A Ordem / Fragmentos da Etern...

By Icarosmk

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Algum tempo após o enfrentamento com membros da Ordem, os jovens agora tinham a ideia de procurar outros dete... More

01 - NOAH 風
02 - THIAGO 力
03 - ÍRIS 火
04 - ETHAN 雷
05 - KATE 土
06 - LAURA 木
07 - NOAH 風
08 - MATTEO 夢
09 - KATE 土
10 - ETHAN 雷
11 - LAURA 木
12 - MATTEO 夢
13 - ÍRIS 火
14 - ÍRIS 火
15 - ETHAN 雷
16 - KATE 土
17 - LAURA 木
18 - NOAH 風
19 - KATE 土
20 - MATTEO 夢
21 - ETHAN 雷
22 - THIAGO 力
23 - LAURA 木
24 - ÍRIS 火
25 - THIAGO 力
26 - NOAH 風
27 - KATE 土
28 - ÍRIS 火
29 - THIAGO 力
30 - Noah 風
32 - MATTEO 夢
33 - ETHAN 雷
34 - LAURA 木
35 - MARCUS 水

31 - LAURA 木

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By Icarosmk

**********

Tudo ao meu redor parecia ter se transformado em um quadro branco comigo no meio dele, não havia nada além de um interminável branco para todos os lados, comecei a me perguntar se aquele era o lugar que as pessoas viam quando estavam próximas da morte, e isso me fez perceber uma coisa mais importante, quem eu era?

Laura? Uma voz conhecida me chamou, me virei quase que em um ímpeto de desespero em busca daquela voz, mas não havia ninguém lá.

– Quem é? Onde está?

Não conseguia formular uma pergunta adequada para aquela situação, parecia que meus pensamentos se misturavam com a realidade, e ainda assim, nada se tornasse real diante de mim, era tão confuso e ao mesmo tempo tão simples.

A voz voltou a falar comigo, tentei prestar mais atenção.

– Não me procure, nesse momento eu sou só uma parte de algo maior, algo que não existe aqui e ao mesmo tempo existe.

– Isso não faz sentido! Respondi, brava.

– Eu sei, a vida real também não faz!

Houve um silêncio, por alguma razão resolvi me sentar no chão, ou o que seria a ideia de chão naquele vazio interminável, as informações vinham e iam da minha mente como se eu soubesse de tudo e ao mesmo tempo não soubesse de nada, será que coisas assim realmente existiam ou era só uma confusão mental causada por alguma coisa, como uma pancada?

– Isso! É isso, eu não deveria estar aqui, eu deveria estar em outro lugar. A sensação de falar isso em voz alta era diferente por ali, era como se eu não estivesse mesmo falando em voz alta. O que seria alto o suficiente quando nada mais existe além de você?

– Isso é verdade, e o que você ainda está fazendo aqui, Laura?

Era difícil dizer se aquela voz estava sendo rude comigo pelo seu tom de voz, não havia como saber qualquer expressão em seu rosto, se é que havia um rosto, ou até saber de onde provinham os sons. Apesar disso, eu senti como se tivesse recebido uma resposta rude, e isso, ao invés de me fazer sentir incomodo me fez sentir como se estivesse a ponto de rir.

– Quem é você realmente?Falei novamente, esperando que recebesse uma resposta melhor.

– Você já sabe, sempre soube e sempre vai saber, eu não preciso te contar isso.

– Mas poderia me ajudar a sair daqui, então?

– Também não posso fazer isso, está fora do meu departamento.

– Você tem uma personalidade que, além de me ser bem familiar é completamente irritante, e isso poderia ser engraçado se estivéssemos em outra situação.

Uma parte de mim queria continuar conversando, outra parte, queria sair dali, e uma parcela bem ínfima do meu interior, um fragmento minúsculo da minha consciência queria ver a quem pertencia aquela voz.

Você, ao menos, poderia fazer alguma coisa? Meu corpo parecia se aquecer.

– Mas eu estou fazendo alguma coisa, pelo menos não aqui e não agora.

– Sinceramente, cansei disso.

Me levantei em um salto, era como se meu corpo não possuísse gravidade alguma, ou melhor, era como se tudo ao meu redor não fosse nada, e não havendo nada, parecia que eu era a única em tudo, estava começando a me sentir estranha.

– Seja quem for, poderia me responder ao menos uma pergunta?

– Estou respondendo agora a ela.

– Mas que droga, não essa!

– Você se irrita muito fácil comigo, nem parece que é toda calma e serena com o resto do mundo...

Uma pontada, eu senti uma pontada em meu peito, não só isso, era como se parte de lembranças e memórias se prendessem a mim, me fazendo relembrar a quem se tratava aquelas palavras.

– Faz de novo...

– O quê? A voz me questionou.

– A coisa da pontada, faz de novo, acho que estou conseguindo me lembrar de algo.

– Mas não fui eu, e além disso, qual era a pergunta?

– Achei que não iria responder.

– Seu achismo é só seu, não tem que ser meu também, ou isso também é um erro? Passei por cima de sua pergunta e continuei a minha própria.

– Eu estou morta?

– Isso é uma boa pergunta, mas se eu não sei se estou viva, não sei se você está morta.

– Como não sabe se está viva?

Já estava completamente chateada com aquela situação, além de nada fazer sentido eu só conseguia ficar ainda mais confusa e frustrada, eu queria sair dali, sentia que tinha algo pra fazer e sentia que tinha algo que precisava cuidar, poderia parecer redundante estar em um lugar onde nada existe e ainda assim buscar existir, mas era isso que eu queria e era isso que eu precisava... existir!

– Exato!

– O quê? Rebati.

– Você pensou, você sabe o que precisa fazer.

– E como isso muda alguma coisa?

– Isso muda tudo!

Outra pontada, uma sensação quente começou a percorrer por minhas veias, era como a pulsação, como o correr do sangue quente, desejar existir, como apenas esse desejo conseguia me fazer sentir tudo aquilo?

Era como se eu houvesse pedido a muito tempo para cessar essas sensações, apagar tudo, estar ali me fazia pensar que eu havia desejado ser apagada também, junto com tudo e todos, como apenas desejar algo completamente sem sentido como uma existência conseguia me fazer realmente querer existir?

As confusões começavam a sumir à medida que as pontadas, que o correr quente e pulsante no meu corpo transbordava, eu não sabia exatamente como, não sabia se era uma sensação unicamente minha, mas algo em tudo aquilo conseguia me deixar mais confortável, acreditar, confiar, pensar, agir, sentir, prosseguir, mudar, ser igual ou diferente, vontades, indecisões, querer perto e querer longe, tudo isso parecia vir a minha mente de uma forma que eu não conseguia ter tempo de abstrair antes que a próxima informação viesse e viesse novamente.

– Muito bem, Laura, deseje! Você precisa desejar, pode não ser suficiente, pode ser doloroso e triste, pode ser o que for, mas deseje, isso é algo que nem mesmo o próprio vazio pode negar a você!

– Eu ainda queria saber quem é você...

Consegui ouvir um som, uma risada que transmitia conforto, aquele som parecia me abraçar, era caloroso, amoroso, todas as boas sensações que me faltavam chegar haviam surgido de uma vez com o som daquela voz, quase como se apagasse tudo de ruim que eu poderia ter, mesmo sentindo lá no fundo que todas essas sensações, positivas e negativas, sempre estiveram lá, o som daquela voz parecia suplantar tudo, e eu só queria sentir novamente, saber que poderia me permitir sentir tudo novamente, sem que doesse tanto quando deveria.

– Só volta logo! Existem pessoas esperando por você, e talvez, em algum outro momento, eu também estarei ao seu lado novamente, mas quanto a isso, eu também não sei...

**********

Foi quase como se tivesse acabado de sair do fundo de um lago, como se estivesse a ponto de me afogar e em um impulso voltei a emergir, recuperando a respiração que havia perdido, o som de uma voz me chamando, o som de algo se partindo como vidros sobre o ar, tudo pareceu me acordar com uma violência que nada mais poderia tê-lo feito.

Antes que minha mente parecesse voltar ao meu corpo imagens de alguns momentos atrás passaram sobre minha visão, era como se eu visse um filme de tudo que fiz nos últimos minutos, e aquilo foi jogado aos meus pensamentos sem que houvesse sequer uma permissão. Processei tudo e sem tempo para raciocinar algo mais, parti em direção de Thiago, despencava do céu bem na minha frente.

Por um breve momento me pareceu que ele sabia que não tocaria o chão, como se soubesse que a qualquer momento voaria, não sei porquê, mas senti como se aquilo fosse até engraçado. Direcionei minhas raízes afim de pegá-lo antes que tocasse o chão, desci e o acolhi em meus braços.

– Thiago... – Minha voz falhou por um momento, meus olhos já começavam a lacrimejar, mas não era de tristeza. – Thiago...

– Acho que fui salvo por um anjo, não é?

– Seu idiota! – Não consegui conter meu riso sobre aquilo.

– Um anjo com uma boca bem suja.

– Sim, uma boca muito suja, obrigada por estar aqui.

Voltei minha atenção para os arredores, a poeira de todo aquele ataque ainda não havia baixado, pude ouvir o que parecia ser o som de alguém ofegar, não levei tanto tempo pra relembrar que se tratava de Matteo, assim que a poeira começou a dar lugar ao ambiente consegui constatar a situação, seu corpo estava completamente machucado e ensanguentado, olhar aquilo me fez perceber que eu também não estava nas melhores condições, era como se meu corpo tivesse se machucado por toda energia que gerei além da batalha, sentia meus músculos doerem, se ele atacasse, não sabia se conseguiria reagir adequadamente.

Ele não fazia nada além de respirar compulsivamente, parecia que a qualquer momento poderia morrer ali mesmo, e por mais que eu sentisse um prazer sem igual de ver aquela situação, uma parte de mim não parecia completamente satisfeita com aquilo, aquela não era uma visão que me agradava de todas as formas, e isso fazia retornar meus sentimentos de frustração.

– Matteo!

A voz de outra pessoa surgindo ao longe me fez estremecer, aquilo era tudo que eu menos esperava de acontecer, e, naquele estado, era tudo que eu não desejaria lidar, o som do que parecia ser o bater de asas começou a ficar mais alto, foi então que aquele vulto disforme se fez visível pra mim, era uma das outras pessoas que nos atacara no início e que vieram junto com a mulher de vestido longo.

Ele parecia falar algo com Matteo, uma conversa que não consegui entender direito daquela distância, apenas pude ver sua forma mudar novamente antes de desaparecer no ar, levando Matteo consigo para longe do nosso alcance. Uma parte de mim estava aliviada por aquilo, mas a outra ainda sentia fúria por tudo que aconteceu, apenas respirei fundo e esperei, era tudo que queria fazer por um momento, respirar fundo e esperar.

– Laura, o que faremos agora? – Thiago me arrancou do meu silêncio para contemplação da paz.

– Eu não sei, sinceramente, eu não sei.

– Devíamos voltar até nossos amigos.

– Sim, vamos, mas ainda estou sem forças.

Mesmo assim me deixei descansar um pouco mais, eu precisava de um momento, mesmo que isso pudesse ser perigoso, eu só me permitir descansar por um breve momento antes de voltarmos ao caos que tinha se instaurado por ali, mas claro, nada é tão bom que não possa piorar.

Ouvi o barulho do que parecia ser um terremoto, e se não fosse Kate agindo, nossa situação começava a ficar cada vez mais intensa.

– Será que os outros estão bem? – Thiago não parecia também dos melhores ali, mas sua preocupação com os outros era sincera.

– Talvez iremos descobrir em pouco tempo.

Me senti aliviada quando, só agora, prestava atenção na presença dos outros vindo até nós, então esqueci por alguns segundos mais tudo, esqueci os problemas, o barulho ao longe, os machucados, só iria respirar fundo até que eles chegassem ali, e depois disso, bem, depois disso veríamos o que fazer, eu estava cansada, bem cansada, mas um pouco bem.

Algo em mim tinha mudado enquanto estava naquele estado de inconsciência, e seja quem fosse a voz que falava comigo, tinha me deixado melhor, melhor do que eu não estava a muito tempo.

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