Como Ser Expulso de Casa

By jayuussi

1.8K 295 492

Depois de anos fazendo tudo o que seus pais queriam e sendo tratado como se ainda fosse criança, Baekhyun dec... More

Parte 1 - Procurando um namorado de mentira
Parte 2 - Encontrando o namorado de mentira
Parte 3 - Marcando o primeiro encontro
Parte 4 - Chamando atenção em uma festa infantil
Parte 5 - Combinando um jantar com seus pais e seu namorado
Parte 6 - Fingindo beijar seu namorado
Parte 7 - Planejando a revolução
Parte 8 - Conquistando a liberdade
Parte 10 - Cuidando do seu namoradinho
Parte 11 - Vestindo novas cores
Parte 12 - Iluminando a cidade toda
Parte 13 - Trocando verdades e conhecendo segredos
Parte 14 - Perdendo o controle, mais uma vez
Parte 15 - Passando um sábado no apartamento do seu namorado
Parte 16 - Aprendendo a namorar
Parte 17 - Esperando o momento certo
Parte 18 - Voltando a viver
Parte 19 - Escolhendo voar
Parte 20 - Sendo parceiros de crime
Parte 21 - Ficando juntos e separados
Parte 22 - Encontrando estranhos
Parte 23 - Recuperando frações de si mesmo
Parte 24 - Fazendo planos e promessas

Parte 9 - Invadindo a escuridão

43 12 30
By jayuussi

Ao chegar em casa, Chanyeol pensava em uma série de coisas. Principalmente, em Baekhyun.

Morava há alguns anos com dois amigos, Sehun e Jongin, e eles perceberam como ele andava avoado — viram, nas redes sociais, as postagens sobre um tal namorado que o Park nunca os apresentou. Jongin era um rapaz alto, alguns centímetros mais baixo do que Chanyeol, tinha cabelos castanhos e olhos escuros, os mesmos que estreitou em direção ao amigo, depois de olhar de soslaio para Sehun, um ruivo caladão, mas muito fofoqueiro.

— Tava passeando até essas horas, Yeol? — Jongin perguntou afiado, tentando tirar dele alguma informação.

— Ah, sim. Estava com o Baekhyun — comentou desatento, olhando para o celular.

Escrevia e apagava e reescrevia e deletava e tentava outra vez escrever alguma mensagem para mandar para o Byun. Não queria ir dormir com aquele medo de ter estragado tudo, ou com a sensação de que seria eternamente desconfortável falar com ele. Pensava em pedir desculpas, mas não achava que seria o ideal. Então ficou em um curto ciclo em que tentava criar algo decente para dizer ao outro, fingindo que não estavam aos beijos horas atrás.

— Hm. Sim. O Baekhyun — Sehun comentou de canto de boca. — O seu namorado. Que a gente ainda não conheceu, no caso.

— O q- — Chanyeol finalmente conseguia focar na conversa com os dois, olhando-os pela primeira vez desde que chegou em casa. — Não, gente, ele não é meu namorado de verdade!

E somente a ideia de namorar com ele, depois de todas as carícias quentes que trocaram no sofá da sala dos Byun, foi o suficiente para deixá-lo agitado.

— Tá no teu Facebook que ele é, velho. Você quer enganar quem? — Jongin cruzava os braços. Não estava exatamente bravo, só se sentia traído pelo amigo que não o contou nada e agora ousava mentir.

— N-Não, gente. Eu encontrei ele no Tinder, a gente namora de mentira porque ele quer ser expulso de casa, aí a gente combinou de fazer várias coisas pra incomodar os pais dele.

Os dois fizeram silêncio.

— O quê? — Sehun perguntou.

— É, gente. O namoro é falso. Ele é só meu amigo — disse.

— Ele é hétero? — Jongin quis saber.

— Não. Ele é gay — explicou.

— E ele tá querendo ser expulso de casa? Tipo... não costuma ser o contrário?

— Como assim? — Curvou a cabeça para o lado.

— Vocês não são expulsos de casa por pais homofóbicos e largados pra se foder no mundo? Aí ele tá tentando ser expulso por pais que aceitaram a sexualidade dele?

Outra vez, houve silêncio. Jongin tinha um argumento importante. Havia gente morrendo quando o mundo não aceitava suas sexualidades e identidades de gênero. Pensando no assunto, ficou um pouco incomodado.

— Você tem razão — começou a dizer, ficando reticente. — Acho que vou conversar como ele sobre isso. Mas é que os pais dele não escutam mesmo o bichinho e agora ele resolveu incomodar, mas... Vocês têm razão. Como um cara gay, ser expulso devia ser o maior pesadelo dele.

— Bom... não tô no meu lugar de fala — Sehun falou quando percebeu que ninguém diria mais nada, para deixar o assunto morrer. — Você vai apresentar ele pra gente?

— Ah! Eu posso, se vocês quiserem. Minha família quer conhecer ele também.

— Eles sabem que é só de fachada e que vocês nunca se beijaram de verdade? — Sehun quis saber.

E Chanyeol prendeu a respiração, imóvel. Nem sabia como explicar. Era até vergonhoso se lembrar da avalanche de coisas que sentiu horas atrás enquanto o beijava calorosamente. Lembrar-se de que não só haviam simplesmente se beijado, como também foi algo tão intenso que fez seu corpo ferver e o induziu a pensar em coisas muito mais impudicas do que só alguns beijinhos.

— A gente trocou uns beijos — confessou da forma mais desconfortável possível, com a voz abafada e contida.

— Ah, então vocês estão ficando. — Sehun erguia as sobrancelhas, interessado na fofoca. Era a primeira vez que Chanyeol saía com alguém depois de seu ex-namorado, que Sehun e Jongin odiavam.

— Não! De jeito nenhum! Ele é só meu amigo — se apressou para explicar, mostrando as palmas das mãos, esticando as costas para trás.

— Mas não beijaram? — Jongin continuou sua investigação.

— S-Sim, mas... — sua voz ia sumindo enquanto falava. — Foi só... ahn... foi... beijo... técnico? — Tentou convencê-los de algo que nem ele mesmo acreditava.

Os outros dois estranharam, mas só o observaram por um momento. Conheciam Chanyeol a ponto de saber que já era hora de parar de fazer perguntas, porque iriam apenas constrangê-lo se continuassem. Só podiam torcer para que Baekhyun não fosse machucar Chanyeol no final das contas, pois, caso contrário, seriam obrigados a reagir.

E eles quebrariam a cara de qualquer um que fizesse Chanyeol chorar.

#

Chanyeol trancou a porta do seu quarto em suas costas, como se fugisse de algo.

Tinha acabado de sair do banho e lutou muito para não pensar em Baekhyun. Respirava fundo, se apoiando na madeira da porta, imaginando ter trancado para fora um grande monstro — que era aquela versão de Chanyeol que não conseguia parar de pensar em como queria tocar Baekhyun. Mas voltou a andar depois de um tempo, indo ligar seu notebook, porque havia conseguido resistir. Aos poucos, ia se acostumar com aquilo.

Ia pensar no que dizer a ele antes de ir dormir e deu graças quando percebeu que ele estava online. Estalou os dedos uma série de vezes, vendo a foto de Baekhyun no Discord, e tentou, com muito custo, produzir algo decente.


Chanyeol: Ei! Você ainda está acordado.


Foi o que conseguiu enviar, lutando contra o constrangimento.


Baekhyun: oiee

Baekhyun: estou sim uahsuahsuhkdsj

Baekhyun: quer fazer alguma coisa?


O Park engoliu seco. Byun era muito perigoso e parecia uma cobra se enrolando no tronco de uma árvore. Sabia como conquistar território.

Chanyeol não queria se envolver demais, passar uma tarde aos beijos para ir dormir assistindo filmes com alguém que, teoricamente, era para ser só um amigo como qualquer outro. Até porque ainda tinha aquela dúvida: em que momento se traçava a linha que dividia o teatro da realidade? Pensar em Baekhyun durante o dia inteiro fazia parte do combinado? Deixá-lo fazer com que sentisse todas as coisas leves e gostosas que uma boa companhia poderia trazer, isso não era basicamente colocar seu pobre coração em risco?

Tentou se lembrar de colocar algum limite no contato entre eles. Por isso, jurou a si mesmo que não ficaria até tarde falando com ele naquela noite. Nem assistindo filmes ou fazendo qualquer coisa junto com ele. Não depois de tê-lo beijado daquela forma. Depois de todas as imagens explícitas que sua imaginação o presenteou envolvendo um certo Byun prendendo a respiração em seu colo, sem roupa, pedindo por mais.


Chanyeol: Na verdade, eu já tô indo dormir. Vim só te dar boa noite.

Baekhyun: nãooooooooooooooooooooo :(

Chanyeol: SIM!

Baekhyun: ah, tá bom então

Baekhyun: quer fazer alguma coisa amanhã?


Respirou pesado, olhando nervosamente para o teto. Por que é que ele tinha que demonstrar tanto interesse na sua presença? Ele não sabia, não, o que aquilo fazia com Chanyeol? Depois do ex-namorado que quase nem olhava para ele?

— Você é muito emocionado, seu filho da puta — resmungou para si mesmo, tentando pentear o cabelo solto com as pontas dos dedos, afastá-los completamente de seu rosto enquanto encarava a tela do computador.

Respondeu:


Chanyeol: Não vou dar certeza agora, mas quem sabe? Agora tô um pouco cansado e preciso ir dormir.

Baekhyun: tudo bem

Baekhyun: amanhã eu volto aqui perguntar, então aushuashaushuahs

Chanyeol: Ok.


Colocou uma mão sobre a testa, fechando os olhos, infeliz com a própria resposta. Não queria parecer frio ou estranho ou qualquer outra coisa. Só queria se proteger um pouco, mas ainda estava aprendendo a fazer isso, por isso soou esquivo demais. Baekhyun não respondeu, o que o fez pensar que estava, mesmo, sendo muito malvado. Porque, para ele, zelar pelo próprio bem-estar ainda era sinônimo de egoísmo e maldade.

Pensou mil vezes sobre mais alguma coisa para responder, mas travava. Não podia ir contra o que havia aprendido na terapia nos últimos meses. Não podia se colocar de lado por nenhuma outra pessoa, mesmo que pudesse parecer o fim do mundo. Só ele podia cuidar dele mesmo e não estava errado em dizer: este é o meu limite. E, sobre Baekhyun, naquela noite, havia atingido seu limite.

Naquela noite, Byun teve medo dos pais.

Chanyeol, por sua vez, teve medo de Baekhyun e de se apaixonar por ele.

Tentou mais um pouco não encerrar a noite daquela forma que lhe tiraria o sono, e enviou:


Chanyeol: Ei, você sabia que a Jessica foi expulsa de casa?


Tentou acalmar sua respiração agitada, esperando pela resposta.


Baekhyun: sério?

Baekhyun: UAU, MEU SONHOOOO

Chanyeol: Bom.... não sei se é exatamente o seu sonho, sabe?

Baekhyun: fofoca? tô dentro

Chanyeol: KKKKKKKKKK Pare de ser assim!

Baekhyun: mas agora fiquei curioso, o que houve com ela?

Chanyeol: Bem. Ela é travesti, Baekhyun. Quando os pais dela expulsaram ela de casa e ela não tinha o que fazer da vida, ela teve uma vida bem turbulenta antes de conseguir trabalhar no salão e dividir apê com uns amigos dela.

Baekhyun: turbulenta como?

Chanyeol: Ela é travesti, Baekhyun.


Enviou, esperando que ele entendesse. A parte trágica era que o destino dela, nas condições em que estava, era conhecido. Byun conseguia adivinhar que ela havia sido obrigada a trabalhar nas ruas. Pouco depois, respondeu:


Baekhyun: oh, não :(

Baekhyun: tadinha :(

Chanyeol: Ela não tinha muita opção, sabe? É triste porque nem todo mundo TEM opção do que fazer caso saia ou seja expulso de casa. A gente, que não tá nesse padrãozinho que a sociedade espera, precisa dar muita sorte pra cair em uma família minimamente decente. Infelizmente, nem todo mundo tem essa sorte. Mas é uma realidade, né? Fazer o quê?


Byun demorou a responder e o Park se sentia um monstro por ter tocado no assunto.


Baekhyun: meus pais não são tão péssimos, sabe?

Chanyeol: Eles são bem legais! Eu gosto deles. Mas só... sabe, com esse papo todo, eu acho que a gente podia colocar uns pinguinhos nos is, não é?

Chanyeol: Você tem sim o direito de ser você e de ser ouvido e isso é muito importante. Seus pais não têm o direito de fingir que você é uma coisa que você não é, mas mesmo seus pais errando muito, eu tenho certeza de que seriam os pais dos sonhos pra pessoas como a Jessica, ou outros gays como eu e você. Então eu acho que, ao invés de focar tanto nos seus pais, você se dedicasse mais em você. Fazer uma lista de todas as coisas que você quer fazer por você, e a gente vai atrás, até você se sentir completamente livre. Como seus pais vão reagir, a partir daí, é problema deles. Mas eu acho legal pensar mais em você do que realmente focar em ser expulso, sabe?

Chanyeol: Os pais da Jessica nunca tentaram. Os meus me trataram mal e me falaram coisas bem pesadas, mas hoje está tudo tranquilo. Por isso eu digo que... sabe... você não precisa traçar uma guerra contra seus pais pra ficar feliz com você mesmo, entende?

Baekhyun: espera

Baekhyun: eu tô meio... lacrimejando?

Chanyeol: Quer que eu te ligue, pequenininho? 😥

Baekhyun: não, não quero que eles me escutem falando disso

Baekhyun: mas obrigado, de verdade

Baekhyun: como você está cansado e quer ir dormir, vou falar rapidinho

Baekhyun: eu não tinha parado pra pensar nessas coisas, sabe? acho que, em partes, eu achava que meus pais seriam piores

Baekhyun: eu não sei, eu tenho MUITO medo deles e do que pode vir deles, então eu não imaginava que eles fossem reagir bem ao me ver com outro cara, e até me ver mudando meu visual

Baekhyun: na minha cabeça, meus pais eram muito menos compreensivos, e eu percebi hoje, por sua culpa, que eles podem ser mais tranquilos do que eu imaginava

Baekhyun: um pouco do que eu vejo deles é também culpa de como eu me comporto, sabe? eu NUNCA fiz questão de insistir em alguma coisa, e agora eu comecei a insistir e mostrar, e acho que, talvez, ele só me achassem indeciso, e não que eles fossem grandes homofóbicos problemáticos

Baekhyun: acho que faltou de mim também ir conquistando meu espaço, sabe?

Baekhyun: e, sabe... eu me sinto péssimo sempre que imagino que tô maltratando eles fazendo o que eu quero, mas até que não foi bem assim... porque eles até que me entendem

Baekhyun: eles não são ruins, só precisam me ouvir um pouco mais e eu amo muito esses dois

Baekhyun: lembra que eu tinha comentado sobre ter perdido uns amigos no Facebook quando colocamos nos status que estamos namorando?

Chanyeol: Lembro sim.

Baekhyun: então, hoje eu ouvi meus pais conversando quando saí do banho, e eu descobri que meus pais se deram ao trabalho de brigar com meu tio e com uma tia avó

Baekhyun: na verdade, eles discutiram basicamente com a família inteira

Baekhyun: pelo que eu entendi até a minha vó tava com uns comentários meio homofóbicos e eles brigaram com a família inteira por mim. e, tipo...

Baekhyun: você tinha que ouvir o que eu ouvi, Chanyeol

Baekhyun: como eles pareciam contentes de verdade por me verem feliz com meu suposto namoradinho

Baekhyun: eu acho que eu só preciso mostrar pra eles: olha, pais, eu sou assim

Baekhyun: no final, eu acho que eles vão me aceitar e vão conseguir ver que eu não sou indeciso e desse jeito eu acho que vai dar certo de eles perceberem que já tô pronto pra sair de casa

Baekhyun: por isso é bom você me contar coisas assim

Baekhyun: obrigado, pequenininho

Baekhyun: saber que meus pais não são vilões e que eu não preciso fazer tudo para ir contra eles, me acalma bastante. eu acho que tenho que fazer por mim, no ritmo que eu achar que devo ir, e se eles não gostarem e quiserem que eu saia de casa... então paciênciah

Chanyeol: KKKKKKKKKKK Que bonitinho

Chanyeol: Sim, descobrimos que seus pais na verdade são legais! Você vai ficar muito, muito bonito do seu jeitinho e sendo livre do seu jeito. Eu fico ansioso pra saber como vai ser, mas vai dar certo!

Baekhyun: você tem razão naquilo que você falou, vou fazer uma lista com todas as minhas prioridades

Baekhyun: vai ser meu manifesto de liberdade !

Baekhyun: e eu vou ficar um gostoso sim, eh mole ou quer mais?

Chanyeol: KKKKKKKKKK Se você diz, quem sou eu pra duvidar?

Baekhyun: obrigado, pequeninho, mesmo, mesmo. eu gosto muito de como tudo parece mais leve e mais gostoso quando você tá por perto. a vida parece muito mais fácil e eu me sinto seguro. obrigado mesmo


O Park olhou para o teto outra vez, expirando o ar pelas narinas dilatadas. Não era muito fácil, para ele, lidar com o Byun quando começava a demonstrar afeto. Já sentia o coração batendo mais rápido e odiava perceber como era vulnerável a qualquer ato de carinho direcionado a si. Pois, ainda que estivesse em um período da vida em que precisava receber atenção, não significava que estava preparado para isso.

Principalmente se aquilo tudo envolvesse Byun Baekhyun.


Chanyeol: Não tem que me agradecer, não :(

Baekhyun: tenho sim!!!!!!!!

Baekhyun: eu só... fiquei intrigado pelo lance dos seus pais... eu sei que você nem sempre quer falar sobre certas coisas

Baekhyun: mas eles fizeram algo de ruim pra você?


O Park riu soprado, encarando a tela enquanto balançava a cabeça aos lados. Ia amarrar o cabelo em um coque, quando percebeu que tinha prometido que dormiria com ele solto. Balançou a cabeça outra vez, olhando para a mensagem do Byun e achava graça da própria desgraça. Sentia que a maioria das pessoas já haviam feito algo de ruim para ele. Quanto mais gostava de alguém, mais tendia a sair machucado, então a pergunta mais lhe parecia uma piada.


Chanyeol: Acho que é culpa minha. Talvez eu não tenha sido perito em fazer, lá pelos meus 20, o que você tá fazendo agora. Talvez eu ainda não tenha dito pro mundo como eu quero ser tratado e acho que meus pais foram resultado disso.

Chanyeol: Meu ex também, provavelmente.

Baekhyun: Uou, vamos com calma. Também não dá pra gente justificar tudo de ruim que tenham feito conosco como se tudo fosse culpa nossa.


Assustado, o canceriano se sentiu pego em flagrante. Não só por ter feito Baekhyun escrever corretamente, com direito a letras maiúsculas e pontos finais. Mas porque era um embate que tinha há muito tempo com sua psicóloga. Precisava parar de arranjar desculpas por todas as pessoas que gostava, ou já gostou, e o machucaram. Tinha de parar de ser essa a saída mais fácil, nomear um detalhe ou um defeito dele, para que tudo o que fizessem para ele parecesse normal.

Era mais fácil achar que tinha feito tudo errado do que acreditar que deu tudo de si pelo homem que amou e ele nunca valeu a pena.

Era mais fácil, também, só deixar os assuntos de sua família para lá, do que realmente tentar ajeitar o que estava torto.

Respirou ruidosamente, sentindo o peito tremer. Baekhyun acordava nele diversos gatilhos. Não porque o feria e o tinha na palma das mãos. Mas porque o fazia sentir que podia ser diferente. Podia ser tratado com carinho, com respeito, ser ele mesmo, ser respeitado, cheio de si. Baekhyun o dava esperança.

E esperança não era algo que estava acostumado a lidar.

Por isso ficou olhando para a tela acesa, sentindo os segundos passarem. Levou só algumas palavras para se lembrar de tudo o que gostaria de esquecer, o que tapava com distrações. Havia uma voz frágil dizendo dentro de sua cabeça: não é sua culpa.

Você não fez nada de errado.

Você merece mais.

Você merece todo o carinho e a doçura que tem tentado colocar no mundo.

E foi naquele silêncio, imóvel, que suas lágrimas começaram a cair. Paralisado. Não queria pedir ajuda, porque não sabia. Não queria desabafar sobre o que sofreu, porque ainda não sabia o quanto de tudo aquilo que houve foi parte do amor que sentiu. Era um cara de quase vinte e cinco anos, mas que não sabia de nada sobre o mundo. Nada de amor, nada de valor, nada de respeito, nada de absolutamente nada do que deveria saber.

Apavorado, sua mão foi ligeira até o botão de desligar e forçou o notebook a parar de funcionar. Fechou a tela como se fugisse do apocalipse, apagou a luz de seu quarto e se escondeu debaixo dos cobertores. Precisava chorar sozinho. Chorar até se acostumar com tudo aquilo. Até que se sentisse amado. Até que tudo ficasse bem e não entrasse em pequenas crises de choro a cada vez em que passasse perto daquele assunto. Tinha que aprender a ser mais forte. Tinha que lidar com aquilo. Tinha que se obrigar a ficar bem. Não podia ficar daquele jeito só porque alguém o disse que não podia se culpar.

Sem que quisesse, uma chuva de memórias invadiu seus pensamentos e voltou a fazer o que não deveria. Voltou a sentir saudade inclusive das coisas que o machucavam. Como se sofrer fosse uma parte muito pequena e insignificante do processo. Suas lágrimas caíam sem cessar.

Não tinha planos para o final da noite e pensou em deixar a tristeza fluir até que caísse no sono, mas ouviu seu celular vibrando. Vibrou até que o convencesse a pegá-lo, quando viu que Baekhyun o ligava. Recusou no mesmo instante e viu a tela apagar. Mas, em seguida, se acendia com uma nova ligação. Chanyeol sentiu o corpo inteiro tremer. Por que é que alguém gastaria o próprio tempo com ele? Por que alguém insistiria nele?

Por impulso, atendeu a ligação, levando o celular à orelha. Mas não conseguir dizer nada, só tentava respirar, esconder a voz embargada e o som do nariz fungando.

— Ei, pequenininho. Sou eu — Baekhyun disse, com a voz mais doce que Chanyeol já ouviu. E isso só machucou, fazendo-o apertar os olhos. — Sobre aquele assunto, eu acho que eu e você estamos nessa mesma missão de entender até onde vai a gente e onde começa o outro. E a ideia é que a nós consigamos ser quem somos sem que machuquem a gente, certo? Tipo... fazer questão de algumas coisas, tentando não machucar os outros, e que os outros nos respeitem, mas tudo de um jeito que ninguém fique mal, não é? Principalmente nós dois, porque nós não merecemos ficar mal.

Sem conseguir responder, fungava, tentando parar de chorar, mas ardendo cada vez mais as palavras de Baekhyun. Ele tinha muita razão. Então, sem querer, acabou deixando-o perceber que chorava.

— Tudo bem, eu entendo. Não é fácil. Eu sinto que tudo é minha culpa também, então a gente vai lutando contra isso juntos, certo? — o escorpiano perguntava, gentilmente, e esperou algum tempo em silêncio, mesmo já imaginando que Chanyeol não ia conseguir responder. Conseguia ouvi-lo chorando. — Eu estou aqui com você, sabe? Eu sou seu namoradinho e você é o meu namoradinho também!

Aquela risadinha boba que ouviu confortou o coração do Park. Até seu choro parecia desacelerar e agora conseguia respirar um pouco, só um pouco, mais devagar.

— Eu entendo mesmo que você não queria conversar agora, de verdade, pequenininho. Não posso te obrigar e nem vou. E eu juro que eu vou desligar se você me mandar seu endereço. Eu desligo na hora — propôs.

Chanyeol sentiu uma dor muito forte dentro do peito chamada confusão. Não queria que ele se afastasse, assim como não queria e nem conseguiria dizer uma só palavra. Por impulso, acabou seguindo seu coração. Desligou o celular sem avisar ou se despedir, e seus dedos foram ligeiros em enviar o endereço de onde morava. A rua, o número, o bloco e o apartamento. Em seguida, escondeu o celular outra vez e simplesmente voltou a pensar em tudo o que não deveria estar pensando.

E chorou sozinho por muito, muito tempo.

#

Estava quase dormindo quando ouviu o interfone tocar.

No mesmo instante foi consumido pela vergonha de ter deixado um momento de fragilidade como aquele ter incomodado outras pessoas, mas permaneceu no escuro, em silêncio. Ouviu algum burburinho e, depois de quase cinco minutos, ouviu batidas gentis em sua porta. Chanyeol sabia quem era.

Foi devagar até abrir a maçaneta, sem coragem alguma para acender a luz, o que era bom. Não queria que ninguém visse seu rosto daquela forma, depois de finalmente conseguir parar de chorar. A luz do corredor estava apagada e a única luz acesa, ao longe, era a da cozinha. Do caminho de lá até a porta do seu quarto, conseguiu ver Sehun e Jongin, lá longe, tentando observar pela fresta que o Park abriu, mas, bem à sua frente, à meia-luz, enxergou a silhueta de Baekhyun, trazendo um embrulho entre suas mãos.

— Oi? — Baekhyun sussurrou, sem querer invadir demais o espaço de Chanyeol.

Em resposta, conseguiu limpar a garganta e dizer:

— Oi.

— Eu trouxe um docinho pra você. Um bolo de pote com morango e chocolate, pra te deixar mais tranquilo — contou da forma mais gentil que conseguiu.

O Park não sabia mesmo o que responder. Seus amigos ainda o observavam de longe, no meio de toda aquela escuridão do apartamento, e ainda não tinha aberto propriamente a porta do quarto escuro. Mas o gesto de Baekhyun e aquele jeito que só ele tinha iluminaram a casa inteira aos olhos de Chanyeol.

Com uma mão, o puxou para dentro de seu quarto, fechando a porta atrás dele, finalmente podendo abraçá-lo. Chanyeol deixou fluir tudo o que tinha de mais escuro e escondido, e se permitiu, só daquela vez, chorar no abraço de Baekhyun.

— Ô, meu Deus — o Byun sussurrou, compadecido e sensibilizado. Envolveu a cintura dele com seus braços, fazendo carinho com a mão livre nas suas costas, dando pequenos tapinhas.

Park deitou sua bochecha sobre o topo da cabeça do outro, com os braços criando uma pequena caverna para poder chorar ali, no silêncio e no escuro. Doía demais. Continuava doendo. Tudo aquilo que já foi feito ainda machucava e ele só acumulava aqueles monstros, fugindo deles, como se eles nunca fossem encontrá-lo. Quando encontravam, como naquele instante, seus monstros o destruíam. Deveria ter matado pelo menos um ou dois de seus próprios monstros, feito as pazes com algum deles, mas só deixou que crescessem, ficassem fortes, para então o destruir, como ocorria.

Baekhyun não fez nenhuma pergunta enquanto esteve naquele quarto escuro. Só o abraçou, deixou que chorasse, e o fez vários carinhos em suas costas, por todo o tempo que foi necessário. Quando Chanyeol o soltava, de mansinho, perguntou:

— Tá um pouquinho melhor?

— Eu tô, sim — respondeu, com a voz rouca.

— Que bom! Que tal comer o bolinho que eu comprei pra você?

Chanyeol enxugava o rosto, sem saber como reagir. Não queria acender a luz, não estava pronto para isso. Estava de cabelo solto e sua cara estava péssima. Não tinha como comer naquela escuridão toda, mas queria um bom docinho para ficar um pouco mais feliz.

— Eu quero, só... Só não acende a luz, por favor — pediu, quase voltando a chorar.

Havia um espelho grande naquele quarto. Não queria, de forma alguma, encarar o próprio reflexo quando já estava se sentindo horrível e indesejado.

— Tá bem! Tudo bem! — Baekhyun dizia, sem jeito, com medo de piorar tudo quando a crise de choro finalmente tinha ido embora. — Eu posso acender a lanterna do meu celular e deixar em algum canto, então?

O dono do quarto pensou até conseguir falar:

— Pode ser.

— Ok. — Animadamente, o Byun pegava o celular, ligando o flash.

O quarto se iluminou parcamente, permitindo que algumas sombras ganhassem formas, mas ainda era difícil de enxergar. Sem querer, passou o feixe de luz na direção de Chanyeol e teve que esconder o susto. Não estava preparado para ver aquilo, mas quando percebeu, já tinha capturado um pedaço de cena em que o Park estava com o cabelo solto. Ele logo tapou o rosto choroso com uma mão, porque a luz era muito forte e machucou suas vistas, ao que Baekhyun, atrapalhado, disse:

— Ah-! Meu D-... Me desculpa! — Apontou rapidamente a luz para o chão. — Onde... onde eu coloco?

Calado, pegou o celular das mãos de Baekhyun e colocou sobre sua escrivaninha, com a luz direcionada para cima. O reflexo, em contato com a parede e com o teto branco, resultava em um quarto um pouco mais claro, mas ainda era bastante escuro.

— Ficou bom — Baekhyun falou, tentando parecer otimista. — Agora o bolinho!

Os olhos de Chanyeol eram não muito além de dois pontos brilhosos, que o encaravam continuamente e tentavam buscar nele sua fonte de luz. Park sentou-se sobre a cama, parecendo miúdo, e suas mãos, tímidas, ficavam suspensas no ar, se fechando, se abrindo, indo em direção ao outro e voltando, porque não sabia o que fazer. O Byun, por sua vez, se sentou ao seu lado, sentindo a cama ceder ao seu peso e o corpo do Park, com seu ato, ser levemente puxado em sua direção, ficando uma perna colada na outra.

— Aqui — colocou o saco pardo no colo de Chanyeol.

Ele respirou fundo. Demorando até poder se render e, então, olhou diretamente para o rapaz ao seu lado.

— Obrigado — sussurrou.

Brevemente nervoso, Baekhyun sorriu curto, sem saber o que mais poderia dizer. Não só por ser muito ruim com todo aquele papo sobre sentimentos, também porque as palavras pareciam sumir em cada vez em que as sentiu na ponta de sua língua. Não ia conseguir dizer uma só palavra enquanto só conseguia olhar para o rosto ainda inchado de Chanyeol, com a ponta do nariz avermelhada, os cílios molhados e quase brilhando no escuro. Mas o que mais o chamou atenção foi poder ver aquele cabelo longo solto, caindo por trás de seus ombros, escorregando graciosamente e cobrindo metade de suas costas.

E, caramba, como Chanyeol era lindo.

Baekhyun resistiu a vontade de tocar os fios negros, de o afastar de seu rosto e o fazer carinho enquanto ele se concentrava em comer o bolo de pote. Tinha medo de se mover e acabar acordando o Park ao fato de que estava expondo seu cabelo, pois aí tudo poderia ser um desastre. Então só ficou em silêncio, olhando para os próprios tênis, balançando-os no ar para se distrair e para se ocupar, esperando. O problema era que, quanto mais tentava dar espaço para Chanyeol, mais acabava pensando nele e em como estavam sozinhos em um quarto inteiro que cheirava como ele, horas depois de terem se beijado no sofá dos Byun.

Contudo, permaneceu em silêncio, tentando relembrar de trabalhos da faculdade e qualquer outra coisa que limpasse a sua mente. Ouviu o canceriano ao seu lado produzindo algum movimento diferente, mas não o olhou mesmo assim.

— Quer um pouquinho? — Chanyeol o perguntou com um sussurro.

Baekhyun balançou a cabeça, sem o encarar.

— É pra você — se justificou.

— Vai me deixar feliz se você comer um pouquinho — Chanyeol disse, com uma garfada de bolo já perto da boca do escorpiano.

Sem saber ao certo como resistir, acabou virando o rosto devagarinho, com um sorriso curto e bobo no rosto. Quando encontrou seu olhar, Park já tinha prendido o cabelo — porque tinha acostumado a deixá-lo preso e o deixava confortável — e tinha um sorrisinho quando Baekhyun aceitou a garfada que levou até a boca dele.

— Você ficou mais felizinho agora? — o Byun perguntou, terminando de mastigar, e sem conseguir deixar de sorrir.

— Agora sim — respondeu, terminando de raspar o fundo do pote, abocanhando o garfo em seguida, pela última vez. Colocou as embalagens e os utensílios para o lado e ajeitava a postura como quem se preparava para um discurso. — Obrigado pelo bolo, Baek.

— Ei, ei! — Gesticulou para que Chanyeol parasse de falar. — Não precisamos falar de nada disso agora se você não quiser, ok?

Aliviado, o Park relaxou a postura, expelindo todo o ar de dentro do peito. Acenou positivamente com a cabeça, concordando e agradecendo em silêncio.

— Você fica aqui até eu dormir? — pediu, e Baekhyun sentiu o coração derreter dentro do peito.

O Byun pensou em dizer que não. Tinha saído escondido de casa e pretendia voltar sem que seus pais soubessem. Mas não podia abandonar ali um de seus melhores amigos, em um momento como aquele. O silêncio de Chanyeol era muito barulhento e era exatamente por isso que ele sabia que algo muito severo acontecia com ele. Não podia simplesmente ir para casa.

— Claro — respondeu, piscando lentamente.

Chanyeol se acomodou para em sua cama, cobrindo até a barriga com os cobertores. Baekhyun ia só ficar ali, sentado em silêncio, puxando a ponta do edredom para que cobrisse o peito todo de seu amigo e aguardando que ele dormisse, mas o Park não deixou.

— Você pode apagar a lanterna do seu celular?

— Sim — sussurrou, obedecendo ao que foi pedido, e guardando o aparelho no bolso.

Para ajudar, Chanyeol acendeu a tela de seu celular para que Baekhyun enxergasse o caminho de volta, e deu tapinhas no espaço ao seu lado na cama, convidando o outro a se deitar ali. Logo, tudo voltou a ficar escuro, mas não era desconfortável.

— Seus pais sabem que você veio aqui? — perguntou em um sussurro.

— Nem sonham — Baekhyun respondeu, também sussurrando.

Eles riram curto.

— Então você fugiu de casa agora de noite?

— Sim! Estou experimentando algo novo! Eba! — Fingiu comemorar em seus cochichos, fazendo o outro rir.

— Você está se libertando aos pouquinhos. Dá pra acrescentar isso na sua lista de rebeldias.

— Uh! Bem lembrado! — Baekhyun virava em sua direção, mesmo sem conseguir vê-lo. — Tenho que escrever meu manifesto de liberdade e colocar tudo o que quero fazer.

— Podemos começar agora — Chanyeol sugeriu.

— Certo! — comemorou, pegando o celular.

Abriu um documento no Google Docs, e ia começar a digitar quando Chanyeol se aproximou um pouquinho. Baekhyun se interrompeu, sem querer, admirando seu rosto de perto, mal iluminado pela luz que vinha da tela de seu celular. Aquele homem tatuado e cheio de piercings era uma das manifestações mais lindas da natureza e o faria pensar em beijos molhados e corpos nus e suados em cada vez que o visse, mas os resquícios de choro que ainda encontrava nele o faziam lembrar que ele precisava de cuidado.

Não estava lindo, como sempre. Estava frágil e delicado — secretamente, como sempre.

Tentando acolhê-lo, Baekhyun passou um braço por cima de sua cabeça e Chanyeol ficou confuso até entender que o Byun queria que o Park deitasse a cabeça sobre o peito dele, em um abraço simples e casto, só para poderem passar o tempo. A princípio, ficou desconfortável com a ideia. Mas, quando viu Baekhyun digitando, passou a só encarar a tela do celular como quem assiste à televisão.

"Manifesto de Liberdade, por Byun Baekhyun" — ele escrevia.

E Chanyeol ria, se acomodando da melhor forma que conseguiu para conseguir ler cada uma das coisas que Baekhyun ia adicionando naquela lista.

— Seus pais vão ficar muito bravos de você sumir no meio da noite assim? — perguntou, depois de algum tempo em que somente riam baixinho de tudo o que o outro escrevia e apagava, formando uma longa lista.

— Problema é deles. Estou fazendo algo muito mais importante agora — Baekhyun respondeu.

— A sua lista de loucuras? — tirou sarro.

— Claro que não — falou, um pouco mais sério.

Salvou seu documento de qualquer forma. Bloqueou a tela, fazendo tudo voltar a ser escuro, para poder finalmente abraçar Chanyeol, apertando-o entre seus braços. Fazia pequenos carinhos em suas costas e ombros com as pontas dos dedos, quando voltou a falar:

— Estou cuidando de você. E você é a coisa que mais importa pra mim agora.

Chanyeol prendeu a respiração, completamente mudo.

— Eu poderia estar em qualquer lugar desse mundo... podia estar do outro lado do planeta, e mesmo assim eu ia achar um jeito de fugir de tudo no meio da noite pra vir te ver, sempre que você precisasse de um abraço.

— Você só veio porque se sentiu obrigado — o Park resmungava, tentando negar a todo custo o cuidado direcionado a si.

— Isso não é verdade. Eu vim porque eu quis e porque eu não ia conseguir dormir sem antes poder te abraçar. E que se foda meus pais, minha família, ou qualquer pessoa que possa achar que eu não deveria estar aqui. Porque aqui é onde eu quero estar.

Aqui, no meu quarto? — Chanyeol perguntou, quase sem voz de tão baixo falava e tão alto seu coração batia.

Aqui, em qualquer lugar que você estivesse. Eu iria atrás de você pra qualquer canto, Chanyeol.

— Não precisa disso — tentou rebater.

— Precisa. E é o que você merece.

— O... O que eu mereço?

— Todo o carinho e o cuidado do mundo. E isso não é um debate. É a verdade e ponto final. Você merece muito mais do que você imagina. O quanto eu puder, eu vou te entregando. Seja com abraços, com docinhos, com o que for... eu só quero te ver bem. Te ver como você merece estar.

E aquelas palavras ecoaram para dentro do peito do Park. O mesmo Park que lutou contra a vontade de chorar. Contra a vontade de agradecer. Contra a vontade de pedir desculpas. Contra uma série de coisas.

Mas a única coisa que não tentou lutar foi o abraço e o cuidado de Baekhyun.

Ele aceitou, em silêncio, cada um de seus carinhos.

Até não precisar mais lutarcontra o sono e poder adormecer em seus braços.

Continue Reading

You'll Also Like

477K 39.1K 121
Ayla Cazarez Mora uma adolescente que é mal vista pelas garotas da sua escola por achar os garotos da escola idiotas e babacas, por mais que sejam bo...
1.1M 77.8K 52
Emma, aos 10 anos de idade, nutre sentimentos pelo filho da melhor amiga de sua mãe. Porém, o mesmo a rejeita na época, por considera-la uma irmã. El...
Love Sea By ‎

Teen Fiction

7.6K 492 29
Tongrak é um escritor gostosão que está em busca de ideias para terminar seu romance ambientado no lindo mar. Mahasamut, um homem moreno e bonito, te...
30.5K 3.2K 41
Harry é um adolescente impulsivo e cheio de segredos, que aprontará bastante com o coração e com o corpo dos dois maiores rivais do seu colégio.