Anahi Portilla
Ruth, a babá de Alfonso, tinha ido de surpresa até o apartamento, ele estava alegre demais com a presença dela, a conheci rapidamente quando cheguei do trabalho, ela era linda e não aparentava mesmo a idade que tinha.
Ela me recebeu com um longo abraço e estranhamente, pois já estava acostumada à sempre dar algo errado quando conhecia seus pais, tinha aparentemente gostado de mim, mas não pude conversar muito com ela, pois tive que me arrumar e ir para a faculdade, mas quando voltasse podíamos nos conhecer melhor.
As aulas passaram rápidas junto com as horas e quando deu dez e quarenta e cinco, Alfonso e eu já adentravamos o apartamento sentindo um maravilhoso cheiro de torta de maçã, sorridente Ruth me abraçou novamente e depois Alfonso.
— Fiz o jantar. Alfonso comentou que você adora carne, espero que goste da minha.
— Não precisava se incomodar.
— Não incomoda. Além do mais, fiz a sobremesa preferida do Brayan, torta de maçã e também fiz a sobremesa da Anna, Brownie com sorvete.
— Uma das muitas sobremesas, aquela ali ama comer.
— Cale a boca Alfonso! - Anna entrou na sala junto com Brayan - Está com inveja porque a Ruth fez minha sobremesa preferida e não à sua.
— Inveja de você? - Sorriu - A Ruth me ama muito mais.
— Mentira! Ela me ama muito mais, muito mais que você. - Deu língua para ele.
Sorri. Pareciam duas crianças.
— Já chega os dois! - Falou séria - Amo os quatro iguais e acabou.
— Acredite Any, quando o Albert e o Alfredo estão juntos os quatro ficam disputando a atenção da Ruth que acaba batendo em cada um deles depois. - Brayan me explicou sorrindo.
— Quieto! - Anna olhou para o namorado séria e voltou a nós olhar - Vamos jantar? O bebê está pedindo comida.
— O bebê? - Alfonso a provocou.
— Chega Alfonso! - Ruth o repreendeu - Deixa a sua irmã em paz!
— Há há há. - Anna deu língua para ele.
— Não comece também Anna.
Anna fez bico.
— Se acostuma. - Alfonso falou agarrando minha cintura e me dando um rápido beijo.
Em segundos estávamos todos sentados e nos servindo. O cheiro estava maravilhoso, na mesa também tinha uma garrafa de vinho e uma jarra de suco de laranja.
— Então, como foi sua aula? - Ruth me encarou.
— Muito bem. Obrigada!
— Alfonso comentou que ama medicina, acho isso lindo. - Sorriu.
— Medicina é minha paixão e graças à ajuda dele que consegui entrar na faculdade.
— Tenho certeza que também foi por causa da sua inteligência.
— E foi mesmo. - Alfonso se intrometeu na conversa.
— Alfonso me contou como se conheceram e meu Deus... - Negou - Foi horrível, mas pelo menos uma coisa boa aconteceu, vocês se conheceram.
— Alfonso salvou minha vida. É o meu herói. - Sorri olhando para ele.
— E você entrou na minha vida para nunca mais sair. - Piscou.
— Alfonso já matou minha curiosidade sobre você, já não tenho nem mais o que perguntar. Mas gostaria de ouvi-la, saber mais ainda da linda namorada do meu menino.
— O quê quer saber?
— Sobre suas irmãs que são sua família, sobre seus sonhos, seus gostos, vai ser um prazer ouvir.
Durante todo o jantar falei tudo sobre mim, desde do dia que nasci até o dia de hoje, Ruth me ouvia com atenção e fazia algumas perguntas. Em nenhum momento fez cara feia quando revelei ser órfã, pelo contrário, parecia entender muito bem.
Conforme falava com ela gostava ainda mais da mesma. Via e sentia sinceridade nela e quando se posicionava sobre algo da nossa conversa, percebi que Alfonso e Anna só eram daqueles jeitos, boas pessoas, por causa dela.
Ruth os criou muito bem e tanto Alfonso quanto Anna eram loucos por ela.
A conversa foi fluindo muito bem, quando terminei de falar sobre mim, ela começou a falar dela. Trabalha para os Herrera desde quando Albert, o irmão mais velho, tinha um anos, viu os outros três nascer, é formada em psicologia, fala três idiomas, tem uma filha chamada Larissa de vinte e três anos, adora cozinhar e ama plantas, além de ser uma segunda mãe para Alfonso, ele a amava e a admirava muito.
— E agora estou... namorando. - Ruth revelou cortando a torta de maçã.
— O quê? - Alfonso e Anna arregalaram os olhos surpresos juntos.
— Quem é o sortudo? - Brayan perguntou sorrindo.
— Ele é português. - Ruth sorriu.
— Como assim você está namorando, Ruth? Você não namora! - Anna falou como se fosse óbvio.
— Meu amor, é claro que namoro. - Sorriu - E Alfonso o conhece.
— Eu? - balançou a cabeça - Espera... está namorando e eu o conheço? Como assim você está namorando Ruth? - Piscou rápido.
O tom de ciúmes era evidente.
Sorri tomando um gole do suco. Essa cena seria engraçada de se vê.
— É tão surpreendente eu estar namorando? - Encarou os irmãos.
— Ruth, desde que me lembro você nunca namorou, sempre foi só a gente... - Anna murmurou em choque.
— Desde que foi para a casa Herrera. - Alfonso completou - Quem é esse sujeitinho que acha que está namorando com você? - Perguntou sério.
— Ele não acha querido. Ele está namorando comigo. E ele é um homem incrível. - Sorriu apaixonada.
— Albert sabe disso? - Brayan perguntou enfiando um pedaços enorme de torta à boca.
— Sim. E ele adorou a notícia.
— Traidor... - Anna negou. - E o Alfredo, o que ele disse?
— O Alfredo já até saiu com ele. - Ruth sorriu.
— Não vale, são dois contra dois. - Anna revirou os olhos.
— Ele é bonito? - Perguntei curiosa.
— Por que quer saber? - Alfonso me encarou.
— Porque sim ué. - Sorri.
— Ele é muito lindo. É cinco anos mais velho que eu. - Pegou o celular do bolso da calça - Olhem a foto dele. - Mexeu no celular e em seguida estendeu o aparelho primeiro para mim.
O namorado português dela era tão bonito quanto ela. A foto estavam os dois abraçados numa praça. Faziam um belo casal juntos.
— Que gatão... - Sorri.
— Anahi! - Alfonso me repreendeu.
— Deixa eu ver... - Anna estendeu a mão pegando o aparelho - Uau! É mesmo. - Sorriu - Onde se conheceram?
— No hospital e..
— Hospital? Como assim hospital? - Alfonso a interrompeu perguntando preocupado - O quê você tem? Está tudo bem? Por que não me ligou? - Falou rápido.
— Calma querido. Estou muito bem, na verdade nunca tive nada. Quem teve foi você, conheci ele quando você foi para o hospital em Portugal.
— Eu fui o cupido? - Cruzou os braços - Qual o nome desse cara?
— Brad. O nome dele é Brad.
— E esse ser não tem sobrenome? - Alfonso perguntou de braços cruzados.
— Kavane. Brad Kavane.
— Tão bonito quanto o nome. Olha você mesmo. - Anna estendeu o aparelho para o irmão que pegou.
— Já vi esse cara em algum lugar... - Comentou.
— Ele foi o médico que te atendeu.
Alfonso a encarou.
— Aquele que ficou cheio de sorrisos para você? - Bufou.
— Ele mesmo.
— Mas como se quando você foi embora foi junto comigo?
— Depois que te deixei aqui no México, acabei voltando à Portugal e pedi o número dele depois que me certifiquei que era solteiro.
— Mulher de atitude. Adorei. - Sorri batendo palminhas.
— Anahi! - Alfonso me olhou de cara feia e eu apenas sorri.
— Quem diria isso. - Anna sorriu.
— Fui para Miami e mantivemos contato até que ele foi me visitar.
— Aquele safado... - Alfonso estava indignado.
— Ei... - Ruth o interrompeu - Começamos a namorar e é isso aí. - Sorriu.
— Está tudo bem Alfonso? - Brayan sorriu.
— E é isso aí? - Alfonso respirou fundo - Ele só..
— Alfonso! Cuidado com as palavras mocinho. - Chamei sua atenção.
— Alguma coisa para dizer querido? - Ruth o encarou.
— Quero conhecê-lo. Se Albert e Alfredo podem, eu também posso!
— Claro que pode querido, ninguém disse o contrário aqui. - Sorriu.
— Eu também quero. Apesar de ser bonitão, quero ver se está à sua altura. - Anna disse de nariz empinado.
— O que faço com vocês dois, hein? Dois calmos e dois ciumentos, só vocês quatro mesmo. - Sorriu.
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— Parece que ela gostou de mim... - Falei me ajeitando na cama.
— A Ruth te adorou baby.
— Agora entendo porque a adora, os poucos minutos que falei com ela assim que cheguei do trabalho, percebi que era uma boa pessoa, agora depois do jantar tive a certeza disso.
— A Ruth é uma mãe para nós quatro e falando em nós quatro, você precisa conhecer os meus outros dois irmãos.
— Eles vêm aqui também?
— Não sei. Albert some as vezes, o que ele mais ama é o restaurante dele, vive por causa disso. Vir aqui não está nos planos dele. Mas talvez em breve possamos ir visita-lo. Já Alfredo vive viajando, tem uma das empresas de roupas mais famosas dos Estados Unidos, não para quieto em nenhum canto. É bem capaz dele aparecer aqui de surpresa do nada. - Sorriu lembrando dos irmãos.
Suspirei me aconchegado mais nele.
— Vou sentir saudades. Precisa mesmo ir amanhã?
Alfonso ia junto com Ruth resolver alguns problemas que estavam acontecendo nos Estados Unidos e passaria uma longa semana fora de casa.
— Infelizmente sim. - Me abraçou apertado - Também vou sentir saudades baby.
— Espero que os dias passem rápido. - Sussurrei.
— Eu também. - Beijou minha cabeça - Boa noite!
— Boa noite!
5/10