ᵐᵉᵘ ᵈᵉᵘˢ, ᵉᵘ ᵉˢᵗᵒᵘ ᵗᵃ̃ᵒ ˢᵒˡⁱᵗᵃ́ʳⁱᵃ
ᵉⁿᵗᵃ̃ᵒ ᵉᵘ ᵃᵇʳᵒ ᵃ ʲᵃⁿᵉˡᵃ
ᵖᵃʳᵃ ᵒᵘᵛⁱʳ ᵒˢ ˢᵒⁿˢ ᵈᵃˢ ᵖᵉˢˢᵒᵃˢ
ᵖᵃʳᵃ ᵒᵘᵛⁱʳ ᵒˢ ˢᵒⁿˢ ᵈᵃˢ ᵖᵉˢˢᵒᵃˢ
ᵉ ᵉᵘ ⁿᵃ̃ᵒ ᵠᵘᵉʳᵒ ˢᵘᵃ ᵖᵉⁿᵃ
ᵉᵘ ˢᵒ́ ᵠᵘᵉʳᵒ ᵃˡᵍᵘᵉ́ᵐ ᵖᵉʳᵗᵒ ᵈᵉ ᵐⁱᵐ
ᵃᶜʰᵒ ᵠᵘᵉ ˢᵒᵘ ᵘᵐᵃ ᶜᵒᵛᵃʳᵈᵉ
ᵉᵘ ˢᵒ́ ᵠᵘᵉʳᵒ ᵐᵉ ˢᵉⁿᵗⁱʳ ᵇᵉᵐ
ᵉ ᵉᵘ ˢᵉⁱ ᵠᵘᵉ ⁿⁱⁿᵍᵘᵉ́ᵐ ᵛᵃⁱ ᵐᵉ ˢᵃˡᵛᵃʳ
ᵉᵘ ˢᵒ́ ᵖʳᵉᶜⁱˢᵒ ᵈᵉ ᵃˡᵍᵘᵉ́ᵐ ᵖᵃʳᵃ ᵇᵉⁱʲᵃʳ
ᵐᵉ ᵈᵉ̂ ᵘᵐ ᵇᵉⁱʲᵒ ʰᵒⁿᵉˢᵗᵒ
ᵉ ᵉᵘ ᶠⁱᶜᵃʳᵉⁱ ᵇᵉᵐ
Elliot mantinha seus braços cruzados enquanto observava a floresta. Seu fiel amigo, Riggs, estava ao seu lado. Com os olhos avermelhados e o nariz escorrendo, mas ao seu lado.
Já faziam 3 horas desde que Sophia e Kenny se perderam na mata, e desde então, Rick, Shane, Daryl e Aliss procuravam por elas.
Os melhores amigos, estavam preocupados, e com um sentimento de culpa entre eles. Eliot não conseguiu impedir Kenny, e Riggs não conseguiu impedir Sophia.
O Grimes observava ambos com um olhar de raiva. Por mais rápido que a situação tivesse ocorrido, o moreno acreditava que se ambos tivessem se esforçado mais, as meninas estariam lá agora. E fazia questão de deixar isso bem claro em seus olhares penetrantes.
Eliot, cansado de ter um olhar fulminante em seus ombros, vai até o pequeno tirar satisfação.
- Algum problema, Grimes? - ele se põe em frente ao garoto, cruzando os braços.
- Não sei - o pequeno cruza os braços também - Talvez o problema seja você deixar a Kenny ir pra floresta sozinha.
- Até onde eu sei, se seu pai tivesse feito seu trabalho direito, ele teria achado elas, né? - bufa - Os agentes do governo são os piores.
- Você não tem o direito de culpar o meu pai! - o garoto exclama, irritado - Ao contrário de você, ele tentou fazer algo! E você? Acha que só segurar o bracinho de alguém vai impedi-lo de correr para salvar sua amiga?
- Você não fez nada para ajudar também, então fica na sua - empurra o ombro de Carl.
- Você estava ao lado dela, não eu - o pequeno retribui o empurrão.
- Qual o seu problema? - o loiro se aproxima mais, dessa vez com o peito estufado - Você se acha tanto assim só por que seu papaizinho é sherif e todos aqui fariam qualquer coisa pra proteger você? Só por que você teve uma vida lindinha em uma casa ótima em um bairro bom, em? - ele solta uma risada alta e sarcástica - Ela sumiu, mas sabe, ela foi inconsequente sabe por que? - olha nos olhos de Carl - Por que você deixou ela.
- Eu deixei ela? - o garoto fecha a cara - Você não tem ideia do que tá falando, Elliot!
- Por sua culpa, ela estava triste, deprimida, se sentindo culpada, e por isso se arriscou cegamente. Apenas por sua culpa!
- Ela se arriscou cegamente por que não é uma covarde que nem você!
O pavio curto de Elliot toma conta de seu corpo, ele estende seu punho, pronto para iniciar mais uma de suas brigas. Não tão constantes agora, mas que lembravam sua antiga vida no abrigo. Brigas atrás de brigas, socos atrás de socos. Sempre com roxeados e machucados no corpo. Porém antes de tomar uma decisão irreversível, seu punho é impedido por Glenn, que segurou sua mão, e Riggs, que se pôs na frente de Carl.
- O que é isso?! - pergunta, indignado.
- Você não vai iniciar uma briga aqui, amigão - diz Glenn, sem soltar seu punho.
- Me solta!
- Elliot - Riggs o chama, em um tom apaziguador - Você está nervoso, tudo bem - funga - Todos estamos, mas isso não é culpa do Carl. Nem do Rick, nem de você. Na verdade, não é culpa de ninguém.
- É claro que é culpa dele! Você não vê? Esses Grimes só tão ferrando com a gente!
- Elliot? - Glenn questiona a atitude do rapaz.
- Antes deles, estávamos bem. Kenny estava sempre ao nosso lado. Sempre feliz - ele olha com raiva para Carl, que ainda estava atrás de Riggs - Agora, ela está sozinha em uma floresta. Por culpa dele!
- Ela não está sozinha, Sophia está com ela! - Carl corrige.
- Ela continua estando sozinha!
O loiro olha para o chão, avaliando cada centímetro do asfalto, tentando distrair seus pensamentos, sua impulsividade, sua raiva, e sua angústia. Apenas Kenny e Riggs conseguiam entende-lo ao ponto de conseguir ajuda-lo a controlar sua raiva. Mas ele nunca imaginou uma situação sem ambos. Estavam juntos desde a infância e a mínima possibilidade de estarem separados o atormentava completamente.
Glenn percebeu isso. Percebeu a fúria no olhar do menino. E começou a imaginar o porquê destas três crianças serem tão peculiares. Seria tão ruim assim o lugar de onde vieram? Tão ruim a ponto de todos os três parecerem ter que lidar com coisas que às vezes, nem os adultos sabem como lidar?
Mas não adiantava viver apenas especulando. Ele precisaria conversar para saber sobre isso. Tentar ajudá-los, o máximo que podia.
O quase adulto com olhos puxados caminha com o loiro para dentro do trailer para tentar acalmá-lo, e antes de sair, pede para que Carl e Riggs deixem a situação entre eles, visto que havia ocorrido em um lugar um tanto distante, e mais ninguém do grupo havia visto.
Riggs suspira fundo e limpa seu nariz. Isso era algo próprio dele, sempre que chorava, o mínimo possível, seu nariz se tornava uma bica sem fim, passando horas o lembrando que havia chorado. Até mesmo um sorvete derramado podia fazê-lo soltar uma lágrima e fungar o dia todo.
Ele se vira e observa Carl. Por mais que as palavras ditas por Eliot fossem as mais incabíveis e impulsivas o possível, havia certa parcela de verdade. O que fez o Grimes, se sentir ainda mais culpado.
De fato, ele não havia feito nada. Não que algo pudesse ser feito, mas ele sequer tentou. Apenas ficou parado vendo tudo acontecer.
O de olhos azuis observava Riggs, e admirava sua coragem. Ao contrário de Eliot e Carl, o moreno foi o único que se dispôs a correr atrás delas. Mas foi convencido por Rick a correr atrás.
Entretanto, ter amarelado não é o unico motivo da culpa de Carl.
Ela teria mesmo se arriscado cegamente por causa dele? Por conta do que conversaram no CDC? Seria ele o motivo de ela estar desaparecida agora? Era isso que sua mente matutava ao insistir em torturá-lo.
- Cara - Riggs segura seu ombro - Não é culpa sua, fica tranquilo, ela vai ficar bem, ela sabe se proteger.
- Como pode ter certeza disso?
- Hm, eu tenho um ótimo exemplo pra isso.
1 ano atrás
- Qual é Denny! Vai ficar aí, de bobeira é? - Kenny dizia enquanto zombava do menino.
- Tsc, calaboca.
- Aaah, qual é! Vai me falar que virou amarelinha? - ela ri do menino, ainda estando de pé na mesa de sinuca.
- Você que é amarelinha!
Ambos discutiam por longos minutos. Denny era a espécie de pau mandado de Noah, um valentão qualquer que vagava pelo abrigo como se fosse o rei daquilo tudo. Quando na verdade, ele era só mais um pé rapado largado.
Eliot e ele estavam brigando, mas não verbalmente, e sim, fisicamente. Ambos brigavam por trás da caçamba de lixo. E Kenny, distraia Denny para que o ruivo não descobrisse, e ajudasse Noah a acabar com a raça de Eliot.
- Você já me encheu a paciência garota, eu vou ver onde o Noah tá.
- Não vai não! - ela desce da mesa de sinuca, indo até ele.
- Arf - bufa - O que você quer agora Kenny?
- Ah, qual é, somos amigões, lembra? - ela diz passando o braço pelo ombro dele.
- Amigões? Amigões, Kenny?
- É ué.
- Seu conceito de amigões consiste em quase triturar todas as cuecas de seu "amigão"?
- Você mereceu.
- Uau, que amizade linda!
- Você roubou minhas barras de chocolate! As crocantes! Mereceu, mereceu demais.
- Tanto faz, vou ver o Noah.
- Qual é cara!
- Me deixa, Kenny!
- O que tá havendo aí? - Jared. O outro valentão do abrigo, diz aparecendo na porta.
Assim que viu o menino, Kenny prendeu os cabelos, que nessa época, possuíam algumas mechas esverdeadas.
Havia uma certa hierarquia. Jared, o repetente do terceiro ano, prováveis 18 anos, tornozeleira eletrônica, é o líder dos valentões. E então chegamos a Noah. Pau mandado do Jared. Seu irmãozinho mais novo. Depois, temos Denny, o pau mandado do Noah. Que não tem título nenhum, a não ser o fato de ser chamado de "Rosinha flor de liz"
- Jared! - Kenny se afasta de Denny rapidamente, abrindo seu doce e mais falso sorriso - Que bom te ver, né.
- Você não respondeu minha pergunta - ele se aproxima, com as mãos atrás das costas - O que tá havendo aqui?
- Nada! Só estava jogando... - olha para mesa de sinuca - Sinuca! Com meu amigão, Denny!
- Hm - olha desconfiado - Isso é verdade, Denny?
- Hum... éh... Por aí.
- Tá certo - ainda mantém as mãos por trás do ombro - Mas agora, senhorita Kennedy... - se aproxima - Eu posso saber por que meu irmãozinho estava cheio de machucados atrás da caçamba de lixo?
- Que? - finge surpresa, abrindo a boca - Nossa! O que aconteceu com ele?
- Não sei, talvez seu amigo Elliot saiba - ele tira de trás de suas costas, um taco de beisebol. Seu típico taco de o qual ele usava para ameaçar a todos.
- Olha, eu não sei onde ta o Elliot, juro - ela recua pra trás - Eu tava aqui com o Denny!
- Ah você sabe sim, sabe muito bem, Kennedy.
O emprego do nome completo da garota começava a irrita-la.
- Não sei não, e, olha! - ela aponta para o relogio da sala de jogos - Tá na hora de eu ir, falou! - ela se vira para saída, mas Denny se põe à frente da porta.
- Você não vai a lugar nenhum enquanto não me disser onde tá o Elliot - Jared se aproxima mais, dessa vez apertando o rosto dela.
- Eu não sei onde ele tá, okay? - ela tenta se afastar, mas ele a segura mais forte - Ei! Isso tá doendo!
- Não quero machucar seu rostinho bonito, Kennedy - ele sorri olhando para ela - Então, conta logo.
- Eu... - ela olha para o basculante da sala de jogos. E lá, vê Riggs, com apenas seu rosto e a mão visíveis, ele estava com uma pedra, e ela faz um sinal de sim com a cabeça.
Ele arremessa a pedra no vidro, o quebrando. No mesmo instante, Kenny chuta as partes baixas de Jared, fazendo com que ele a soltasse na mesma hora. Livra, a garota não perde tempo em correr, e como a saída estava ocupada, ela encontra sua figa na porta da pequena cozinha de serviço que lá havia, e entra.
- Kennedy! - Jared grita
Lá dentro, não haviam portas de saída, a não ser outro basculante. A morena acreditava que conseguiria passar, mas precisaria de tempo. Puxando uma mesa de metal que lá havia, ela a leva até a porta, criando uma espécie de barricada, e em seguida, sobe em cima dos balcões da cozinha, tentando alcançar a pequena janela. Para seu azar, basculante estava trancado. Trancado por fora, então ela procura algo para quebrar, mas a porta começa a bater.
- Abre essa merda, Kennedy! - o mais velho gritava, esmurrando a porta, e a chutando em seguida.
- Vai pro inferno, Jared! - berra, ainda procurando algo para quebrar a janela.
E então, a porta se abre, ela se vira bruscamente em reflexo, e vê o mais alto olhar para ela com um ódio estampado em seu rosto, como se fosse matá-la lá mesmo. Seu taco estava em mãos e sua testa suada, os dentes rangiam, e a tornozeleira se mantinha lá, intacta. Atrás dele, Denny estava parado, agindo estranho como sempre.
- Te achei! - Jared grita.
Kenny desce do balcão, ficando em uma faz extremidades da ilha da cozinha, e Jared fica na oitra outra. De frente um ao outro. O rapaz se aproximava, e a menina a procurar qualquer alternativa para se salvar naquela situação.
Quando finalmente o feioso à alcança, ela surrupia um garfo rapidamente e o espreme no cotovelo de Jared, o mais velho se estremece de dor, e em seguida, seu braço fica leve, deixando seu taco cair e sair rolando pela cozinha.
- Sua... Sua! - ele começa a berrar - DENNY! É MELHOR VOCÊ MATAR ELA POR MIM, OU QUEM VAI SER MORTO É VOCÊ!
- M-Mas... - Denny a olhava com um olhar triste, como se não tivesse opção.
Obvio que ele não a mataria. Nem Jared faria isso. Mas, agredi-la, isso sim, se fosse o que seu líder estava mandando.
- Você não vai fazer isso Denny - Kenny diz recuando.
- Desculpa Kenny - ele saca sua arminha de meia e sabonete.
- Sem ressentimentos.
Antes que ele pudesse questionar tal frase, a morena se abaixa e pega o taco que havia vindo diretamente para seus pés, e acerta a cabeça do rapaz, não em um lugar que o machucasse seriamente, mas que o faria dormir. Jared grita um xingamento e começa a se espernear, indefeso.
A oportunidade perfeita para fugir dali e se livrar do problema, mas então, ela se lembra.
Elliot estava em uma briga acirrada com Noah, e em escala, com Jared. E isso já fazia meses. O que fazia Kenny perder noites de sono ajudando o loiro a cuidar das suas feridas. Então, por que não acabar com o problema de uma vez só?
Decidia, ela anda até Jared, que estava apoiado em um balcão, com o cotovelo sangrando. Ela para diante dele, com seu taco em mãos, o encarando com uma frieza incontestável.
- O que vai fazer em? Vai jogar glitter em mim? Idiota! Sua idiota!
- Minha mãe disse uma vez -ela brinca com o taco e mãos - Se um babaca tentar te bater, revide com o dobro!
Assim, com um tom de provocação, a garota das mechas esverdeadas bate com o taco nos tornozelo do rapaz. No exato lugar onde sua tornozeleira estava, assim, ao mesmo tempo em que ele começa a gritar de dor, o dispositivo começa a apitar.
- SUA...SUA...!
Ela anda até a porta da cozinha.
- Ah, só pra constar - olha pra trás, o vendo de canto se olho - O meu nome é Kenny - provoca, deixando a sala.
Tempos atuais
- Ela quebrou o tornozelo dele?
- Quebrou não, só acionou a tornozeleira. E daí, ele foi preso, por teoricamente tentar fugir da penalidade.
- Uau, isso foi... Uma história e tanto!
- Você nem imagina - Riggs sorri.
Ambos estavam no capô de um carro. Observando as estrelas que já decoravam o céu. Nenhum outro sinal do paradeiro das garotas havia sido mencionado, e agora, o que restava, era esperar, e torcer pelo melhor.
- Lá era barra pesada - Riggs se lembra - Nem sei como sobrevivi. Eu sou todo molenga, magrelo - avalia a grossura do próprio pulso - Elliot protegia a gente com a força dele, e Kenny... - suspira - Ela era quem metia a gente nas confusões, com aquele jeito insubordinado dela.
- Insubordinado?
- Não sabe receber ordens, sabe? Alguma coisa assim.
- É, ela é bem assim.
- As vezes, quando o Elliot parecer daquele jeito ruim dele, não é por mal - o de cabelos pretos olha para o amigo - Ele não tem nada além de nós. Assim como eu, e assim como a Kenny.
- Não deve ter sido fácil lá.
- Não era - ele volta a olhar para o céu - Pelo menos eu tinha dois guarda costas - brinca.
- Então você era o amarelinha?
- Amarelinha não. Já o cérebro, sim.
Carl ri do garoto e o empurra de leve. Suas conversas afastaram os dois dos pensamentos ruins, mas não o suficiente.
៚
Eles voltaram.
Não Kenny e Sophia, mas sim, seu grupo de resgate. Todos se aproximaram para ver se haviam encontrado as meninas, mas as feições dos que procuravam, não eram boas. Ao perceber isso, Carol já começava a se lamentar.
- Vocês não a acharam, né? - lamenta.
- Perdemos o rastro delas - Rick informa, cabisbaixo.
- Elas devem ter subido em árvores, já vi Kenny fazer isso, ela sabe escalar bem - Daryl afirma, tentando confortar Carol, mas sem muito efeito.
- Elas estão sozinhas lá! Sozinhas!
- Iremos procura-las de manhã, okay? - Shane a tranquiliza.
- Não podemos deixá-las sozinhas... Sophia não pode passar a noite sozinha.
- Me desculpa Carol, mas acho que você deveria fechar essa matraca - Aliss diz - Seu chororô está fazendo todos nós ficarmos nervosos. E não se esqueça que minha filha também sumiu, por culpa da sua filha, e sua total falta de competência em fazê-la obedecê-la uma simples ordem.
- O que tá querendo dizer com isso? Que eu não educo minha filha bem e agora é minha culpa que ela sumiu?
- Talvez.
- Como ousa?!
- Ei! Você duas estão sob estresse, muito estresse. Não adianta brigar agora, iremos procurá-la pela manhã, e tudo vai se resolver! - Rick diz, apaziguando.
- Elas não podem ficar sozinhas!
- Não adianta procurar no escuro, Carol - Daryl informa o óbvio - A gente se trombaria um no outro, haveriam mais desaparecidos.
- Minha filha só tem 12 anos, ela não pode ficar sozinha! Vocês não acharam nada?
- Eu sei que é difícil pedir isso, mas não entre em pânico, sabemos que elas estavam lá.
- Seguimos o rastro por um bom tempo, elas correram bastante - Diz Shane.
- Temos que fazer um esforço organizado - Rick lidera a conversa - Daryl e Aliss conhecem florestas mais do que qualquer um, eles cuidarão disso. Amanhã.
Carol parecia olhar distraída para a roupa de Daryl e Rick.
- Isso... isso é sangue?
- Nós matarmos um errante.
- Errante..? Ah, claro - ela se lamenta novamente - Tem errantes lá fora, com elas!
- Relaxa, não tinha sinal nenhum de que ele chegou perto de Sophia ou Kenny.
- E comos vocês tem certeza disso? - Andrea pergunta.
- A gente abriu ele, idiota - Aliss finca seu machado em um capô de carro aleatório e passa reto indo em direção ao trailer.
Carol suspira aliviada e Lori vai prestar apoio a ela. Shane vai pra dentro do trailer, o que gera um misto de sentimentos confusos nos três Grimes.
Voltando aos dois morenos, que agora poderiam se considerar realmente amigos, Carl olhava para o chão, confuso e distante.
- Tá tudo bem Carl?
- Eu sei que o Elliot disse quase aquilo tudo da boca pra fora, mas e se for verdade? E se foi minha culpa? E sei foi por causa do CDC?
- O que houve no CDC, Carl?
- Bom...
Alguns dias atrás
Carl havia percebido a distância de Kenny desde que o grupo se dissipou do acampamento, até o então laboratório seguro.
O rapaz não havia tido tempo para conversar antes mas, agora tinha. E ele aproveitou o único momento o qual todos estavam dormindo para conversar sobre isso.
Já imaginava que a menina não estava em seu quarto, devido sua insônia. E quando foi conferir, viu que tinha razão. Ele começa a vaguear pelos corredores, em busca da menina, até ouvir uma música, e segui-la pelo som.
Quando adentrou ao local em que a melodia soava, ele vê Kenny, dançando ao som de Don't Stop Me Now.
- Você dança bem, sabia - ele diz, se encostando na borda da porta.
- Que?! - ela se assusta, dando um pulinho no ar, e em seguida desliga o som - O que você tá fazendo aqui, nanico?
- Eu tava procurando você.
- An?
- To brincando, só tava vendo como é aqui direitinho mesmo, sabe. Fazendo uma ronda.
- Uhm, sei - olha desconfiada - Ta, certo, boa noite - diz pegando uma revista e passando por ele.
- Ei! - ele a puxa pelo braço.
- Quié? - pergunta, se afastando dele.
- Por que você tá me evitando?
- Eu não estou.
- Sim, você está.
- Calaboca.
- Não! Faz quase 2 dias que você nem olha pra minha cara, Kenny! - ele cruza os braços.
- Idai, eu quero ficar sozinha. Uma garota não pode ter privacidade?
- Não, você não ta normal. Isso aí não é normal.
- Agora eu querer ficar sozinha é anormal? - ela cruza os braços, fazendo pose.
- Sim! Digo, vindo de você, sim!
- Só acho que não devemos ser amigos, só isso.
- Que? - ele arregala os olhos - Por quê?
- Porque... - ela pensa em uma desculpa - Por que eu não quero mais ser sua amiga.
- Que desculpa esfarrapada - agora ele cruza os braços.
- Vê se me deixa, Grimes - a morena se vira para caminhar até o quarto.
- Não! - ele corre até ela, virando a garota para, fazendo-a ficar de frente pra ele - Se tem algo de errado é só falar!
- Não tem nada, eu só não quero.
- Isso é mentira.
- E como você sabe?
- Eu te conheço.
- Me conhece, é? - ela questiona duvidosa - Qual minha cor favorita?
- Anhm... verde?
- Errou - antes que ele intervisse, ela continua - Qual é a minha comida favorita? Minha cidade favorita? Qual meu nome completo? Você sabe? Você me conhece?
- Essas perguntas são muito vazias! Não fazem diferença. Nem você sabe as minhas!
- Hm, okay, então vamos lá - ela estende a mão, contando nos dedos - Sua cor favorita é azul, mas você também gosta de preto - continua - Sua comida favorita é hambúrguer, mas atualmente você daria tudo por uma pizza - prossegue - Sua cidade favorita é o Texas, mesmo que você nunca tenha ido pra lá, ou se lembrado de ir. No entanto você sonha em conhecer Paris. Seu nome completo é Carl Grimes - olha para ele - Eu te conheço, Carl. Não preciso saber de coisas vazias para te conhecer, mas ainda sim, eu te conheço, e sei dessas coisas.
- An? Não, isso tá errado, você me perguntou tudo isso uns dias atrás, é óbvio que você saberia!
- E que diferença faz? Você me conhecendo ou não, não seremos mais amigos, e ponto final.
- Por que, Kenny?
Ela fica em silêncio.
- Por que, Kenny?! - pergunta, tocando na mão dela, por acidente.
A menina tenta pensar rápido em uma escapatória, mas acaba respondendo da forma mais imprudente possível;
- Por que eu não quero acabar numa cova por culpa sua!
O menino a solta. E a olha incrédulo.
E tudo que faz, é apenas responder um mero "okay" e seguir para seu quarto. Enquanto a morena, tinha certeza de que complicou ainda mais a situação.