09 - KATE 土

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– Katherine, por acaso você não vai pra aula hoje? – Minha mãe me gritava como se estivesse do outro lado da cidade, mas ela estava ali, diante de mim, me fazendo ter dor de cabeça por sua voz estridente.

– Não, mãe, hoje não teremos aula, minha professora teve um problema com o filho e não vai.

– Ah, então está certo, você poderia arrumar a casa por mim, estou saindo e não tive tempo de fazer isso ontem.

– Claro mãe, pode ir tranquila.

Ela veio até mim e me deu um pequeno beijo na testa e depois saiu para o trabalho, eu estava sentada na mesinha do quarto terminando algumas lições, era melhor aproveitar o tempo para ter tudo pronto do que simplesmente surtar com alguma tarefa encima da hora, essa era a minha definição máxima, apesar de não servir todas as vezes e eu sempre acabava esquecendo de fazer algo, mas acho que, por hora, eu não tinha muito mais o que fazer.

Depois que criei coragem pra me levantar e arrumar logo a casa o quanto antes, – na verdade eu faria por partes, então primeiro estava apenas varrendo e passando pano na maioria dos cômodos – decidi terminar de vez minhas tarefas, que no caso, consistia apenas em responder o último questionário a respeito das minhas motivações para estar na faculdade, e convenhamos, a maioria das respostas eram mentiras já que eu não tinha nada pronto para responder aquilo, foi quando já estava no fim que pude ouvir a voz de Dan batendo na porta da sala como se ela fosse simplesmente cair e dar passagem pra ele, fiquei me perguntando se era assim que eu agia quando chegava na casa dele, e como a resposta poderia ser sim achei melhor não comentar.

– Katherine Silveira Borges, vossa excelência poderia ter o prazer de abrir a droga da porta?

– Não! – Falei já indo abrindo.

– Pensei que seria sua mãe quem iria atender, tomei um susto.

– Mente pra mim, é o que eu gosto, o que é isso? – Apontei na direção de uma sacola de plástico contendo coisas que eu não conseguia identificar.

– Resumindo, comida e algumas tarefas.

– Então você veio aqui pra fazer suas lições de casa, não é?

– Claro, cê não foi até lá, eu tive que vir.

– Mas tudo bem você deixar sua casa sozinha? Isso não é algo que a sua mãe detesta? – E essa era a desculpa suprema pra eu sempre ir até ele e ele nunca vir aqui.

– Pior que é, mas digamos que meu irmão está em casa agora, acho que esqueci de te contar isso já que não fui nos primeiros dias de aula e nem você foi até lá, mas me deixa entrar logo!

O resto da manhã seguiu tranquilamente, com Dan constantemente olhando minhas anotações para responder algumas de suas próprias perguntas, o que deveria ser inútil já que algumas nem eu mesmo soube responder, o que os professores tem contra a lógica de que acabamos de entrar em um curso e não sabemos de nada sobre ele e que não temos a obrigação de saber responder perguntas com temas de coisas que sequer estudamos ainda? Esse era o mínimo de sensatez que eu esperava deles, mas pelo visto eu não teria tamanha sorte.

Voltei para organização da minha casa, agora terminando de lavar os pratos, então fui até o quintal ver se tinha algo a arrumar, normalmente mamãe deixava por lá a bagunça que não queria arrumar, o que se resumia a caixas com matérias de limpeza e outras tralhas, era quase estranho pensar que a organizada da casa fosse eu, mas isso não era de todo verdade. O terreno dos fundos da nossa casa era diferente da de Dan, era completamente cimentado e cercado por um muro alto, sempre foi um sonho do meu pai construir uma piscina ali, mas ele nunca chegou a fazer, então deixamos como estava, mamãe não tocava nesse assunto e muito menos eu queria fazê-lo, olhei ao redor e encontrei a vassoura na porta de um pequeno galpão que havia por ali, dei alguns passos e peguei a vassoura, mas assim que me virei pra voltar a casa senti como se meu corpo houvesse sido empurrado com tudo para o chão, e bem, ele tinha sido mesmo.

A Ordem / Fragmentos da Eternidade, Livro 02Where stories live. Discover now