ᶠᵒⁱ ᵒ ᵐᵉˡʰᵒʳ ᵠᵘᵉ ᵛᵒᶜᵉ̂ ʲᵃ́ ᵗᵉᵛᵉ?
ᶠᵒⁱ ᵒ ᵖⁱᵒʳ ᵠᵘᵉ ᵛᵒᶜᵉ̂ ʲᵃ́ ᶜᵒⁿʰᵉᶜᵉᵘ?
ᵉᵘ ᵗᵉⁿᵗᵃʳⁱᵃ ᵗᵉ ᵈⁱᶻᵉʳ ᵒ ᵠᵘᵉ ᵖᵉⁿˢᵒ
ᵉ ᵇʳⁱⁿᶜᵃʳ ᶜᵒᵐᵒ ˢᵉ ᶠᵒˢˢᵉ ᵘᵐᵃ ᵖⁱᵃᵈᵃ
ᵒʰ, ˢᵉᵐ ᵐᵃⁱˢ ˢᵘʳᵖʳᵉˢᵃˢ, ᵃᶜʰᵒ ᵠᵘᵉ ᵉ́ ᵃˢˢⁱᵐ
ᵉᵘ ᶠᵃʳⁱᵃ ᵠᵘᵃˡᵠᵘᵉʳ ᶜᵒⁱˢᵃ ᵖᵒʳ ᵛᵒᶜᵉ̂ ˢʳᵃ ᵃˡᵗᵉᶻᵃ
ᵒ ˢᵒˡ ᵉ́ ᵈⁱᵛᵉʳᵗⁱᵈᵒ
ᵃ ᵗᵉʳʳᵃ ᵉ́ ᵉˡᵉᵍᵃⁿᵗᵉ
ᵉᵘ ˢᵒ́ ᶠᵃˡᵒ ᶜᵒᵐ ᶜᵃ̃ᵉˢ
ᵖᵒʳᵠᵘᵉ ᵉˡᵉˢ ⁿᵃ̃ᵒ ᵐᵉ ᵉⁿᵗᵉⁿᵈᵉᵐ
ᵐᵉᵘˢ ᵈᵉⁿᵗᵉˢ ˢᵃ̃ᵒ ᵃᵐᵃʳᵉˡᵒˢ, ᵒˡᵃ́ ᵐᵘⁿᵈᵒ
ᵛᵒᶜᵉ̂ ᵍᵒˢᵗᵃʳⁱᵃ ᵘᵐ ᵖᵒᵘᶜᵒ ᵐᵃⁱˢ ᵈᵉ ᵐⁱᵐ
ˢᵉ ᵉˡᵉˢ ᶠᵒˢˢᵉᵐ ᵇʳᵃⁿᶜᵒˢ ᶜᵒᵐᵒ ᵒˢ ˢᵉᵘˢ?
ᵉᵘ ᵖʳᵉᶜⁱˢᵒ ᵉˣᵖᵘʳᵍᵃʳ ᵐᵉᵘˢ ᵈᵉˢᵉʲᵒˢ
ᵛᵉʳᵍᵒⁿʰᵃ, ᵛᵉʳᵍᵒⁿʰᵃ, ᵛᵉʳᵍᵒⁿʰᵃ
ᵉᵘ ᵖʳᵉᶜⁱˢᵒ ᵈᵉ ᵘᵐ ᵃ́ˡⁱᵇⁱ ᵖᵃʳᵃ ʲᵘˢᵗⁱᶠⁱᶜᵃʳ
ᵃˡᵍᵘᵉ́ᵐ ᵖᵃʳᵃ ᶜᵘˡᵖᵃʳ
ᵉ́ ᵘᵐᵃ ᶠᵉˢᵗᵃ ᵈᵉ ᵖⁱʳᵃⁿʰᵃ
ᵐᵉ ᵈᵉ̂ ᵘᵐ ⁿᵒᵐᵉ ᵉ ᵈⁱᵍᵃ ᵉⁱ, ᵉⁱ
ⁿᵃʰ ⁿᵃʰ ⁿᵃʰ ⁿᵃʰ ⁿᵃʰ ⁿᵃʰ ⁿᵃʰ
A luz que adentrava na barraca pelas frestas rasgadas do tecido começavam a iluminar o ambiente. E logo, os raios de Sol começam a acordar a jovem de olhos azuis.
Ela se senta, e prende seus cabelos em um rabo de cavalo. Quando olha para o lado, consegue ver Riggs e Eliot dormirem feito pedra, então decide não acorda-los, não depois da semana cansativa que tiveram.
Abrindo uma pequena brecha na "porta" da barraca, ela vê que não havia quase ninguém acordado, então, fecha a portinha e volta a atenção à sua mochila, que estava no chão, do lado de fora da barraca.
Ao certo, não se lembrava onde havia a conseguido. Segundo Riggs, eles haviam a achado junto com Sophia. E essa mochila, aparentemente tinha alguns materiais de sobrevivência. Entretanto, Kenny não se importava com isso, e apenas ficava feliz em ter algo para guardar suas tranqueiras.
Ela abre o zíper, e quando põe sua mão dentro da bolsa, consegue sentir um bloco de desenhos. Algo que ela não se lembra de ter colocado lá.
Quando o puxa, vê que é um pequeno bloco branco com flores rosas, algo bem simples, e pelo visto, desgastado.
Curiosa, ela abre o bloquinho, e se depara com uma caligrafia muito bonita por sinal, que ditava "Eu e Minha melhor amiga"
Quando começa a passar as páginas, a morena se depara com diversos desenhos, que, mesmo que simples, pareciam ser ilustrações dela mesma. Não imaginados, mas como se alguém a desenhasse enquanto ela fizesse coisas comuns do dia a dia, como rabiscar folhas aleatórias, chutar cascos de árvores ou conversar com seus amigos.
Ignorando essa peculiaridade, ela continua passar as páginas, molhando a ponta dos dedos as vezes, para auxiliar.
Percebe que existem algumas páginas rasgadas, e outras rabiscadas com força, mas ignora, e segue indo até o final.
E quando chega lá, se depara com um desenho dela, mas dessa vez, com uma menina loira do lado.
Mesmo que fossem simples desenhos de palitinho, ela sabia de quem se tratava aquela cabeleira loira.
Sophia.
E, mesmo que não se lembrasse, Riggs faz questão de contar característica da mesma todos os dias para Kenny, na esperança de que ela se lembrasse. Mas até agora nada.
Até agora.
៚
A morena acorda em uma sala preta. A mesma que a acompanhava nos seus últimos 4 sonhos. Geralmente, vazias, mas desta vez, não.
Ela olha para os próprios pés, e percebe que eles são menores, e que, também, não está tão alta quanto deveria estar.
Deixando isso de lado, ela caminha pela escuridão, apenas seguindo uma pequena luz vermelha no final do aparente túnel. Uma luz, que piscava, como se estivesse prestes a se apagar para sempre.
À medida que se aproximava, ela sente seu corpo pesar, e algumas risadas, de mais de uma pessoa, começam a surgir pela sua mente.
Quando se aproxima o suficiente, ela entra em uma sala.
Parecida com as salas de recepção cotidianas, ela segue para onde um barulho de conversa soava, adentrando em uma porta desta vez.
E lá, ela vê três pessoas.
Esticando sua visão, ela percebe que uma delas era Aliss, mas as outras duas, não possuíam rostos.
E eles discutiam. Muito.
- Como assim, Aliss?! Você nunca quis ela, nunca! E agora acha que pode ter isso?! - uma voz feminina soa, junto de um som de batida na mesa.
- Isso não importa. Vocês tinham um dever! E não conseguiram fazer nada direito! Vocês estragaram tudo!
- Nada?! Nós não fizemos nada?! - um homem esbraveja - Você tirou ela de nós, Aliss! E eu não duvido nada que nunca tenha falado para aquele pobre coitado que ele tem uma filha!
- Ela é minha filha também!
- Não, Aliss - a mulher toca seu ombro - Você nunca esteve presente. 7 anos, Aliss, 7 anos que cuidamos dela, 7 anos em que ela foi nossa filha. E agora você quer destruir isso só porque ela pode se lembrar de você?!
- Vocês só fizeram um favor. Ela é minha filha.
- Não dá pra falar com ela, vamos embora L0©1£3.
- Sabe, Aliss. Um dia, nós teremos nossa filha de volta. E eu realmente sinto muito. Mas quando ela souber de tudo, você vai desejar nunca ter tirado-a de nós - ela dá as costas para Aliss - Vamos, N€¢∆£.
Kenny, ou, a pequena Kenny, olha para Aliss, que segurava um papel em mãos.
A loira, que no momento, tinha seus cabelos naturais, não tingidos de loiro, segura um papel em suas mãos, e ao lê-lo, o rasga, e dá as costas até a porta qual o casal havia saído.
Entretanto, a morena que a observava não poderia consolá-la. Não porque não a via, mas sim porque ela sentia que não queria fazer aquilo. Sentia que ela era merecedora de passar por isso. Talvez por tudo que a mulher havia feito à pequena.
Até, que é puxada por algo.
៚
Quando seus olhos se permitem abrir denovo, ela está em uma árvore. Sentada e um galho. Uma vista comum e cotidiana.
Por um momento, imagina estar acordada, passando por um episódio de sonambulismo, mas isso é refutado a partir do momento em que ela vira sua cabeça para o lado, e tem a visão de uma pessoa loira. Com um rosto lindo, mas irreconhecível aos olhos de Kenny.
Entretanto, ela parecia estar sendo forçada a pronunciar palavras para a loira em sua frente.
- $0¶H1∆?!
- Oi, Kenny - a loira sorri - Seus sonhos são bem estranhos, sabia?
- Sonhos?
- Óbvio, ou você acha que sou realmente eu falando com você?
- ...
- Fique tranquila, pergunte o que quiser - toca o ombro da morena.
- Sua tranquilidade não parece ser reconfortante... Mas eu preciso disso, eu acho - a morena avalia as próprias mãos, vendo seu machucado recente - Não consigo te tirar da cabeça, não posso tirar você em geral. Mesmo que eu não me lembre de você, parece que todos fazem questão que eu me lembre o mais rápido possível - ela pensa um pouco - Então, estamos aqui, somos apenas duas perdedoras. Uma desaparecida, e uma maluca que sonha com mortos ou desconhecidos sem nome...
- Acho que sonhar com os mortos, por um lado é bom. Assim, você não se esquece da voz deles, né? - sorri - Meu maior pesadelo seria esquecer você, mas isso nunca vai acontecer, né? Afinal, não tem como um morto se esquecer de algo que viveu antes de morrer, por que agora, tudo quw resta são as memórias de quando se estava vivo.
$0¶H1∆ gostaria de explicar a Kenny a verdade. Onde estava, o que aconteceu, como aconteceu, e o porquê ela fugiu. Entretanto, aquela não era a verdadeira $0¶£•∆, e sim, apenas o subconsciente de Kenny, a forçando a tentar lembrar.
- Eles dizem como éramos amigas, e que eu ajudaria se lembrasse por onde fomos, mas é como se tudo tivesse sumido, puft! - Kenny vira para a loira, mesmo não a enxergando por completo, mais especificamente, seu rosto - Me fala, se tiver uma coisa que me faça lembrar de você, qualquer coisa, você precisa me falar!
- Talvez refazer os passos é sempre uma boa ideia. Voltar atrás onde tudo começou, ou, quase começou.
- Arg - suspira - Isso não ajuda - encosta a cabeça na árvore - Talvez eu nunca me lembre. Tanto faz - relaxa a mão sob os olhos, suspirando.
- Olha, vou usar as suas próprias palavras para te ajudar com isso - a loira põe uma mecha do cabelo de Kenny para trás da orelha da mesma - Não consigo sair da sua cabeça, e também não posso tirar você da minha cabeça. Estou presa a você. Bem, até que você se lembre.
Kenny pensa um pouco.
- Você não se lembra de mim, ainda. E nunca vai superar minha morte, acredite. Porém... você vai se acostumar. Apenas saiba... Saiba que eu te amo.
Me ame.
Me ame!
៚
- Ah! - Kenny se levanta do chão bruscamente, batendo sua cabeça com a cabeça de alguém.
- Ai! - Riggs massageia a própria cabeça.
- Riggs?
- Vê se me lembra de nunca mais ver seu rosto enquanto dorme - resmunga passando a mão na cabeça.
- Você tava vendo meu rosto enquanto eu dormia?!
- Sim! Você tava com umas caras e bocas bizarras, sei lá - ele dobra seu cobertor - Você é esquisita.
Ela põe a mão sob a cabeça, questionando o que acabou de acontecer.
E aos poucos, os flashes de seu sonho começam a soar em sua mente, como marteladas frequentes.
- Eu acho que eu sonhei! - ela se aproxima dele.
- Obvio que sonhou né, todo mundo sonha.
- Não, idiota! Sonhei com ela!
- Com ela? - ele faz uma cara de questionamento, esperando ser respondido.
- Com a Sophia! - a morena empurra o rosto dele, abrindo a porta da barraca e saindo - Eu tenho quase certeza!
- Com a Sophia?! - se aproxima dela - O que você via?
- Eu não sei, não consegui reconhecer o rosto dela.
- Então como sabe que é ela?
- Eu não sei, eu só acho que era ela.
- Qual é, Kenny! Tem certeza ou não?
- Tá, eu não tenho certeza - ela sai da barraca, pegando um balde e andando em direção a casa, sendo seguida por Riggs - Mas tenho quase certeza.
- Quantos porcento?
- Uns...50, por aí.
- Muito pouco.
- Mas já é algo, né?
- É, talvez - ele dá de ombros - Mas do que vocês falavam?
- Eu não entendi muito, mas ela falava que estava na minha mente, eu nunca ia superar a morte dela e hm.... Ah, e que me amava.
- Ela te amava?
- Então agora você acredita?
- Sei lá, seus sonhos são estranhos e você é mais ainda, mas as vezes é bom acreditar nos loucos.
- Olha quem fala - ela revira os olhos.
- Tá, beleza, e agora?
- O que? - diz enquanto sobe os degraus da casa.
- Vai contar pra Carol?
- Talvez.
- Talvez?
- Eu ainda não sei! Preciso ter certeza e tal - ela suspira, pondo o balde no chão e amarrando seus tênis - Fora que eu não sei ao certo se é alucinação minha ou não.
- Ahan - o moreno bocejava em deboche à demora da garota.
- Idiota - Kenny ri, pegando o balde de água e caminhando até o galinheiro, enchendo o recipiente das galinhas.
- Você veio aqui só pra dar água pras galinhas.
- Sim, e ver o outro frangote - diz enquanto caminha até a casa.
- Tem um galo dentro de casa?! - ele a segue.
- Sim - Kenny sorri adentrando no quarto de Carl.
- Que susto! - Riggs se surpreende - Achei que o galo iria estar aqui!
- Você me chamou de galinha denovo, Kenny? - Carl pergunta enquanto guarda uma de suas Hq's.
- Sim - diz enquanto se senta na cama dele - Riggs, o Eliot ta te procurando - usa uma desculpa qualquer para fazer o menino sair do local.
- Ele tá?
- Bem, a não ser que você queira que ele jogue suas cuecas fora...
- Já to indo! - ele diz enquanto sai correndo, fazendo Kenny e Carl gargalhar.
- Você está melhor ou vai ficar nessa cama até ficar adulto? - a morena pergunta enquanto pega a Hq que o garoto havia guardado
- Eu to melhor, só não saí ainda por que minha mãe não deixou - revira os olhos enquanto coloca sua revista na mesa se cabeceira.
- Hm, entendi - ela pega e folheia a revista.
- Você veio aqui pra roubar minha Hq? Ou me fazer companhia? - ele pergunta com um sorriso.
- Roubar sua Hq - diz, fingindo seriedade.
- Você é do mal! - ele empurra ela com o pé, fazendo-a cair da cama.
- Oh! Carl Grimes! - se levanta e coloca a Hq na mesinha - Eu juro que se você não estivesse com um furo na barriga eu teria feito você levar outro tiro!
- Qual é? Olha, tem até suas vantagens essa coisa de quase morrer.
- Aé? Então fala pra mim - diz cruzando os braços.
- Todos se preocupam comigo, e me dão comida de montão - ele põe as mãos atrás da nuca com o sorriso mais convencido o possível - Ganhei chocolate, e você vem me ver todo dia.
- Que audácia! - questiona boquiaberta - Você é a pessoa mais oportunista que eu conheço!
- Sou um homem de negócios - ele ri.
- Só se for o do tipo falido.
- Bla bla bla.
- Essa fala é minha.
- Como você disse, sou oportunista!
A garota ri, e o menino também. Ela se senta ao lado dele, permitindo que ele lesse o que estava escrito nas páginas da Hq. O que os fez questionar sobre como os escritores conseguiram colocar tantas informações em poucas páginas prensadas.
Às vezes discutiam sobre qual era o melhor personagem, mas Kenny quase sempre ganhava, pois sua quantidade de argumentos davam e 0 a 1000 em Carl.
Passaram por um bom tempo juntos. Como era de manhã, ninguém havia vindo para perturbá-los quanto a isso.
Contudo, nesse tempo que ficaram juntos, a menina não mencionou sequer uma palavra sobre seu "sonho". Já que não queria preocupar o menino quanto a isso.
Mesmo que o mistério por trás de seu próprio inconsciente estava a preocupando demais.
៚
Kenny estava no trailer. Sentada, no assento acolchoado, enquanto se esforçava para encontrar uma maneira de concertar aquele maldito toca-músicas que havia encontrado em sua mochila.
Não se lembra ao certo de como o conseguiu, entretanto, ele estava em lá. Segundo Riggs, eles haviam achado um pouco antes de "Sophia" sumir, então, ela acreditou.
Ele precisava de pilhas, porém, isso ela já tinha. E mesmo as colocando, recolocando, mudando e poses em todas as combinações possíveis, aquela caixinha não ligava.
Impaciente, ela bufa e começa a bater o aparelho na mesa, na esperança de que ele começasse a funcionar na força do ódio, mas tudo que essa reação resulta são apenas duas pilhas, que agora estavam soltas, rolando pelo chão do trailer.
Bufando novamente e proferindo xingamentos mentais, ela se ajoelha no chão para tentar enxergar por onde as pilhas foram. Colocando seu toca-músicas no bolso, percebe que elas estavam próximas à cabine do motorista, começa a andar -ou melhor, engatinhar- até lá.
Quando alcança as pilhas, ela se senta no chão em frente a porta, contudo, sente um forte baque contra sua cabeça.
Quando olha para frente, era Eliot, que havia acabado de abrir a porta bruscamente na cara da garota.
- Meu deus! - ele põe a mão na propria boca, em choque - Eu te machuquei? - diz enquanto se ajoelha em frente a ela, tentando ver sua testa.
- É a segunda batida só hoje... - ela faz uma careta enquanto passa a mão pelo machucado, que provavelmente ficaria roxo.
- Desculpa!
Ele segura a mão dela, a ajudando a se levantar do chão, e caminha com ela para fora do trailer, colocando o toca-músicas no chão, e ficando do lado dela, apoiados em uma pedra.
- Eu vou lá pegar gelo! - se vira para trás, mas a menina o segura.
- Não precisa, nem ta doendo - ela sorri dolorida.
- Tem certeza?
- Uhum - faz uma careta - Senta aqui - dá batidinhas na pedra, ao lado dela.
O loiro, ainda confuso assente, e se senta.
- O que você tava fazendo no chão em frente à porta?
- Pegando pilhas.
- Pra que?
- Pra essa bosta aqui - pega o toca-músicas do chão, mostrando para Eliot - Mas as pilhas não funcionam, então eu bati com ele na mesa, e elas sairam voando.
- Você colocou as pilhas direito?
- Óbvio.
- Não deve ter colocado - ele pega a caixinha dela e começa a tentar achar uma forma de fazer-lo funcionar.
- Eu disse que não funciona - ela se joga para trás, se deitando na grama.
- Funciona sim, olha só - ele se joga para trás também, ficando ao lado dela, enquanto tenta ligar o aparelho. Mas de novo, não funciona - Droga.
- Eu avisei.
- Nhenhenhe - o loiro joga o objeto de lado e põe as mãos na barriga, observando as nuvens.
Eles ficam em um silêncio constrangedor por um longo período de tempo, porém, Eliot termina isso.
- Olha, desculpa - ele suspira.
- Que? - questiona se virando para ele.
- Desculpa por tentar te impedir naquele dia. E pela briga do poço e... por eu ter sumido e...
- Acho que eu também tenho que pedir desculpas - diz arrancando um olhar confuso, e surpreso do loiro - Eu briguei com você, e você tava tentando me ajudar.
- Mas eu não tinha direito de...
- Mas tá tudo bem e...
- Não, olha, eu errei, tá bom?
- Não, eu que errei.
- Kenny. Eu que errei - ele se senta na grama, conseguindo olhar-la de cima.
- Não. Eu. Eu errei - ela se senta ficando e frente a ele.
- Não, Kenny, eu que--
Uma sombra aparece em meio aos dois, o forçando a virar-se para ver. Tendo a visão de Glenn, com a mão na cintura.
- Eliot, o Riggs ta te chamando, acho que é urgente - aponta para a casa, que estava longe.
- Qual e o assunto?
- Algo com cuecas vermelhas.
- Merda! - o loiro se levanta e sai correndo.
- O Riggs tá com diarréia de novo? - Kenny pergunta para Glenn.
- Não sei - ele olha para os lados, verificando se havia alguém lá - Por acaso... - se agacha em frente a morena - A Maggie falou com você? Sobre... mim?
- Por que ela falaria?
- Porque... hmm... - ele disfarça, procurando palavras.
- Ela gosta de você?
- Você acha que ela gosta de mim? - ele sorri - Por que olha, às vezes ela é má comigo e outras não. Você que sabe dessas coisas não eu, né?
- Que? - ela gargalha da reação espontânea do coreano - Você ta apaixonado?! - ela grita, gargalhando.
- An?! Não! - ela olha para os lados - E
fala baixo, você tá quase berrando ai!
- Glenn ta apaixonado! Apaixonadinho! - cantarola apontando para seu rosto, enquanto o garoto a sua frente, ficava vermelho de constrangimento.
- Você é do mal! - ele se senta no chão, escondendo seu rosto em suas mãos.
- Se você acha que gosta dela, é só falar - se senta ao seu lado.
- Não é tão fácil assim! - suspira - Acho que ela tá brava comigo.
- Você aprontou algo?
- Não que eu saiba.
- Então ela deve tá se fazendo de difícil - ela põe a mão no queixo fazendo beicinho, analisando a situação mentalmente.
- Por que?
- Pra saber se você realmente quer ter algo com ela ou não! Oras! Você nunca namorou não?
O asiatico faz uma cara desajeitada, e a menina ignora sua possível mentira.
- Como você sabe disso?
- Eu cresci vendo adolescentes brigarem e namorarem nos muros de onde eu morava, sei muito bem como essa baboseira toda funciona.
- Que droga.
- Você vai falar?
- Talvez um dia.
- Faça ela sorrir - ela diz enquanto olhava para o céu - É o que ela merece, e tem que se sentir merecedora.
- Onde você ouviu isso?
- No youtube.