༆ XXXVIII

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ela faz o comeback delah

cheguei pra alegrar o dia de vocês

ou não...

Então, é assim que é estar morta?

O vazio escuro e silencioso e sufocante?

Sentia meu ombro doer, minha cabeça latejar e meus pulsos arderem. Meu corpo pendia para a frente, mesmo sendo sustentado pelas algemas. A corrente em meu pescoço apertava e ardia em minha pele.

Queria gritar de dor, por conta do ferimento em meu ombro, que não havia se curado. Queria gritar de raiva por ter sido tão burra ao ponto de pensar que conseguiria fazer sozinha. Mas também queria gritar de felicidade por ter conseguido salvar as pessoas do calabouço, queria gritar na cara de Velliard que eu venci mais uma vez. Ele querendo admitir ou não

Meus pensamentos viajando até minha família. As lembranças vívidas de seus rostos e sorrisos, que eu desejava levar comigo até o Além-mundo.

Gostaria de ter dito a eles o quanto os amava e como eles foram importantes na minha vida. Mas não havia tempo para isso mais. Eles estão seguros agora, repeti para mim mesma como um mantra. Tinha que acreditar nisso.

Meus ossos doíam de frio, meu estômago apertou de fome e minha boca seca demais para falar qualquer coisa. O ferimento em meu ombro parecia cada vez pior conforme o tempo passava. A escuridão me envolvendo ainda mais. Meu fim estava tão próximo que poderia sentir. Não sabia quantas horas haviam se passado, ou se passaram dias. Minhas últimas lembranças são de gritar para Renard e então tudo escureceu.

Ouvi um som semelhante ao de trancas e levantei minha cabeça lentamente, com medo de que qualquer movimento brusco fizessem as dores piorarem ainda mais. Meus olhos arderam conforme a luz entrou no lugar. A corrente em meu pescoço impedia que eu levantasse a cabeça, então olhei por sobre os cílios vendo a silhueta masculina entrar.

— Demorou bastante, mas finalmente você retornou para mim. — Um calafrio percorreu minha coluna ao recordar-me da maldita voz que ainda assombrava meus pesadelos. Velliard se abaixou em minha frente e seus dedos ergueram meu rosto. — Ainda mais bela do que me recordava.

Não disse nada, mas deixei que o ódio em meus olhos falasse por si mesmo. Meus joelhos tremeram quando sua mão deslizou pela pele do meu braço. Contive a vontade de chorar.

— É um ferimento feio, esse que tem aqui. — Comentou com descaso. Minha mandíbula se apertou. Eridion, aquele maldito, era responsável por isso. Se eu viver para colocar minhas mãos nele...

— Tão feio quanto você. — Resmunguei, sentindo o cheiro pútrido que o cerca invadir meu peito. Bile queimou em minha garganta, e empurrei novamente para o estômago. Me recuso a demonstrar fraqueza em sua frente.

— Muitas discordariam de você, minha cara. — Um riso de escárnio me escapou ao ouvir sua frase.

— Você me lembra Tamlin, um belo rosto, mas interior horrível. E nem toda beleza no mundo vale o sacrifício por uma alma podre. — Senti puxões nas correntes em minhas mãos e meus braços doeram ainda mais. — Mas essa história você já conhece.

— Minha alma é tão podre quanto a sua. Não esqueça das coisas que fez ao meu povo... — Devolveu, apertando meu queixo. Encarei seus olhos com fúria e me contorci, mesmo com dor.

— Não muito diferente do que fez com o meu. — Meus olhos brilharam com as chamas e puxei ar pela boca. — Você começou isso, saiba lidar com as consequências dos seus atos.

A Court Of Fire and Shadows [comeback]Where stories live. Discover now