EPÍLOGO

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Era uma sensação estranha, quando ela abriu os olhos aquela manhã, tudo parecia estar... distante. Como a sensação de quem acaba de acordar depois tempo demais dormindo e ter sonhado tanto que não conseguia mais se lembrar. A claridade que rompeu por suas pálpebras e a fez abrir os olhos foi quase bem vinda, dolorosa, mas bem vinda.

Um sonho...

Callyen abriu os olhos para olhar ao redor, suas feridas já não doíam mais como doeram nos dias seguintes aquele dia, como se seus membros houvessem sido arrancados fora de seu corpo e então, colados de volta ao lugar. O que de fato, depois de tudo, foi exatamente o que aconteceu, as cicatrizes os curativos ainda estavam presos firmes contra seu corpo, abraçando suas costas, nas omoplatas onde as asas costumavam permanecer mesmo que encobertas pela magia; o ferimento em seu estômago, pouco abaixo das costelas. Um curativo também estava preso de firme contra o centro de seu peito.

Callyen sentiu o coração apertar com a lembrança do rosto de Azriel, quando ela finalmente acordou quase quatro dias depois da guerra contra o herdeiro de Hybern, Ykner. O alívio brilhante em seu rosto quando ele se aproximou dela e beijou com cuidado a lateral de sua boca, deu lugar as sombras da culpa. Ele sentia-se culpado. Callyen sentiu isso quando ele depositou o beijo e se afastou tão rapidamente quanto pode, o rosto parcialmente encoberto pelas sombras que naquele momento estavam tão silenciosas quanto o interior do quarto...

Callyen se quer precisou usar a manipulação de seus poderes, ou olhar pela ponte reestabelecida, para saber o que se passava..

- Az... - havia sussurrado de volta quando ele se afastou para observa-la. Miserável. Ele parecia miserável, terrivelmente cansado, os olhos dourados não estavam derretidos como ela gostava de olhar, como estavam quando ela desabou em seus braços e se agarrou ao fino fio azul brilhante que os ligava em meio a escuridão que crescia rapidamente dentro dela, quando ela destruiu o maldito. Estavam tão duro quanto âmbar.

- Vou falar com a curandeira que acordou. - foi o que ele disse antes de se afastar de seu toque, deixando um beijo casto na palma de sua mão e lhe dando um sorriso que não chegou aos olhos. - Por favor, descanse.

Desde então, havia uma semana que Callyen havia acordado, e sete dias que o mestre das Sombras não aparecia em seu quarto para vê-la.

Callyen moveu o corpo para se sentar sobre a cama, observando o interior conhecido do quarto. O sentimento de vazio que aquele lugar silencioso lhe deu, não foi nada se comparado ao vazio em seu peito com a ausência dele. Antes que ela pudesse se levantar da cama, duas batidas na porta de madeira nobre a retiraram parcialmente do torpor de seus pensamentos. Logo, o rosto complacente da Grã Senhora entra em seu campo de visão quando ela entra no espaço.

Feyre estava como sempre, divina. O conjunto azul escuro composto por uma calça e uma camisa de manga longa lhe cobriam, um arranhão agora minúsculo estava avermelhado em sua bochecha esquerda, o único sinal de ferimento ocasião da batalha.

- Olá... - a voz cautelosa de Feyre chegou aos seus ouvidos, enquanto ela observava a fêmea se aproximar ainda mais cautelosa em direção a cama e sentar-se na beirada posterior, ficando de frente para Cally.

O sorriso da Grã Senhora era algo que Callyen apreciava, ela aprendera a sorrir apesar de tudo, apesar das condições de seu passado.

- Olá.. - a fêmea respondeu, a voz ainda raspando em sua garganta, sua cabeça latejou. Ela observa quando Feyre se ergue rapidamente da ponta da cama e vai até a mesinha de canto enchendo a taça com água e então volta, oferecendo o objeto. Os dedos da fêmea tocam os seus quando Cally pega a taça, o calor inicial é algo estranho, quando a corrente elétrica percorre abaixo da pele dela, tudo ainda mais vivido que antes. Callyen sentiu a vibração das vontades, os sentimentos, os poderes presos abaixo dos ossos da Grã Senhora arranhando de volta contra ela e então, se retesando de volta para dentro quase como se reconhecesse que deveriam teme-la. Ela sentiu o ponto pequeno, brilhante e pulsante no corpo da senhora a sua frente..

Príncipe das SombrasWhere stories live. Discover now