CAPÍTULO 44

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Leve-me até o combate final
Lave o veneno pra fora da minha pele
Mostre-me como é estar inteiro novamente
Porque eu sou apenas uma rachadura
Neste castelo de vidro
Não há quase nada para você ver
Para você ver
(Ouçam a musiquinha do capítulo eu amo essa música)

CALLYEN

Então eu senti. Como se um buraco fosse aberto em meu peito e tentasse puxar meu coração para fora, em aperto mortal. Eu pude sentir o laço criado, diminuindo o brilho azul a cada segundo e eu soube, eu soube que ele estava morrendo. Eu tento diminuir o aperto de Ykner em minha mente, e eu posso ouvir a voz de Azriel em minha mente, fraca e rouca.. Você não é assim.

O que eu era?

Se eu não era esse monstro pronto para escapulir e destruir a todos o que eu era? Eu não tinha como lutar contra. Eu sinto novamente, a sensação do laço se desfazendo. Eu sinto algo em minha mão, eu sinto um coração...

Não.

Pisco fortemente, tentando me apegar aquele fio brilhante que parecia estar diminuindo cada vez mais. Era difícil, o fio estava se extinguindo. Isso significava que ele estava morrendo.

Pisco novamente, aos poucos minha visão voltando a ser minha, aos poucos eu vendo o que não queria ver. O rosto de Azriel ainda permanecia sereno, suas expressões não expremiam dor, mesmo que minha mão estivesse enterrada no centro de seu peito em forma de garras, gotas grossas de sangue fluía pela minha mão, e o mesmo líquido vermelho escorria pelo canto de sua boca.

Não era real. Não era real. Não era real.

Puxei a mão de seu peito e ele tombou contra mim. Eu o segurei, impedindo que ele caísse, mas não consegui me manter de pé. Eu conseguia ouvir os gritos raivosos ao meu redor, e eu sabia que ainda havia os soldados de Ykner e que, de alguma forma, o miserável ainda assistia a cena com uma diversão diabólica. Eu sabia, eu sentia sua presença ainda dentro da minha cabeça, rastejando enquanto eu piscava furiosamente para manter a minha sanidade, para mantê-lo fora, ao mesmo tempo que eu tentava manter as lágrimas dentro.

Não era real. Por favor, não era real.

Mesmo que eu ainda sentisse seu sangue, mesmo que eu ainda sentisse seu toque, mesmo que eu ainda sentisse o laço desaparecendo a cada segundo. Eu sabia que era real.

— Não!

— Cally... — ele tanta dizer. Eu sei que é real.

— Não! Não, não, não, não! Azriel, por favor... Me desculpa, por favor... — sussurro contra ele, sentindo... Sempre sentindo.

— Não chore, anjo. — sua voz soa quebrada, o sangue vazando pelo canto de sua boca. Ele ergue uma das mãos para tocar meu rosto, a pontas dos dedos tocando minha bochecha.

Eu sinto. Seu toque ainda carinhoso. Eu sinto, as sombras se reunindo ao meu redor, formando um casulo denso ao nosso redor, a coloração mesclada entre o preto e roxo. Era meu poder ali, e eu estava me perdendo novamente, eu sinto a névoa encobrindo minha visão em preto novamente. Eu pisco mais forte, não deixando que ele passe pelas rachaduras do castelo de vidro em minha mente.

— Me desculpa, me desculpa... — eu grito dentro do domo de poder absurdamente quente, enquanto eu choro no seu peito, não me importando em me sujar de sangue. Sangue que estava ali por minha culpa.

Não foi sua culpa, anjo. Eu te amo, Callyen. Não sabia sobre esse sentimento até você aparecer e bagunçar meus pensamentos de tal maneira que era única coisa que conseguia pensar. Me... Desculpa, não ter tido mais tempo para te mostrar isso.

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now