13 - ÍRIS 火

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Particularmente, eu não tinha muitas reclamações para a minha convivência com a Jessy.

Ela era o tipo de pessoa que, era mais provável de brigar com você por não ter bagunçado nada pra ela arrumar tudo de uma vez do que reclamar por você não ter arrumado droga nenhuma. E considerando que eu também tinha meu ar de organizada não havia muitas rixas entre nós, mas naquele dia havia uma, e era em se tratando de roupas.

– Precisamos ir com urgência fazer compras, é inaceitável que eu não tenha algumas das roupinhas mais estilosas da moda atual, isso é um ultraje!

– Jessy, você fez compras na semana passada, toma vergonha!

Jessy continuava jogando roupas pelo quarto enquanto eu só queria dar com uma calça na fuça dela.

– Pega pra mim aquela blusa roxa! – Ela apontou pra cama, dei uma rápida averiguada na peça antes de voltar pra Jessy.

– Nunca tinha visto essa blusa por aqui!

– Dane-se, eu me apropriei dela e agora você vai usar.

– É uma peça masculina! – Fez questão de frisar o fato, longe de mim usar uma camisa de um homem que provavelmente só pisou naquela casa pra ter algo com Jessy.

– Não se apegue tanto aos detalhes, Íris, e anda logo.

– Nem morta!

– Eu lavei, e muito bem lavado por sinal.

– Esse não é o problema Jessy!

– Ah, nossa senhora do chuveiro quente, dai-me resistência, Íris, veste logo a camisa!

– Nem por todo dinheiro do mundo!

– Ai, chega, desisto. Pega ao menos esse shortinho aqui, é meu, e vamos logo com isso.

Enquanto eu vestia, a muito contragosto, outra camisa de mangas na cor roxa meio listrada em linhas brancas que encontrei por ali, e aceitei mentalmente o fato de ser dela pra não ter que me estressar mais, junto com o short que ela jogou no meu rosto, em um jeans claro com a parte das pernas meio desbotada e uma corrente em um dos bolsos, que eu gostei, ela reorganizava as roupas encima da cama e rapidamente as colocava de volta em seus devidos lugares, sempre me impressionava como ela conseguia aparentar ser uma pessoa bagunceira e não ser.

Por fim Jessy estava pronta, ela trajava uma jardineira e uma camiseta sem mangas azul escuro, seu penteado era um rabo de cavalo, era impressionante como ela conseguia ficar atraente em qualquer peça de roupa, ela veio em minha direção e foi nesse momento que eu percebi que a estava encarando demais.

– Quando formos andar na rua, você vai na frente, pro caso de me olhar demais e bater a cara contra um poste de luz.

– Engraçadinha, o que tá fazendo? – Jessy deu um nó na camisa que vestia deixando parte da minha barriga de fora, o que não ficou ruim, admito.

– Caprichada, muito bem, agora você está no ponto de paquera.

– Você sabe que esses seus pontos não me servem muito, não é? – Dei uma levantada de sobrancelhas, ela de ombros, as vezes Jessy parecia querer testar minha sexualidade, se bem que eu também testava a dela as vezes, mas nunca dava em nada pra nenhum dos lados.

– Então, vamos embora antes que eu me olhe de novo no espelho e pense que preciso de algo mais.

– Isso não, chega pra mim, vamos!

A puxei rapidamente, mesmo sabendo que aquilo não era de todo verdade, se haviam duas pessoas que mais se preparavam rápido para sair éramos nós, o que fosse decidido estava decidido. Jessy pegou a bolsa que estava jogada no sofá e eu tratei de trancar a porta e pôr as minhas chaves no bolso, medida protetiva caso alguém esquecesse que eu existo e saísse pra curtir um pouco mais enquanto eu fico trancada do lado de fora, não seria a primeira vez.

A Ordem / Fragmentos da Eternidade, Livro 02Onde as histórias ganham vida. Descobre agora