ⁿᵃ̃ᵒ ʰᵃ́ ⁿⁱⁿᵍᵘᵉ́ᵐ ᵐᵉˡʰᵒʳ ᵈᵒ ᵠᵘᵉ ᵛᵒᶜᵉ̂
ˡᵉᵛᵒᵘ ᵘᵐ ᵗᵉᵐᵖᵒ ᵃᵗᵉ́ ᵉᵘ ᵖᵉʳᶜᵉᵇᵉʳ
ᵐᵃˢ, ᵈᵉˢᵈᵉ ᵒ ⁱⁿⁱ́ᶜⁱᵒ, ᵛᵒᶜᵉ̂ ˢᵃᵇⁱᵃ ᵠᵘᵉ ᵉ́ʳᵃᵐᵒˢ ⁿᵒ́ˢ, ⁿᵃ̃ᵒ ˢᵃᵇⁱᵃ?
ˢᵒ́ ˡᵉᵛᵒᵘ ᵘᵐ ᵗᵉᵐᵖᵒ ᵃᵗᵉ́ ᵉᵘ ᵖᵉʳᶜᵉᵇᵉʳ
ᵃᵍᵒʳᵃ ᵉᵘ ᵈᵉⁱᵗᵒ, ᵉⁿᶜᵃʳᵃⁿᵈᵒ ᵃ ᵖᵃʳᵉᵈᵉ ᵛᵃᶻⁱᵃ
ᵛᵒᶜᵉ̂ ᵖᵒᵈᵉʳⁱᵃ ᵐᵉ ᵖᵒᵘᵖᵃʳ ˢᵘᵃ ᵛᵒᶻ, ˢᵉ ᵉᵘ ˡⁱᵍᵃʳ?
ᵖᵒʳᵠᵘᵉ ᵛᵒᶜᵉ̂ ᵉˢᵖᵉʳᵒᵘ ᵉ ʳᵉᵍᵒᵘ ᵐᵉᵘ ᶜᵒʳᵃᶜ̧ᵃ̃ᵒ, ᵃᵗᵉ́ ᵉˡᵉ ᶜʳᵉˢᶜᵉʳ
ᵛᵒᶜᵉ̂ ᶠⁱᶜᵒᵘ ᵘᵐ ᵖᵒᵘᶜᵒ ᵐᵃⁱˢ ᵉˢᵖᵉʳᵗᵒ ᵗᵃᵐᵇᵉ́ᵐ
ᵉⁿᵗᵃ̃ᵒ, ᵉᵘ ⁿᵃ̃ᵒ ᵗᵉ ᶜᵘˡᵖᵒ ˢᵉ ᵛᵒᶜᵉ̂ ᵠᵘⁱˢᵉʳ
ᵐᵉ ᵉⁿᵗᵉʳʳᵃʳ ᵉᵐ ˢᵘᵃ ᵐᵉᵐᵒ́ʳⁱᵃ, ᵉᵘ ⁿᵃ̃ᵒ ˢᵒᵘ ᵃ ᵍᵃʳᵒᵗᵃ ᵠᵘᵉ ᵉᵘ ᵈᵉᵛᵉʳⁱᵃ ˢᵉʳ
ᵐᵃˢ ᵗᵃˡᵛᵉᶻ ᵠᵘᵃⁿᵈᵒ ᵛᵒᶜᵉ̂ ᶜᵒⁿᵗᵃʳ ᵃ ˢᵉᵘˢ ᵃᵐⁱᵍᵒˢ, ᵛᵒᶜᵉ̂
ᵖᵒᵈᵉ ᵈⁱᶻᵉʳ-ˡʰᵉˢ ᵒ ᵠᵘᵉ ᵛᵒᶜᵉ̂ ᵛⁱᵘ ᵉᵐ ᵐⁱᵐ, ᵉ ⁿᵃ̃ᵒ ᵒ ᵠᵘᵉ ᵃᶜᵃᵇᵉⁱ ˢᵉⁿᵈᵒ
-SOPHIA?!
- SOPHIA?!
Tudo parecia estar lento. Como um mundo em câmera lenta. Igual as cenas dos filmes de ação que dão ênfase às cenas especiais, mas que no final, sempre acontece uma tragédia.
E ela insistia em gritar. Gritar por ajuda. Uma ajuda útil talvez. Mas isso obviamente não faria diferença. Obviamente não teria relevância. Afinal, gritar em uma imensidão rodeada de árvores é como gritar dentro de um oceano em sua mais profunda camada.
E temos aqui um comparativo de uma bela refeição completa, onde possuímos entrada, prato principal e, a mais aguardada sobremesa. Nesse caso, como sobremesa possuímos uma inimaginável escuridão, tão grande que sucumbia até mesmo à luz da Lua. Nem mesmo os lobisomens das séries e filmes conseguiriam caminhar por essas terras sombrias.
E para acompanhar a deliciosa refeição, temos um deleite vermelho carmesim, que escorria pelo ombro da pobre menina loira. A mesma que gritava. E a mesma que foi mordida.
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À caminho do CDC. O que deveria ser titulado como um "Paraíso Seguro", longe das adversidades do mundo. Um lugar limpo, com paz, longe de qualquer doença ou sei lá o que seja esta não tão nova praga, que assolou o mundo.
Diversas coisas ocorreram desde o incidente do grande laboratório. Portanto, vejamos uma pequena, mas não tão incompleta recapitulação.
A pequena dos cabelos castanhos-avermelhados pouco havia conseguido se distanciar dos malditos e repentinos acontecimentos do acampamento, e agora deveria lidar também com os diversos incidentes do CDC.
O clima do trajeto não foi o melhor de todos. Ainda a caminho do centro de estudos, Jim teve de ser deixado em meio à estrada. Por mais que tenha sido sua decisão, não foi fácil para nenhum dos integrantes do grupo lidar com sua despedida. Ainda mais para Kenny, que o considerava como um amigo, e um dos poucos adultos os quais ela conseguia conversar sem ter de se preocupar se a julgariam ou não.
Após isso, o grupo havia tido sua esperança arrancada ao ver que sua última opção, estava domada e rodeada por zumbis. Mas ainda sim, pela insistência do maior candidato à líder, eles conseguiram entrar.
Passando finalmente uma noite de calmaria e bem estar, uma nova quebra de expectativa veio à tona. O cientista que os abrigava, havia explicado a real situação que agora, o mundo todo se encontrava. E em pequenas palavras, tudo que eles sabiam agora era que; não havia cura. Muito menos chance de paz, e que na realidade, o mundo havia acabado.
Posteriormente, o grupo vivenciou uma luta contra o tempo; uma fuga; e uma explosão.
Agora, eles estavam à caminho de seu novo destino. Em busca de uma nova esperança. Uma nova motivação.
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- Pimba! - a morena comemora enquanto descarta suas cartas sobre a mesinha de centro - Adivinha quem ganhou? - se vangloria enquanto se levanta na mesa, iniciando sua bela e ilustre dancinha da vitória - A Kenny ganhou! Adivinha quem ganhou? A Kenny aqui ganhou!
- Que saco! - o de cabelos castanhos pronunciou enquanto revirava os olhos e cruzava os braços, jogando as cartas na mesa - A vida não é justa - choraminga.
- Não é justo? Óbvio que é justo! - ela zomba do menino - Eu ganhei de lavada! Pela quinta vez!
- Pff, tanto faz - ele bufa, indo em direção à parte fronteira do trailer.
- Ela ganhou de você de novo? - Eliot pergunta para o mais novo, como se isso já não fosse alguma novidade.
- Não quero falar sobre isso.
- Uou - o loiro olha surpreso para o moreno, ainda não desviando sua atenção dos gibis - Kenny, você arrasou com ele - o moreno bufa novamente.
- Não posso fazer nada - a morena vai à região da frente - Ele perdeu de bobeira - dá um tapinha nas costas do mau humorado.
- Eu ainda posso escolher ficar no CDC?
- Nem me fale disso! - Dale exclama,
precavido - Espero não ter que cruzar 100 metros próximo aquele pandemônio - suspira.
- Não foi tão ruim - o loiro contraria, tentando levantar os ânimos - Pelo menos conseguimos ver o Glenn bêbado - ele começa a rir e o de olhos puxados sai do banheiro gritando "Ei!" - Quié? To falando a verdade, inclusive, você fica todo desengonçado quando tá bêbado.
- O garoto ta certo! - o grisalho afirma.
- O Glenn bêbado fica que nem um pimentão risonho! - a de olhos azuis diz, e os próximos começa a rir.
- Olha aqui! - o asiático sai da porta do banheiro ajeitando seus cintos apressadamente, enquanto se aproxima - Eu me lembro muito das caretas horríveis que vocês três fizeram!
- Eww - Riggs se estremece ao lembrar do gosto do vinho - Eu juro que nunca mais vou tomar vinho na minha vida!
- Você se acostuma com o gosto - Dale o conforma - Mas se bem que minha mulher nunca se acostumou - faz uma cara confusa.
- Aquela droga é horrível! - Kenny finge vomitar - É horrivel! horrivel!
- Vocês tem péssimo gosto - Glenn diz, se sentando no banco do carona - Definitivamente péssimo gosto!
- Você que é alcoólatra! - Eliot afirma, e Kenny cai do banco, ao rir - E depois ficou com uma ressaca daquelas!
Os três amigos ficam rindo da cara de Glenn, que estava levemente rosado devido ao constrangimento de estar sendo humilhado por três crianças e um velhinho. No entanto, as risadas logo vão se esvaindo, quando Dale avista uma coisa nada agradável.
- Ai jesus... - o mais velho murmura, enquanto freava o carro - Essa não...
À frente, haviam diversos carros e caminhões derrapados na estrada, impedindo qualquer passagem de um trailer ou até mesmo um carro comum. Daryl, que estava de moto, percorre pelo labirinto de automóveis aposentados, e ao ver que era inútil, volta para onde o grupo estava.
- Você viu uma passagem? - Dale pergunta, observando o Dixon pela janela.
O de cara fechada apenas move sua cabeça em sinal de não, e volta a seguir seu caminho.
- O que tá havendo? - Riggs pergunta.
- Acho que é um engarrafamento - Eliot sussurra.
- Anhm... - Glenn tenta pensar em uma solução, enquanto avalia o mapa - Acho que podemos voltar. Tem um atalho pela interestadual e...
- Não temos combustível, seria inútil - Aliss informa, voltando a dormir
Dale segue com a direção do trailer, dirigindo lentamente e desviando dos diversos carros que rodeavam a estrada, e aos poucos, todos no trailer se aproximavam para ver de perto. Inclusive Aliss, que havia acordado.
- Você quer mesmo passar por aqui? - Glenn pergunta.
Como se sua frase soasse como um karma, a mangueira do radiador rompe. Novamente. Algo que seria simples para Jim consertar, se ele ainda estivesse entre os vivos.
- Vamos lá, circulando - Shane diz, enquanto abre a porta do automóvel, e todos saem em seguida.
- O que será que vai acontecer agora? - a menina pergunta para Eliot.
- Não sei - o menino olha o aglomerado de carros, intrigado - Talvez eles achem uma mangueira nova e boa.
- É. Tem razão.
- Eu falei, não falei? - Dale reclama, avaliando mangueira - Isso não ia durar, eu avisei.
- É muito grave, Dale? - Aliss pergunta, se aproximando do grisalho.
- Só o fato de estarmos presos em meio ao nada sem esperança - ele suspira, derrotado - Tá isso foi burrice.
- Mesmo que aqui não tenha a mangueira do radiador, tem muita coisa pra gente achar - o Dixon afirma enquanto fuxica um carro.
- Vou pegar combustível desses carros - diz T-Dog.
- Talvez haja alguma água aqui - Andrea fala, se prontificando em procurar.
- Ou comida - supõe o assistente de Sherif.
- Não adianta, isso é um cemitério - Aliss diz enquanto impõe sua escopeta - O máximo que vamos achar aqui é ferramentas. E mortos.
- Certo, beleza - Shane se põe à frente - Vamos pegar o que puder, ta bom? Não vão tão longe.j
Todos começam a circular pelo amontoado em busca de algo, por exceção dos cinco jovens que se encontravam sem saber o que fazer.
- É... Kenny - Carl, o menino a qual ela estava "proibida de conversar" cutuca ela por trás.
- An? - a morena se vira e avista o menino, dando de cara diretamente, em um contato visual desconfortável - Er... - ela tenta buscar uma desculpa para sair daquela situação, mas outra pessoa faz isso por ela.
- Carl, amigão! - Eliot passa o braço por cima do ombro dele - Vamos procurar por... - põe a mão no queixo, pensando - Ali! - puxa o menino em uma das direções da estrada e segue até lá com ele.
- Ufa - a menina suspira.
- Ele te salvou dessa - Sophia diz, aparecendo ao seu lado.
- Salvar? Salvar do que? - a morena se faz de desentendida.
- Eu contei tudou - diz Riggs descontraído.
- Seu merda. Porque fez isso?. - a menina iria partir para cima do menino, prestes a dar-lhe um belo peteleco, mas a loira se põe à frente.
- Não precisa disso, Kenny! - ela diz, preocupada - Eu vi que você estava agindo estranho, mais distante do Carl, e subornei o Riggs pra me contar!
- Subornou? - a morena olha desconfiada para os dois - Com o que?
- Chocolate! - Riggs sorri orgulhoso.
- Chocolate?! - a menina reage de forma indignada - Você deu chocolate pra ele? - aponta para Sophia - E você comeu chocolate sem dividir comigo? - aponta para o moreno que sorri constrangido - Traidores - cruza os braços, andando na direção oposta.
- Ei! - Sophia segura a mão da amiga, se aproximando dela - Olha, eu sei que é uma traição eu não te dar chocolate e tudo, mas eu tenho 100% de certeza que você não me contaria se eu te perguntasse - ela sorri como, se tivesse razão - Não to certa?
A morena olha para ela, depois olha para Riggs, depois olha para ela de novo. E assume que a loira tinha razão.
- Okay, justo, você tá certa - faz biquinho por estar errada - Mas eu não esqueci que você não me deu chocolate, Riggs!
- Droga - ele resmunga apoiando cabeça no trailer - Achei que tinha me livrado dessa.
- Uuu - a mais nova dá de línguas para ele, que retribui.
- Vocês vão ficar discutindo por causa do chocolate? - a loira pergunta, pondo a mão na cintura.
- Sim?! - ambos respondem ao mesmo tempo.
- Hmm, nesse caso, vou ter que ir explorar sozinha, adeus - Ela sai em direção aos carros. Os amigos se entreolham, e logo correm até ela, a alcançando rapidamente.
Eles passam por diversos carros, não conseguindo nada de útil ou legal deles. As vezes, Riggs se assustava com algum dos cadáveres e dava um pulinho acompanhado de um leve grito, mas isso não os impedia de continuar procurando por algo.
Observando bem os carros, Kenny acha uma van, parecida com aquelas que eram compradas apenas para os pais carregarem os 5 filhos que tem.
- Galera, olha o que eu achei!
Sophia corre até a menina, e Riggs faz o mesmo logo em seguida. Quando eles abrem o carro, se surpreendem com a imensidão de coisas legais que tinha lá - não que fosse muito, mas era muito comparado ao pouco que eles haviam se acostumado -
- Nossa! Nossa, nossa! - Riggs comemora, ansioso.
- Então... quem vai entrar primeiro? - Sophia pergunta, ansiosa - Acho que... você pode fazer as honras Kenny.
- Você tá é com medo - a morena faz uma careta para menina, que retribui - Mas tudo bem, eu salvo o dia - levanta o braço, esbanjando seu quase inexistente músculo.
- Beleza fortona, vai lá - Riggs diz, cruzando os braços em deboche.
- Pois eu vou!
A menina entra na van, havia um pouco de sangue seco no chão do carro, mas isso não a impediu de continuar a procurar. Ela encontra uma caixa rosa e uma laranja e as joga para o lado de fora, para que os dois que não entraram no carro as vissem. E enquanto isso, a mesma continuava a fuxicar.
Cavucando um pouco mais na parte traseira do carro, onde possuía os dois bancos extras, ela acha uma mochila verde musgo, e outra mochila amarela. Vendo que não havia mais nada de útil lá, ela sai do carro.
- Eaí - se senta no chão, ao lado dos dois - O que tem de bom nessa caixa?
- Tem de tudo! - Riggs diz, extasiado - Tem revistas, lápis de cor, cadernos, gibis, e olha! - Ele tira um pequeno Mp3 de lá - Um Mp3!
- Uou! - a garota arregala os olhos, pegando o Mp3 e o avaliando - Será que funciona?
- Não sei, a gente teria que achar o fone pra isso.
- O que você achou aí Sophia?
- Tem umas coisas que parecem ser de alguma garota ou... - tira uma pequena caixinha de dentro da caixa laranja - De duas amigas.
- Por que?
- Aqui dentro, olha - abre a pequena caixinha, mostrando o conteúdo que possuía dentro - Eu achei fofo, são dois cordões da amizade. Um de Sol, e um de Lua.
- Que incrível! - a morena se aproxima da menina animada, conseguindo ver de perto os cordões.
As joias pareciam ser delicadas, mas estavam ligadas fortemente a um cordão preto, que servia como a corrente do colar. Enquanto os pingentes, eram feitos de um material resistente, mas ainda sim, bonito.
- Olha só! A gente pode usar juntas! - Sophia diz sorrindo.
- Boa ideia! Eu vou ser a Lua!
- E eu o Sol!
Ambas colocam o colar, e acabam percebendo que os mesmos se conectavam quando estavam próximos, como uma lei da atração, ou em uma forma não fantasiosa de dizer, ligados por um ímã.
- Beleza, vocês são igual o Sol e a Lua, e eu sou a Pizza - Riggs mostra um cordão de pizza, feito do mesmo material que os demais cordões.
- Sol, Lua e Pizza! - Sophia repete ansiosa - É uma combinação perfeita!
- É? - ambos perguntam.
- Sim! - ela se levanta animada - Sol, é o que aquece a todos, e que anima a todos, né? - ambos concordam - Certo. Aí, chegamos até a Lua - aponta para Kenny - Aquela que parece ser fria por dentro, e que por fora é um pouquinho também, mas ainda sim é essencial! - Kenny sorri, boba com o comentário da menina - E aí, a Pizza! - aponta para Riggs - Todos gostam de Pizza, fora que, é uma das coisas mais legais do mundo! - ela passa os braços sobre os dois - Sol, Lua e Pizza!
- Hmm, Sol, Lua e Pizza? - Riggs parece concordar ainda estranhando por ser uma pizza.
- Sol, Lua e Pizza! - Kenny sorri, finalmente concordando com a teoria de Sophia.
- Ótimo! - a loira se separa do abraço - Hm, Kenny, o que você achou aí? Nessa mochila.
- Nada demais, só alguns itens de sobrevivência e... - Tira uma faquinha de dentro da mochila - Uma linda e afiada faca!
- Depois o Glenn que tem vícios - Riggs assovia irônico.
- Calaboca traidor, ainda não te perdoei - a morena bufa, o empurrando.
Os três continuam procurando por preciosidades, e agora caminhavam para perto do trailer, a procura de Elliot. Sozinhos, eles escutam passos, até que observam Rick, correndo até eles.
- Crianças! Se abaixem! - sussurra para elas.
- O que tá acontecendo?
- Apenas se abaixem, e lembra daquela sua faca Kenny? Ela vai ser útil agora - ele sai, ainda com passos silenciosos, mas rápidos.
Sophia e Riggs não contradizem nada, e vão para baixo imediatamente, mas Kenny fica curiosa para saber o motivo do qual ela deveria se abaixar.
- Kenny? O que ta fazendo? - o moreno pergunta, se arrastando para baixo do carro.
- Shhh - ela faz um som de chiado com a boca e começa a andar lentamente para frente, com sua faca já empunhada.
Ao se aproximar, ela começa a sentir um cheiro ruim. Um cheiro podre. Inconscientemente, ela agarra fortes as bainhas de sua nova mochila verde. E no instante em que ela vê um errante, ela é puxada para o chão.
- O que tá fazendo? - pergunta Elliot, segurando os ombros da menina.
- Como todos eles apareceram do nada?
- Isso não importa, vem logo - ele a puxa pelo pulso e se enfia embaixo de um carro, junto dela.
A menina olha para o lado, e consegue ver Rick, Carl, Sophia e Riggs também escondidos em baixo dos veículos. O que a tranquilizou, pois eles estavam em segurança. O tempo passava e os errantes caminhavam a passos arrastados e lentos em qualquer direção para frente.
A Anderson forçava sua mente a acreditar que seus outros companheiros estavam bem, mas seu pessimismo começava a fazê-la sentir-se ansiosa. Piscava e respirava fundo repetidas vezes, tentando não deixar o nervosismo tomar conta de seu corpo.
- Ei - ela sente um toque em seu ombro, a afastando dos pensamentos negativos - Vai ficar tudo bem, okay? - Eliot diz, confortando-a.
- A últimas duas pessoas que me disseram isso morreram, Eliot - ela o corta.
- Eu sei, mas... - ele procura algum argumento - Eu não vou deixar que nada aconteça com a gente, okay? Pode confiar em mim - ele põe a mão nas costas dela, as acariciando.
- Tomara que você esteja certo... - contorna a visão, o evitando.
A horda quase se dissipava, e Kenny conseguia ver que seus amigos (os abaixo do carro pelo menos ) estavam bem. Observando melhor, ela vê Sophia começando a se estreitar para o lado, e Riggs tentando impedi-la. Ao que parecia ser, a loira estava assustada.
- Merda - a morena tenta sair, mas Eliot a segura. Segura de uma forma diferente, não algo amigável, algo bruto, para realmente impedi-la de fazer alguma besteira - O que você tá fazendo?!
- Você não vai sair - ele a olha de forma preocupada, e ao mesmo tempo, autoritária.
- Claro que eu vou. A Sophia...
Ambos escutam Riggs chamar pelo nome da garota. A loira havia saído de baixo do carro, e o moreno foi atrás dela para segui-la. Ela começa a correr desesperadamente para a floresta, mas Rick chega antes de Riggs também fazer essa besteira, conseguindo convencer Riggs a voltar a estrada.
O moreno corre para um carro e lá se tranca, desesperado.
- Merda, Eliot, me solta!
- Eu não vou fazer isso!
- Você vai sim! - a morena morde as mãos no menino, o que o fez grunhir de dor e solta-la.
- Ai! - ele segura a própria mão - Kenny! Volta aqui!
A menina sai de baixo do carro, correndo e desviando dos irracionais em seu caminho. Não foi difícil alcançar Rick e Sophia. Ambos não estavam longe e Kenny praticava corrida em sua antiga escola.
A morena vê Rick parar para recuperar o fôlego e tentar avistar a loira, mas ainda sim, não para em seu aguardo, e sai em sua frente.
- Kenny? Kenny! - o Grimes chama em seu nome, mas a menina o ignora completamente.
Ela vê os irracionais correndo atrás da loira, e começa a correr na mesma direção, mas para direita, assim, podendo tentar alcançar a menina antes dos canibais. O Grimes a ultrapassa na corrida contra o tempo, e quando Kenny consegue alcança-lo novamente, vê o mesmo surpreendendo Sophia.
- Tudo bem. Tudo bem, okay? - ele segurava a menina, mas ela insistia em tentar voltar a correr.
- Sophia! - Kenny diz, parando com as mãos no joelho e recuperando o fôlego.
- Atira neles! - a menina berra, tentando pegar a arma do Sherif.
- Não! Não! - ele tenta acalmá-la - Aqueles errantes na estrada vão escutar, e aí vai ser o fim da linha! Então não serão mais dois e sim centenas!
- Eles tão se aproximando, Rick! - a morena avisa após ouvir um som de galhos quebrando contra o chão.
- Venham comigo, vem! - ele pega Sophia no colo enquanto a morena-avermelhada começa a segui-los na mesma velocidade.
Eles avistam um pequeno córrego, o qual Rick desce primeiro para conferir a profundidade, e em seguida pega Sophia. Enquanto isso, Kenny continuava os seguindo. O Grimes pronunciava diversos "Tudo bem". Mas à altura do campeonato, essas palavras não surtiam mais efeito na Anderson. E nem mesmo em Sophia.
Ele caminha até uma região do lago protegida por uma raiz densa de árvore, e põe a menina no chão.
- Meninas, vocês precisam me entender, precisam entender bem o que eu vou dizer - ele diz, coordenando-as - Se apertem aqui dentro, e fiquem o mais silenciosas o possível, eu já vou voltar, vou atraí-los para mim.
- Não não não! Não deixa a gente aqui por favor! - a loira implora, gritando.
- Escuta olha... Eles não cansam, mas eu sim! Eu só posso pegar um de cada vez então não vou poder ficar aqui pra proteger vocês!
A loira assente apressadamente com a cabeça, enquanto Anderson, apenas olhava a situação com os olhos arregalados e as mãos fincadas uma à bainha da mochila, e a outra em sua faca.
Sophia finalmente aceita fazer o que o mais velho instruiu, e se põe embaixo da pequena abertura, e Kenny faz o mesmo, se ajeitando atrás dela e abraçando a cintura da garota.
- Escutem, se eu não conseguir voltar, voltem para estrada, ta bem?
- Ta..bom.. - a loira respondia, trêmula.
- Proteja ela, Kenny.
A de olhos azuis encara ele, não sabendo se aquelas seria as últimas palavras que escutaria do Grimes.
- Tá.
O mais velho sai correndo, deixando ambas sozinhas. Com medo. Em choque, e provavelmente em sua pré morte. Minutos se passam. Poucos minutos, mas que pareciam soar como uma eternidade para uma das meninas.
- Kenny, eu to com medo! Nós vamos morrer aqui! - Sophia diz, chorando desenfreadamente.
- Calma! - a menina segura o rosto da loira - A gente vai sair dessa, belê? - assegura, a encarando da forma mais positiva que conseguia.
- Eu não quero morrer, Kenny! - a loira começa a desabar nos ombros da amiga, a abraçando.
A morena suplica mentalmente para que a menina chorasse mais baixo, mas não era o suficiente. Ela sente seus cordões se conectarem pela força dos imãs, e faria um comentário engraçado se fosse a hora adequada. A Luz do dia começava a ter seus primeiros sinais de descanso, e de repente Kenny sente seus braços leves.
Ao olhar pra frente, Sophia corria.
- Vem logo! - a loira chama pela morena, correndo.
Kenny não teve tempo de discordar, ela perguntava para menina o que estava fazendo enquanto corria, mas não obtinha resposta. As duas continuam correndo até que a loira tropeça em uma pedra, acabando por rolar-se no chão.
- Sophia! - a Anderson corre a seu encontro, logo a ajudando a se sentar na mata, e avaliando se havia algum ferimento.
- Kenny, eu não me lembro o caminho de volta! - a menina exclama, voltando a chorar.
- Calma! Calma! - Kenny grita, chacoalhando Sophia, fazendo-a sair do choque - Tá anoitecendo! Então vamos subir nessa árvore aqui, e ficaremos aqui, entendeu?
- Mas...
- Sophia, você entendeu?
- Sim... - a menina diz desapontada consigo mesma.
- Bom, tá bem.
A Anderson começa a procurar um trajeto fácil para subir a árvore, mas ao se virar para chamar Sophia, ela vê a menina correr novamente. Surpresa, ela olha para o lado, e lá estava um errante.
A garota grita um xingamento e começa a correr atrás de Sophia novamente, tentando ignorar que agora era ela que estava sendo perseguida por um errante. Sophia respirava de uma forma descontrolada. Quando a adrenalina esvair seu corpo, ela provavelmente sucumbiria a um desmaio quase imediato. Mas Kenny, que conhecia bem exercícios de respiração, graças ao seu hobbie de correr, começa a instruí-la de longe, mesmo que na correria, como respirar melhor.
Ambas conseguem chegar bem longe do errante, e Kenny se prontifica em subir na árvore recheada de galhos mais próxima, e estende a mão para que Sophia se apoiasse para subir a árvore.
Mas no momento em que Sophia agarra sua mão, algo a puxa para baixo.
- KENNY!