◇ Capítulo 89 ◇
◇◇ DO OUTRO LADO DA BARREIRA ◇◇
POV AUTORA
Não se sabe em que momento isso aconteceu, mas Steve e Katherine acabaram dormindo no sofá. Os dois estavam exaustos e a ideia de subir para as escadas até o quarto nem sequer chegou a ser cogitada. Claro que não era o lugar mais confortável para se passar a noite, estreito e pequeno. Katie adormeceu incrivelmente rápido, ao que se lembrava. Seu dia agitado tinha tirado toda e qualquer energia que a moça poderia ter. Com isso, na primeira oportunidade o sono se demonstrou presente até mesmo quando tivera a conversa com Steve.
A sala de estar era familiarizado por eles como o cômodo mais bem iluminado da casa. Durante as manhãs e tarde, o sol fazia o favor de entrar pelas frestas das janelas e portas. Fazendo assim a claridade invadir com sua luz natural. E foi essa luz natural que acordou Katie pela manhã, sem ao menos imaginar que horas poderia ser.
O braço de Steve a apertava contra seu peito afim de impedi–lá de rolar até cair no chão, a respiração do homem chocou contra o seu rosto quando ela levantou o olhar para admirá–lo: Seus lábios entreabertos produzindo o som de um ronco baixinho e suave, os olhos bem fechados e a expressão calma e serena, as bochechas se tornado levemente avermelhadas quando seu nariz se enrugou brevemente com algo relacionado ao sonho que estava tendo. O braço de Steve se contraiu em seu aperto mas em seguida relaxou.
Katherine conseguiu levantar sem acordá–lo, sendo cuidadosa com seus movimentos afim de mantê–lo descansando por um longo período com base no quão profundo seu sono aparentava ser.
— Bom–dia, KitKat.
— Iron, que horas são? — perguntou, torcendo que nem mesmo seu sussurro fosse capaz de acordar o marido.
— Dez horas e vinte e cinco minutos — respondeu a IA. A voz robótica de seu pai chegando ao seus ouvidos como um pelo presente pela manhã.
— Os meninos já acordaram?
— Sr. Barnes e Sr. Wilson continuam em seus devidos quartos.
— Bom, sabemos que não se pode contar com eles para preparem o café da manhã — a morena resmungou, subindo degrau por degrau sem um pingo de vontade.
— Devo acordar o Sr. Rogers?
Katherine sentiu vontade de rir com a formalidade educada que sua Inteligência Artificial usava ao se referir aos meninos, sendo bem diferente da forma que conversava com ela. Usando sempre os apelidos corriqueiros que seu pai a chamava diariamente.
— Não, Iron, não precisa. Deixa o Steve dormir.
A medida que adentrava no corredor, Katherine ouvia ruídos vindo do quarto de Tony. Uma risada infantil que se misturava com gritinhos alegres. Ela abriu a porta para ter a visão que fez seu coração se aquecer em uma velocidade incrivelmente rápida. Anthony se colocara em pé sob o colchão, as mãozinhas pequenas e gorduchas seguravam–se no gradil do berço. Aqueles olhinhos azuis a encaram com uma expectativa.
— O que você está fazendo em pé, bebê? — Katie perguntou, o pegando no colo assim que seus braços se estenderam em sua direção. — Papai colocou você para dormir usando essa roupinha?
Katherine segurou o filho com um braço enquanto traçava a logo do Homem de Ferro com a outra mão. O body vermelho cabia perfeitamente em seu corpinho pequeno, o punho das mãos eram fofinhas e a gola em V fazia seu pescoço ficar em evidente.
— Quer continuar com ele? — o bebê emitiu um som que Katherine entendeu que fosse um sim — Muito bem, então vamos colocar um casaquinho e um tênis. Depois você me acompanha para acordar seus tios.
Katie o colocou sentado em cima da cômoda antes de puxar um casaquinho de dentro da gaveta. Primeiro um bracinho e depois o outro, fechando o zíper até a metade para deixar o desenho do reator arc à mostra. Em seguida, amarrou cada um dos cadarços e certificou que não estivesse apertado nem frouxo demais.
— Sabe, bebê, mamãe não tem só você de filho — disse Katie. Os olhos que pareciam refletir o brilho que ela conhecia perfeitamente, por ser tão igual ao de Tony Stark, a encaravam como se entendesse tudo o que era dito — Pois é, além de cuidar de você, preciso me certificar que os seus tios não estão se matando. E a julgar pela idade mental do tio Sammy e do tio Buck, os dois conseguem ser mais crianças do que você.
Sua fala se sucedeu à uma risada do pequeno. Katherine tornou a pegá–lo para sair do quarto.
Ela odiava admitir mas o silêncio daquela casa era a última coisa que gostava. Preferia ouvir as vozes de Sam e Bucky discutindo um com o outro do que não haver som algum dentro de casa. Katherine se pegou gostando além da conta da bagunça que seus amigos costumavam fazer, que apesar das idades eles eram a encarnação perfeita de duas crianças.
A primeira porta após o quarto de Tony era aquele que Bucky ocupava. Katie se surpreendeu ao ver a porta e janelas abertas, o sargento sentado aos pés da cama e cabisbaixo.
— Achei que eu teria que acordar você — Katie brincou com um sorriso que não tardou à murchar com o silêncio do amigo — James? Você teve outro pesadelo?
O mesmo balançou a cabeça, negando, e em seguida ergueu a cabeça com os olhos azuis marejados.
— Vou ficar parada aqui até me dizer o que tem de errado — disse Katie. — Não me importo com o café, mas seu sobrinho talvez queira…
— É a primeira vez que eu passo à noite sem pesadelos.
Katie sorriu com um grande alívio e sentou ao lado do moreno. Tony se remexeu no colo de sua mãe e estendeu os braços curtinhos em direção ao seu tio. Bucky o pegou sem hesitar.
— E sonhou com o que? — perguntou Katie, com interesse.
— Meus pais, minha irmã…lembranças boas — Bucky disse com uma expressão visivelmente menos abatida do que seria caso tivesse acordado de um pesadelo.
Era um misto de emoções boas em seu olhar.
— Sua irmã, como ela era?
Bucky abriu um sorriso ainda maior.
— Irritante, muito irritante — confessou o sargento — Quando nossos pais morrem, fomos divididos. Ela acabou em um abrigo e eu fui para o Camp Lehigh, mas isso foi depois que o Steve conseguiu se alistar e antes da aplicação do Soro. Você teria adorado conhecer a Rebecca.
— Tenho certeza que sim, quer dizer…se ela for como você eu teria sérios problemas em administrar um Bucky versão feminina. — Katie mordeu o lábio para evitar uma risada — Você já me dá trabalho suficiente sendo homem.
— Vou fingir que não me ofendeu, Kat — James revirou os olhos.
— Ótimo! Assim vamos continuar amigos! — exclamou. — Agora, você seria meu amigo preferido se fosse lá acordar o Sam enquanto preparo o café.
— Posso acorda–lo do meu jeito?
— Se o seu jeito não envolver violência em excesso, pode.
Bucky assentiu e entregou o bebê de voltar para Katie. Ela nem se deu o trabalho de espiar no quarto do Capitão, visto que a porta ainda continuava fechada e pela fresta não havia nenhum tipo de luz que podia ser enxergado.
Quando desceu os dois últimos degraus da escada, Tony emitiu um som de reconhecível ao avistar seu pai sentado no sofá como se tivesse acabado de despertar.
— Bom–dia, coisa linda — cumprimento Katie, selando–o rapidamente antes de se encaminhar para a cozinha.
— Bom–dia, amor. Quando você acordou? — Steve questionou, levantando e a seguindo.
— Acho que uns vinte minutos atrás, você estava tão bonitinho dormindo que fiquei com pena de acordá–lo. — disse Katherine, observando as bochechas do marido mudarem para um rosinha fraco.
— Mas deveria ter me acordado, eu podia ter ajudado você com o Tony — Rogers sorriu para a sua pequena miniatura sentada na cadeirinha alta perto da mesa.
— Olha bem para o seu filho, amor, acha que ele tem cara de quem dá trabalho? — Katie lhe lançou um olhar rápido e então voltou sua atenção para a frigideira com ovos e bacon. — Ah, acho que você vai querer saber como foi a noite de sono do Buck.
— Ele teve outro pesadelo? — perguntou, enrugando a testa.
— Não, pelo contrário. Buck…
— EU VOU MATAR VOCÊ, BARNES!
A voz de Sam ressoou pela casa como um rugido furioso. Tanto Steve quanto Katie viraram a cabeça para a origem do som, passos apressados indicavam que alguém corria pelo corredor até a escada.
— Bucky foi acordar o Sammy – Katie contou.
— E você deixou? — Steve soltou um suspiro, esfregando a testa com a ponta dos dedos.
— Querido, eu estava com fome e ia perder tempo em me deslocar até o quarto do Sam — ela balançou os ombros e em questões de minutos prorrompeu–se em gargalhadas.
Sam Wilson descia as escadas com o corpo completamente encharcado, gotículas de água pingavam da ponta de seu nariz e queixo. Sua expressão séria e que transmitia o sentimento de traição foi mais do que suficiente para a crise de riso da mulher se prolongar.
Tony achou que seria conveniente começar a rir também, fazendo a situação ficar ainda pior para Sam.
— Quando quiser me acordar, se certifique que o Bucky não tem um balde de água fria por perto — disse o capitão, tom de voz monótono enquanto refazia o caminho de volta para o segundo andar.
— Eu vou lá em cima impedir que eles se matem — disse Steve, sendo mais contido na risada do que sua esposa e filho.
Por um momento, um breve segundo em que sua risada diminuía e dava lugar à um sorriso mais leve, Katie passou a observá–los. Bucky rindo no topo da escada enquanto Sam despejava milhões de ofensas ao sargento que não levou nenhum em consideração. Steve, por outro lado, tentava apaziguar.
— Sam, se meu filho crescer sabendo desses palavrões eu vou cavar a sua cova!
— Ele jogou água em mim, Steve!
— Queria que eu acordasse a bela adormecida como?
Eles eram homens adultos e crescidos, pelo menos Katie tinham um ou outro argumento que comprovava isso. Com muito custo, Steve conseguiu trazer a dupla até a mesa para tomar café. Bucky e Sam, de cada lado da mesa, se encaravam insistentemente e Katie se divertia com aquilo.
— Certo, vocês já podem parar com isso — pediu a mulher — Vocês são adultos, francamente, meninos!
— Contraditório você dizer que eles são adultos e em seguida chamá–los de meninos — disse Steve com um sorrisinho ladeado.
— Eu chamaria de homenzinhos se eles soubessem se comportar como tal — Katie olhou para eles que continuavam se encarando — Isso é amor reprimido.
Automaticamente a dupla a fitou. Katherine bebeu um gole de seu suco com um olhar inocente.
◇◇◇
Toda e qualquer mensagem que Monica lhe enviava com novidades fazia o coração da morena bater em um ritmo acelerado, acima do normal. Em específico, última mensagem enviada à fez perceber que o assunto envolvendo Wanda era ainda mais sério e preocupante do que pensou que seria na sua primeira percepção dos fatos.
Wanda necessitava de ajuda e mesmo que não admitisse, Katie estava decidida demais para simplesmente ignorar e voltar como se nada estivesse acontecendo. Era errado até mesmo pensar nessa possibilidade que incluía novamente abandonar sua amiga como da primeira vez. Sim, Katie se corroía por conta desse fato apesar das palavras de consolo que sua mãe lhe disse. Houve uma promessa de cuidar e proteger Wanda de tudo e qualquer coisa apesar de saber da sua grande capacidade com e sem poderes.
Katherine saiu de casa na manhã seguinte, com uma mensagem de Mônica contendo o endereço que deveriam se encontrar. Por mais que não gostasse de alcançar altas velocidades nas estradas, mas sua urgência para chegar até o local marcado a fazia esquecer qualquer tipo de lei de trânsito referente à velocidades em excesso. Assim quando avistou a placa indicando Westview com um seta apontando para a entrada da rua rodeada, um grande e intenso arvoredo em ambos os pontos da rodovia.
O fato de não haver nenhum carro naquela estrada, além do seu próprio, deixava Katie imersa de curiosidade de saber se sua amiga também tinha algo haver com isso. No finalzinho da estrada, em que se abria para um descampado à vários metros de distância da barreira escarlate feita por Wanda, havia alguns carros do exército e tendas motandas como Monica explicou em sua mensagem. A filha de Maria Rambeau e Jimmy estavam escorados em um carro da S.W.O.R.D quando a morena chegou ao destino.
— Desculpem pelo atraso — Katie disse ao cumprimentá–los.
— Não tem problema, acabamos de chegar — Jimmy a reconfortou — Mas temos algumas novidades.
—Darcy descobriu alguns relatórios de pesquisas, todos do mesmo projeto chamado de Catarata — Monica disse — Hayward não está querendo desmontar o Visão, queria colocá–lo de volta online e nada parecia estar funcionando até…
— Wanda roubar o corpo do Visão — Katie concluiu.
— É por isso que ele está tão focado em rastrear o Visão dentro do Hex — disse Jimmy.
— Hayward quer a arma inteligente dele — deduziu Katie com uma expressão pensativa.
— Esse nosso plano precisa dar certo, temos que avisar a Wanda — Monica falou apontando para a barreira às suas costas.
— Eu acho perigoso para você — Katie murmurou, preocupada — Wanda já arremessou você para fora da barreira uma vez, o que garante que não fará novamente?
— Por que você estará lá dentro comigo — Monica finalizou com um sorriso afetuoso.
Katherine não queria que Monica depositasse nela tanta confiança. A sua primeira tentativa de convencer Wanda havia falhado e sua esperança de fazer dar certo diminuíram. Ela queria a amiga de volta mas não queria passar por cima da felicidade da Wanda para que isso viesse acontecer. Por essa razão, permaneceu em silêncio quando Monica conduzia a situação.
— Major Goodner — disse a capitã, alegre.
— Capitã Rambeau.
— Esse é o agente Woo e essa é Katherine Rogers — Monica os apresentou respectivamente.
Katie apertou a mão da major e focou sua atenção no veículo que vinha se aproximando. Suas quatro rodas eram capazes de destruir o que quer que estivesse no chão; e a sua frente, Katie imaginou, que poderia ultrapassar a barreira que quisessem tamanha força que aquele carro possuía.
Ela observava quando Monica terminava de vestir o traje de proteção, as luvas e o capacete. Nenhum cenário de como seria seu reencontro com Wanda passava pela sua cabeça. Poderia ter o melhor final ou simplesmente todo aquele plano não serviria para nada. Esse era exatamente o seu maior receio, falhar com sua amiga pela segunda vez.
O Reator Arc em seu bolso traseiro da calça parecia ter chamada atenção para si. A morena o puxou, fixando o objeto em sua roupa. Fechando zíper da jaqueta para escondê–lo. Sua armadura era resistente à muita coisa, silenciosamente implorava para que suportasse a energia que envolvia a cidade. Tal como, os poderes de Wanda. E não, ela pensava em momento algum em lutar com sua amiga.
— Darcy não está aqui para nos dar seu selo de aprovação — disse Jimmy.
— Nós vamos trazê–la de volta — Katie garantiu, firmemente.
— Você não vai usar nenhuma roupa de proteção? — perguntou o agente com a testa franzida.
— Bem, eu tenho minha armadura — a morena encolheu os ombros, incerta — Eu espero que seja suficiente.
— Eu entro e se eu encontrar a Wanda, volto para buscar você — disse Monica à vingadora.
— Tome cuidado, OK?
— Não se preocupe — Rambeua sorriu, soou como se tentasse convencer a si mesma que não adiantaria se preocupar.
Katherine estava cada vez mais apreensiva, obviamente que ela não queria sair como a pessimista do grupo, mas sua pouca fé em relação à aquele carro forte ficava bem evidente na forma com que olhava para o veículo.
— Tem certeza de que essa coisa funciona? — indagou Jimmy à Major.
— É o nosso módulo espacial mais reforçado. Vai ser uma passagem tranquila, sem danos — respondeu a Major Goodner e colocou o fone de comunicação — O comando é seu, Capitã.
— Andando — informou Monica.
O veículo se movia gradativamente na direção da barreira. A Major fazia uma contagem regressiva de cinco para baixo a medida que o impacto se aproximava e quando ele ocorreu da forma diferente como foi pensado posteriormente, Katherine ofegou em espanto, levando ambas as mãos até a boca.
— O que houve com a passagem tranquila? — Jimmy cochichou com ninguém específico.
— A densidade da barreira está impedindo–a. — a Major murmurou parecendo desacreditada.
— Estou quase lá, vai ceder — disse Monica.
Katherine agarrou o comunicador das mãos da major.
— Monica, não vai dar certo. Essa coisa vai ser alterada com você dentro — disse ela apressadamente.
Eles viram quando o veículo empinou sua parte da frente, sustentando–se somente pelas duas rodas traseiras.
— A estrutura está falhando, está se desintegrando — Goodner falou.
— Não, está sendo reescrito — Jimmy corrigiu, com uma expressão assustada no rosto e agarrou um walkie talkie sobre a mesa — Monica, saía daí!
Katie praquejou irritada. Ela se afastou enquanto retirava sua jaqueta, com dois toques rápidos no Reator Arc e a armadura começou a cobrir lentamente seu corpo, parte por parte. Os jatos propulsores em seus pés içaram a mulher para o alto, altura o suficiente para fazê–lá ficar de frente com a entrada do carro. Uma porta oval cuja a tranca emperrou nas tentativas de Monica em abri–lá.
Katherine obstruiu a tranca com ajuda de um laser na armadura, um estrépito alto de metal quando a porta foi aberta. Monica relaxou o corpo e deixou–se ser erguida e retirada de dentro do veículo. As duas pousaram em solo segundos antes do carro ser lançado bruscamente com a sua metade da frente remodelada em uma caminhonete dos anos 90.
Houve uma concordância silenciosa entre as duas. Olharam rapidamente para Jimmy que parecia ter sido o único, até aquele segundo, à compreender o que ambas estavam pensando em fazer. Sem dizer mais nada, Katherine e Monica saíram correndo em direção à barreira.
Katie sentiu os pelos de seu corpo se arrepiarem por completo. Respirou fundo e deixou ser levada, seus braços sendo os primeiros, depois o tronco e então as pernas. Ela havia sido puxada com toda força e não demonstrou resistência, a sensação não foi agradável e isso precisava admitir.
"—…eu sinto muito orgulho de você…"
"—…sim, eu sou o seu pai. Você, felizmente, puxou o melhor lado dos Stark."
"—… eu te amo, Katherine Maria Stark, e mesmo que demore mais cinco anos, eu nunca vou desistir de reconquistar você."
"—…você está grávida, Kat. "
"—…homem de família, Sr.Rogers?
—…eu tenho o que eu sempre quis."
"—…jamais se culpe por não ter conseguido me segurar, você fez isso muitas vezes. Mas agora deixe comigo…"
"—…eu te amo, KitKat."
"—…ela disse que me veria em um minuto…
—…eu sinto muito, Kat."
"—…E eu…sou…o Homem de Ferro.
—…PAI!."
Todas as suas emoções pareciam ter sido intensificadas de uma maneira muito rápida. Raiva e tristeza que sentia agora haviam sido elevadas ao máximo quando ainda atravessava a barreira. O luto pela morte de seu pai e Natasha lhe atingiu como um soco, como se o fato tivesse ocorrido à apenas alguns minutos atrás. Toda a magoa, medo, amargura e desespero que guardava para si mesma se expandiram assustadoramente nesses segundos.
Seus olhos castanhos de sempre agora brilharam em um azul celestial enquanto o de Monica se tornou dourado.
O corpo da vingadora desmoronou no chão assim que se encontrava do outro lado da barreira.
◇◇◇
O corpo de Katie não parecia responder aos comandos da mesma. Ela possivelmente estava muito bem acordada mas não sentiu vontade de abrir os olhos. Todo os músculos de seu corpo reagiam ao contrário do que mentalmente pensava. Quando as vozes que escutava em sua mente cessaram, ela se viu forçando seus olhos à abrirem.
Foi de forma abrupta que ela levantou a parte do superior do corpo. A respiração ofegante, o peito subindo e descendo muito mais rápido que normalmente deveria ser. Tinha seu olhar parado em um ponto fixo no chão enquanto tentava de alguma forma regularizar sua respiração.
— Katie? Você está bem? — perguntou Monica, agachada na sua frente.
A morena assentiu.
— As coisas que eu tenho que passar pela Wanda — resmungou.
— Temos que achá–la agora — Monica olhou além das casas enfileiradas.— Eu lembro o caminho.
— Você primeiro — Katie disse.
Katherine olhou para si mesma, a armadura intacta com exceção do capacete que não cobria mais sua cabeça, havia se encolhido para dentro do reator. Ela ainda tinha a visão um tanto quanto embaçada mas isso não a impediu de continuar seguindo pelas ruas tranquilas do subúrbio.
Nenhuma movimentação intensa de carros ou veículos maiores, apenas os moradores que andavam de uma calçada à outra, um carteiro e um entregador que paravam vez ou outra na frente das casas. Katherine não conseguia deixar a surpresa de lado, olhava com atenção para todos os pontos em que passavam. Wanda tornou aquilo assustadoramente real.
Katie deixou que Monica a guiasse até a casa de número 2800. A porta destrancada foi quase que a oportunidade perfeita. Elas correram residência a dentro, parando ainda no hall de entrada ao verem Wanda na cozinha. A ruiva rosqueava uma embalagem de remédio antes de deixá–lo sobre o balcão, ainda sem notar a presença das outras duas.
— Wanda — sussurrou Katie, com os olhinhos brilhantes.
— O que vocês estão fazendo aqui? — perguntou ela, rude.
— Wanda…— Monica tentou intervir.
— Como chegaram até aqui?
— Isso não importa, Wanda. Você tem que nos escutar, por favor. — Katie suplicou, o mais suave e calma possível.
— A coisa toda é sobre o Visão — a Capitã continuou.
— Saiam da minha casa!
— Wanda, por favor — disse Katherine.
— Hayward estava tentando trazê–lo…
— Não fale comigo sobre isso, eu não quero ouvir nada! — gritou a Maximoff.
Ondas de energia escarlate envolveram o corpo de Monica, erguendo a Capitã no ar ao mesmo tempo que a empurrava para fora da casa. Katherine acompanhou as duas com os olhos arregalados com a reação de Wanda.
— Os drones, os mísseis, o Pietro?
— Não, o Pietro não fomos nós — Monica gritou, tentando se livrar dos poderes que a prendiam.
—Você só sabe mentir! — a expressão de Wanda persistia em uma raiva assustadora, até mesmo em seu olhar esverdeado.
A Maximoff a jogou no chão, esperando que a mesma se espatifasse na calçada. Mas ao contrário do que imaginou, Monica pousou confortavelmente e sem nenhum dano aparente.
Os moradores, carteiros e entregadores pararam seus afazeres. Todos olhando a cena.
— As únicas mentiras que contei foi aquelas que você pôs na minha boca — acusou a Capitã.
— Cuidado com o que vai dizer para mim — Wanda murmurou, a encarando sem emoção.
— Wanda, você tem que parar — Katie a segurou pelos pulsos, as esferas nas mãos da Maximoff desapareceram — Eu te conheço, sei que você não é a vilã então não se torne uma.
— Talvez eu já seja — disse Wanda com um sorrisinho ladeado.
—Se você é a vilã como pode me explicar tudo o que fizemos juntas? Lembra? Das vezes que passamos assistindo as sitcons? Dos chocolates que eu pegava do meu quarto para dividir com você? Não consigo enxergar uma vilã em uma pessoa assim.
— Mocinha, já ficaram aqui tempo demais — Agnes parou ao lado de Wanda, esfregando suavemente suas costas — Ela já passou por muita coisa. É melhor ir embora, querida.
Agnes conduziu a ruiva para longe da dupla, deixando Katherine frustrada.