Capítulo 07

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  A primeira coisa que senti antes mesmo de abrir os olhos foi o meu corpo pesado, parecia que tinha 100 elefantes deitados em cima do meu corpo, também tinha uma sensação de enjoo no estômago e boca seca.

  O barulho alto de uma máquina e vozes abafadas também faziam parte do lugar que eu me encontrava, agora onde eu estava?

  Com um grande esforço eu consegui abrir os olhos, no começo a única coisa que vía era borrões e mais borrões, mas ao piscar algumas vezes consegui enxergar com mais clareza.

  O quarto era azul claro, perto da janela possuía um sofá cama, ao lado de uma mesa de madeira com um vazo de flores, ao lado da minha cama tinha duas poltronas e uma porta. A cama que estava era daquelas de hospitais mais muito confortável.

  Possuía também uma TV pendurada na parede de frente para a minha cama, estava usando aquelas roupas sem graça de hospital que parecia mais um vestido, meu braços tinha todos os acessos com agulhas e um era para da acesso ao soro e no meu peito podia sentir mais fios em torno dele, alguns até faziam um leve choque.

  A porta de madeira se abre no canto do quarto e Ruth entra silenciosamente.

  Ela entra, coloca sua bolsa na mesa e quando parece que ia sentar, se vira e me vê olhando-a. Seus cabelos já estavam em um coque, seus olhos estavam fundos com olheiras, parecia que ela tinha passado horas e horas chorando.

— Meu menino... - Sussurra se aproximando de mim e tocando na minha mão - Como se sente?

— Mole... - Sussurro de volta quase sem força para falar.

— Oh meu pequeno... - Beija minha testa - Vou chamar o médico - Fala se afastando e indo para a porta.

— Espera! - Falei um pouco mais alto.

  Caramba, isso dói!

  Ela volta para perto de mim e segura na minha mão novamente.

— O que aconteceu comigo?

— Você teve um transtorno de estresse agudo, isso resultou em um desmaio, você estava extremamente sobrecarregado fisicamente e mentalmente, provavelmente pela quantidade de viagens e trabalhos.

— Isso é sério?

  Eu estou com quê?!

— Qual é a última coisa que você lembra?

  Faço um esforço e lembro de pouca coisa.

— De chegarmos no hall do hotel, sermos atingidos pela mídia, o lançamento do comercial e... - Penso mais um pouco - E eu falando algo para aquelas pessoas e depois disso, não lembro de mais nada.

— Você desmaiou na frente de todos no meio do seu discurso de agradecimento, foi uma loucura e te trouxemos o mais rápido possível para o hospital, fizeram vários tipos de exames em você e descobriram o que você tem, ou seja, o que causou o desmaio - Tocou com carinho meus cabelos - Filho você precisa se cuidar, porque se isso não for tratado com urgência pode levar a morte - Disse com a voz meio embargada.

  Arregalei os olhos.

  Nesse momento a porta de madeira se abriu e entrou um homem alto de jaleco e prancheta nas mãos.

  Tinha mais ou menos a idade de Ruth, olhos azuis e cabelos grisalhos do jeito que minha babá gosta, sei disso porque assim que ele entrou no quarto a mesma ficou sem jeito.

— Como está Sr. Herrera? - Perguntou sério, mas seu tom de voz era simpático.

— Mole. - Respondo baixo.

— Compreendo! - Sorrir abertamente anotando algo na prancheta em mãos.

— Doutor, por favor explique para ele o que deve ser feito a partir de agora... - Sai de perto de mim e pega a bolsa - Vou deixar essa bolsa com o Taylor, já volto. - Jogou beijos para mim e saiu do quarto nos deixando a sós.

— Sr. Herrera, me chamo Brad Kavane e sou o médico que lhe atendeu quando chegou - Deixou a prancheta em cima da poltrona e mexeu nos aparelhos ao meu lado - O senhor teve uma crise séria de transtorno de estresse agudo, por falta de descanso, tanto da parte física como mental e esse quadro pode piorar caso não seja tratado logo - Me encarou - A senhora que estava aqui, Ruth Mendonça, me explicou o que você esteve fazendo... - Negou com a cabeça - E devo dizer que isso não me surpreende, o senhor não é o primeiro que eu pego com esse tipo de problema.

— Como assim? - Franzi o cenho.

— Muitos jovens empresários ou magnatas, como o senhor, sempre acabam tendo isso, eles deixam a vida profissional dominar sob a vida pessoal, tendo reuniões fora do normal e viagens sem limites - Negou com a cabeça - E isso deixa a pessoa fraca, estressada, cansada e desidratada - Me olhou feio - Além disso, o senhor não anda comendo o que fez o seu quadro clínico ficar pior.

  Então por isso o soro.

— Os sintomas que o senhor com certeza andava sentido, era os sinais do estresse agudo e o desmaio foi por falta de hidratação.

— E como eu me recupero o mais rápido possível? Preciso ir para Tailândia tenho uma reunião muito importante e...

— É disso que estou falando... - Me interrompeu - O senhor não pode mais trabalhar nesse ritmo, a senhora Mendonça me informou que faz dois anos que só trabalha e trabalha, tem noção disso meu rapaz? Se trabalhar de novo nesse ritmo, vai acabar morrendo. - Me repreendeu.

  Suspirei.

  E agora? O que vou fazer? A empresa não pode esperar, meu pai não pode esperar.

  Que droga!

  Dinheiro antes de qualquer coisa, esse era o grande lema da minha família.

— Como faço para me curar?

  Brad pega a prancheta novamente e anda pelo quarto, anotando algo nela concentrado.

— O que o senhor precisa é relaxar, precisa está bem mentalmente, ou seja, precisa de férias. Uns meses de férias, afastado de reuniões, viagens longas e super cansativas ajudaria muito e acabaria com isso depressa.

— E eu poderia voltar a trabalhar? - Tentei.

— Não enquanto estiver com pensamentos de relatórios na cabeça... - Murmurou - Quer uma dica de médico?

  Dei de ombros.

— Tenta a sorte.

  Brad me encarou.

— Sai de férias, viaje sozinho para um lugar bonito, relaxa, se divirta, pense somente em você. Faça loucuras que nunca tenha feito antes, beije bastante na boca, namore muito e aproveite sua juventude. Você ainda é muito jovem meu rapaz, aproveite e só assim será totalmente curado e com várias histórias para contar quando estiver na minha idade.

  Vi ele deixar um papel no pé da cama, em uma prancheta grudada nela e sair do quarto.

  Respirei fundo.

  Será que eu realmente precisava de férias?

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