Naquele momento eu senti o meu mundo parar, fiquei olhando a minha filha dançar no palco como se aquilo fosse a coisa mais importante da sua vida, eu havia me lembrado da coisa mais importante da minha vida, dizem que o único amor que se pode comparar com Deus é o amor de uma mãe pelo filho, eu sei porque senti isso quando segurei a minha filha pela primeira vez nos braços. A cortina se fechou e todos aplaudiram as meninas, me levantei correndo até a minha filha.
— Ha-na ?
Falei tentando encontrar minha filha.
— Filha ?
— Senhora posso ajudar ?
Neguei. Passei pelos corredores até encontrar uma porta, abri a mesma e senti minhas lágrimas escorrendo ao ver Ha-na colocando a sua roupa, me aproximei e assim que ela me viu abriu um sorriso.
— Mamãe, o que você esta fazendo aqui ?
— Ha-na, minha filha.
Abracei a pequena com força.
— Eu senti tanta saudade minha filha, você ja esta uma mocinha de tão grande.
Segurei em seu rosto olhando em seus olhos.
— Você lembrou de mim mamãe ?
Assenti acariciando o seu rosto, ela abriu um sorriso enorme me abraçando com força.
— Victoria ?
Ouvi uma voz grossa se aproximar.
— Papai, papai.
Ha-na correu até ele.
— A mamãe lembrou de mim.
Allan me olhou surpreso.
— Ela lembrou papai.
— Você lembrou baby ?
Assenti limpando minhas lágrimas.
— Sim, eu me lembrei dela Allan.
Ele sorriu me olhando fixamente.
[...]
Eu estava morta, realmente esse dia foi longo demais. Terminei de colocar o meu pijama, fui até o quarto de Ha-na e a porta estava aberta, encostei no batente sorrindo ao ver Allan colocando a pequena para dormir.
— Amamos vamos acordar para ir ao colégio.
Ha-na assentiu enquanto Allan cobria seu corpo.
— Papai ?
Allan assentiu.
— Canta para Ha-na dormir.
Um pequeno sorriso brotou em seus lábios.
— There was a time when I was alone
No where to go and no place to call home
My only friend was the man in the moon
And even sometimes he would go away too
Then one night, as I closed my eyes
I saw a shadow flying high
He came to me with the sweetest smile
Told me he wanted to talk for a while
He said Peter Pan that's what they call me
I promise that you'll never be lonely
And ever since that day.
Allan beijou a cabeça da Ha-na assim que ele parou de cantar a música.
— Eu te amo papai.
Ele sorriu.
— Te amo minha bolinha, dorme com os anjos.
Ele disse se levantando da cama, assim que ele virou me viu parada ali na porta. Fechamos a porta lentamente voltando para o nosso quarto, sentei na cama enquanto Allan se aproximava.
— Allan ?
Ele me encarou.
— Você pode cantar para mim ?
Ele me olhou surpreso.
— Claro baby.
Sorri. Allan saiu do quarto indo até a sala e eu fui atrás, ele sentou no enorme piano que havia ali, fiquei olhando enquanto ele se preparava para cantar e tocar.
— Oh, baby-baby, don't you know you got what I need
Looking so good from your head to your feet?
C'mon, come over here, over here
C'mon, come over here, yeah. Oh, I just wanna show you off to all of my friends
Making them drool down their chinny-chin-chins
Baby, be mine tonight, mine tonight
Baby, be mine tonight, yeah.
Eu estava sentindo uma coisa tão intensa, ao ouvir aquela voz suave mas ao mesmo tempo rouca, Allan deslizava sua mão tocando o piano com facilidade, era uma coisa maravilhosa, eu olhava aquele homem lindo enquanto ele olhava as teclas fixamente, assim que a música acabou ele me olhou sorrindo.
— Por que você esta chorando ?
Ele perguntou assustado.
— Não sei.
Sorri limpando as minhas lágrimas.
— Eu só precisava chorar.
Allan me abraçou com força, aquilo era tão estranho para mim, pois ele era um estranho para mim, mas ao mesmo tempo eu me sentia completa com aquele homem ao meu lado.
— Obrigada por cuidar de mim.
Sussurrei.
— Eu não te deixaria nem se você pedisse.
Sorri apertando a sua nuca com força.
— Vamos dormir ?
Assenti. Fomos até o quarto e eu me joguei na cama, ela era tão macia que mesmo que sem sono deitar ali era maravilhoso, fiquei olhando para o teto enquanto Allan estava no banheiro.
— Baby, você pode trazer minha toalha ?
Me levantei pegando a mesma que estava ao lado da televisão. Entrei no banheiro e arregalei os meus olhos ao ver Allan totalmente nu.
— Ai meu Deus.
Fechei os meus olhos assustada.
— Por que você esta assim ?
Okay, eu fiz uma pergunta besta...mas, poxa eu estava morrendo de vergonha.
— Relaxa, você sempre gostou de brincar com ele.
Senti o meu rosto queimar.
— Desculpa, eu esqueci.
Assenti.
— Pode abrir os olhos.
Lentamente abri os meus olhos, Allan estava com a toalha na cintura enquanto seus cabelos estavam molhados e bagunçados, desviei meu olhar rapidamente, voltei para o quarto me deitando novamente na cama. O Allan logo saiu do banheiro se deitando ao meu lado, exalando aquele cheiro maravilhoso de pos banho.
— Boa noite.
Murmurei.
— Boa noite baby.
[...]
Hoje o dia não estava sendo tão bom quanto os outros, não era pela chuva ou pelo frio, mas sim, porque eu estava no hospital fazendo alguns exames, mesmo com o dia maravilhoso que eu tive ontem, eu estava me sentindo perdida, queria conversar com alguém, queria saber da minha vida.
— Como se sente Victoria ?
A enfermeira perguntou me olhando.
— Bem.
Sorri de canto.
— Como você esta ?
Allan apareceu na sala com um jaleco branco, seu cabelo estava perfeitamente alinhado como sempre.
— Queria estar em casa.
Ele assentiu.
— Não vai demorar, okay ?
Assenti Sorrindo, e coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— O médico ja vai vim te ver baby.
— Eu gosto quando você me chama assim.
Allan assentiu.
— Eu sei, voce sempre gostou.
Sorri sentindo minha bochecha corar.
— Eu preciso ir, mas ja volto te ver.
Ele disse saindo do meu campo de visão. Fiquei sentada na cama que dava a visão perfeita do enorme corredor branco, levantei meu olhar ao ver Allan olhando algumas pastas, ele parecia bem interessado naquilo. Assim que uma mulher apareceu, ele sorriu colocando as mãos dentro do jaleco, fiquei olhando aquilo atenta, a moça ria enquanto Allan contava alguma coisa que parecia engraçado, senti meu estômago revirar, então meu corpo queimou em ódio, a minha vontade era de matar aquela morena que estava ao lado do Allan.
Olhei para o chão tentando disfarçar o que estava sentindo, Allan se aproximou novamente, mas dessa vez ele trazia algumas pastas nas mãos.
— Victoria, os seus exames estão aqui.
Assenti.
— Em menos de dez minutos você esta liberada.
Ele me olhou.
— Você esta bem ?
— Aham, eu só quero ir para casa.
Allan me olhou desconfiado.
— Tem certeza ?
Revirei os meus olhos.
— Por favor Allan, por que você não vai conversar com a sua amiguinha ?
Droga! Aquilo saiu sem a minha permissão, Allan me olhava assustado.