23 - LAURA 木

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Cheguei a casa de Cass um pouco antes do horário que havia combinado com Thiago para me encontrar, uma parte de mim queria ter certeza de que não haveria problemas pra elu enquanto estivéssemos indo diretamente ao encontro de nossos perseguidores, pode-se dizer que toda minha preocupação era a de uma irmã mais velha querendo garantir que ninguém fizesse mal a Cass, e mesmo que isso estivesse além das minhas capacidades, eu ainda queria garantir que ninguém mais passasse pelas situações traumáticas que eu havia passado por conta daqueles poderes que, agora, faziam parte de mim.

Bati na porta e não houve nenhuma resposta, esperei mais alguns segundos antes que batesse de novo e, novamente, nenhuma resposta, aquilo me preocupou um pouco, mas foi quando já estava pensando em bater novamente que pude ouvir o som de passos vindo até a porta.

– Quem é? – A voz de Cass veio diretamente do outro lado da porta, sem que a abrisse, isso aliviou meus temores.

– Cass, sou eu, Laura, queria conversar com você.

Pude ouvir o som de algumas trancas serem abertas, não sei dizer se era uma casa muito bem protegida ou só trancada demais, preferi ficar com a primeira opção.

– Desculpe, minha mãe sempre diz que é sempre melhor não abrir a porta sem que eu realmente saiba de quem se trata, aquela coisa de cuidado com estranhos. –Uma preocupação compreensível.

Será que eu também não estava sendo considerada uma estranha ali? Era difícil saber, e não tinha muita importância.

– Tudo bem, me diga, você tá bem? Aconteceu alguma coisa nesses últimos dias? Onde estão seus pais?

– Você parece preocupada.

– Você é uma pessoa muito observadora, estou completamente preocupada!

Cass sorriu um pouco, senti uma angustia com aquela reação, ficar feliz por alguém se preocupar com você pode significar que você sinta que ninguém mais se preocupa, e isso é doloroso e um pouco assustador.

– Mamãe e papai estão trabalhando hoje, estão em um plantão.

– E não tem mais ninguém com você? Isso não me parece muito bom.

– Você quer entrar? É meio solitário ficar em casa sem ninguém pra conversar, não que eu converse muito quando a casa está cheia também, é só que...

Não pude responder, senti uma leve pressão vinda de algum canto, me virei procurando o que havia causado aquela sensação, mas parecia que não havia nada por ali, Cass pareceu não entender minha reação, chamando meu nome, foi então que uma nuvem estranha se lançou em nossa direção, a noite já havia caído e a pouca luz ao redor não me permitia ver direito de onde vinha aquilo, mas não deixei que isso afetasse minha reação, cerquei à frente da casa fazendo crescer os galhos das pequenas árvores que haviam na casa de Cass, impedindo que o ataque nos atingisse.

Cass, pra trás, por favor!

Cass correu pra dentro e tratei de fechar a porta, era melhor me tornar o único alvo no momento de, seja lá quem fosse, corri meus olhos ao redor tentando encontrar o portador que nos havia atacado sem qualquer aviso, ergui os galhos ainda mais crescendo-os e transformando os arredores na visão de uma grande árvore, corri por eles até acima da casa, ali eu conseguiria ver melhor, tomando cuidado pra não chamar mais atenção da vizinhança, o que, na minha opinião, eu já havia feito e torcia pra ninguém estar com uma câmera na mão procurando meu melhor ângulo.

– Ora, ora, se não é a minha antiga colega de trabalho! – Senti meu estômago revirar ao som daquela voz, só precisei de um instante para entender de quem era, mas ainda não conseguia enxergar de onde vinha.

A Ordem / Fragmentos da Eternidade, Livro 02Where stories live. Discover now