A Court Of Fire and Shadows [comeback]

༆ 𝐈𝐗

Era capítulo q vcs queriam?? Então toma, era pra ter postado ontem porém a internet da cidade inteira caiu e eu tava sem crédito

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O dia passou rápido, graças a Mãe. Não me importei com os compromissos que Beron me impôs, minha cabeça está uma bagunça grande demais para sequer cogitar a possibilidade de fingir mais um sorriso. Tive que trocar de quarto, pois além de quebrar e derreter a maçaneta, as lembranças ainda estão muito vivas, tanto em minha mente quanto em meu corpo. Em nenhum momento me imaginei passando por tal coisa.

O mundo não é perfeito, já tive provas o suficiente disso mesmo antes de ser retirada daquela cela. Mas até que ponto a crueldade, o egoísmo e a falta de escrúpulos vai me atingir?! É de conhecimento geral o quanto Beron e os outros já me machucaram, o quão destruída eu fui durante mais de 100 anos? Os Vanserra são conhecidos como raposas não por serem apenas inteligentes e possuírem a graciosidade do animal, mas sim pela crueldade e o histórico traiçoeiro que paira sobre essa Corte.

Renard sempre foi o único a me proteger deles, o único que ficou do meu lado. Minha mãe nunca pode cuidar de mim por culpa deles, a ajuda de Eris nos últimos dias não apagaram tudo que ele me fez, seria preciso muito mais que algumas conversas e um vislumbre de verdade para confiar nele, mesmo que uma parte da minha mente grite e implore para que eu confie em meu irmão. Mas só quem viveu o que eu vivi sabe o quão difícil é ver a indiferença no olhar deles, o desdém queimando como fogo em seus olhos.

Talvez eu seja rancorosa, talvez eu seja burra, mas não consigo, simples não consigo, não tão fácil assim.

Respirei fundo tomando coragem de levantar do batente da janela, estava a horas sentada no mesmo. Amanhã é meu centésimo vigésimo terceiro aniversário, porém a festa vai ser em homenagem ao Equinócio de Outono, o que de fato é estranho dado o outono eterno, porém quem sou eu para questionar as tradições de uma família a qual eu nem sequer pertenço?

Apenas duas luzes féericas acessas no quarto, implorei para Renard lacrar a porta com magia, com madeira, qualquer coisa que possa impedir alguém de entrar durante a noite, não tenho interesse em repetir os acontecimentos da manhã de hoje. Depois de tomar o chá que minha mãe me trouxe a tarde, os olhos rapidamente começaram a pensar e o sono veio tão rápido quanto o par de olhos de um marrom dourado.

Os feixes de sombra serpenteando em minha pele, tão real, tão... Vivo. Ao redor de mim eu via altos pinheiros cobertos de neve, e logo atrás da floresta montanhas se erguiam imponentes e fortes, gigantes. Voltei meu olhar ao ouvir o som da neve estalando sob algo, ou melhor, alguém. Não conseguia ver seu rosto, parecia coberto por sombras, apenas os olhos amendoados com um toque dourado a vista. Era alto e o porte de um guerreiro forte e esguio, atrás dele duas asas bem fechadas juntas a sua costa, intensificando as sombras sobre si próprio.

— quem é você? — perguntei minha voz saindo quebrada e frágil, como se eu não falasse a muito tempo. Não houve resposta de sua parte, apenas me observou mais uma vez e começou a se afastar. Meu coração errou uma batida e tentei segui-lo, todo meu corpo implorava para que ele não fosse embora, minha mente estava tomada pela necessidade de mantê-lo por perto. Foi então que eu senti, duas mãos seguraram em meus quadris e me puxarem para trás.

Uma onda de pânico percorreu meu corpo e me debati tentando me livrar do toque, porém quanto mais eu me debatia mais apertado o aperto ficava. Foi então que senti outro puxão, dessa vez vinha de dentro de mim, de dentro do meu peito. Não precisei fechar os olhos para ver uma linha azul, tão escuro quanto o céu noturno sem estrelas. As mãos me seguraram com mais força, porém era como se eu conseguisse deslizar suavemente. Assim que o segundo puxão da linha se fez eu caí na neve, curvada sobre meus joelhos respirando pesadamente, pelo canto do olho vi o desconhecido de olhos amendoados se aproximar novamente, dessa vez havia sete jóias azuis cobalto brilhando entre as sombras que rodopiavam ao seu redor.