Callyen puxou a mão com a taça em direção aos lábios rapidamente, se Feyre percebera que ela vira o espectro de seu filho, ela não sabia dizer já que o mesmo sorriso condolente estava enfeitando seu rosto bonito.

- Como você está se sentindo? - pergunta. Callyen franze as sobrancelhas, sopesando a pergunta.

Ela havia sido torturada, morta.. havia voltado do além mundo e... Ela não sabia como se sentir, sua mente estava uma bagunça e ela sentia falta dele.

- Como ele está? - perguntou de volta, vendo a forma como a expressão de Feyre muda para surpresa e então relaxa novamente com um suspiro longo. A fêmea puxa os pés para fora dos sapatos de camurça azuis com detalhes em Prata e se acomoda com as pernas para cima da cama.

Callyen se recordava de pouca coisa daquele dia, de como as coisas tomaram rumos completamente diferente do que ela havia planejado. Não que ela tivesse de fato planejado alguma coisa, mas ela não esperava por aquilo quando aceitou a intimação de Ykner em se entregar. Ela sabia que morreria de toda forma, ela queria ao menos dar-lhes alguma chance...

Ela viu o olhar de culpa nos olhos do parceiro quando ele despertou e percebeu a adaga fincada entre os seios dela, em seu coração..

- Bem... - ela ouviu quando Feyre suspirou a palavra. - Ele se culpa todos os dias pelo que aconteceu.

- Não.. não foi culpa dele... - sussurra, descendo os olhos para as mãos que uniam os dedos em movimentos nervosos. Ela sente o toque de Feyre sobre as mãos, as marcas em tinta azul ao redor dos seus braços, detalhadas em desenhos bonitos.. os símbolos do acordo com seu parceiro. O olhar de Callyen recaiu sobre seu próprio punho direito, o bracelete em desenhos simétricos ao redor do pulso, seguindo uma linha de sombras para o seu dedo anelar e o rodeando como um anel em tinta azul escura quase negra.

O símbolo de seu próprio acordo com o Mestre das Sombras, com Azriel, seu parceiro.

- O Azriel tem uma tendência destrutiva a respeito de si mesmo.. - ela ouve as palavras de Feyre. - Todos sabemos, entendemos, que ele foi controlado e não sabia de seus atos.. sabemos que a culpa não foi dele. E nem sua. - ela diz atraindo a atenção do olhar da fêmea a sua frente. O sorriso dela ainda ali, bonito e delicado. - Sabe, eu aprendi muito nessa Corte nos primeiros dias que me mantive aqui, e tenho aprendido mais a cada dia.. Uma delas é o valor do sacrifício. Você estava disposta a se sacrificar por nós, por cada um que estava naquele campo de batalha e acredite, querida, eu sei o que você sentiu.. E eu sei o que ele está sentindo.

- Eu não queria.. que vocês morressem por mim... - responde Callyen a voz perdida em meio a tantas questões. - E eu não queria faze-lo sofrer...

- Ele a viu morta... com sua adaga em seu peito e sua mão ao redor dela.

- Eu voltei..

- Sim. - Feyre concorda com um outro suspiro. - Mas pense que por um momento, você estava morta nos braços dele. Ele a viu morrer, ele a matou...

- Como você lidou com isso? - a pergunta veio e deixou Feyre desprevenida, Callyen percebera quando ela piscou algumas vezes em direção ao nada e novamente, soltou uma respiração cansada e então sorriu de lado.

Callyen sabia das histórias, da última guerra de quando o caldeirão rompera, quando o Poder ficou a deriva no mundo, a fêmea sentiu em si própria a dor como se ele estivesse procurando algo para se prender nesse mundo. Em partes, foi isso que aconteceu quando ela ainda estava presa nos calabouços de Hybern, ela sentiu o poder desejar consumir o mundo de fora para dentro... E então, ela sabia que o Caldeirão havia sido restituído conforme o Poder de Rhysand era consumido em seu lugar. Ela sabia que ele morrera, nos braços da parceira e os outros o haviam trazido de volta.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now