Capítulo 10

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  A chegada ao México foi bem tranquila, estava em um dos bairros mais nobres do Distrito Federal, não lembrava de como o meu apartamento era tão luxuoso.

  Antes de Ruth ir para a Flórida me fez jurar que eu iria realmente aproveitar minhas férias, descansar e não trabalhar, seria difícil, mas eu tentaria por pelo menos alguns dias.

  Na segunda-feira ás oito da manhã, havia percebido que eu não tinha feito absolutamente nada desde que cheguei, passava os dias trancado no meu quarto trabalho pelo notebook.

  Havia acabado de sair do banho, dei uma última olhada no meu reflexo no espelho do banheiro e sai do quarto, fui para a cozinha e estava uma completa bagunça, cheia de caixas de pizzas, latas de refrigerante e embalagens de salgadinho jogados no chão, bancada da pia e na mesa principal.

  Estava morto de fome, fui para a geladeira vê o que tinha dentro e adivinha? Tinha nada, eu precisava que alguém fizesse compras de supermercado para mim, mas quem seria? Além dos meus amigos eu não conheço mais ninguém e eu sendo um homem idiota não sabia escolher nem um tomate.

  Peguei meu celular de dentro do bolso da minha bermuda e digitei o número da Zoraida Vilard, ela vai me matar!

— Alô? - A voz feminina era sonolenta.

— Bom dia Zozo minha vida, como vai? O sol já nasceu lá fazendinha sabia?

— Fala logo o que você quer garoto!

— Eu posso tomar café da manhã ai? - Falei meio hesitante.

— Vem logo Poncho - Disse irritada.

  Ri.

  Mal humorada!

  Vesti uma roupa descende, tranquei a cobertura e entrei no elevador.

  Em segundos, já estava no hall de entrada do prédio dando de cara com David.

  David Zepeda era um ator famoso mexicano, mas desde que entrei nesse prédio não fui com a cara dele, era mal educado, morava no apartamento abaixo da minha cobertura e ainda era um galinha, toda hora tava com uma mulher diferente em seu apartamento.

  Não que eu fosse muito diferente, mas eu to falando dele e ele é bem mais galinha que eu...

  Ele estava conversando com uma mulher de idade, quando me viu fechou a cara na hora, eu poderia muito bem quebrar a cara desse babaca agora mesmo, mas estou com muita fome para fazer isso.

  Passei pela portaria e cumprimentei o seu Nicolau, porteiro do prédio, ele tinha os olhos bem fundos e tomava entediado o seu café.

  Ficamos conversando enquanto esperava o táxi chegar, o que não demorou muito.

  Me despedi dele e entrei no táxi dando o endereço de Zoraida.

  A visita seria rápida, já que as dez da manhã eu tenho que estar no banco Universal para falar com o meu gerente.

  O problema que está acontecendo é que no prédio no qual eu estou, é meu, tudo, eu sou o dono do prédio, então o aluguel que David paga vem direto para a minha conta.

  Mas o problema é muito mais embaixo, eu não me lembro de ter pago por esse hotel e muito menos Brayan, que tem acesso livre a minha conta bancária.

  Por isso preciso falar com o gerente e saber quem mais tem acesso a minha conta.

  Meia hora depois, o taxista entrou em um condomínio residencial de luxo na zona sul do DF.

  Me identifiquei na portaria e me deixaram passar em seguida.

  O carro estacionou na frente de uma mansão toda de vidro e cerâmica. Desci do táxi, pagando o taxista é claro! E toquei na campainha esperando alguma alma vida abrir a porta para mim.

  Segundos depois, Eddy abriu a porta coçando os olhos e de cueca.

— Grande Herrera. - Deu espaço para eu passar.

  Entrei na casa sentido o cheiro de pão de queijo e café no ar.

— Não sabia que estaria aqui. - Falei o fitando.

  Ele se aproximou e passou por mim indo até a cozinha.

  O segui.

— É claro que estou aqui, é a casa da minha mulher, aonde mais eu estaria? - Riu divertido.

— Vai saber, vocês são um casal muito estranho, ambos são bem casados, mas vivem em casa separada - Dei com os ombros.

  Dobramos um longo corredor repleto de fotografias e entramos na cozinha.

  Zoraida usava uma camisola com um roupão de seda por cima e fazia o café.

— Nem precisa entender Herrera - Bufou - Me acordar para fazer café da manhã pro bonito, tu é muito folgado viu? - Disse em tom sério mas estava brincando.

— Ele precisa de uma mulher - Eddy se aproximou dela a beijando na região da nuca e pescoço - Vou colocar uma roupa. - Avisou se afastando e saindo da cozinha.

— Uma mulher não, ele precisa é saber se virar só, ele acha mesmo que vai ter pro resto da vida babá que faz tudo por ele? - Zoraida falou levemente irritada.

  Me sentei em um dos bancos da mesa de mármore moderna.

  Zoraida depois de resmungar algumas outras coisas, colocou toda aquela comida em cima da mesa.

— Desculpe se te irrito por isso, é que eu não tenho nada no meu enorme apartamento. - Falei manhoso.

  Ela riu.

— Sério Alfonso, você precisa crescer um pouquinho, provavelmente você não sabe fazer nem uma torrada sem queimar - Negou com a cabeça - Aposto que comeu nesses dias pizza, não foi?

— Sim. - Saiu quase em um sussurro.

— Mudando de assunto... Por que não saímos hoje? Aposto que você já se esqueceu dessa cidade maravilhosa e assim pode se virar quando precisar de alguma coisa.

— Pode ser, Zozo.

— E como eu sou uma pessoa muito boa, vou comprar sua dispensar e já vou logo avisando, ou você se virá sozinho e aprende a ser adulto de verdade ou arrume logo uma empregada, não vou acordar oito da manhã todos os dias para fazer café pro bonito - Falou seria, mas dava para vê um risinho no rosto.

— Ta bom Sra. Zoraida Vilard. - Concordei enquanto me servia - Por isso que te amo.

— Que história é essa de amar minha esposa, Alfonso? - Eddy entrou na cozinha todo arrumado.

— Somos amantes Eddy, sinto muito por isso.- Zoei olhando a cara de brincadeira e uma pontada de ciúmes dele.

— Quer morrer pivete? - Sentou ao lado de Zoraida a beijando e a segurando com uma certa força. - Ela é minha, só minha... - Beijou sua testa.

— Ta bom amor, a gente já entendeu - Riu.

— Agora me fale Herrera, por que diabos está de férias? Aconteceu alguma coisa com você? - Eddy perguntou preocupado.

  Suspirei e comecei a contar.

Almas OpostasWhere stories live. Discover now