULO VINTE E UM
CAPÍTULO VINTE E DOIS
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
CAPÍTULO VINTE E CINCO
CAPÍTULO VINTE E SEIS
CAPÍTULO VINTE E SETE
CAPÍTULO VINTE E OITO
CAPÍTULO VINTE E NOVE
CAPÍTULO TRINTA (FINAL)

VINTE E QUATRO

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By swettbi

Bem vindos de volta, Rockeirinhos.

Como vocês estão?

O capítulo de hoje contém altas emoções, e sentimentos, por favor, não fiquem bravos com o Jungkook, cada uma lida com a dor da forma que consegue.

O Ji entende isso, e tudo certo. Então sem brigas okay?

E é isso.

A #RockStarBonitão está rolando e eu vejo todas as interações, por mais que sejam poucas, eu gosto.

Me sigam por favor, o link na bio.

Esses dias eu ando bem ausente com a fic, mas explico isso depois.

Espero que gostem do capítulo.

Boa leitura.

🎤🎸

JIMIN

Jungkook travou no meio do aeroporto, tínhamos acabado de chegar em Seoul, seu celular estava tocando e ele atendeu, e desde então ele tá travado.

Seu rosto estava contorcido em preocupação,  sensação que eu tinha, era que algo grave tinha acontecido, e eu tive todas certeza quando ele se virou e disse:

— Vovó Ming tá no hospital. Merda, Ji. – Disse com a voz trêmula. – O quê eu faço?

— Vai atrás dela, vou tentar ir com você, espera um minuto.

Peguei meu celular e avisei o Jin que ficaria fora da cafeteria pelos próximos dias. Eu corria um grande risco de demissão, por estar sumindo assim, mas parece que o Jin avisava e convencia nosso chefe.

Ele apenas mandou um "Okay", e pediu para avisar quando voltasse.

— Amor, Jungkookie, liga pro seu produtor, pro Guinho, avisa que você vai ficar uns dias fora, e ele avisa pro seu empresário, sei lá. – Digo chamando sua atenção, ele parecia muito perdido. Faria o possível para tentar dar uma direção para ele.

— Certo, vou fazer isso. – Pegou o celular e carteira, me entregando o cartão. — Compra duas passagens de avião, o jatinho é só para fins da empresa.

Vi ele pegar o celular e digitar alguma coisa, logo o colocando na orelha, eu decidi ficar quieto e apenas ir comprar aquelas passagens.

Talvez por sorte ou não, mas a fila de compra estava vazia, tinha só mais uma pessoa em minha frente. Suspirei impaciente enquanto o homem discutia com a moça.

— Senhor, peço que se retire, não temos essa passagem que está pedindo, não temos voo direto, somente escalas e parece que o senhor não quer. – Disse educadamente enquanto sorria, o homem bateu as mãos no balcão e saiu extremamente irritado, pisando duro. — Bom dia senhor, em que posso ajuda-lo?

— Bom dia, eu gostaria de duas passagens para Busan por favor. – Digo e ela assente digitando algo em seu computador.

— Classe executiva ou econômica? – Me olhou.

— Tem diferença? – Ela assentiu. — Hmhm, não sei, deixa eu perguntar aqui para ele... — Vi Jungkook se aproximando, parando atrás de mim, colocando as mãos em minha cintura. — Oi meu amor, a moça perguntou se é classe econômica ou executiva, não sabia qual você gostaria.

— Executiva por favor. — A moça olhava Jungkook admirada, revirei os olhos incomodado.

— Certo, sessenta mil wons, qual a forma de pagamento? – Pergunta sorrindo para Jungkook, diretamente para ele.

— Cartão, moça. – Entrego e ela pega, me olhando.

— É debito senhora. – Jungkook diz e eu me afasto mais do balcão, me apoiando no peito de Jungkook, o mesmo aperta minha cintura.

— Aqui senhores, tenham uma boa viagem, seu voo sai em duas horas. – Nos entrega as passagens junto com o cartão e o recibo.

Eu tinha que pegar roupas. Por isso, pedi para que Jin me trouxesse algumas roupas, não sei quanto tempo ficaria ali, mas de todas as formas, precisava de blusas de frio. Um hora e meia depois, Jin apareceu correndo com uma mala.

— O quê tá acontecendo? – Me perguntou assim que entregou a mala.

— Depois eu te explico, hyung, quando tudo se acalmar. – Deixo um beijinho em sua bochecha.

"Passageiros com destino a Busan Coreia do Sul, número 32145° por favor se dirigir ao portão de embarque B"

Me levanto junto com o Jungkook, e seguros suas mãos em forma de conforto. Sorrindo triste ele apenas aperta minha mao e seguimos para o portão de embarque.

Entregamos nossas passagens e passaportes, que logo recebemos de volta. Entramos no avião, antes passando por um corredor pequeno. Nos sentamos lado a lado, eu na janela e ele no lado do corredor, apoiou sua cabeça em meu ombro depois de por o cinto e suspirou triste.

— Não se preocupe amor, deve ter sido só uma queda de pressão, fica tranquilo. – Tento conforta-lo. — Não deve ser nada sério.

Ele apenas concorda e deixa um beijo em minha bochecha, me fazendo sorrir pequeno.

Ser sensitivo as vezes é uma droga, eu estava sentindo que essa viagem a Busan renderia, muita, muita dor de cabeça, tristeza e frustração. E tinha um grande medo de que Jungkook sofresse um baque tão grande, que talvez ele ficasse naqueles transes de negação. E meu maior medo é não poder ajudar ele.

A viagem de trem até Busan durava duas horas, como estávamos de avião, não duraria mais um uma hora. E foi aí que eu olhei para o lado e vi a paisagem daqui de cima, é tudo tão pequeno, as nuvens eram extremamente fofas, se essas janelas pudessem ser abertas, talvez eu pudesse encostar nessa nuvem, e ver se era fofinho mesmo.

🎸🎤

"Senhores passageiros, por favor, coloquem seus cintos, que estamos pousando em Busan, Coreia do Sul. Desejo a vocês um ótimo resto de viagem."

Depois de uma hora o avião estava pousando. Senti meu namorado ficar tenso ao meu lado, sua mãos estava gelada e suando, ele estava realmente estava nervoso. Apertei sua mão em conforto e ele sorriu pequeno, sem mostrar os dentes.

Depois de desembarcamos, e pegarmos nossas malas, Jungkook queria ir direto pro hospital, e foi difícil convencer ele a ir procurar um hotel para deixar suas coisas ou ir para a casa da vó dele.

— Jungkook, amor, presta atenção em mim. – Segurei as laterais de seu rosto com minhas mãos. — Amor, você tá muito nervoso, muito ansioso, e muito abalado, por favor, vamos achar algum lugar para colocar as malas, você come alguma coisa, toma um banho e esfria sua cabeça, fazer alguma coisa de cabeça quente não vai te ajudar em nada. — Vejo ele me olhar atendo e depois suspirar.

— Eu sei que eu tô nervoso, tá? Eu sei disso, mas é que a vovó Ming é a mulher mais importante da minha vida, ela me criou sabe? Me ensinou tanta coisa, e eu não sei o que vai ser de mim, se por algum acaso, algo acontecer com ela. — Seus olhos estavam marejados.

— Amor, nada vai acontecer com ela. – Digo sem certeza nenhuma do que poderia acontecer.

— Promete?

— Amor, não posso prometer isso, queria mesmo, mas não posso, seria estar alimentando uma culpa muito grande tanto para você quanto para mim. – Sorri e beijei seu nariz. — Mas o que eu posso te prometer nesse momento, é que eu vou estar com você, aconteça o que acontecer. Você pode contar comigo para tudo, eu juro.

— Até se eu fosse um Viking líder da aldeia e fosse um babaca que te acusa de várias coisas e depois se apaixona por você? – Pergunta sorrindo.

— Claro que sim, não existe um único universo onde eu não me apaixone por você, te ame e te cuide, seria impossível, eu sou você...

— E você sou eu. – Completou e eu sorri, beijando sua boca, soltando seu rosto.

— Vai fazer o que eu falei? – Perguntei segurando suas mãos.

— Vou sim, meu bem. Você está certo, desculpe por ser imprudente desse jeito. – Ele segurou novamente minha mão e me puxou na direção de um taxi parado na porta de saída do hospital.

Entramos no taxi e o Jungkook indicou um hotel, que chegamos rapidamente. Entramos, fizemos o necessários para termos onde dormir e subimos para o quarto, pedi para ele pedir algo simples, já que era somente para nos dois. Jogamos a bolsa em cima do sofázinho que tinha ali e ele se deitou de bruços, abraçando o travesseiro.

— Vai descansar, quando acordar, você toma um banho, come e vamos ver sua avó. – Me deito em cima de suas costas. — Eu te amo Jungkook, tô por aqui, para sempre.

— Para sempre. – Sussurrou antes de cair no sono, comigo em cima dele mesmo, sorri e fiquei ali, e acabei por dormir ali mesmo, em cima do meu namorado confortável.

Quando acordamos, passava da cinco da tarde, fui o primeiro a me levantar, aproveitei para tomar um banho, e pedir serviço de quarto, deixei a comida arrumada em cima da mesinha do quarto e fui para o meu banho.

Quando sai, usava uma calça de moletom, com meu all star preto, e uma camisa preta. Jungkook estava sentado na cama, coçando os olhos, cheguei perto e fiz um carinho gostoso em seu cabelo.

— Acordou, amor? Tá com fome? – Ele me abraçou, e esfregou o rosto em minha barriga. Logo me puxando para me sentar em seu colo, de lado, em uma das pernas, ainda abraçado com a minha cintura.

— Oi, meu bem. Acho que dormi muito, não me acordou, por quê? – Resmungou

— Amor, eu acabei dormindo em cima de você, eu acordei agora pouco, pedi serviço de quarto e fui tomar banho. – Digo passando a mão por seu rosto.

— Tudo bem, vou tomar um banho e ir comer rapidinho, quero ver a vovó Ming. – Me levantei e ele pegou suas coisas, indo para o banheiro. Me sentei na mesinha onde estava posto nosso alimento, e fiquei ali esperando enquanto mexia no celular.

Ele vibrou em chamada e eu atendi.

— Oi Tata.

— Oi chimmy, como tá aí? Tá todo mundo preocupado, a gente tá tudo reunido em um só lugar para poder ficar mais fácil de todo mundo saber. Você está no viva voz. – Contou preocupado.

— Ah Tata, o Kookie tá todo nervoso, a vovó Ming tá no hospital, e você sabe como ela é importante para ele, acho que eu nunca vi meu namorado assim, tenho certeza que fiz a escolha certa vindo com ele, mesmo que isso custe meu emprego.

— Fez o certo sim, Jungkook não consegue se expressar muito bem, ele fica introvertido, triste e se mantém longe, distante. Fica com ele por favor, e vai nos dando notícias. – Ouvi a porta do banheiro se abrir e eu olhei para trás, vendo Jungkook sair secando seus cabelos.

— Vou desligar, mais tarde te dou notícias, vamos comer a ir pro hospital.

— Tudo bem, qualquer coisa me avisa. Beijos, se cuidem, eu amo vocês.

Desliguei e vi quando Jungkook se sentou ao meu lado.

— Com quem falava? – Perguntou, enquanto me servia e colocava o prato em minha frente.

— Com o Tae, ele estava preocupado. Aí contei o que tinha acontecido e ele pediu para mantermos eles informados pois estão preocupados. – Fui honesto.

— Tudo bem...

Se serviu e comeu em silêncio, fiz o mesmo. Quando terminamos, arrumamos as coisas e ligamos pro serviço de quarto vir buscar, logo depois saímos, indo de taxi pro hospital.

O caminho levou em torno de vinte minutos, e ele voltou a ficar tenso, pagou o motorista e saiu correndo do carro, entrando na recepção.

— Oi, eu vim ver uma paciente, que deu entrada aqui entre ontem e hoje. – Parei ao seu lado.

A recepcionista olhou sem vontade nenhuma para ele voltou para seu computador.

— O nome da paciente e seu parentesco com ela. – Mascou seu chiclete fazendo barulho irritante.

— Jeon Ming Junieun. E eu sou neto dela.

— E ele? – Apontou para mim.

— Meu namorado, é da família.

— Hum, tudo bem. Ela está no quarto andar, quarto 541. – Ele saiu correndo e eu fui atrás.

— Amor, pelo amor de Deus. Anda devagar, e agradece os outros pelo serviço prestado, não adianta nada você ser mal educado assim, isso não vai acelerar seu tempo de chegada. – Tento segurar sua mão e ele a puxa.

— Não é sua avó ali, por isso você fala essas coisas. – Disse rude. — Pode não adiantar nada para você, mas para mim poupa tempo, e muito, não preciso que você diga algo sobre isso para mim. – Foi rude novamente.

Eu não disse nada, fiquei chateado é claro, meus olhos encheram de lágrimas, e fiquei ali parado.

Eu só estava tentando ajudar, não precisava ser rude assim. Limpei as lágrimas rapidamente, e deixei ele ir na frente, andando depois, bem atrás, não queria falar com ele agora.

Quando cheguei, ele falava com uma mulher muito bonita, deve ser a mãe dele, parei um pouco afastado, me sentando em uma cadeira e me mantive afastado.

— Oh, você deve ser o Jimin, muito prazer, sou a mãe do Jungkook, Jeon In Ji. – Se aproximou e estendeu sua mão, apertei e ela sorriu, fiz o mesmo. — Você é muito bonito, Jimin. Foi um prazer te conhecer, apesar das circunstâncias.

— Eu compreendo como deve estar se sentindo. Ter algum parente em hospital é destrutivo né? Fica tranquila, estou aqui para dar apoio. – Sorrio gentil. Jungkook se senta ao meu lado, e pega minha mão, afasto e a deixo em meu colo.

Ele franze as sobrancelhas e me olha, me mantive quieto, em silêncio.

O médico logo apareceu e os dois levantaram.

— Parente, da senhora Ming?

— Somos nós. – Disseram juntos.

— Qual o problema doutor, estava tudo bem com ela a dois dias. – A mulher tremia a perna em nervosismo.

— Sua mãe está com um câncer de pulmão em estado avançado. Aparentemente, ela já vem passando por tratamento à alguns meses. Ela não chegou a mencionar com vocês? – Negaram. – Sabe o que causa um câncer de pulmão?

— Não, senhor.

— Olha senhora Jeon, recomendo que vocês vivam o tempo que der, ela alegou que o tratamento não fazia efeito a algum tempo, por estar avançado demais. Tem algum familiar de vocês, que tenha tido câncer?

— Não me recordo, acho que meu avô, por parte de mãe morreu de câncer de próstata. – Senhora Jeon disse.

— Tudo bem, sua família já tem um histórico de câncer, independente de qual seja. Ela disse que não quer continuar o tratamento, alegando sofrer muito de dores durante a radioterapia, e que como não faz mais efeito, não tem sentido continuar, e ela prefere que assim seja. – Contou, colocando o prontuário debaixo do braço. — Vocês podem ver ela, um de cada vez no quarto, por favor. Ela está bastante falta de ar e não consegue falar direito, não sei como não desconfiaram antes.

— Vai você primeiro, filho, eu fico aqui e vou depois. – Jungkook assentiu e deixou um beijo em sua testa, não me olhou, e entrou no quarto. — Como você está, Jimin? – Se sentou ao meu lado.

— Estou bem, não gosto muito de hospitais, sabe...

— Oh, algum parente seu ficou internado muito tempo? Desculpa se foi invasivo, só me interessei, não precisa responder.

— Não, tudo bem... eu não me importo de falar, não agora pelo menos. – Sorri gentil. — Sabe, meu avô por parte de pai, tentou matar minha avó, quem me conta essa história é meu pai, já que foi ele que ouviu os gritos da vovó no banheiro, ele tinha conseguido desmaiar ela, mas ela ficou no hospital por uns dias.

— Sinto muito, de verdade. – Segurou minhas mãos.

— Eu não era nascido quando aconteceu. Mas a razão de eu não gostar de hospital, foi que meu tio, por parte de mãe, ele era como um pai para mim, eu tinha dezessete quando ele ficou internado, eu não podia visitar por ser menor de idade, eu estava muito muito triste, mas foi de um dia pro outro, na quinta ele foi internado, e na sexta ele veio a óbito, sendo honesto, aquilo mexeu muito comigo, já que eu não podia passar da recepção do hospital, então eu senti que eu vi ele ali, e não pude me despedir. No dia do enterro, eu chorei tanto, tanto, passei três dias chorando, direto, ele foi um dos caras mais importantes da minha vida. – Sorri triste. — No dia do enterro, e pude me despedir ali, somente ali, segurei suas mãos e disse que estava tudo bem, que eu ficaria bem e que ele poderia ir descansar que ele não precisava mais cuidar de mim, por mais que nada substituísse a falta que ele iria fazer, eu tinha que deixar ele ir, e me doeu tanto, tanto, senti como se um pedaço do meu coração tivesse sido levado junto com ele. Hoje em dia eu superei, mas  de vez em quando, eu sonho com ele, então mata um pouco saudades.

— Oh meu bem, eu sinto muito por estar passando por isso novamente. – Limpou meus olhos que eu nem percebi que estava chorando. — As pessoas passam por nossas vidas, para ensinar algo, e quando essa lição foi terminada, ela se vão, indo para outro lugar, descansar. Pessoas são passageiras, com uma única passagem, só de ida.

— Obrigado, eu vou pegar um suco, a senhora quer algo? – Pergunto me levantando.

— Não, querido, pode ir, quando Jungkook sair, eu aviso onde você está. – Sorriu e eu fui atrás do meu suco.

Na verdade o suco foi uma desculpa esfarrapada. Eu me senti um intruso ali e precisei sair.

Peguei um suquinho de uva na maquina, e me sentei nas cadeiras ali na frente, tomando devagar.

Estou chateado, não vou mentir, o jeito que ele falou comigo, como se todo suporto que eu estou tentando dar não fosse nada. Me sinto muito mal vendo que não estou sendo valorizado, ele brigou comigo por muito pouco e foi rude igualmente.

Se ele não precisa que eu diga algo, então me manterei em silêncio, já que falar algo o incomodava, vou deixar que ele chore sozinho, brigue sozinho, reclame sozinho e acima de tudo, ficar sozinho, não estou sendo bom para ele e seu modo de falar, diz muito sobre isso.

Quando termino meu suco, jogo a garrafinha ali no lixo, e, pego outro, me sentando novamente. Vou matar o tempo enquanto estiver aqui.

Ouvi passos apressados, até o corredor onde estava, e médicos passaram correndo com uma maca, com uma criança em cima. Os pais corriam apressados atrás do médico, chorando e pedindo uma explicação.

— A partir daqui, vocês não podem passar, área restrita somente para funcionários. – O médico parou em sua frente, e eles assentaram depois da explicação.

— Como não podemos? É nosso neném. Por favor. – O pai suplicou para poder entrar.

— Não posso senhor, área de cirurgia, somente pessoal autorizado. – Disse e entrou na porta, sumindo logo em seguida.

Olhei para a placa em cima da porta.

"SALA DE CIRURGIA" estava escrito em letras maiúsculas. Os pais se sentaram em minha frente e me olharam.

— Seu filho esta internado aqui também? – Me perguntaram.

— Na verdade não, vim acompanhar meu namorado, ele tá visitando a avó dele, na área de câncer. – Sorri gentil.

— Ah sim.

— E vocês? Vi o neném entrando ali dentro. Esta tudo bem? – Perguntei, puxando papo.

— Ah, ele nasceu com insuficiência cardíaca, o coração não bombeia o sangue como deveria, ele fez o tratamento, mas não deu muito certo, ele está na fila de espera por uma coração novo desde os dois meses, atualmente ele tem cinco anos, outra criança morreu e ele ficou com o coração dela. — Seus olhos estavam marejados.

— Sabe, não sou muito bom em confortar pessoas, ou dizer palavras que ajudam, mas eu tenho total certeza que vai dar tudo certo, seu filho vai viver uma longa vida, cheia de coisas boas, felicidade e tudo que o mundo pode oferecer de bom. – Sorri, jogando minha garrafinha de suco no lixo.

— Nós agradecemos, de verdade. – A mulher disse. — Acho que precisávamos ouvir isso, sabe. Não temos família, meus pais não falam comigo, desde o meu casamento, acho que é porquê não quis casar com alguém rico e juntar empresas, preferi casar com alguém trabalhador, que vivia de uma cafeteria de bairro e tinha uma vida monótona, e estamos bem, quase vinte anos juntos.

— É bastante tempo, dá para ver o quanto se amam, eu gostaria de viver assim com alguém, desejo boa sorte para o filho de vocês, mas agora preciso ir, vou atrás do meu namorado. – Me levantei e voltei a andar.

Não queria encontrar com o Jungkook agora, ainda estava chateado, precisava ser rude comigo daquela forma? Eu só estava tentando ajudar.

Voltei ao corredor onde estava com a mãe dele e o encontrei sentado ali, mexendo no celular, talvez avisando os meninos, me sentei ao seu lado.

— Onde estava? – Perguntou sem me olhar.

— Sua mãe não comentou? Eu fui tomar um suco. – Contei.

— Ela me disse... é que eu estava te ligando para pedir para que trouxesse um para mim, mas não atendia. Por isso perguntei. – Ainda não tinha tirado os olhos do celular. Suspirei baixinho.

— Não ouvi tocar, estava conversando com um casal que se sentou ali.

— Estava ensinando eles a dizerem obrigado para os funcionários? – Perguntou, agora me olhando, com as sobrancelhas arqueadas. – Explicou que ser grosso com eles não dá mais tempo de chegada?

O olhei indignado.

— Jungkook... como está a vovó Ming? – Fingi ignorar e voltei ao assunto principal.

— Está bem, ela pediu para conhecer você, quando mamãe sair, você pode entrar. – Peguei meu celular e abri no chat com os meninos, vendo algumas mensagens do Jin, rapidamente respondi.

🎤🎸

Quando entrei no quarto da vovó Ming, acabei entrando com certa vergonha. Tímido demais, para qualquer interação.

Fechei a porta e ela virou a cabeça em minha direção, sorrindo em seguida.

— Venha cá, querido, se aproxime...

Fiz o que foi pedido.

— Oi, a senhora esta bem? Eu sou o Jimin, namorado do Jungkook.

— Ah, eu sei, ele me falou muito sobre você quando foi me visitar.

Senti minhas bochechas esquentarem.

— Espero que só coisas boas.

— Claro claro. Mas filho, deixa eu falar aqui com você, só nós dois, essa conversa não pode sair daqui, okay? – Concordei. — O tratamento não tá dando mais solução, meu câncer aumentou de forma absurda nos últimos meses, eu não vou aguentar muito tempo, mas o que eu queria falar com você, é para cuidar do meu neto, não tô pedindo para casar, e ficar com ele pro resto da vida, jamais prenderia você dessa forma, eu to pedindo para que cuide dele, depois que eu for embora, até que ele esteja melhor novamente, ou pelo menos pronto para o mundo, e lidar com tudo.

— Claro que posso, darei todo suporte que o Jungkook precisar, eu garanto isso. Mas a senhora vai ficar bem, o tratamento vai voltar a fazer efeito, a senhora daqui a pouco está cem por cento novamente. – Sorrio segurando suas mãos.

— Você não esta entendendo né? Eu vou embora, ainda hoje meu filho, meu último desejo era ver meu Jungkook feliz e isso aconteceu, você aconteceu e ele esta muito feliz, radiante demais. Ele não precisa mais de mim, ele tem você, a mãe dele, eu sou apenas a passagem dele para uma vida boa, e ele já conseguiu isso.

— Não, ele precisa sim da senhora, a quem ele vai recorrer quando precisar de conselhos? Por favor, a senhora não pode ir assim, fica aqui, eu... eu não sei como lidar com tudo ainda.... por favor. – Meus olhos transbordavam. Ela deu uma risada fraquinha, devido a insuficiência respiratória dela.

— Ora... sabe lidar sim, o mundo não tem regras meu querido, não vem com um manual, você é seu próprio manual até descobrir como o mundo funciona. O mundo é, em todas as suas formas, uma constante descoberta, você vai descobrir como lidar com tudo, a única coisa que eu posso dizer a você, é que viva com paixão, veja tudo como se fosse a primeira vez, assim você descobrirá como lidar com tudo.

— Por favor, não sei o que fazer... a senhora não pode ir, sim? A senhora pode... pode ficar aqui, vamos cuidar bem da senhora. Por favor, não vá. – Implorei ainda chorando. Ela fez um carinho em meu rosto.

— Sabe, quando sabemos que iremos morrer, temos nosso último desejo, nossa última vontade e acima de tudo, a gente sabe, antes de qualquer um descobrir, que iremos embora, nós preparamos a família, cozinhando, damos amor, carinho, fazemos as comidas preferidas e acima de tudo perdoamos, minha última vontade foi cuidar do Jungkook quando ele foi me visitar, e meu último desejo, é que você cuide dele quando eu for, é só isso que peço para você.

— Não tem nada que eu possa fazer para que fique? – Negou. — Tudo bem, eu vou cuidar dele, fique tranquila sobre isso. – Beijei suas mãos. – Vovó Ming, foi um enorme prazer conhecer a senhora, mesmo que por pouco tempo.

— Foi um prazer também, pequeno anjo, nos vemos em uma próxima vida. – Disse, fechando os olhos.

Sua respiração foi ficando leve, calma, e por fim, parou. Suas mãos perderam seu tato quente, e seu coração parou de bater, o monitor mostrava a falta de batimentos cardíacos. Me levantei correndo e chamei por um médico da porta, esse que veio correndo e entrou na sala, me tirando de lá.

Eu estava chorando desesperadamente, senti Jungkook me abraçar e sua mãe também. Eu sentia tanto, essa dor deles, eu sentia a dor, a perda e o sentimento, eu sentia tudo, e doía, como doía.

Ajoelhei no chão, ainda chorando, Jungkook me abraçou e eu segurei sua camisa enfiando meu rosto em seu peito.

— Eu te amo... eu te amo tanto Jungkook, eu sinto tanto, amor, por favor, me desculpa, eu não pude fazer nada... – Chorei sendo abafado pelo seu peito. — Eu vou estar aqui, para tudo, é uma promessa.

E ali eu fiz, a promessa da minha vida. Prometendo ficar com ele, não por obrigação ou pelo pedido da vovó, mas sim por amor, porquê eu sabia, que amaria Jungkook, até até último suspiro.

🎸🎤

Infelizmente, a vovó Ming não resistiu, seu coração parou de bater no momento em que se despediu de mim. Tentaram fazer uma reanimação, mas sem sucesso.

Jungkook estava estranhamente silencioso, não falava, não chorava e não fazia nada, ele apenas estava ali. Ele estava fora de órbita, talvez muito abalado ainda para absorver tudo o que aconteceu.

Ao mesmo tempo que os dias passavam, e a organização do enterro acontecia, o Jungkook estava quieto. Eu insistia para ele comer, ele apenas negava e se deitava novamente, pedia para ele ir tomar um banho, novamente era negado, ele tinha entrado em um estado apático, ele não fazia nada a não ser dormir, e sinceramente, eu estava começando a ficar preocupado.

Quando tínhamos somente um dia  para o enterro, ele se levantou, tomou banho, fez a barba rala que tinha crescido, tomou café e saiu. Depois disso, ele só voltou a noite, com três enormes buques de flores, e um saco de comida, me entregando, dizendo:

— Sinto muito.

E deixou ali, o pacote, não disse nada mais além disso, se tornou silencioso, triste, e cinzento. Eu via em seus olhos, que seu brilho apaixonado tinha sumido, agora não passava de grandes bolotas pretas sem brilho, apagadas, opacas.

Eu sabia o que ele estava sentindo, ele estava em estado de negação, ele não aceitaria isso, até que alguém o puxasse de volta para a realidade em que estávamos e ele pudesse lidar com isso de uma forma saudável.

Jungkook tinha se enfiado novamente no banheiro. E ficou ali, pelas próximas três horas ele ficou ali, trancado. Antes de tudo, eu tentei abrir a porta, e chamar por ele. Ele respondeu.

— Estou bem, só preciso de um tempo.

Sua voz estava embargada, e eu sabia que ele estava sofrendo. Como eu sabia, só que eu me sentia incapaz por não poder ajudar ele. Tinha descoberto como ele lida com as dores, ele desconta sua raiva nos outros, foi o que aconteceu no dia no hospital.

— Amor, faz três horas que você está aí. Pode sair, por favor? Me diz o que sente, para que eu possa ajudar. – Bati na porta, segurando a maçaneta. – Por favor.

Estava falando de forma delicada, já que toda essa situação está delicada.

— Eu estou bem, só preciso de um tempo.

E novamente a mesma coisa foi dita. O que eu poderia fazer? Ele quer o tempo dele, darei o tempo que for necessário para que ele se sinta bem para conversar, vou apenas estar aqui, de forma silenciosa.

— Amor, amanhã é o velório, você vai? – Me sentei ali na porta, não obtive resposta. – Quando eu tinha dezessete anos, um tio meu foi internado, foi por insuficiência respiratório, ele era bem gordo, tinha diabetes, e vivia indo pro hospital por causa de asma e bronquite. – Contei. – Ele foi internado na quinta, e minha mãe me acordou de madrugada dizendo que iria para o hospital ficar com ele. Na sexta eu fui para a escola normalmente, e quando voltei, ela voltou para o hospital, eu não poderia visitar, por ser menor de idade, eu não passava da sala de recepção, então não fui na sexta. – Suspirei baixinho. – Quando deu perto das cinco da tarde, minha mãe me ligou chorando, desesperada, dizendo que ele tinha ido embora. Eu tinha grandes planos com meu tio, ele ia na minha formatura, dançaria comigo a dança dos padrinhos, seria meu padrinho de formatura, me veria casar com alguém, mas do nada, tudo parou na metade.

O barulho de descarga foi ouvido.

— Talvez amor, se eu tivesse conseguido me despedir dele, eu talvez me sentisse bem sobre a partida dele, já que estava sofrendo, mas não pude. Só no velório, e eu chorei, chorei tanto, que eu cheguei a ficar sem lágrimas, eu passei os próximos dias, muito quieto, triste, abatido, mas eu não tinha capacidade de chorar, porquê meu corpo estava tão cansado que eu não conseguia produzir as lágrimas. No velório eu me despedi dele, não falei em voz alta, mas eu disse que ele poderia descansar, que eu iria ficar bem, que ele iria fazer falta mas que talvez tenha sido o melhor para ele, já que estava sofrendo, de vez em quando, ele aparece em sonho para mim, e eu acordo chorando, mas talvez seja só a saudade falando mais alto.

A porta foi aberta, e Jungkook estava ali parado me olhando.

— Ji...

— Talvez eu não seja a melhor pessoa, mas eu estou aqui, para você e por você, eu jamais diria que sua dor é menor que a minha, eu só queria que você entendesse o motivo de eu ter dito aquilo de adiantar sua chegada. Eu te amo Jungkook, sei pelo o que está passando, e você teve a chance de se despedir, coisa que quase ninguém tem. Então por favor, não faz isso não. Não se isola desse jeito, não é saudável.

— Desculpe, meu bem. Não estou sabendo lidar sozinho com tudo isso. – Me ajudou a levantar.

— E quem disse que você precisa lidar com tudo isso sozinho? Você tem eu, os meninos, sua mãe, você tem todos nós, meu amor. – Segurei seu rosto. — Estar juntos, ser parceiros, significa ajudar, cuidar, amar e proteger, eu tô tentando fazer tudo isso amor, mas preciso que me deixe entrar por essa barreira que construiu nos últimos dias.

— Eu sei, meu bem, eu só... não estou sabendo lidar... vovó foi importante para tanta coisa, eu só... tô sentindo tanto a falta dela. – Seus olhos tinham um brilho triste.

— A dor da perda, vai embora, uma hora ela vai, a única coisa que fica, é a saudades, as lembranças e tudo de bom que aconteceu nesse meio tempo, absorva somente o que tiveram de bom.

— Tudo bem, obrigado. Eu te amo. – Deixou uma bitoca em meus lábios e eu sorri.

— Te amo também, um montão. – Beijei sua boca e sorri novamente.

Quando foi ficando ainda mais tarde, Jungkook estava sentado na cama, mexendo no celular, eu comia o que ele tinha trago para mim na mesinha do quarto.

Acabou trazendo uma comida brasileiro, arroz, feijão, bife com cebola e umas batatas fritas, e salada de alface. Realmente culinária brasileira era ótima, a padaria brasileira lá perto do trabalho era a prova disso, vivia cheia.

Quando terminei de comer, me deitei ao seu lado, depois de escovar os dentes, eu já tinha tomado meu banho durante o começo da noite então não me preocupei em fazer isso novamente. Jungkook ficou silencioso de novo, e dessa vez nao insisti para conversar sobre, apenas ele absorveria o que sente, no tempo dele.

Ele se deitou e se virou de costas para mim, e eu sabia que ele queria ser a conchinha de dentro hoje, estar protegido e se sentir assim. Então assim o fiz, o abracei por trás, beijando suas costas nuas e fazendo mesmo em sua nunca, encaixando meu corpo ao seu, sentido sua pele quente e sua respiração se acalmar enquanto dormia, sorri e o apertei em meus braços.

Estava em casa, onde quer que eu estivesse, com ele, eu sempre me sentiria em casa.

🎸🎤

No dia do velório, todos estavam ali, os únicos que eu conhecia eram os meninos, de resto, eram todos parentes do Jungkook e da senhora Ming. Eles passavam por nós e nos cumprimentavam, Jungkook e sua mãe ficaram ali na porta para receber os convidados e as flores, presentes e essas coisas, eu não fazia ideia que um velório poderia ficar tão cheio.

Jungkook ainda não chorava.

Quando levantei de manhã, ele não estava no quarto, achei que tinha ido comer, mas foi um grande engano, ele tinha saído, para comprar um terno.

— Eu não tinha roupas para a ocasião, o que é irônico, já que estou acostumado com esse tipo de coisa. Só não esperava ter um em minha família tão cedo. – Comentou triste.

Não disse nada, não diria nada. Só ele sabia o que estava sentindo, e eu jamais poderia anular isso, nunca. Então o deixei quieto.

Ele fazia tudo silenciosamente, de modo rápido e quieto, eu era um mero espectador, observando seus movimentos.

— Estou pronto, o que acha? – Ele perguntou.

— Você está ótimo, só acho estranho não estar chorando. – Comento.

— Eu não consigo chorar, Ji. Não sei, parece que ainda tô absorvendo tudo. Eu não posso chorar agora, tenho que ser forte pela minha mãe, nesse momento ela precisa de mim. – Se sentou na cama.

— Está tudo bem, quando precisar chorar, só faça, vou estar aqui para secar suas lágrimas e te ajudar. – Digo sincero.

Depois disso, me arrumei e vim para onde estou nesse momento, o velório. Alguns choravam e outros cochichando, sobre o dinheiro da senhora Ming, e os terrenos. Até em um velório eles pensam nisso, céus.

– Esse povo é quem? – Pergunto para Tae.

— Eu não faço ideia, eu só conheço o tio do Jungkook, que aliás é homofóbico. – Fez cara de desgosto.

— Deus, vovó Ming criou todos tão bem, como ele saiu homofóbico? – Hobi perguntou olhando para o homem citado.

— Não faço ideia, talvez o pai dele, fosse um ótimo marido e pai, mas um homofóbico, é a época em que eles foram criados, você sabe. – Namjoon disse.

— Vovó Ming foi criada na mesma época que o seu falecido marido, e a mãe do Jungkook foi criada na mesma época que o tio, não faz sentindo ele ser assim. – Jin comentou baixinho.

Estávamos nos cinco ali reunidos, IU, Yoon e Lisa ainda não tinham chegado, confirmaram presença, mas não chegaram ainda.

Apesar de tudo, tinham paparazzis por todo lado, eles não tinham acesso e não podiam entrar, mas do lado de fora, quem passasse e viesse em direção ao velório, eles faziam perguntar e tiravam fotos. Realmente, fofoqueiros em uma profissão merda.

Jungkook caminhou em minha direção.

— Oi meu amor, está tudo bem? – Pergunto quando para em minha frente.

— A gente pode sair daqui, só por um minuto? – Pergunta, receoso mordendo os lábios.

— Claro que sim, só vou avisar os meninos. – Me viro e chamo eles. – Eu vou sair rapidinho com o Jungkook, quando o resto do nosso grupo chegar, digam que eu já venho. – Eles assentiram e Jungkook saiu me puxando.

Fui arrastado até o último andar, onde tinha uma área aberta e vazia, cheia de cadeiras quebradas e ventiladores gigantes. Ele me soltou e se sentou na mureta que nos separava da morte certa.

— O quê foi, amor? – Me sentei ao seu lado.

— Estava sufocando, tinha muita gente, a maioria ali nem me conhece, ou conhece a vovó Ming, não sei o que fazer, eles parecem tão falsos em declarar seus pêsames para mim, é meio que estão fazendo isso apenas para ter seu lugar ao sol durante quinze segundos.

— Amor, eu... sendo honesto, realmente estranhei essa gente toda, ia te perguntar quando chegássemos em casa, mas você me trouxe até aqui. – Comentei segurando sua mão. — Seu tio, ele é homofóbico mesmo?

— Meu tio? – Assenti positivamente. – Ah sim, meu tio é uma pessoa difícil, ele não é de todo ruim, só não sabe lidar com a sexualidade dos outros, ele não briga, não bate, ele só não acha que seja normal, mas ele trata todos bem, a criação foi a mesma, só que cada um tem sua mentalidade.

— Certo... ele sabe... hum... ele sabe de mim?

— Sabe, só não apresentei vocês ainda, porquê as circunstâncias não estão sendo boas. – Deu uma risadinha e eu fiz o mesmo.

— Está melhor agora? – Pergunto olhando em seus olhos.

— Estou sim, mas fica comigo aqui mais alguns minutos por favor, não quero nem estar no velório, parece tudo tão mórbido e sombrio. – Fez essa confissão e deitou a cabeça em meu ombro.

— Você ainda não está chorando. Tem certeza que não consegue chorar? As vezes você tá guardando muita coisa e não é bom acumular isso tudo.

— Tenho sim, acho que se eu acumular tudo, talvez seja mais fácil colocar para fora depois.

— Tudo bem, quando se sentir pronto para descer e lidar com tudo, eu vou estar aqui. – Digo sincero.

— Obrigado, por sabe... tudo... não tenho sido o melhor namorado do mundo esses dias, talvez você tenha razão, ter sido grosso e mal educado com as pessoas não acelerou minha chegada. Você é uma ótima pessoa, obrigado por me tirar do buraco que eu tinha começado a me enfiar, não estava sendo saudável comigo mesmo. – Fez um carinho em meu rosto. Me deixando quentinho com o carinho. – Eu te amo, muito.

— Eu também te amo, muito, para sempre.

Ficamos ali sentadinhos, durante alguns minutos, esses os quais eu não contei. Quando ele se sentiu bem o suficiente para descer, fizemos isso, sempre de mãos dadas, dando apoio a ele, já que nesse momento, era o que ele mais precisava.

Me puxando pra cima, me ajudando a levantar, tiro a sujeira da minha calça social e ele faz o mesmo, segurando minha mão logo em seguida.

— Preparado? Sabe que é muita coisa, mas que estou aqui? – Pergunto sorrindo.

— Sei sim, e sou muito grato. Agora vamos, tenho que enfrentar isso uma hora ou outra. – Me puxou devagar e descemos para o lugar principal onde ocorria o velório.

Quando chegamos em frente a porta, ele travou, simplesmente não se mexia.

— O quê foi, amor? Você disse que podia lidar com isso, acha que não consegue mais? – Pergunto preocupado.

— Não consigo, não quero me despedir, a ficha vai cair e eu vou ficar mal novamente e vou chorar, e eu não quero. – Lágrimas caiam de seus olhos pretos lindos. — Posso ir embora? Por favor.

— Você que sabe amor. Se você for, eu vou entrar lá, dizer que você passou mal e vou ir atrás de ti, caso entre, estarei lá ao seu lado, segurando sua mão, sendo o pilar que te mantém em pé quando achar que vai cair. Em todos os casos, eu vou estar aqui por você. – Digo, olhando em seus olhos.

— Você acha que eu consigo?

— Claro que consegue, você pode tudo, mas, apenas se você quiser, não precisa se despedir hoje se não se sentir seguro disso, pode fazer outro dia, levar flores, a comida favorita e contar sobre seus dias e se despedir, mas ai, é você quem sabe, não posso decidir por você.

— Decida por mim, por favor. Decida por mim. – Neguei, e ele suspirou baixinho.

— Não posso, é um sentimento seu, só seu, e so você sabe o que fazer e decidir. – Ele abaixou a cabeça e respirou fundo novamente.

— Eu vou... eu vou entrar, me despedir dela. Preciso disso para que eu consiga lidar com isso.

E então, limpando as lágrimas, e ajeitando seu terno, respirando fundo e empurrando a porta. Ele estava tremendo, podia ver em suas mãos como se sentia.

— Agora que estamos todos aqui reunidos, vamos começar o velório, e logo em seguida daremos início às homenagens e despedidas. – O padre disse, e tudo a minha volta passou a ficar em câmera lenta.

Eu senti Jungkook apertar minha mão e dar um sorriso pegando em minha direção.

🎤🎸

— E agora, começaremos com a homenagem e despedidas de parentes próximos da senhora Ming. Por favor, Jungkook, se dirija até aqui em cima e nos de algumas palavras.

Jungkook se levantou, e subiu, parando ali e olhando em silêncio para nós, durante cinco minutos.

— Eu não faço ideia de como começar isso... eu realmente não esperava ter que fazer isso tão cedo. Eu tenho tanto a dizer e não consigo colocar isso em palavras. – Deu uma risadinha. – Vovó Ming é tudo para mim, minha ficha ainda não caiu, e eu não estou sabendo como lidar com isso, mas sei que não estou sozinho. – Me olhou. – Ela foi quem me deu a liberdade de ser quem eu era, foi ela quem me criou quando minha mãe ou pai não podiam ser presentes para mim, me amou, me cuidou e me ensinou tanta coisa que eu não saberia dizer aqui tudo. – Suspirou baixinho. – Ela foi e é a mulher mais importante da minha vida. Ela foi a primeira a saber que gostava do Jimin e foi a primeira a tirar o sentimento de não poder ser amado do meu coração e mente, sentimento esse que foi implantado em minha cabeça desde que tenho pouca idade. Apesar de tudo, eu posso dizer que a vovó foi a grande mulher por trás do homem que eu sou. Quando fui a visitar, nas minhas férias, ela estava tão bem, sorridente, brincalhona, eu via ela cansada e não deduzi que poderia estar doente, só cansaço de idade, e talvez eu tenha acreditado nisso, antes de ir embora, ela me pediu para ficar mais, disse que me amava, como se tivesse realmente se despedindo, mas novamente, eu não percebi. Eu não sei quando tudo aconteceu, mas graças a ela, hoje eu sou capaz de amar e ser amado, amo o que faço e serei eternamente grato a tudo que ela me fez, me disse, e me ensinou. Mesmo tempo que me despedir dela aqui hoje, nunca será definitivamente um adeus, é apenas um até logo, e eu espero vê-la em meus sonhos. Sei que a dor uma hora passa, mas a saudade que fica é o suficiente para que eu me lembre dela para sempre, amando quem foi a minha avó, e podendo agora, amar alguém igual eu queria. Então aqui eu finalizo minha homenagem e despedida, agradecendo por ela ser ela, e ser a melhor avó que eu poderia ter. Obrigado por tudo, vovó, eu te amo. – Ele fungou baixinho, e limpou seus olhos com a manga de seu paletó. Saindo daquele mini palco e se sentando ao meu lado.

Outras pessoas foram e subiram para fazer a homenagem, mas acabei não prestando atenção, já que a mesma estava totalmente centrada em Jungkook, esse que chorava copiosamente, segurando uma foto dele e da vovó juntos.

— Já passou amor, tá tudo bem agora, o mais difícil você já fez, agora o resto é com nós dois, okay? – Ele assentiu. – Quer ir embora? Não precisa ficar até o final.

— Quero, por favor, vamos para nosso quarto de hotel, no caminho compramos algo para comer. – Diz.

– Espera um pouco, vou avisar os meninos. – Eles estavam sentados um pouco distante, andei rapidamente até eles. – Vou levar o Jungkook para descansar, ele não está bem, por favor, podem finalizar isso aqui?

— Claro que sim, Chimmy, quando terminar, vamos direto para Seoul, e depois te mandamos mensagem. – Yoon responde.

—  Certo, obrigado pela ajuda, amo vocês. – Digo e mando um beijo no ar para todos. Me virando e entrando Jungkook saindo do enorme salão do velório, corri um pouquinho e o alcancei, segurando suas mãos.

— Juntos, né? – Me perguntou.

— Sempre junto, amor. – Respondi sorrindo.

Por enquanto, tudo estava tranquilo, apesar de tudo, Jungkook se encontrava bem mais relaxado agora, talvez ter chorado tenha ajudado bastante, ele guardava muita coisa para si.

E esperava que essa tranquilidade durasse por um bom tempo.

🎸🎤

E aí....

O que acharam do capítulo?
Qual foi sua parte favorita?

Deixa eu contar algo. Quando o ji conta sobre o Tio dele que morreu e não pode se despedir, eu estava usando um fato da vida real que me machucou para caramba. A história é minha... bem, hoje em dia, eu só sinto saudades e choro quando sonho com ele, normalmente ele sempre vem carregado de carinho e amor nos sonhos, nunca falando nada, apenas fazendo presença.

Gostaria de avisar a vocês, que infelizmente esse é o último capítulo pronto. Então vocês já sabem né? Att agora, só uma vez por semana.

Então eu imploro, por favor, não desistam da fic, vou tentar terminar de escrever o mais rápido possível, para que vocês não fiquem no escuro.

Obrigada a todos que leram até aqui.

Usem a #RockStarBonitão no tt, para podemos interagir, e me sigam lá por favor. Eu ficaria tão agradecida.

Espero que tenham gostado.

Nos vemos terça que vem.

Até 05/04....

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