CAPITULO 8

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CALLYEN

O silêncio se abateu por um momento depois que eu disse meu nome. Azriel, o illyriano de olhos derretidos, mas de face dura continuou me olhando por um tempo antes de desviar os olhos, que por um momento eu achei que ele estava tentando ler minha alma, me desvendar. E por um momento, eu achei que ele podia.

- Bem vinda... A Corte Noturna.

Então aconteceu novamente. Tudo veio novamente. A gama de sensações e pensamentos conflitantes sobre mim... Eu senti o zunido entre os dois senhores, numa conversa silenciosa sobre quem eu era, se podiam confiar em mim, sobre o quê, exatamente, eu era. Senti a ânsia subir a garganta enquanto eu tentava engolir junto com a comida, enquanto tentava controlar as gavinhas de poder ao redor dos meus dedos...

Podia sentir a atenção sobre mim, enquanto eu respirava com dificuldade, tentando manter de fora a conversa silenciosa dos parceiros ao meu lado.

- Vocês... Poderiam, por favor, verbalizar a conversa? - disse entre dentes, enquanto tentava puxar o ar, e sentia as têmporas pulsando.

- Interessante... - ouço o Grão Senhor dizer, enquanto

- Como sabe que eles estavam falando pelo laço? - Morringan questiona com uma sobrancelha bem feita erguida para mim. E pisco algumas vezes, tentando absorver a pergunta. Essa era, uma das muitas coisas que eu também não sabia.

- Dedução?

- Se você diz... - ela dá de ombros e se recosta na cadeira.

- Isso tem haver com o que você é? - Cassian pergunta, enchendo o copo da loira e seu o próprio.

Toda a atenção agora voltada, novamente, para mim.

- E o que, exatamente, eu deveria ser? Sei que sou Seráfica, nascida em Cretea... Filha de um dos grandes senhores do reino e comandantes da frota de Drakon... - eu disse, encarando o prato com pouca comida a minha frente. - Sei que fui treinada, moldada... Sei que tenho... poderes, mas não sei quais são e o que isso me torna. Se são perigosos ou não, o que pode fazer comigo ou com... com os outros próximos a mim.

- Uma manipuladora. - a voz fria e cortante soou depois de mim. Seus olhos novamente, me encaravam como se tentassem me desvendar. E com essas duas palavras acho que ele havia conseguido.

Silêncio se abateu sobre os outros enquanto eu virei em direção a ele, depois um xingamento baixo foi solto pela mulher dragão, reconhecendo o termo.

- Desculpe... uma, o quê? - perguntei lenta e pausadamente. Ele me olhou, as sombras ainda dançando em seus ombros, mais inquietas que antes.

- Uma manipuladora. - ele repetiu. - Você se quer sabe o que é, não é mesmo?

Eu quis respondê-lo a altura, mas antes que eu pudesse expor uma resposta, Feyre falou antes:

- O que é uma... Manipuladora?

- Não tem muitos relatos sobre o quê exatamente são Manipuladores. - Rhysand respondeu ao seu lado, deslizando uma das mãos sobre a dela na mesa. - Acredita-se que são seres capazes de moldar, manipular e usar o Caos. Isso pode incluir pensamentos, sentimentos, emoções e sensações...

- Como uma Daemati. - ela conclui, mas Rhys balança a cabeça.

- Um pouco mais que um Daemati.

- Os Manipuladores datam de antes mesmo que a criação de Prythian. Seus dons, dizem, não vieram da Mãe, mas pelo que existiam antes...

Azriel diz, os olhos de mel e avelã fixados sobre mim em todo o momento enquanto fala.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now