ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵃ ᵖᵒʳʳᵃ ᵈᵃ ᵐⁱⁿ
ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ
ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ
ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ
ˢᵉ ᵉˡᵉ ᵗᵉ ᵗʳᵃᵗᵃ ᵐᵃˡ
ⁱˢˢᵒ ˢⁱᵍⁿⁱᶠⁱᶜᵃ ᵠᵘᵉ ᵉˡᵉ ᵍᵒˢᵗᵃ ᵈᵉ ᵛᵒᶜᵉ̂
ᵛᵒᶜᵉ̂ ᵈᵉᵛᵉʳⁱᵃ ᵈⁱᶻᵉʳ ᵒᵇʳⁱᵍᵃᵈᵃ
ᶜʳⁱᵃⁿᶜ̧ᵃˢ ᵈᵉ 12 ᵃⁿᵒˢ ᶜᵒᵐᵒ ᵛᵒᶜᵉ̂
ˢᵃ̃ᵒ ⁿᵒᵛᵃˢ ᵈᵉᵐᵃⁱˢ ᵖᵃʳᵃ ˢᵃᵇᵉʳ ᵒ ᵠᵘᵉ ᵉ́ ᵃᵇᵘˢᵒ
ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ
ⁱ ʰᵃᵗᵉ ᵐʸ ᵐᵒᵐ
ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ, ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ, ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ, ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ (ᵉᵘ ᵒᵈᵉⁱᵒ ᵐⁱⁿʰᵃ ᵐᵃ̃ᵉ)
As mãos da Anderson alisavam as paredes do celeiro, de forma que elas acompanhassem seu caminhar.
Como estava entediada, decidiu ocupar seu tempo dando voltas no celeiro, e até agora, já foram 12, e sua meta eram 30.
Chutava algumas pedras no caminho, mas nada a tirava do imenso e quase infinito tédio, que fazia a garota bufar e suspirar incansavelmente.
No entanto, suas súplicas mentais por um desvio de atenção parecem ser atendidas, e o que era tédio, foi substituído por um som tanto quanto familiar.
Logo reconhecendo que se tratava de um som de errante, sacou sua faca rapidamente e começou a observar seu redor, ainda com ela imposta.
Rodeando o celeiro, ela percebe que não era de fora que vinha o barulho. Não havia nada, nada além de árvores, verde e som de pássaros.
Então, de onde vinha esse som?
Estranhando o aumento dos grunhidos, ela começa a tentar observar ainda mais o horizonte, mas definitivamente, não havia absolutamente nada lá.
Então, se vira para o celeiro, na verdade, para a parede do celeiro. A mesma qual ela passava as mãos segundos atrás.
Observa uma minúscula fenda, e tenta olhar por ela, mas estava tudo escuro.
Então, cola sua cabeça à madeira, permitindo que seus ouvidos encaixassem no pequeno buraco.
— Ah! — ela grita, cambaleando para trás.
Um grunhido, alto. Um não, dois. Talvez mais, dezenas? Ela não sabia, nem tinha como saber. No entanto, seu coração batia forte, e sua respiração começava a ficar ofegante com a ansiedade do perigo que estava por vir.
Para tirar as conclusões por si mesma, ela começa a procurar uma entrada para o celeiro. Já tendo consciência de que a entrada principal estava trancada, a morena se lembra de ter visto uma quase passagem, em uma de suas voltas pelo local.
Andando até lá, consegue observar. Não era tão alto, nem difícil de alcançar. Com um pé atrás do outro, ela consegue subir, tendo que empurrar uma pequena porta de madeira para realmente conseguir entrar.
Quando entra, o cheiro de catinga e estrume se espalha por suas narinas, a fazendo ter ânsias de vômito, e sequências de caretas de nojo.
O lugar não possuía uma iluminação adequada, e ela não havia trago lanternas, obviamente. No entanto, o som daqueles que se arrastavam pelo chão e grunhiam incansavelmente, entupia seus ouvidos.
Andando um pouco mais para frente, apoia seus braços em uma viga de madeira, conseguindo esticar seu corpo para frente, e tendo uma melhor visão do que estava abaixo de seus pés.
De fato, não era uma imagem muito agradável de se ver, ainda mais, quando parecia que todos eles olhavam para ela, penetrando sua alma o mais profundo possível.
Seus olhos começam a lacrimejar, e ela não consegue conter as lágrimas que agora escorriam de seu rosto sem nenhum freiar. Se senta na madeira, ainda os observando de cima, mas sem largar sua faca.
Suas mãos tremiam, mas a menina ainda os observava, e era recíproco. Eles começam a amontoar-se próximos a onde ela estava, e a menina, em reação a isso, se levanta bruscamente.
Ainda sem se soltar da viga de madeira, ela acaba vendo um zumbi menor que os demais. Parecia ser uma criança, ou um adulto realmente pequeno. Estreitando ainda mais seu olhar, consegue perceber uma cabeleira loira, de tamanho médio.
Quando estava prestes a conseguir ver o rosto, um disparo soado de trás chamou sua atenção, a fazendo se assustar, e deixar sua faca cair no olho de um errante. O que fez os irracionais se agitarem ainda mais.
— Droga! Droga, droga! — ela escuta mais um disparo, e se vira rapidamente em direção à fresta, saindo de lá sem nem olhar para trás, e também, sem fechá-la.
Correndo em direção por onde o tiro soou, ela enxerga Aliss, carregando um servo pelas pernas.
— Mãe! — Kenny grita enquanto corre até a loira, mas é ignorada — Mãe! — chama a atenção da loira, puxando seu braço.
— O que é, Kenny?! — questiona, mal humorada.
— Errantes! No celeiro! Por toda parte! — berra, enquanto tenta puxar Aliss pelo braço, mas sem conseguir tirar a mulher do lugar.
— Do que você tá falando? Que história de merda, vai arrumar o que fazer vai! — se solta do braço da morena, voltando a caminhar com o servo em mãos.
— Você não tá entendendo! — Kenny se põe à sua frente — Tem errantes de verdade lá dentro!
— Não, Kenny, você que não tá entendendo — a mulher passa reto pela garota, sem perder sua pose autoritária — Não tem nada lá, para de tentar chamar atenção.
— Que merda! Eu não to tentando chamar a atenção coisíssima nenhuma! Você nunca me escuta! — A Anderson esbraveja, enquanto pisa forte no chão e cerra os punhos — Quando eles aparecerem e te comerem no meio da noite, você vai acreditar em mim!
— Pode tentar contar essa historinha pros idiotas que você chama de amigos, talvez eles acreditem nessa baboseira!
— Baboseira? Baboseira?! — a garota berra, desacreditada — Você nunca acredita em mim! — põe a mão na própria cabeça, sentindo leves pontadas de seu quase cicatrizado machucado — Você age comigo como se eu tivesse 7 anos!
— Tanto faz a forma que eu ajo ou deixo de agir com você, garota — Aliss a olha de cima, com uma raiva penetrante — Você é extremamente imatura, extremamente irresponsável, extremamente irrelevante. Se quer tanto chamar atenção, se pinte de ouro, vai ser mais convincente do que essas suas mentiras inúteis.
A loira caminha para frente, sem deixar de levar seu servo morto junto.
— Eu já te avisei. Se continuar assim, vai acabar morrendo — finaliza antes de sair por completo.
Kenny a olha se distanciar, e parte dela se distanciava também. Imatura? Irresponsável? Talvez. Mas, irrelevante?! Como que uma mãe pode dizer isso?
Kenny não tinha um livro que ditava como uma mãe deveria ser, mas Aliss, certamente estaria no livro de "Coisas para NÃO fazer, caso se torne mãe";
tópico um;
odeie seus filhos assim como você se odeia.
A Anderson nunca teve visões maternas fortes, sequer conheceu seus avós. Mas, ela ainda sim sabia facilmente que nenhuma mãe que se preze diria tantas barbaridades para a filha sem nenhum remorso, sem nenhum empecilho, e muito menos sem nenhuma expressão facial.
Crava suas unhas fortes na extensão de seu antebraço, ignorando completamente a dor que poderia ou não ser causada no local. Por um momento, o pensamento desesperador de medo e alerta sumiu. Aliss, conseguia abalar a garota de forma tão cruel, que nesse momento, a de olhos azuis não conseguia saber se realmente tinha visto errantes ou não.
Aliss conseguia fazê-la duvidar da própria palavra. Dos próprios amigos. De quem ela acreditava. Conseguia fazê-la duvidar de si mesma. Era uma de suas habilidades mais formidáveis. E logo, uma raiva começa a subir pelo corpo de Kenny. Estava cansada.
Ela não tinha o direito de viver livremente. Não quando sua mãe a impedia de fazer tudo. Antes, a relação com sua mãe nunca havia a afetado tanto. Nunca passavam tanto tempo juntas, mas agora, no fim dos tempos, o que realmente estava acabando com a vida de Kenny era encarar a péssima mãe que tinha pela primeira vez na vida.
Ou talvez, ela deveria ser a maior influência desobediente, que teima por qualquer coisa e nunca faz o que os adultos pedem, ou seria uma máquina; seguindo um padrão de ações assim como sua mãe etão forte e indestrutível faz.
Dizem que os pais fazem o que fazem para o próprio bem de seus filhos. Acompanhada do maldito bordão “É pro seu proprio bem!” Mas Kenny, questionava completamente isso. No seu caso, no caso de Aliss, o bem seria apenas para a loira, que ela ainda chamava de mãe.
Mas ainda sim não conseguia odiá-la. Mesmo fazendo-a odiar a si mesma por muitos momentos, explodir de raiva, querer se isolar do mundo ou quebrar a primeira coisa que tinha pela frente, ela não conseguia.
E não necessariamente por que era sua mãe. Mas porque era o único vestígio de família que ela tinha.
៚
Enquanto andava apressadamente a caminho da casa dos Greene, a Anderson permanecia com os punhos cerrados, pronta para contar a “novidade” para qualquer pessoa que acreditasse nela. Ou seja, nenhum adulto além de Glenn.
Contudo, mais um tiro soa pelo ar. Ao se virar para enxergar, ela vê Daryl, caído ao chão.
— Daryl?! — ela berra, se pondo a correr até o homem, junto de Rick, T-Dog, Shane e Glenn, que também se aproximavam do Dixon caído — Daryl!
Os homens começam a tentar ajuda-lo a levantar, enquanto o resto do grupo corria até eles. Isso incluia Hershel, Lori, Dale, Carol e Maggie.
— Quem foi que fez isso?! — Shane esbraveja.
— Foi a Andrea — Dale diz, enquanto põe as mãos nos joelhos, recuperando o oxigênio — Eu avisei, mas…
— E por que você deixou ela usar uma arma?!
— Ei, Shane! — Rick vai pra perto do careca, para tentar acalma-lo.
Uma discussão se formava, e enquanto isso, Hershel tentava avaliar os ferimentos de Daryl, que não parecia estar em tão grave estado.
Mas por outro lado, Kenny olhava Andrea por cima do trailer com relance, e agora, caminhava até lá, prestes a descontar toda sua raiva contida na loira.
— Por que você fez isso?! — Kenny berra da parte de baixo do trailer, fazendo a loira aparecer não tão visivelmente na parte de cima — O Dale mandou você não fazer e você fez! O Daryl quase morreu! Por sua culpa!
— E-eu… — a loira tentava encontrar palavras, entretanto, ainda estava em choque diante da possibilidade de ter matado um homem inocente.
— A sua sorte é que você tem uma mira horrível e não matou ele, sua idiota!
— Kenny! — Glenn aparece, a repreendendo.
— O que?! Ela quase matou ele! E não vai sofrer nada por isso?!
— Não somos nós que decidimos isso, Kenny! — o asiatico segura a menina pelos ombros, tentando acalmá-la, enquanto se põe a sua frente — Você ficar com raiva da Andrea não vai resolver nada, além de chateá-la!
— Tomara que ela fique chateada mesmo! Ela quase matou o Daryl!
— Você tem que se acalmar!
— Não, Glenn! Ela, ela...
Sua visão é concentrada agora em Daryl, que agora estava sendo carregado por Shane, Hershel, Rick e T-dog, não parecia estar morto, o que tranquilizou a garota de cabelos castanhos. Dando um suspiro pesado, ela se permite deixar a pobre mulher arrependida sofrer com seus próprios pensamentos, enquanto caminha em busca de pensar em sua barraca.
Mais tarde, o clima na mesa de jantar era pesado.
Mesmo que tenha sido Carol e Lori que fizeram o jantar, - algo que gerava ótimos pontos no quesito sabor -, nada conseguia conter as fortes opiniões em relação à tudo que estava acontecendo.
Ainda mais quando um lado desta mesa está dividido com seu segredo em relação aos errantes, mesmo sabendo do risco que isso causaria para seus visitantes, enquanto do outro lado, está apenas uma criança, que sabe desse segredo.
E nesse momento, essa criança, mal conseguia comer. Não conseguiria comer sabendo que aqueles que confiou a vida de Carl, escondiam um segredo tão asqueroso quanto aquele.
Kenny observava Andrea com um olhar de desgosto, e Glenn, mesmo que em um estado de paquera com a fazendeira, conseguia perceber isso, assim como Rick.
Aliss olhava para sua criança, de uma forma um tanto quanto confusa, sendo interpretada por outros olhares. Mas para Shane e Rick, os mesmos que conheciam a loira desde a adolescência, sabiam o que esse olhar significava. O que era um tanto quanto contraditório para ambos, visto que, um olhar de total repulsa dirigido de mãe para filha, não é muito comum.
Riggs percebia a forma descarada em que Glenn e Maggie trocavam bilhetes, e se perguntava mentalmente como ambos conseguiam esconder um romance de forma tão ruim. Não muito depois, Kenny termina sua refeição, e deixa a mesa, indo agora para o quarto de Carl, que estava comendo um sanduíche.
— Enquanto uns tem que comer servo outros podem comer sanduíche — ela diz, enquanto cruza os braços no batente da porta.
— Privilégios de levar um tiro.
— Que pena que a bala não atravessou em mim também — diz fingindo secar uma lágrima.
— Você não teria essa sorte — ele ri.
— Que pena — se joga na cadeira, relaxando os ombros.
— Você tá com uma cara estranha — o moreno avalia, enquanto põe as mãos no queixo.
— Não tô não.
— Você tá sim.
— Não tô não.
— Sim, você tá.
— O que tem de estranho em mim então? - eleva a voz.
— Você parece estressada — ele faz uma careta pensativa.
— Não to estressada — ela cruza os braços diante da dúvida do garoto — Só to… cansada?
— Justifique.
— Credo, parece até meus antigos professores — ela revira os olhos, rindo junto do garoto — Mas, não é nada, eu acho… — vira seu olhar para a janela, que dava uma ótima visão do gramado — Foi um dia cansativo.
— Eu soube sobre o Daryl — puxa assunto — Ele tá bem?
— Estável — dá de ombros — Foi de raspão então… ele não vai morrer.
— Quem foi que atirou nele?
— Andrea — cruza os braços bufando.
— Você não fez o que eu to pensando né? — levanta as sobrancelhas.
— O que? — faz uma cara de desentendida.
— Você brigou com a Andrea por causa do Daryl?
— O Glenn te contou? Ah, eu mato ele um dia desses! — chuta o ar bufando — Eu pedi pra ele não falar — revira os olhos — Ele não sabe guardar nenhum segredo!
— Ele não me contou — a morena olha para o menino a sua frente com uma cara de interrogação — Você acabou de se entregar.
— Seu..! — ela reclama enquanto arremessa uma almofada na cara do garoto — Levar um tiro te deixou mais esperto também? Por que eu não me lembro de você ter mais de dois neurônios.
— Olha quem fala! — ri — Você perdeu quando bateu a cabeça né? Por que pra alguém que consegue passar um dia inteiro amarrada em uma árvore, bater a cabeça e ficar tão distraída que nem você, deve ter perdido parte do cérebro.
— Assim você me ofende — ela põe a mão no peito, fingindo tristeza — Muito.
— Relaxa, você ainda tá mais inteligente que o Eliot.
— Se eu fosse menos inteligente que ele, eu seria uma ameba.
៚
Carl havia dormido enquanto eles conversavam. Na verdade, eles já estavam passando na hora de conversar, Lori até tinha os mandado dormir, mas eles decidiram que ser "fora da lei" por uma noite, não faria nada mal.
Kenny andava pelo pasto, em uma escuridão quase infinita. Caminhava para sua barraca, sem nenhum destino de desvio, apenas ir, se deitar e dormir.
No entanto, ao virar a cabeça por um milésimo de segundos, ela percebe Glenn indo para o celeiro e Maggie, correndo atrás dele. E por um instante, um espírito de alerta paira sobre ela.
Mudando totalmente sua rota, ela começa a correr para o celeiro, ignorando Maggie e conseguindo passar por ela na “corrida”, ela chega ao local.
Contudo, ao ver que Glenn não estava na parte de baixo, ela começa a pensar nas possibilidades possíveis de onde ele poderia estar.
1- Dentro do celeiro.
2- Voltando para casa.
E parecia ser óbvio a opção que ele havia escolhido.
Entrando no celeiro pela parte de cima, a qual havia deixado aberta pela manhã, ela vê Glenn, observando aqueles malditos e horrendos errantes, e lá estava ele, apoiado, na mesma viga a qual a menina tinha ficado, tendo seus sonhos e expectativas amassados como em um tsunami.
— Glenn! Kenny! — Maggie grita, entrando no lugar.
Então, como em uma reação automática, ambos se viram para ela. E mais um novo problema iria pairar sobre aquela tão "pacifica” fazenda.