01. quem está julgando?

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Que monte de besteira. Amor não colocaria comida na mesa e não garantiria seus estudos. Amor no máximo manteria uma chama viva e frágil por um tempo, mas até quando seria suficiente? Amor não lhes daria um futuro honesto e seguro. Amor não iria garantir a vida que eles deveriam ter. A vida que nossos pais queriam para nós porque era o que merecíamos e ninguém, absolutamente ninguém faria isso por eles — por mim.

Todavia, por amor , eu tomei a decisão, mas nunca afirmei que isso manteria minha decência aos olhos dos outros. Quem estava julgando? Quem estava apontando o dedo na minha cara?

Quem estava colocando a mão no meu ombro e me dizendo o que fazer?

Ninguém.

— Até que você é bem decente sem sangue no rosto e de banho tomado.

Muito devagar, reconhecendo que a voz masculina vinha de algum lugar muito perto de mim, eu levantei a cabeça e enquanto mentalmente sinalizei com uma placa amarela para meus pensamentos congelarem por um instante. Quando nivelei meu olhar com as íris âmbares acima de mim, não pude deixar de soltar um riso fraco.

— Certo? — zombei, arqueando as sobrancelhas. — Até eu me surpreendi quando me olhei no espelho.

Há duas semanas havia salvado sua vida naquela rua escura e mal esperei a polícia colher meu depoimento para ir embora. Ele estava inconsciente e passando por avaliações médicas com dois homens mais velhos esperando por ele quando saí do quarto. Um alto, magro e negro e um baixinho, gordinho e branco. Tios? Pai e tio? Parentes, amigos? Quem quer fosse, deviam tratar de avisá-lo para não bancar o fodão e andar com suas roupas de grife e carro maneiro naquelas ruas como se fosse imune a marginalização.

Seu rosto estava inquestionavelmente melhor, apesar de algumas cicatrizes e marcas levemente arroxeadas — mas para o estado nojento e assustador que havia ficado naquela noite, para mim quase não fazia diferença. Ele vestia um moletom que logo reconheci ser da faculdade local, no entanto, acréscimos com relação ao time de basquete local. É. Grandalhão desse tamanho; ele tinha uma cara de atleta mesmo.

Absolutamente chegado, ele puxou a cadeira em minha frente e estacionou seu traseiro recentemente chutado ali com um sorriso amigável curvando seus lábios. Franzi a testa em uma careta.

— Humm... por que você sentou? — perguntei, coçando a nuca.

Seu sorriso caiu e ele tratou de corrigir sua postura, de repente parecendo mais sério do que pensei que sua expressão pudesse ser. De certo que ele havia tido uma reação intrigante naquela noite, zoando comigo por estar fedendo e rindo como se não tivesse sido brutalmente agredido minutos antes. Como se não fosse morrer caso eu não fosse um idiota suicida.

Mas aqui estava ele, sentado a minha frente e fitando meus olhos com uma repentina simpatia.

— Não tive tempo de te agradecer — disse ele, pigarreando. — Procurei informações sobre você quando fui dar meu depoimento, mas não havia nenhuma informação. Número de celular, casa ou... qualquer coisa.

Assenti. O cara piscou um par de vezes, simpatia sendo substituída por confusão quando não lhe dei nenhuma resposta. Eu não tinha o que dizer. Sim, salvei sua vida e tudo mais e agora, mais especificamente daqui a vinte minutos, tenho outra entrevista de emprego e uma reunião com o orientador da faculdade para analisar minhas opções para retomar os estudos. Eu estava cursando contabilidade na antiga faculdade, mas não era o que eu queria.

— O que você estava fazendo lá? Quero dizer... cara? Você poderia ser machucado — ele soltou um riso meio desacreditado. — De quanto é o seu QI? Tem uns testes online que você faz e descobre.

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