◇ Capítulo 37 ◇
◇◇ RELATÓRIO DA MISSÃO, 16 DE DEZEMBRO, 1991◇◇
P.O.V AUTORA
Ela tinha os braços cruzados enquanto olhava Rhodes passar por uma Ressonância. Um exame como aquele provocava uma sensação claustrofóbica na moça, mas Rhodey era uma das pessoas mais corajosas que conhecia apesar de que o mesmo sentia-se confuso e assustado internamente.
Visão estava logo atrás dela, a culpa que emanava do androide era sufocante. Fora a rajada da Joia da Mente que atingiu o Máquina de Combate, sua intenção, claro, era acertar em Sam que desviou no exato momento. Ninguém culpava o Visão, mas queriam entender como ele errou, Tony o enchia de perguntas que já tinha conhecimento das respostas.
Eles haviam voltado para o complexo, o resto, aqueles do lado do Capitão, foram enviados para uma prisão. Katie não ficou para ver seus amigos sendo algemados ou Wanda sendo contida como um animal. O Complexo nunca esteve tão vazio quanto agora, uma boa parte da equipe longe o que trazia uma péssima energia de solidão. Katherine odiava aquilo com todas suas forças.
Ela se afastou da sala, não havia trocado meia dúzia de palavras com Tony. Claro, Katie acabou de deixar dois criminosos de estado fugirem quando devia tê-los entregado às Forças Especiais. Mas a culpa não tinha batido nela, não houve arrependimento de sua parte por conta disso. Katherine não trocou de lado, longe disso, ela fez o que acredito que deveria ter sido feito desde o início: Ouvir ambas as partes e ela assim fez. Se Ross viesse para cima dela por causa disso, não lhe importava.
Katie se apoiou no gradil de vidro da varanda no complexo, os olhos fixos no campo esverdeado à sua frente. Tony se aproximou da filha com passos silenciosos, seu braço esquerdo envolto de uma tipoia e alguns ferimentos arroxeados no rosto.
- Como ele está?
- Os médicos disseram que ele teve laceração extrema da medula espinhal. Estão prevendo alguma forma de paralisia - respondeu o Stark em voz baixa. - Você deixou eles irem, Kat.
- Você sabe que eu não deixaria que pegassem o Steve - Katie sussurrou. - Nós agimos errado, Rhodes foi só uma das consequências.
- Nós? - Tony repetiu zombando - T'Challa contou ao Ross o que fez, ele viu quando deixou o Quinjet levantar voou.
-Não é a primeira vez que eu faço algo que desagrade o secretário e provavelmente não será a última - Katie encolheu os ombros.
- Estão vindo atrás de você - Tony se virou para a filha com os olhos avermelhados - Kat, eu não sei se vou conseguir proteger você dessa vez.
- Já estou bem crescida, pai - a expressão da moça se suavizou - Vou saber lidar com o que quer que seja que Ross tente contra mim. Mas você precisa saber, pai, não vou recuar de medo dele.
-Concordamos em assinar o Tratado para evitar que coisas como em Sokovia voltem à acontecer - Tony suspirou exasperado.
-E no que isso resultou? Isso é o fim dos Vingadores, nossos amigos estão presos, Rhodes paralítico. Significa que perdemos, nós perdemos, pai.
Tony olhou para a filha antes de passar seu braço direito sobre os ombros dela. Ele sabia, mais do que qualquer um, que os Vingadores era uma das coisas mais importantes na vida dela e que agora estavam divididos e quebrados por dentro e por fora. Ele via o arrependimento de ter assinado o Tratado brilhando nos olhos castanhos de Katie.
-E se Ross fazer alguma coisa contra você? - Tony sussurrou sobre os cabelos escuros da moça.
- Gostaria de ver ele tentar.
- Não brinca com o perigo, garota.
O relógio de Tony emitiu um som, o homem se afastou do abraço da filha e clicou no touch da pequena tela retangular. A imagem dupla de um homem morto surgiu em um holograma.
-Sexta-Feira, o que é isso? - perguntou ao IA
-Uploading proprietário da polícia de Berlim.
Tony franziu a testa e olhou confuso para a filha, Katie não estava muito diferente dele até que a realização lhe atingiu.
-O verdadeiro psicólogo do Barnes - Katherine murmurou.
-Ligue o helicóptero - ordenou o moreno, arrastando a filha para a garagem. - Sabe onde seu namoradinho está?
-Não faço a menor ideia, mas tenho certeza de que eles sabem.
◇◇◇
O clima naquela região era incrivelmente chuvoso. Talvez pelo fato de estarem sobrevoando uma grande área do oceano onde a prisão ficava.
Katherine achava aquilo um completo exagero, não era como se os seus amigos fossem terroristas de grande escala de periculosidade. Ross transformou isso em um circo dos horrores e nem podia imaginar o quão furioso ele estava por não ter a equipe toda presa. O que deixava Katie um pouco mais satisfeita.
-A força tarefa pediu um psiquiatra assim que Barnes foi capturado. A ONU enviou o Dr. Broussard, de Genebra, na mesma hora. Quem fez a consulta foi esse homem...
Sexta-Feira deu zoom em uma imagem de câmera de segurança onde mostrava o verdadeiro Dr. Broussard falando com aquele mesmo cara que tinha visto em Berlim. Katie franziu o cenho, inconformada por esse homem estar em todos os lugares.
- Já fez o reconhecimento fácil? - perguntou Tony.
-O que você pensa de mim? - Sexta-Feira retorquiu, parecendo ofendida.
-Não sei, imagino você ruiva - o bilionário sacudiu os ombros.
- Ele está confundido você com a Pepper - Katie disse rindo - Agora pode nos dizer quem é esse cara?
-O médico falso na verdade é o Coronel Helmut Zemo, da inteligência de Sokovia.
Os dois Stark compartilharam olhares exasperados. Agora podiam finalmente entender o porquê desse cara fazer tudo o que fez, era de se esperar que o povo de Sokovia odiasse os Vingadores por terem levando sua cidade para baixo
-Zemo comandou o EKO Scorpion, um Esquadrão assassino de Sokovia - dizia Sexta-Feira.
- O que houve com o verdadeiro Broussard? - indagou Tony.
-Foi encontrado morto em um quarto de hotel em Berlim - respondeu. - Onde a polícia também encontrou uma peruca e próteses faciais que aproximavam à aparência de James Buchanan Barnes.
-Filho da mãe - Katie rosnou.
-Manda para o Ross - Tony ordenou.
- Sim, chefe.
Tony se encostou no banco, arrancado a tipoia de seu braço e mexendo no ombro não o escutado estalar. Katie, no entanto, não tinha o que falar sobre isso. Steve havia lhe contado suas suspeitas e agora, na sua cabeça, fazia sentido até mais do que antes.
Zemo se tornava ainda mais repugnante à medida que ela pensava em seu "encontro" com ele na Alemanha. Estava ali do seu lado, falou com ela e não aparentava nada de suspeito. Se ela tivesse falado sobre Zemo com alguém, se tivesse dito sobre suas suspeitas...quem sabe teria evitado grande parte disso tudo.
As águas abaixo deles se mexeram ainda mais revoltadas quando portas de aço se abriram entre as ondas furiosas do mar. O helicóptero pousou em heliponto dentro da instalação e eles mal deixaram o helicóptero e Ross já os aguardava, mal humorado e descontente por ter a Stark de frente para ele sem uma algema à prendendo.
- Sr. Secretário! Como tem passado? - Katie o cumprimentou, um sorriso inocente brincando em seus lábios enquanto ignorava a expressão zangada do mesmo.
-Recebeu os arquivos? - Tony perguntou. - Redirecione os satélites e começamos à procurar o rosto desse tal de Zemo.
-Acha que vou dar ouvidos à você depois do fiasco em Leipzig e do que sua filha aprontou? - Ross replicou, a voz assustadoramente baixa.
- Eu apronto muitas coisas, da próxima vez seja mais específico - Katie continuou sorrindo inocentemente.
- Por pouco não estão presos aqui.
-Lingue para o meu advogado e marque um horário com ele.
Katherine passou pelo secretário, sem antes esbarrar em seu ombro. Sabia que nada aconteceria com ela, mesmo que Tony tivesse medo disso. Ross não era tão corajoso à esse ponto, nem ao mesmo ameaçou algo concreto. Katherine tinha a consciência incrivelmente limpa, sem culpa por ter ajudado Steve à fugir.
Mas o sentimento de tristeza era inevitável assim que chegaram à uma sala de monitoramento. Monitores de computador transmitiram as imagens das celas onde os Vingadores estavam sendo mantidos. Aquilo sim era motivo para fazê-la se arrepender, a visão de Wanda usando uma camisa de força e uma espécie de coleira que reprimia seus poderes era horrível.
- Queremos falar com eles - disse Katie desviando o olhar dos monitores.
- Ah, querem? - Ross repetiu.
- Você não quer saber onde Steve e o Barnes estão? Acha que vão falar com você que os prendeu ali ou comigo que sou amiga deles?
Por mais que Katherine tivesse uma capacidade incrível de o tirar do sério, ele precisava admitir que era uma chance a qual não poderia deixar passar. Ross não teve outra opção à não ser deixar os Stark irem até o andar onde as celas ficavam. Era andares e mais andares para baixo e um elevador de aço os conduziu até o lugar em questão.
Uma sala circular com celas que se espalhavam ao redor. Cada uma delas contendo um Vingador, aqueles que Ross dizia aos quatros cantos que eram criminosos. Katie e Tony varreram o olhar para eles; O som de palmas fizeram eles se voltarem para a cela de Barton.
- O futurista, cavalheiros! - exclamou o gavião - O futurista está aqui! Ele vê tudo, ele sabe o que é melhor para você, querendo ou não.
Tony se aproximou do limite da cela e deixou Katie parada no meio do caminho, olhando com certa tristeza para os amigos.
- Dá um tempo, Barton - pediu o Stark - Eu não tinha ideia de que colocariam vocês aqui.
-É, mais sabia que nos colocariam em algum lugar - Clint ergueu a cabeça.
-Mas não em um presídio de segurança máxima no oceano. Esse é um lugar de maníacos, para...
- Criminosos? - Clint completou com uma pergunta. - Criminosos, Tony. Acho que essa é a palavra que está procurando. Ela não é usada para mim, para o Sam e para Wanda...Mas aqui estamos.
-Por que violaram a lei - Tony ressaltou. - Não forcei vocês, vocês conheciam e violaram. Você é um adulto, tem esposa e filhos, não entendo como não pensou neles antes de escolher o lado errado.
Clint começou a cantarolar, ignorando a voz de Tony.
-Pai, não adianta debater - Katie disse com a voz branda, arrastando-o para longe da cela.
-Ouve sua filha, Stark. Ouve ela uma vez na vida - Clint cantarolou.
-Hank Pym sempre diz que não é para confiar em um Stark - Scott falou.
- Quem é você? - Tony franziu a testa.
-O pequenino - Katie sussurrou em resposta e arrastou o pai para a cela seguinte. - Sammy...
- Como está o Rhodes? - perguntou Wilson, de costas para eles.
- Vão levá-lo para o departamento médico de Columbia amanhã, vamos torcer - respondeu o Stark. - Do que precisa? Está com fome?
-É o policial bonzinho? - Sam se virou.
- Só precisamos saber para onde Steve foi. - Stark sussurrou, torcendo para que Ross não o ouvisse.
-Então vá chamar o policial mal - Wilson retrucou, aproximando-se. - Por que você vai ter que pegar muito pesado comigo para conseguir tirar alguma informação de mim.
Tony mexeu distraidamente no relógio quando Katie respirou fundo. Ela olhou em volta antes baixar o tom de voz.
-Sammy, eu preciso que você confie em mim - disse ela baixinho - Tudo o que quero no momento é ver o Steve, você sabe que eu gosto dele e que não queria que nada disso acontecesse.
-Em você eu confio - Sam falou em tom firme, olhando de relance para o pai da moça.
- Então conte à ela, você tem trinta segundos. Acabei de cortar o som da vigilância - Tony avisou. - Eu cometi um erro...
- Acho que vai chover - comentou o falcão.
-Capitão perdeu a noção, mas vai precisar de toda a ajuda que conseguir. - Tony suspirou - Não nos conhecemos muito bem, mas você e a Kat são amigos. Então...
- Está certo. - Sam concordou - Eu conto, mas precisam ir sozinhos. Apenas vocês.
- Não tem problema nenhum para mim - Katie sorriu minimante.
-Sibéria - disse ele - Tem uma base da HYDRA por lá, estão atrás dos outros cinco Soldados Invernais.
-Obrigada, Sammy.
- Tempo esgotado! - Stark anunciou vendo alguns guardas de Ross invadirem - Obrigado, pela cooperação, Sr. Wilson.
Tony saiu arrastando a filha com ele, fazendo sinal para a moça conter a animação quando passaram por Ross à caminho do helicóptero das Indústrias Stark.
-Stark! Ele disse alguma coisa sobre o Rogers? - indagou Ross, seguindo-os.
- Não, nos mandou ir para o inferno e é para onde nós vamos - respondeu Tony.
-Fique à vontade para ir nos visitar. Mas tome cuidado com o Diabo, ele pode querer que você fique por lá - Katie sorriu para o pai que lhe estendeu a mão para subir no helicóptero - Tenha uma péssima noite, Sr. Secretário.
◇◇◇
A mudança drástica de temperatura não passou despercebida pela Stark mais nova. O contraste do quente no interior do helicóptero e do clima gélido da Sibéria lhe atingiram quando colocou seus pés na neve fofa. Foi sorte encontrar um casaco de seu pai abandonado entre os bancos de passageiro.
Tony usava a armadura do Homem de Ferro quando entraram na base desativada. E por incrível que pareça, aquele lugar era ainda mais frio do que o lado de fora, com um ar pesado e de passagens assustadoras que eles entravam. Katie já havia conhecido inúmeras bases da HYDRA em todos os lugares possíveis, mas como esse em que estava era novidade.
Sua atmosfera não se comparava à nenhuma outra, era como se algo de muito ruim tivesse acontecido ali. Katie não tinha ideia do que poderia ter sido e nem queria ter a mínima noção. Histórias que Fury lhe contava já à faziam imaginar muita coisa que não precisava.
- Acho que os seus amiguinhos estão atrás daquela porta - Tony falou apontando o dedo da armadura para uma parede de aço onde existia uma abertura dupla. - Tem assinaturas de calor.
-Então abre.
Katherine ficou olhando para os lados. Apesar de ser uma base abandonada, sempre haveria a desconfiança de ter surpresinhas deixadas pela HYDRA. Tony afastou as portas duplas com uma certa dificuldade, o metal era mais pesado do que ele supôs que seria. E assim que conseguiram passar, encontraram com Steve e Bucky.
- Está tão na defensiva - Tony comentou, o capacete desaparecendo a medida que andava na direção dos homens. Katie um pouco atrás, ainda analisando tudo em volta.
- Foi um longo dia - Steve falou. Olhando para a moça atrás de seu pai.
- Ross não sabe que estamos aqui - ela disse - Então se ele descobrir, seremos presos também.
- Isso seria um grande problema, você não combina com a prisão - Steve sorriu levemente.
- Descansar, soldado - Tony disse à Bucky - Não estou aqui atrás de você.
- Então por que está aqui? - Rogers o indagou.
- Pode ser porque a sua história não é tão louca - Stark encolheu os ombros por debaixo da armadura - Talvez...Você pode parar com isso, desmemoriado? Está rolando uma trégua aqui, abaixa isso.
Steve fez sinal para o amigo que abaixasse a arma. Bucky assim fez, mas continuou em prontidão.
Os quatro seguiram andando pela base. E a impressão de que aquilo foi usado para alguma coisa muito ruim só crescia. Os três andavam na frente da moça; Tony com o propulsor apontado, Bucky com a arma em punho e Steve com o escudo rente ao seu corpo. Katie, diferente deles, não tinha arma à sua disposição.
- Fique para trás - ordenou Tony, levando a mão de metal ao braço da filha antes de entrarem na sala seguinte.
-Desculpe, como é? - Katie o olhou incrédula.
- Você está sem armas - Steve disse concordando com o outro.
-E eu lá sei me defender apenas com armas? - Katherine retrucou olhando para os três homem. - Saiam da minha frente.
A porta adiante se abriu em uma clareira escura, um espaço praticamente sem fim. Não era possível afirmar o que havia ali por conta da falta de iluminação, mas, segundo Tony, havia uma assinatura de calor em algum canto dali. Só restava saber onde.
Até que uma por uma às cápsulas começaram à se acender. Cinco, ao todo, em posições circulares ao redor deles, e não foi difícil afirmar o que havia naquelas cápsulas, pessoas mortas, ao que aparentava. Não era possível dizer por quanto tempo estavam assim, se era algo recente ou algo muito antigo. Seja como for, continuava sendo um ambiente assustador.
-Que coisa doentia - Katie sentiu uma crescente onda de enjoo no seu estômago.
-Se serve de conforto - iniciou um forte sotaque russo, ecoando pelos quatro cantos daquela clareira - Eles morreram enquanto dormiam.
Eles continuam andando e a cena em questão se tornava ainda tensa de ficar olhando.
-Acha mesmo que eu iria querer outros como você?
-Zemo - Katie sussurrou com o pai.
-Mas eu sou grato à eles - Zemo continuou - Trouxeram vocês aqui.
Uma sexta luz se acenou. Uma sala embutida na parede mostrou a imagem do homem, Barão Zemo, olhando para os quatro de forma curiosa e satisfeita. Steve jogou o escudo na direção do metal que revestia a sala, no entanto, o objeto voltou às suas mãos.
-Por favor, Capitão. Os Soviéticos construíram essa câmera para suportar lançamentos de foguetes UR-100.
- Eu consigo atravessar - Tony disse.
- Ah, com certeza consegue, Sr. Stark - Zemo ironizou. - Com o devido tempo, mas nunca vai saber o porquê vieram.
-Matou pessoas inocentes em Viena só para nos trazer até aqui? - perguntou Steve, aproximando-se da Câmara.
- Eu não pensei em mais nada um ano inteiro - Zemo dizia em voz baixa - Eu estudei você, eu segui você. E agora que você está aqui, eu acabo de perceber que tem um pouco de verde no azul dos seus olhos. Que bom encontrar uma falha.
- Você é de Sokovia - Katherine falou. - É por isso que você está aqui, não?
- Sokovia era um país falido muito antes de vocês o destruírem - disse Zemo - Não, estou aqui porque fiz uma promessa.
- Você perdeu alguém? - Steve o perguntou.
-Perdi todos que conhecia e vocês também vão perder.
Katherine se afastou daquela câmara, os olhos arregalados enquanto fitava o homem. Zemo apertou um botão ao seu lado e em um tela na frente de Tony e Katie se acendeu: As palavras 16 de dezembro de 1991 escritas em russo chamaram atenção da moça. Ambos os Stark com o cenho franzido simultaneamente enquanto olhavam aquilo, um computador antigo e um vídeo ainda mais.
-Um império derrubado por seus inimigos, pode se reerguer. Mas o que desmorona de dentro para fora, esse não, cai de vez.
O vídeo teve inicio, Katie ainda estava confusa enquanto Tony parecia saber sobre o que se tratava tal imagem.
-Conheço essa estrada - ele sussurrou e voltou-se para Zemo - O que é isso?
Um carro colidiu com uma árvore, danificando o capô no processo. A Stark finalmente pode compreender o que significava isso, aquele veículo se parecia tanto com o que seus avós usavam. Se não fosse o suficiente ver a fumaça saindo do motor, uma moto estaciona logo atrás. Não dá para ver quem era, se posicionou estrategicamente aonde à luz do poste não chegava. A imagem não era nítida e muito menos em HD, um pouco tremida com alguns pontos falhos. Talvez porque fosse da década de 90 onde não existia tecnologia eficaz para esse tipo de gravação.
As luzes de ambos os faróis não foram suficiente para ofuscar a cena em que Howard caia para fora do veículo. Katherine levou a mão até sua boca, mostrando-se cada vez mais surpresa com o vídeo. Não parecia nem perto do que contaram à ela ou do que disseram ao seu pai. Não era um trágico acidente de carro...
Seus olhos já transbordavam sem ela fazer o menor esforço. Tony não estava diferente da filha, mas no momento, enquanto ela transmitia apenas tristeza e incompreensão, o bilionária possuía uma mescla de raiva e tristeza.
-Sargento Barnes? - ouviram Howard dizer.
Tony ergueu o olhar para Bucky enquanto Katie, por alguma razão, não conseguia desviar o olhar da cena.
-Howard? - chamou Maria com a voz trêmula.
O Soldado Invernal desferiu um soco atrás do outro com a sua mão de metal. Howard, que já estava machucado pelo impacto da acidente, não podia defender-se. Só então Katherine fechou os olhos, era uma cena difícil, cruel e triste de ser assistida.
Maria ainda chamou pelo marido várias vezes até que o Soldado Invernal o colocou de volta no banco do motorista e deu à volta no veículo até onde a avó de Katie estava. A mão humana dele envolveu o pescoço de Maria e a apertou, forte o bastante para estrangulá-la. O olhar dele se voltou para a câmera e não vai nenhuma expressão em seu rosto, uma neutralidade assustadora.
Katherine levou as mãos ao rosto tentando enxugar, falhamente, as lágrimas que escorriam sem controle em suas bochechas. Houve um silêncio do qual nenhum deles se atreveu à falar qualquer coisa que fosse. Tony não tinha o que dizer na verdade. Sua filha tinha absorvido tudo aquilo mais rápido do que ele.
Ela ergueu a cabeça, a expressão em sua face mudou drasticamente. Seu olhar encontrou com o de Bucky e toda a fúria já estava em estado de ebulição e faltava milésimos de segundos para explodir.
- VOCÊ MATOU A MINHA AVÓ, SEU DESGRAÇADO!
O berro dela fez um eco tenebroso naquela clareira. Bucky estremeceu, mas não fez nada quando o punho da moça colidiu com o seu rosto. E não foi uma nem duas vezes, foram várias em que Katie nem se preocupou em contar e Bucky não fez movimento algum para defender-se.
- Foi isso que meu avô sentiu? Você deu chance para ele se defender? - Ela continuou gritando quando dois braços a seguraram. - EU AJUDEI VOCÊ, DEVIA TER DEIXADO ELES TE MATAREM QUANDO TIVERAM A CHANCE!
-Kat, para, por favor - Steve dizia com urgência enquanto arrastava a morena para longe de seu amigo.
- Você sabia? - Tony perguntou em voz baixa.
Katie se virou para o louro, fitando os olhos azulados de Steve.
-Não sabia que tinha sido ele - disse o Capitão.
- Não vem com enrolação para cima de mim, Rogers! Você sabia?
-Sim.
- Você sabia todo esse tempo e não me disse? - Katie murmurou incrédula. - Todo esse tempo você sabia a verdade...
-Kat, eu posso...
- Quero que você cale a sua boca, Rogers, antes que eu exploda seus miolos! - Katie gritou, fazendo o homem se afastar brevemente. - Seu traidor, mentiroso!
Ela não conseguia olhar para o rosto de Steve. Não podia ouvir qualquer desculpa que viesse dele, parecia que tudo relacionado ao Capitão à fazia sentir mais ódio dele.