Capítulo 96

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Anahi Portilla

  Acordamos era 08:20 da manhã, ainda ficamos um tempo na cama olhando pela janela para a linda vista do mar agarradinhos um no outro. Estava tão gostoso ficar daquele jeito, mas a fome bateu e levantamos da cama, tomamos outro banho juntos e desfiz as malas guardando nossas roupas no closet.

  Alfonso tinha me dado a coleção inteira do desfile da agência de Zoraida e como hoje só íamos ficar na praia daqui mesmo ou na piscina, coloquei um maiô preto que nas costelas era quase todo nú e uma tanga branca de renda, também da coleção.

  Quando descemos o casal já nos esperava na bonita mesa na sala de jantar onde tinha um bonito café da manhã.

— Bom dia! - Zoraida perguntou sorrindo.

— Bom dia! - Ocupei uma das cadeiras e Alfonso fez o mesmo.

— Dormiram bem? - Eddy perguntou colocado café na xícara.

— Sim. - Alfonso pegou um pão.

— Na hora do almoço a lancha vai estar aqui para nos levar. - Eddy avisou.

— Vão gostar da cidade. É bonita e muito agradável. - Zoraida comentou - Ontem a noite não deu para ver direito.

— Estou afim de beber alguma coisa antes de ir para a cidade... - Eddy comentou pensativo.

— Por favor não fique bêbado. - Pediu e me encarou - Vou pedir para a Lia preparar um drink e uma limonada.

  Quando terminamos o casal nos chamou para fazer um tour pela casa, ela era enorme, tinha sete quartos, dez banheiros, uma cozinha enorme, biblioteca, uma sala de cinema e até uma linda horta nos fundos da casa que já tomava conta quase até o final da ilha. A casa dos caseiros ficava a cinco minutos da casa de Zoraida e Eddy.

  E a piscina, claro, era perfeita e ficava na parte da frente da casa. De frente para a imensidão do mar. Eddy chamou Alfonso e Zoraida me puxou para uma das espreguiçadeira na piscina.

  Ela também estava de maiô, mas branco. Tiramos nossas tangas e deitamos um ao lado da outra olhando o mar e sentindo o vento em nossos cabelos. Lia apareceu com minha limonada e o drink de Zoraida.

— Vocês tem um paraíso aqui.

— É, mas o trabalho toma toda a nossa vida. Acabamos sem tempo para aproveitar esse paraíso.

— As vezes eu esqueço que vocês são tão ricos, principalmente Alfonso e quando lembro disso fico admirada que sejam tão simples... você tem uma ilha, uma ilha e nem fica se achando por causa disso.

— Tudo depende da criação da pessoa Any. Claro que existem pessoas que nascem para ser nojentas, mas a maioria é por causa da criação, meus pais são como eu. - Deu de ombros - O pai do Eddy é igual ele e Alfonso teve a Ruth. - Sorriu. - Se fosse depender da mãe dele... - Riu tomando um gole do drink.

— Alexandra é uma pessoa muito esnobe e arrogante. Agora parece arrependida de tudo o que fez para mim, mas eu não sei, as vezes acredito nesse arrependimento e as vezes tenho a sensação de que ela continua do mesmo jeito ruim - Neguei - Eu sei que é confuso, mas é o que sinto. Eu só queria que fosse tudo verdade e que pudéssemos viver juntos como uma família, sabe... ela é a mãe dele e será avó dos meus futuros filhos.

— Filhos? Já pensam em filhos? - Perguntou animada.

— Um dia, não agora. Tenho duas irmãs e por causa delas eu sei o que é ter uma família, mas eu queria ter toda essa experiência de ser mãe, ter marido... de ter minha própria família.

— No futuro tenho certeza que Alfonso e você terão uma família grande, daquelas de comerciais de manteiga, será tão fofo um bebê de vocês dois... - Fez voz de bebê me fazendo rir - E quanto a mãe dele, se ela realmente estiver arrependida o tempo dirá, mas por agora é melhor ela ficar longe da vida de vocês, é melhor para todos até para ela própria.

  Assenti.

— Isso é verdade. Mas e você e o Eddy? Quando vão ter um bebê?

— Ainda não queremos um bebê, estamos bem assim apenas nós dois. Somos jovens também, queremos aproveitar o máximo nosso casamento e daqui uns cinco anos, talvez a gente tente um bebê. - Sorriu.

— Também acho que um bebê tem que ser planejado. - Concordei - Eu nem sei se eu era amada pelos meus pais ou se eles sempre me rejeitaram desde a barriga. Não tenho idéia das minhas origens. - Tomei minha limonada.

— Sabe que o Alfonso pode te ajudar a encontrar os seus pais né? Fazer você conhecer sua história e...

— Quando eu era criança queria muito saber quem era meus pais, quando virei adolescente fiquei na fase de “estou nem aí” e depois “quero conhecê-los sim”, mas agora adulta já dona do meu próprio nariz e tendo minhas irmãs, já não quero saber. - Dei de ombros - Para mim tanto faz, eles fizeram uma escolha ao me abandonar e eu estou fazendo minha escolha de nunca os conhecer.

— Entendo. Mas não tem nenhuma curiosidade? Mesmo?

—— Às vezes sim. Mas não é forte o suficiente para mudar a minha escolha de não conhecê-los.

— Todos nós temos escolhas, não é? É uma pena porque quem perdeu uma filha maravilhosa, uma mulher incrível para se orgulhar foram eles, você não perdeu nada, por mais que tenha sido difícil crescer sem pai e sem mãe você cresceu com suas irmãs.

  Sorri.

  Observamos uma lancha se aproximar do cais. Alfonso e Eddy saíram da casa vindo em nossa direção.

— Eddy falou que só ia vir na hora do almoço. - Comentei.

— E vêm. - Zoraida franziu o cenho - Essa não é a nossa lancha, não sei quem é. Amor você está esperando alguém? - Perguntou ao marido que ficou ao seu lado.

— Não. Não tenho a mínima ideia de quem seja.

  Em poucos minutos, a lancha se aproximou do cais e uma ruiva alta, bem magra e bonita saiu da lancha, usava um vestido branco e chapéu de praia da mesma cor e empurrava a própria mala em nossa direção. Apesar de estar longe, dava pra ver o enorme sorriso nos lábios vermelhos.

— Não acredito... - Alfonso murmurou irritado - Não acredito que a Larissa me seguiu até aqui.

— Quem é Larissa? - Perguntei o encarando.

  Alfonso apenas me olhou.

Almas OpostasWhere stories live. Discover now