Capítulo 06

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  Assim que eu entrei no meu quarto, na verdade aquilo parecia mais um apartamento, vi Ruth mexendo nos vasos da estante principal, ela fazia várias careta enquanto passava o dedo pelo imóvel.

— Não vai me dá nem um abraço? - Joguei minha maleta no sofá e abri os braços.

— Menino que susto - Ruth sorriu abertamente enquanto corria para me abraçar apertado - Como está meu filho?

— Indo... - Beijei as bochechas da minha eterna babá, minha segunda mãe.

— Vim para a grande inauguração do seu mais novo hotel, querido - Me soltou - Ele é muito lindo... - Sorriu.

— Tenho que me arrumar, acabei de vir da Florida, tive uma reunião muito importante de última hora e vim correndo para Portugal - Passo a mão pela minha nuca que estava bastante dolorida.

  Por que isso justo agora?

— Já preparei seu banho menino... - Começa a desabotoar meu terno, mas a paro no meio. - O quê foi filho? - Pergunta sem entender.

— Vai mesmo me despir Ru? - Ergo a sobrancelha.

— Desculpa... As vezes esqueço que você não é mais aquele menininho que se escondia entre minhas pernas no pique esconde, agora você é um homem e não precisa mais de ajuda - Sorriu um pouco envergonhada.

  Ri.

— Tem razão Ru, eu cresci e várias coisas também cresceram - Ri da cara dela.

— Tu deixe de coisa e vá logo para esse banho antes que a água esfrie! - Falou ficando mais vermelha que um tomate.

— Estava com saudades de você mandando eu tomar banho - Avisei me afastando da sala.

— Eu também - Gritou.

  Duas horas depois, entrei no elevador sendo acompanhada por Ruth, Brayan e os seguranças. Esse negócio está começando a me irritar, para onde eu vou eles vão atrás.

  Brayan mexia no tablet e Ruth suspirava ao meu lado.

  Ela estava muito bonita com seu vestido de gala preto longo de uma única calda, na verdade ela era muito bonita, Ruth Mendonça está na casa dos quarenta e sete anos, alta, morena e minha eterna segunda mãe. Por ela não aparentar ter a idade que tinha, chamava bastante atenção por onde passava, até mesmo de rapazes com vinte anos.

  Seus primeiros dias na casa Herrera foi um inferno, no começo eu não a aceitava como babá, já joguei tinta, borracha, prato e chutava ela. Mas Ruth com o seu jeitinho doce conquistou aquele pestinha que eu era e hoje tenho esta educação por conta da mesma, já que meu pai estava mais preocupado com mulheres e minha mãe tentando manter a família no lugar.

  As portas do elevador se abriram revelando o hall do hotel, saímos sendo atingidos por flash e repórteres em cima fazendo perguntas sem nexo, mas as enormes muralhas, ou melhor seguranças, faziam uma barreira que impediam de se aproximarem.

  O luxuoso e mais moderno hall do hotel estava cheio, tinha vários empresários, socialites, modelos, artistas e por ai vai. Estavam muito bem vestidos e elegantes, rindo e enchendo a cara de champanhe.

  Uma música animada e bastante agitada servia de trilha sonora para todos, garçons passavam com bandejas cheias de doces e o inesquecível caviar.

💠

  Já tinha se passado quatro horas desde que entrei no hall, o comercial dos Mens já tinha sido passado nos telões e aprovados por todos, mais uma vez Magno e August se irritaram porque não ficou como eles queriam.

  Foda-se!

  A empresa é minha e quem manda naquilo sou eu, como a auditoria da empresa votou sim eles não puderam fazer nada.

  A festa continuava, conversei com importantes empresários e flertei com meia dúzias de mulheres presentes.

  Quando chegou a hora dos agradecimentos, meu coração acelerou e minha respiração ficou curta imediatamente.

  De novo não! Respirei fundo e subi no pequeno palco de madeira moderna, o som alto tinha sido desligado e umas duzentas pessoas me encaravam.

  Minha boca ficou seca.

— Boa noite... - comecei e flashes começaram quase me deixando cego - Muito obrigada por.....

  Minha vista embaçou.

— Por cada um... aqui presente.. - Fiquei tonto e quase tombei de lado.

  Meu coração acelerou ainda mais, minha respiração ficou ofegante como se eu estivesse corrido em uma maratona, minha boca estava seca, não via nada além de borrão. Meu peito ardeu e meu coração deu uma pontada tão, mais tão forte que cai de joelhos no chão com a vista toda preta e escutando gritos.

  A única coisa que ouvi antes de tudo se apagar por completo, foi a voz alta e extremamente agoniada de Ruth gritando horrorizada.

Almas OpostasWhere stories live. Discover now