༆XIII

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olá vidinhas, bom capítulo espero que gostem ♡︎

Os olhos castanhos dourados de meus sonhos mais uma vez brilharam na escuridão. Dessa vez eu não estava dormindo, eu sabia que desmaiara. O pânico de estar trancada novamente me fez passar muito perto de perder o controle dos poderes, perto o suficiente para a marca de fogo das minhas mãos ter ficado na porta.

Eu não conseguia respirar, e odiei aquilo. Percebi o quão fraca eu sou e odiei com todas as minhas forças. Passei cento e vinte anos presa não por ser odiada, mas sim por ser fraca e Beron sabia. Sabia que se eu tivesse crescido entre os dele eu seria o elo frágil da família. Eu poderia ter incinerado Velliard quando o mesmo invadiu o meu quarto, porém recuei como a menininha assustada que eu ainda sou.

Mas eu quero mudar isso. O plano de Velliard é complexo porém eu passei um mês juntando cada fragmento que Renard ouviu e com as informações que Eris me passou é o suficiente para alertar os Grão-Senhores. Se eu ao menos conseguisse abrir os meus olhos. Porém eu estava caindo no escuro, vazio e frio. Sei que tenho muitas explicações para dar, sei que Renard a esse ponto já deve estar a alguns passos de destroçar algo. O que me preocupa é o quanto dos meus poderes eu deixei sair.

O treinamento Vulpes não adiantou, eu precisaria de alguém com o poder semelhante e que esteja disposto a me treinar correndo o risco de virar assado. Senti um puxão leve em minha mente e antes que eu pudesse evitar minha mente foi tomada por imagens do céu.

Eu estava voando a noite, mas não foi isso que me chamou atenção. E sim o quanto as estrelas cintilavam como milhões de estrelas, as nuvens branquinhas e a lua cheia. Era... magnífico. Mergulhei entre a escuridão do céu noturno e percebi as milhares de luzes abaixo de mim. Um ponto pulsante de energia, de vida entre montanhas cobertas de neve. Só então me dei conta de que não era um sonho, e sim uma lembrança. A imagem de um lugar onde a vida é celebrada, uma cidade com vida própria.

Um cheiro forte invadiu meus sentidos e os ruídos começaram a ficar mais próximos. A imagem da cidade e do céu foram se tornando apenas borrões. A consciência voltando assim como as lembranças de onde eu estou.

— ela está acordando, vai chamar o loirinho — a voz levemente sarcástica de Ystria. Seria capaz de reconhece-la no meio da multidão gritante apenas pela necessidade incessante de zombar dos outros. Mas, de quem ela está falando?

Senti os olhos doerem e fiz esforço para abri-los. A primeira coisa que identifiquei foi o teto de madeira nova da cabine. Fellius disse que o Lex Talionis ficou pronto três anos antes da guerra, porém o manteve escondido para emergência. Como ele escondeu um dos maiores navios do cais? Não faço a menor ideia.

— dormiu bem, queridinha? — olhei para onde vinha a voz e vi Ystria amolando uma adaga. A lâmina brilhando sob a luz féerica. Engoli em seco sentindo minha boca seca e suor nas minhas temporas.

— como... — me interrompi. As lembranças me atingindo com a força. A sensação de desespero, as paredes pareciam me engolir. Sacudi a cabeça levemente tentando ignorar o nó apertado em meu estômago.

— Você teve uma crise de pânico, Darren foi chamar Fellius e seu amiguinho — ergui uma sobrancelha em questionamento silencioso e a mesma deu de ombros apontando a faca para a mesinha de cabeceira. — Darren disse para tomar esse tônico.

— o que seria um tônico? — perguntei, a voz nada mais que um fio. Ystria arqueou as duas sobrancelhas em descrença e me arrependi por ter aberto a boca.

— é para fortalecer e vitalizar, não que eu ache que foi por isso que desmaiou — explicou de forma que deixasse claro que eu devo explicações. Me mexi desconfortável e estiquei a mão para pegar a garrafinha de vidro com o líquido verde.

A Court Of Fire and Shadows [comeback]Onde histórias criam vida. Descubra agora